O quadro ufológico em Mato Grosso do Sul pode ser considerado, sem sombra de qualquer dúvida, um dos mais ricos no cenário nacional. Estado de vocação agropecuária, com poucas indústrias, há regiões com densidade demográfica média, sendo exemplos Dourados e Campo Grande, ao lado de outras comparáveis a Amazônia, no caso, o Pantanal Mato-grossense, área essa maior do que alguns estados brasileiros, ou, se desejarmos ir mais longe, superior a de vários países europeus. Acredita-se, e há elementos que reforçam tal convicção, que a região pantaneira seja palco de muitas incursões por parte de UFOs, apenas não registradas em sua totalidade devido à sua baixa demografia aliada aos hábitos regionais.
Os casos aqui relatados foram escolhidos dentre uma verdadeira coletânea de ocorrências. Embora em pequeno número, refletem perfeitamente o quadro ufológico local, como o estranho fenômeno do “Come-língua”, uma inexplicável ação mutilatória no gado existente no município de Camapuã, com raízes no início deste século.
TERROR EM DOURADOS – Na realidade, não houve cenas de terror na cidade de Dourados, mas essa foi a conotação dada pela imprensa sensacionalista e ávida por esgotar suas edições. Em data de 20/08/78, numa das oportunidades raras que surgem na vida de um repórter fotográfico, Maurício José de Oliveira, do jornal O Progresso, daquela cidade, foi possível fotografar um estranho objeto luminoso com a forma de um cristal de neve, comparável, se também assim o quiserem, a um desenho mandálico. O repórter foi muito ridicularizado por alegar que aquilo era um disco voador, uma nave extraterrestre, apesar de que muitas pessoas, algumas bastantes conhecidas na cidade, também tivessem presenciado a mesma coisa.
Maurício José de Oliveira, poucos dias mais tarde, foi inteiramente reabilitado perante a comunidade douradense, pois o mesmo objeto surgiu nos céus da cidade é pôde ser visto por cerca de oitenta mil pessoas. Nada melhor do que ilustrarmos este trabalho com palavras da própria época, publicadas em reportagem do jornal Folha de Londrina, datado de 17/09/78.
DOURADOS (Da Sucursal) – Toda a população da área urbana de Dourados aproximadamente, 80 mil pessoas – está à espera de uma nova aparição do objeto voador não identificado que tem sido visto com freqüência desde há um mês… O centro da cidade parou, quando de vários pontos o disco podia ser identificado nitidamente, parecendo estar a uma altura de 500 metros, desenvolvendo uma trajetória retilínea… Nesta cidade não se fala de outra coisa, a não ser do disco voador, e muitas polêmicas surgiram, envolvendo inclusive religião. Fanáticos passaram a citar passagens bíblicas e outros iden- tificam-se como testemunhas visuais de enormes naves extraterrenas. Surgiram, também, estórias fantásticas sobre contatos de 3º grau…”
De positivo, em tudo isso, restou apenas a fotografia do repórter Maurício José de Oliveira. O clima emocional foi o mesmo já verificado em ocorrências semelhantes que envolveram um elevado número de observadores, um perfeito indicador de que, se não podemos estudar o fenômeno ufológico em si mesmo, temos, pelo menos, a chance de aquilatar os seus efeitos no plano social.
AERONAVE PEDE SOCORRO – Recentemente, em 1982, o Brasil inteiro tomou conhecimento do chamado incidente do Vôo 169, quando um avião de passageiros da VASP, pilotado pelo comandante Gerson Maciel de Brítto, foi seguido por um disco voador no trajeto Fortaleza-Rio de Janeiro. Poucos sabem que um fato semelhante ocorreu no MS no ano de 1978, tudo levando à suposição de que os acontecimentos de Dourados eram estreitamente ligados a tal caso, mesmo porque ocorreu em data aproximada, no dia 10/09/78.
Naquele dia, chegava a Campo Grande, quase ao anoitecer, uma aeronave cargueira da VASP, cujo vôo tinha o número 792. Faltando cerca de cinqüenta quilômetros para alcançar o aeroporto, os tripulantes Béber e Arnaldo comunicaram à Torre de Controle de Campo Grande que estavam sendo seguidos, insistentemente, por um objeto voador não identificado, o qual desenvolvia grande velocidade e traçava verdadeiros zigue-zagues na lateral esquerda do cargueiro.
