Vários meses de trabalho, pesquisas, análises e questionamentos por parte de diversos investigadores – ufólogos ou não – resultaram em documentos técnicos que descrevem e explicam em parte os acontecimentos envolvendo uma aeronave da Força Aérea Mexicana (FAM) e alvos de origem desconhecida detectados por radar e um equipamento do tipo Flir sobre a Península de Yucatán, no espaço aéreo do México, em março do ano passado [Veja edição 100]. Infelizmente, ainda não foi possível chegar a uma conclusão final sobre o que realmente aconteceu lá, pois todos os dados técnicos e testemunhos apontam para um conjunto de informações sobre objetos convencionais que podem ter sido mal interpretados pelos membros da tripulação. O mesmo se deu, posteriormente, com a intervenção de veículos de comunicação não especializados, que divulgaram o acontecimento.
É importante também destacar que até alguns dos ufólogos que investigaram o caso foram, eles próprios, responsáveis pela contaminação e deterioração dos fatos, aumentando o valor dos testemunhos ou concluindo de forma inadequada, precipitada e parcial o que teria se passado em Yucatán. Em Ufologia, apesar da disciplina não ser reconhecida como ciência, deve-se – ou pelo menos se deveria – seguir as décadas de experiência adquirida através dos modelos científicos vigentes. Ou seja, nenhuma conclusão, hipótese ou teoria é fixa no espaço e no tempo e sempre deve ser reformulada, questionada e ampliada quando novos dados permitam que isto aconteça. Assim, os paradigmas vigentes devem sempre ser confrontados com as observações, diretas ou indiretas, que fazemos da realidade em que estamos inseridos. O problema enfrentado pela Ufologia é que não existe um objeto de estudo estático e real que possa ser analisado, esmiuçado, testado e confrontado a qualquer momento, por qualquer pessoa, em qualquer lugar.
As ciências tratam de descrever e compreender a realidade que podemos observar ou perceber, de forma direta e também indireta, sobre fenômenos que se repetem com certa regularidade. Se especularmos precipitadamente que todos os UFOs são “naves extraterrestres” ou “sondas alienígenas” pilotadas por unidades biológicas ou por algum tipo de andróide autoprogramável em processo de incursão e prospecção no Sistema Solar, isso logo significa que tal objeto de estudo foge da simples aplicação de metodologias científicas tradicionais, utilizadas pelas ciências exatas. Sim, pois um objeto de estudo dessa natureza, com comportamento aparentemente inteligente, se torna uma exceção às regras tradicionais.
Características tridimensionais — Isto falando de UFOs em si, que, pelas descrições que temos, se comportam como objetos de características tridimensionais que ocupam uma pequena região espacial e que aparentam possuir uma imensa quantidade de energia, manifestada na forma de fenômenos luminosos e eletromagnéticos. Qualquer coisa além disto, qualquer especulação, se torna crítica e perigosa, já que leva a conclusões e devaneios ingênuos e sem base científica. Se já é complicado estudar cientificamente a ocorrência do Fenômeno UFO, o que dizer de supostos tripulantes desses objetos, seus objetivos e intenções?
Estamos diante de um fenômeno espetacular. Mas o mais importante é que ele proporcionou uma abertura em nosso país
– Jaime Maussán
Por isso, na elaboração da análise que ora apresento, ainda incompleta, procurei ser o mais claro, imparcial e impessoal possível. Para realizar esta investigação foram utilizados os registros de áudio e os feitos pela câmera digital do tipo Flir Star Safire II, acoplada no bimotor da FAM, modelo Merlin C-26A, que fazia um vôo de rotina para rastrear aviões de contrabando de drogas durante uma operação antinarcóticos. Esses registros foram gravados em DVD e gentilmente cedidos pelo pesquisador e jornalista mexicano Jaime Maussán ao Instituto de Pesquisas Científico-Militares de OVNIs e Fenômenos PSI (IPECOM), presidido por este autor. Por sua vez, a cópia em DVD fornecida foi obtida a partir de uma fita em formato MiniDV cedida pela Secretaria de Defesa Nacional do México (Sedena), sendo, portanto, uma cópia fiel do material que foi liberado pela Secretaria aos jornalistas e pesquisadores.
