A Venezuela vai comprar os avançados mísseis antiaéreos Tor-M1, russos, iguais aos vendidos para o Irã e entregues em Teerã na semana passada.
O valor inicial do contrato é estimado em US$ 290 milhões, cobrindo um número não revelado de baterias de lançamento. O anúncio foi feito na quinta-feira pelo ministro da Defesa, Raul Baduel, durante palestra para oficiais na Escola de Aviação Militar.
De acordo com Baduel, os mísseis vão atuar de forma integrada com estações de radar importadas da China e com os 24 caças Sukhoi-30, também fabricados na Rússia, “na defesa da soberania aérea venezuelana”.
O Tor-M1 é uma arma sofisticada. Montado sobre um veículo blindado, o disparador transporta oito mísseis prontos para serem usados. O tempo de detecção do alvo é de oito segundos.
Os sensores podem rastrear até 48 alvos simultâneamente – inclusive mísseis em vôo – no raio médio de 25 quilômetros e a altitudes entre 10 metros e 6 quilômetros, priorizando dois deles pelo grau de ameaça. A ogiva de fragmentação pesa 15 quilos.
Na América Latina, os cinco países com maior orçamento militar – a Argentina, o Brasil, o Chile, a Colômbia e a Venezuela – estão sob cerco. É um assédio comercial de variada origem.
Segundo o pesquisador Fabián Calle, do Instituto Resdal, de Buenos Aires, “os recursos gastos com programas de defesa, avaliados em cerca de US$ 31 bilhões, atraíram um novo padrão de ofertas, envolvendo produtos mais caros e de tecnologia avançada – em resumo: mais dinheiro, mais qualidade”.
O Chile abriu o ciclo ao investir US$ 45 milhões na aquisição de 20 mísseis Harpoon, americanos.
Carregados com 270 quilos de explosivos, cobrem cerca de 120 quilômetros. A versão chilena pode ser empregada para destruir instalações estratégicas, portos e centrais geradoras de eletricidade, por exemplo.
O Brasil, que recicla mísseis franceses Exocet para expandir seu alcance até 140 quilômetros – renovando ainda os sistemas de navegação – recebeu uma proposta do consórcio indiano-russo BraHmos Aerospace para o míssil supersônico cruzeiro do grupo.
O limite de ação é de 300 quilômetros, a velocidade 2,8 vezes maior que a do som, e o peso da cabeça de guerra é de 300 quilo. O BraHmos atua nos modos ar-terra e terra-terra. Custa US$ 1,4 milhão, pronto para uso.
O país ainda conta com projeto próprio de míssil da classe cruise.
A Avibrás Aeroespacial, de São José dos Campos, projetou e testou, com recursos próprios, o AV/MT, subsônico, com 300 quilômetros de raio de ação, guiagem inercial, por sinal de satélite GPS, com ogiva de 200 quilos. O projeto aguarda encomendas para ser totalmente executado.
Argentina e Colômbia estão avaliando modelos não divulgados de armas anti-radar e de uso geral, de médio alcance, lançadas por aviões. No orçamento militar colombiano, a rubrica para esse empreendimento registra recursos iniciais de US$ 10 milhões.
A aviação de Bogotá está incorporando bombas inteligentes de 900 quilos, dirigidas por laser. Serão lançadas pelos 25 Supertucanos comprados da Embraer em 2005.