Como sempre, quando o assunto recai na esfera oficial, houve uma série de desmentidos e explicações que não chegaram a nada. Não houve acesso às gravações das conversas mantidas pela tripulação, seja no interior da cabine ou com a Torre de Controle. O incidente, assim, continua em aberto para alguma investigação. A única manifestação foi por parte do jornal Diário da Serra, que, em sua edição de 13/09/78, publicou reportagem com o título Disco Voador Persegue Avião em Campo Grande.
A GRANDE ONDA – O ano de 1982 foi, verdadeiramente, o ano dos OVNIs. Observações foram feitas em todos os quadrantes do território nacional. Em Mato Grosso do Sul houve uma das manifestações mais importantes, principalmente pelo fato de que as testemunhas visuais foram calculadas em torno de cento e cinqüenta mil pessoas.
No dia 06/03/82, sábado, os times de futebol Vasco e Operário apresentavam-se no Estádio Municipal Pedro Pedrossian perante uma platéia de nada menos do que vinte e três mi! pessoas”. Faltavam alguns minutos para o início da partida, quando a numerosa platéia ficou estupefata com uma estranha visão nos céus: à baixa altura e grande velocidade, algumas testemunhas disseram que os UFOs pareciam ter sido atraídos pela intensa iluminação do estádio, sobre o qual teriam se dividido em várias parles menores, numa bela manobra!
Em toda a cidade de Campo Grande houve avistamentos semelhantes. O mesmo objeto, ou objetos, teria sido visto também na cidade de Aquidauana e outras, cruzando o céu numa velocidade surpreendente. Na localidade conhecida como Cachoeirão, situada a meio caminho entre Campo Grande e Aquidauana, diversas pessoas ouviram, depois da passagem de objetos em alta velocidade, uma forte explosão.
Dificilmente o meio ufológico pode contar com tantos elementos para pesquisa. Diante de uma platéia de vinte e três mil pessoas, torna-se bastante difícil negar o fenômeno. Por estranho que pareça, a população de Campo Grande praticamente esqueceu o ocorrido no estádio. Da mesma forma como existe uma espécie de memória coletiva, neste caso deve ter acontecido o oposto, ou seja, um esquecimento coletivo (para maiores detalhes, escreva ao CPDV solicitando informação sobre a “Onda de 82”, tr
abalho de A. J. Gevaerd).
O “COME-LÍNGUA” – Um dos mais intrigantes fenômenos estudados dentro da Ufologia é o que se refere às estranhas mutilações de animais, que não encontram parâmetros para quaisquer comparações com acidentes considerados normais em uma fazenda de criação. É um fenômeno que, em Maio Grosso do Sul, tem suas origens em época não confirmada, mas que, seguramente, começou a ser observado mais criteriosamente no início deste século.
Não é uma ocorrência confinada a uma determinada região ou país. No mundo inteiro, alguns especialistas enfrentam o enigma, com o mesmo grau de perplexidade demonstrado por cientistas da área médica que tentam descobrir a possível origem do vírus da AIDS. Chega-se, sempre, a um total impasse. E nada consegue deixar um estudioso mais irritado. A impotência em se resolver o assunto, ou, pelo menos, de trazer um pouco de luz ao problema, uma explicação racional, leva quase sempre ao sobrenatural, o que nada mais é do que uma forma de escapismo.
As mutilações de gado a que nos referimos neste trabalho são aquelas que fogem à normalidade, que não podem ser atribuídas a acidentes, ataques de animais predadores ou ação de natureza humana. É certo que acidentes são comuns em fazendas, mas quando observamos estranhas mutilações, às vezes ocorrendo em períodos prolongados, temos de obrigatoriamente formular hipóteses a respeito. E foi a execrada Ufologia, pelo menos assim tida por alguns setores, a única a formular uma hipótese aceitável, ou seja, a de que as mutilações estariam ligadas, por algum motivo desconhecido, à questão ufológica.
Camapuã, um município situado à cerca de cento e cinqüenta quilômetros de Campo Grande, a Capital do Estado, centraliza a maioria absoluta dos relatos de mutilações de gado em Mato Grosso do Sul. Ali, o “Come-Língua” reina sozinho e em meio ao maior mistério.