Para este estudo também tivemos ajuda de vários pesquisadores mexicanos e brasileiros, que auxiliaram em várias etapas do processo investigativo. E decidiu-se que todas as referências aos termos UFOs ou OVNIs seguiriam as definições utilizadas pela pesquisadora Laura Elias em seu artigo desta mesma edição. Laura explica que é necessário usar o termo objetos voadores não identificados – OVNIs ou UFOs – em stricto sensu, ou seja, como objetos que voam e que não podemos identificar, não como um sinônimo para naves extraterrestres ou discos voadores. Assim, para fácil compreensão e rápida referência e consulta sobre os fatos, resumimos os eventos registrados pelos equipamentos a bordo do Merlin C-26A, a seguir:
Dados precisos — É possível determinar com exatidão onde o avião se situava quando detectou o primeiro alvo pelo radar. Ele estava apontado para a direção nordeste, entre as cidades mexicanas de Tenosique e Candelária, provavelmente mais próximo desta que de Tenosique. Neste momento, o Merlin fez uma curva à esquerda e foi na direção do alvo detectado, que seguia um curso em direção a Ciudad Del Carmén, no estado mexicano de Campeche. A primeira manobra (para a esquerda) ocorreu cerca de 16:43:15. Devido ao pouco combustível, a aeronave iniciou procedimentos para chegar à base de Chetumal, no estado de Quintana, virando para a direita e apontando então para leste, no horário de 16:51:30. Esta manobra para a direita foi finalizada exatamente às 16:53:10.
Também há certeza sobre o aparecimento repentino de um alvo detectado pelo radar da aeronave, que variou sua velocidade conforme o Merlin dela se aproximava, chegando a uma distância mínima de cerca de 3.300 m. Todas as tentativas para obter registros visuais e térmicos desse alvo detectado pelo radar, através do equipamento Flir, fracassaram. Temos igualmente a descoberta de um alvo térmico registrado pelo Flir, um objeto refletindo ou emitindo radiação térmica, um pouco antes de o Merlin virar para a direita. Aparentemente, este alvo estaria na mesma direção do detectado pelo radar
.?E sabemos com segurança que, depois de virar para a direita, tal alvo foi perdido da tela do radar, passando o Flir a detectar várias assinaturas térmicas – que também podem ser chamados de alvos térmicos – à esquerda e atrás da aeronave da FAM, que pareciam estar em movimento. Estes alvos estariam a uma distância muito grande, cerca de 20 a 40 km do Merlin.
Há ainda mais dados consistentes e determinados, já apurados, como a perda dos alvos térmicos pelo equipamento Flir e a descoberta de idênticos sinais também à esquerda do Merlin, sempre em direção à Baía de Campeche. Os investigadores também dão como definitiva a descoberta de outro alvo de radar quase à frente do avião e outro do seu lado direito, assim como a perda de registro dos alvos térmicos à esquerda e o registro de outro muito distante e atrás aeronave, que foi desvanecendo até desaparecer. Posteriormente, também sumiram da tela do radar do avião os demais alvos que estavam sendo detectados. Ainda, não foram detectados alvos térmicos à direita em relação a aeronave, que pudessem demonstrar que o C-26A tivesse sido “cercado” em alguma ocasião.
Observações confusas dos militares — Infelizmente, não existe nenhum registro físico gravado das informações obtidas e fornecidas pelo sistema de radar da aeronave. Assim, somente podemos contar com as descrições presentes nos registros de áudio – que possuem as observações, muitas vezes confusas, de membros da tripulação. Devido ao trabalho investigativo de pesquisadores como James Smith, Claude Poher, Laurent Leger e do piloto civil mexicano Alejandro Franz Navarrete – um dos primeiros a levantar a hipótese das plataformas de petróleo de Cantarell para explicar os agrupamentos contínuos captados pelo Flir –, foi possível se concluir que os alvos térmicos isolados se tratavam de reflexões ou irradiações de objetos no solo, assim como os alvos térmicos em formação seriam as chamas de alguns poços de petróleo, localizados além da Baía de Campeche. Essas conclusões já podem ser aceitas plenamente, pelo menos até que novos dados apareçam e, com certa margem de segurança, mudem o cenário.
Os alvos detectados pelo radar do Merlin da FAM, embora não pudessem ser identificados adequadamente, parecem todos ter uma natureza bem terrestre. Com exceção do primeiro alvo radar, que aparentemente surgiu de repente e não pôde ser identificado – permanecendo como aquilo que definiremos com um RUFO ou Radar UFO –, os demais podem ser veículos em movimento. E é aqui que entra a análise de todo o contexto do caso, pois nenhum dos alvos pôde ser visto a olho nu por qualquer dos membros da tripulação – somente existiram dados vindos dos sistemas de radar e do Flir da aeronave. Assim, nenhuma relação entre os alvos detectados em ambos os casos pôde ser estabelecida em qualquer momento. Ou seja, os alvos de radar não correspondem aos registrados pelo Flir. Por isso, é fácil perceber o quão confuso deve ter sido para os militares que operavam os instrumentos informar algo preciso baseado apenas na reflexão de ondas de rádio e emissões de radiação infravermelha – que é o que captam, respectivamente o radar e o Flir.