A região de Camapuã tem na pecuária e plantio de soja suas principais ativi- dades. Os fazendeiros, com exceção dos recém-chegados gaúchos e paranaenses, são oriundos de famílias tradicionais e ligadas à pecuária. O passado local inclui lembranças dos bandeirantes, que utilizavam o Rio Camapuã para suas incursões, dos jesuítas e suas lendas sobre “carroções-de-ouro” enterrados nas redondezas, além de passagens da Guerra do Paraguai. Ninguém esperava que esse rico passado sofresse o acréscimo de mais uma lenda, ligada, porém, ao sobrenatural, ao desconhecido e temível.
SILÊNCIO EM CAMAPUÃ – É muito difícil obter um relato mais detalhado à cerca do fenômeno Come-Língua. Os fazendeiros não gostam de falar sobre um assunto que, para eles, pertence ao terreno do sobrenatural. Os primeiros indícios remontam ao início do século, mas tiveram uma significativa aceleração nas décadas de 60 e 70. Em 1968, inúmeros fazendeiros encontraram em seus pastos animais mutilados e mortos. A causa de todas as mortes era uma só: os animais sofriam uma espécie de cirurgia em que a língua era totalmente extraída, desde os seus ligamentos mais profundos na garganta. Muitas autópsias rudimentares foram feitas nos próprios locais onde os animais eram encontrados. Para confundir ainda mais os fazendeiros, surgiu mais um problema: a drenagem cerebral. Alguns animais morriam em razão de uma completa drenagem do cérebro através de minúsculo furo na testa. Pelo menos uma cabeça de boi foi trazida para Campo Grande, em 1968, para alguma espécie de exame, embora ninguém saiba o resultado. O fenômeno nunca cessou, apenas houve uma redução de sua incidência na área. Dez anos mais tarde, depois dessa verdadeira onda, em uma fazenda localizada nas proximidades do local conhecido como Posto São Pedro, às margens da rodovia que liga Campo Grande a Cuiabá, acerca de sessenta quilômetros de Camapuã, um fazendeiro esteve à beira do pânico ao verificar que, no período de trinta dias, cerca de cinqüenta cabeças de gado foram abatidas pelo Come-língua. A única explicação razoável, à época, foi a de problemas causados por vermes…
O RETORNO DO COME-LÍNGUA – Aparentemente, o Come-língua retornou a Camapuã, pois quatro casos foram registrados no período de 15 de dezembro de 1987 a 15 de janeiro de 1988. Essas novas ocorrências coincidem perfeitamente com uma grande incidência de OVNIs sobrevoando a cidade de Campo Grande, conforme os muitos testemunhos visuais, inclusive por parte de moradores de Camapuã, que também os viram passando por lá. O primeiro avistamento ocorreu no dia 02/10/87, quando, por volta das 19:00 horas, um OVNI sobrevoou Campo Grande e, após posicionou-se durante nada menos do que três horas em cima do loteamento denominado Chácara dos Poderes, o que foi testemunhado por um médico e por um conhecido comerciante. Por volta do dia 04/12/87, uma gigantesca luz azulada estacionou-se numa fazenda de Camapuã, tão intensa que chegou a iluminar uma tempestade que se aproximava, presumindo-se, pelas informações assustadas dos peões, que a fonte emissora de luz deveria possuir cerca de cem metros de diâmetro. Poucos dias mais tarde, em 23/12/87, um outro objeto luminoso sobrevoou Campo Grande, o qual, conforme as testemunhas, tinha a forma de um anel e era realmente imenso. O objeto foi visto, inicialmente, nas proximidades do Aeroporto Internacional de Campo Grande, para mais tarde, por volta das 19:00 horas, posicionar-se à cerca de quinze quilômetros da cidade, a meio-caminho da cidade de Jaraguari, Tal objeto, às 19:30 horas, foi visto em Camapuã pelo proprietário da fazenda onde aconteceu o caso do dia 04/12/87. Na noite de 31/12/87, em meio às festas de fim de ano, um UFO posicionou-se a uma distância de oitocentos metros de um grupo que se encontrava em uma chácara situada junto à rodovia que liga Campo Grande a São Paulo. Essa visita noturna tinha a forma clássica dos UFOs, ou seja: um prato de sopa invertido.
Na madrugada do dia 15 de janeiro de 1988, vários jovens que retornavam de um baile em clube de Campo Grande, defrontaram-se, em plena Avenida Júlio de Castilho, com um objeto luminoso que, diante da aproximação do veículo, afastou-se em direção ao Bairro Santo Amaro. Aproximadamente nessa época, um UFO sobrevoou Campo Grande em plena luz do dia, às 09:00 horas. Segundo duas testemunhas, o objeto era circular, com duas pequenas asas nas bordas laterais e linha uma cor prateada, quase que invisível em um céu encoberto e cinzento.
Esses relatos tiveram a finalidade de mostrar
a coincidência que envolve o fenômeno das mutilações e ondas ufológicas. Já nos Estados Unidos, onde o fenômeno vem sendo pesquisado com mais profundidade, essa ligação é bem marcante. Aqui, somente dois fazendeiros de Camapuã aceitaram, de bom grado e desprovidos de preconceitos, discutir o assunto, talvez pelo fato de ambos serem engenheiros formados pela Universidade Federal de Mato Grosso do Sul. A experiência pessoal, no terreno da Ufologia, é uma das coisas mais significativas que podem acontecer a alguém. Um dos engenheiros de Camapuã chegou a ser seguido, durante várias noites seguidas, por uma pequena bola luminosa, durante o trabalho de desmatamento e aragem da terra em sua fazenda. Como o objeto demonstrou não ser hostil, em poucos dias atraía a atenção unicamente pelo seu lado insólito, a um ponto tal que a cozinheira da fazenda, cm ocasião que “deu de frente” com ela, quando abria uma porteira, chegou quase a afagá-la, “tão bonita que era”, como falou mais tarde. Foi esse engenheiro que levantou a hipótese de que o Come-Língua seria, para os humanos, completamente inofensivo, pois o objetivo das incursões noturnas visaria a coleta de hormônios encontrados no gado, já que os órgãos extraídos cirurgicamente -úberes, olhos, vísceras, sangue, cérebro e, no caso específico de Camapuã, línguas – poderiam contê-los!
A CONSCIENTIZAÇÃO SURGE – O problema ufológico em Mato Grosso do Sul sofreu um profundo processo de conscientização. O incidente no Estádio Municipal Pedro Pedrossian, em 1982, embora esquecido pela maioria absoluta da população, pelo menos foi mais do que suficiente para romper com o medo do ridículo, no caso de alguém desejar falar sobre alguma experiência pessoal. Na região de Camapuã, depois de alguns fazendeiros lerem tomado conhecimento da existência do Projeto STIGMA, desenvolvido nos Estados Unidos sob a responsabilidade do texano Tom Adams, descobrindo assim que há muitas outras facetas do fenômeno denominado por eles de Come-Língua, o sobrenatural cedeu terreno à uma explicação mais coerente, embora não menos misteriosa. Espera-se, em breve, que essa nova situação produza efeitos benéficos e que novas informações sobre o fenômeno cheguem ao conhecimento dos ufólogos, pois vivemos em uma época em que as verdades gritam e pedem para ser decifradas. Basta-nos a mente aberta e elas, ainda que revestidas de mistérios, surgirão!
AS MUTILAÇÕES SÃO UM FENÔMENO MUNDIAL. SÓ NOS ESTADOS UNIDOS, HÁ MAIS DE 7 MIL CASOS REGISTRADOS
Nos Estados Unidos, o fenômeno das mutilações de animais já vem sendo investigado com sucesso há décadas. Existem, inclusive, várias organizações, publicações e até vídeos sobre o assunto. A mais ativa de todas as organizações que pesquisam as chamadas “mutes” é conhecida como Projeto Stigma, dirigido por Thomas R. Adams, reconhecido mundialmente por suas atividades. O Projeto publicou uma série de revistas de circulação restrita, chamadas Stigmata Bulletin, e atualmente edita a publicação Crux, que podem ser obtidas através do endereço P. O. Box 1094, Paris. TX 75460, Estados Unidos. Acima temos a distribuição de ocorrências de mutes nos EUA, pesquisadas pelo Projeto Stigmata, somente nos meses de julho a outubro de 1978.
Já no Canadá, o pesquisador Gene Duplantier se especializou no assunto que também assola aquele pais, e muitos outros (México, Bolívia, Brasil, Argentina, Austrália, África etc), e editou um livreto denominado The Night Mutilators (os mutiladores noturnos), que pode ser obtido através do endereço: SS & S, 17ShetlandSt„ City of North York, Willowdale, Ontario, CanadaM2M 1-5. O livro também pode ser obtido através do CPDV, assim como a fita de vídeo Strange Harvest (estranha colheita), produzida no Colorado por uma TV afiliada da rede CBS.