Outra análise importante e aguardada com certa ansiedade foi a do físico Bruce Maccabee, que trabalhou para a Marinha dos EUA e liberou, de forma pública, documentos com mais de 100 páginas de detalhadas informações técnicas para construir hipóteses que podem explicar grande parte dos acontecimentos ocorridos em Yucatán. A vasta experiência em ótica e propagação de energia eletromagnética – luz, calor, ondas de radar etc – de Maccabee foi de extrema importância no processo investigativo e serve como subsídio indispensável para quem deseja aprender como investigar casos ufológicos com critério, conhecimento e bom senso. O físico, assim como eu e outros investigadores, esperamos muito tempo para tornar públicas nossas conclusões, pois tínhamos esperança de que a FAM e a Sedena realizassem um novo vôo naquela região, repetindo o trajeto exato percorrido pelo Merlin, em condições climático-meteorológicas semelhantes, para que se pudesse averiguar a exatidão das análises feitas. Esse procedimento, repetindo o vôo da aeronave, chegou a ser sugerido por vários cientistas e pesquisadores do caso, mas não foi acatado até então.
Falhas comprometedoras evitadas — Realizando-se essa nova missão poderíamos descartar ou validar de vez a hipótese das plataformas de petróleo de Cantarell, que até o momento é a que melhor explica os múltiplos alvos térmicos em formação captados pelo sistema de busca na faixa do infravermelho do Flir. Infelizmente, um novo vôo não foi realizado e creio que jamais será. Caso tivesse ocorrido e o experimento demonstrasse que a tripulação da FAM realmente falhou, assim como a equipe de supostos especialistas militares mexicanos que teriam analisado o caso antes de Jaime Maussán, como as autoridades e o povo mexicano encarariam isto? Continuariam a confiar no sistema de vigilância aérea daquele país contra contrabando e tráfico de drogas? E o que pensariam os traficantes e contrabandistas, alvos do sistema de vigilância, já que ficaria provado que os militares não possuem condições de capturá-los? Vejam como este episódio envolve inúmeros aspectos a serem considerados.
De qualquer forma, várias das conclusões a que Bruce Maccabee chegou são semelhantes às que cheguei durante o período em que investiguei o caso. Destaco aqui as principais descobertas relativas ao trabalho do físico norte-americano. A primeira, certamente, é sobre o alvo inicial detectado pelo radar, que teria supostamente surgido de repente. Sua natureza anômala permanece não determinada e, assim, trata-se de um alvo RUFO, um alvo de radar de origem não identificada. Com relação aos registros térmicos captados pelo sistema Flir, eles podem ser – todos ou em parte – fontes de calor localizadas no solo ou sobre o mar, mesmo que, em alguns casos, as leituras de elevação fornecidas pelo Flir indiquem que elas estavam acima do nível do solo. Quanto ao problema das leituras de elevação, temos que levar em conta alguns fatores relativos à calibragem dos instrumentos, que geram diferenças nas medições. Por exemplo, o ângulo de inclinação do nariz da aeronave em rela&cced
il;ão à sua cauda pode gerar essa diferença, e este seria mais um dado facilmente corroborado ou refutado se um novo vôo fosse realizado.
Outro ponto em que eu e Maccabee convergimos diz respeito ao fato de o Merlin ter sido “cercado” ou “perseguido” pelos alvos detectados tanto pelo Flir quanto pelo radar, conforme interpretação de alguns dos membros da tripulação e ufólogos mais apressados em tornar este caso algo sensacional. Além disso, há ainda duas considerações importantes a serem observadas: primeiro, se os alvos registrados pelo Flir como estando em formação estivessem no nível do solo, então teriam que estar a muitas dezenas ou centenas de quilômetros do Merlin. E segundo, se os mesmos alvos, ainda em suposta formação, estivessem no ar e em trajetória idêntica a do Merlin, então teriam que estar a uma distância de apenas 16,5 km da aeronave.
Condições climáticas e meteorológicas — Sobre o experimento sugerido à Secretaria de Defesa Nacional do México (Sedena) e à Força Aérea Mexicana (FAM), de se repetir o trajeto do Merlin, podemos destacar dois pontos em que isso ajudaria de maneira definitiva a determinação da natureza dos objetos voadores não identificados. Inicialmente está a aferição e calibragem do sistema Flir com relação ao azimute da aeronave (seu eixo horizontal) e sua elevação (seu eixo vertical), tanto em solo como em vôo, permitindo a localização e focalizando alvos fixos e conhecidos, realizando assim medidas para comparação. E também, o vôo em trajetória paralela à Baía de Campeche permitiria a verificação, pelo Flir, da região das plataformas de petróleo em um dia com condições climático-meteorológicas parecidas com as do dia do evento de Yucatán, em março de 2004.
Outras organizações, além das citadas, também pesquisaram o caso a fundo e chegaram a conclusões interessantes – algumas concordantes com a hipótese das plataformas de petróleo, outras não. No primeiro caso está, por exemplo, o National Aviation Reporting Center on Anomalous Phenomena [Centro Nacional de Registro de Fenômenos Anômalos em Aviação, NARCAP], que realiza meticulosas investigações sobre o que a entidade define como “fenômenos aéreos não identificados” [Unidentified Aerial Phenomena, UAP]. No segundo grupo está, entre outros, o J. A. Hynek Center for UFO Studies [Centro de Estudos Ufológicos J. A. Hynek, CUFOS], fundado em 1973 pelo falecido Joseph Allen Hynek, um dos grandes pioneiros da Ufologia. Segundo o CUFOS, o episódio ocorrido no México demonstra a razão principal pela qual os veículos de comunicação sérios e competentes ignoram o Fenômeno UFO e tudo sobre ele relacionado.
Segundo a diretoria da entidade, tal atitude se deve ao fato de o estudo do fenômeno não ser oficialmente reconhecido. Ainda de acordo com o CUFOS, os objetos voadores não identificados registrados em Yucatán estariam invisíveis – ou pelo menos não visíveis a olho nu – porque seriam muito pequenos. Embora, admite o centro, gerassem uma grande quantidade de energia eletromagnética na faixa do infravermelho, ou ainda tivessem um baixo índice de reflexão na faixa da luz visível – talvez utilizando alguma espécie de camuflagem furtiva, algo que é utilizado por aeronaves militares que são pintadas de acordo com o local e condições meteorológicas em que irão operar.
De qualquer forma, sejam legítimos artefatos extraterrestres ou apenas objetos ou energias terrestres, embora incomuns, os alvos detectados pelos sistemas de radar e Flir do Merlin da FAM, algo que devemos realmente admirar é a postura dos militares mexicanos. Se tentaram mesmo, como alegam, examinar o caso e não chegaram a qualquer conclusão plausível, tomaram uma decisão elogiável, que outros países mais potentes – como a Inglaterra, os Estados Unidos, o Canadá etc – jamais igualariam: tornar o caso público e colocar sua própria reputação em risco. Sem dúvidas, esta é uma atitude inédita para aquele país e para 99% das nações da Terra.
Segurança nacional do México — Ainda com relação ao polêmico e complexo caso da Península de Yucatán, de março de 2004, várias outras considerações devem ser conhecidas e compreendidas. A primeira delas é a de que o secretário de Defesa do México e o próprio governo do país não fizeram qualquer pronunciamento público a respeito do evento. Eles somente tornaram patente que são a única fonte do material em questão, que foi entregue ao pesquisador Jaime Maussán. A razão para a escolha deste jornalista não está esclarecida até hoje. Da mesma forma, nem a Sedena, nem o governo mexicano entregaram cópias completas de todo o material relacionado ao evento a qualquer pesquisador. Isso é fácil de ser comprovado ao se assistir o vídeo original dos acontecimentos, no qual existem vários cortes em momentos decisivos dos registros. Segundo o que levantei, eles seriam relativos a trechos que poderiam colocar em risco procedimentos operacionais dos militares no combate ao contrabando e tráfico de drogas. São, portanto, necessários para se garantir os interesses da segurança nacional do México.
Também deve ser destacado que o material existente sobre o caso, disponibilizado por terceiros, contém os registros completos e já editados pela Sedena das imagens capturadas pelo equipamento Flir – nenhuma informação obtida pelo sistema de radar da aeronave foi disp
onibilizada. Portanto, os pesquisadores somente contam com o áudio gravado para seus trabalhos. Como se sabe, somente o exame detalhado do material disponível poderia oferecer uma explicação aceitável para a maioria dos alvos detectados pelos sistemas de radar e Flir. Entretanto, a verificação de qualquer hipótese e uma conclusão definitiva dependem das informações vindas apenas do sistema de radar e dos testes que foram solicitados à Sedena.
Dessa forma, a falta de informações complementares dos testes que já teriam sido realizados pela Secretaria, antes de entregar parte do material para o pesquisador Jaime Maussán, e a incompleta liberação do material existente inibem qualquer tentativa de analisar o caso por completo. Por fim, até o momento não foi possível estabelecer uma relação entre alvos detectados pelo radar e os registrados pelo sistema Flir. Ou seja, não se tem certeza de que os primeiros sejam os mesmos que foram detectados pelo sistema Flir. Na seqüência mais empolgante da filmagem, por exemplo, quando este equipamento registra mais de 16 alvos térmicos, o radar nada captou. Por outro lado, se os alvos quentes fossem aeronaves, apareceriam bem definidos no equipamento Flir.
Para concluir esta pequena análise, gostaria de fazer três merecidas repreensões. Uma vai para certos cientistas mexicanos que, irritados por não terem sido consultados pela Sedena, declararam algumas das mais incríveis e prematuras explicações sobre o que seriam os alvos. Outra vai para uns poucos céticos exagerados que não conseguiram enxergar através dos próprios paradigmas limitantes. Finalmente, a última repreensão serve para alguns dos ufólogos – principalmente os dois principais investigadores mexicanos envolvidos no caso. Eles, na ânsia por transformar o acontecimento num caso de “naves extraterrestres abduzindo pessoas”, mostraram-se incapazes de distinguir o lógico do ilógico e ciência de pseudociência.
A lição final que nos deixa este caso ocorrido no México, ímpar na história da Ufologia em vários aspectos, é de que mais uma vez ficou clara a inabilidade da comunidade ufológica de realizar um pensamento crítico e consistente, analisando todas as possibilidades antes de concluir algo que não pode ser totalmente concluído.
Detalhes curiosos do Caso México
Pontos interessantes a considerar no aspecto psicossocial e político relativo ao Caso México, de 05 de março de 2004, envolvendo o bimotor da Força Aérea Mexicana (FAM), modelo Merlin C-26A, que fazia um vôo de rotina para rastrear aviões de contrabando de drogas durante uma operação antinarcóticos:
(1) Um órgão militar e o departamento de Defesa de um país chama um ufólogo para entregar um registro militar de procedência legítima.?
(2) O governo de um país admite publicamente que seu espaço aéreo foi invadido por objetos voadores não identificados, que suas autoridades não tiveram capacidade de deduzir o que seriam, nem tomaram qualquer atitude agressiva com relação aos invasores.?
(3) Pesquisadores, leigos e cientistas discutem amplamente o que seriam estes objetos que invadiram tal espaço aéreo e, curiosamente, não tivemos situações de pânico, de histeria e nem delírios, como costuma se cogitar no meio ufológico.?
(4) Um órgão militar e o departamento de Defesa de um país chamam um jornalista e ufólogo para investigar o caso, sem que qualquer cientista tenha sido sugerido para a missão (a explicação do secretário da Defesa do México, de que isso não ocorreu porque o governo não conhecia bem os cientistas, é ingênua e absurda).
Várias teorias foram levantadas, tanto por ufólogos como por cientistas, para explicar as imagens. Embora algumas tenham certo respaldo, outras são totalmente incoerentes e ridículas. A maioria se refere aos alvos térmicos (quentes) capturados pelo equipamento Flir, mas poucos pesquisadores se detiveram nos dados realmente interessantes – aqueles registrados pelo radar do Merlin. Dentre as hipóteses que foram levantadas para explicar o ocorrido podemos citar: ?Aeronaves secretas da FAM ou luzes de navegação de aeronaves civis. Aviões com tecnologia Stealth, com mínima emissão eletromagnética e térmica. Aeronaves invisíveis a olho nu ou projetos secretos norte-americanos. Aeronaves convencionais não identificadas. Lixo espacial ou foguetes. Aeronaves extraterrestres (discos voadores). Tempestade de raios ou relâmpagos globulares.
Fenômenos atmosféricos desconhecidos ou balões meteorológicos. Chamas de plataformas de petróleo. Manobras de desinformação do governo para confundir os pesquisadores. Políticas do governo para aclimatar a população sobre a questão extraterrestre. Ações governamentais para que os pesquisadores façam a pesquisa por eles. Planeta Vênus, reflexos ou meteoros. Falha do Flir ou manobra do governo do México para testar tais equipamentos e saber se leigos e pesquisadores conseguiriam identificar o que seriam as imagens.