
Desde que começaram a surgir os desenhos nas plantações de cereais da Inglaterra, nos idos da década de 70, eles foram imediatamente conhecidos como círculos ingleses e centenas de teorias e hipóteses foram tecidas para se tentar explicar como e de onde vêm as intrincadas formações que vemos todos os anos. Embora, até onde sabemos, o fenômeno tenha se iniciado em terras da rainha, hoje ele é comum em vários países, inclusive no Brasil, onde são chamados de agroglifos e estudos a seu respeito têm mostrado que ainda temos um longo caminho a percorrer para entendermos o que são essas intrigantes e lindas figuras.
Cada vez mais intrincados e complexos, os agroglifos desafiam a capacidade humana em tantos níveis diferentes que muitas vezes é difícil concatenarmos todos eles, incluindo aí até mesmo as explicações céticas quanto ao fato de os desenhos terem origem desconhecida. É certo que muitas figuras são feitas por encomenda de empresas para divulgar seu nome ou o lançamento de novos produtos — porém, se vistos de longe todas as formações parecem iguais, não é bem assim quando a análise é feita de forma pormenorizada, in loco.
A Revista UFO vem publicando seguidas entrevistas e artigos com pesquisadores da área, mostrando que os resultados das análises laboratoriais e dos testes de campo são realmente surpreendentes e promissores, e indicam que há muito ainda a se descobrir sobre como os desenhos são feitos. Mas o que dizer sobre o que os desenhos significam e sobre a razão de eles serem feitos?
Filmagem inesquecível
Nosso entrevistado desta edição tem buscado essas respostas há pelo menos 20 anos e acredita que talvez tenha uma que esclareça alguns dos mistérios que envolvem as formações. Desconhecido da comunidade ufológica, mas reconhecido em quase toda a comunidade que se dedica à pesquisa dos agroglifos, Gary King ficou famoso em 2007 quando, durante uma vigília em um campo da Inglaterra, filmou o surgimento de um imenso desenho, com centenas de metros de comprimento.
Mas o que o levou a querer fazer uma vigília naquela noite e naquele campo específico? A história, na verdade, começou 10 anos antes, quando King, após advogar por 15 anos de maneira ininterrupta, teve um sério problema de saúde relacionado ao estresse. Ele precisou, então, parar a advocacia e reavaliar a forma como vinha construindo sua vida. “Eu vivia por dinheiro, não me importava mais com valores que sempre haviam sido caros para mim. Só pensava em quanto ia ganhar com o que estava fazendo”, explica ele.
Como veremos mais adiante, a doença que obrigou King a mudar a maneira de viver e a buscar seu equilíbrio interno, o impulsionou também a buscar uma explicação e um significado para as deslumbrantes imagens que anualmente estampavam — e continuam estampando — os campos ingleses. Em sua busca por compreensão, King voltou à universidade e se formou em comunicação e linguagem, o que lhe ajudou a entender muito sobre a forma como os agroglifos foram evoluindo ao longo do tempo.
A questão da evolução nos contornos e formatos das imagens leva muitos céticos a dizerem que os agroglifos sempre começam com um círculo porque as pessoas que os fazem ainda não têm prática no manejo as cordas e pranchas — utensílios que alegam serem empregados na forja de agroglifos —, e que, conforme vão ganhando habilidade, os desenhos vão evoluindo. Nosso entrevistado mostra que há outra maneira de se compreender os desenhos. Uma maneira muito mais complexa e profunda, que, se levada a sério, conduzirá a pessoa em uma jornada absolutamente reveladora.
Mudar o padrão de consciência
E é nesse contexto, de um mistério que instiga a investigação, que reside a grande importância da filmagem de King, porque mostra que no decorrer de apenas 20 ou 30 minutos, em um campo antes liso, surge uma imensa formação, sem que se possa explicar de onde. A filmagem não revela quem fez ou como foi feita a figura e nem mesmo mostra a imagem se formando, ela apenas deixa absolutamente evidente que os agroglifos não são nada do que a maioria imagina que sejam. Hoje, duas décadas depois de iniciar sua investigação e tendo estado no interior de pelo menos mil formações, King está cada dia mais convencido de que o fenômeno é feito para mudar o padrão de consciência do ser humano.
Em agosto deste ano, o pesquisador recebeu a Equipe UFO em Swindon, cidade a oeste de Londres e próxima de onde mora, por uma semana. O editor A. J. Gevaerd, o coeditor Toni Inajar Kurowski e os consultores Lallá Barretto-Delleur e Sérgio Domingos percorreram em sua companhia três novos agroglifos surgidos logo nos primeiros dias daquele mês. Foi um grande aprendizado para todos [Veja matéria nesta edição]. Em setembro, Gary King esteve pela segunda vez no Brasil, desta vez fazendo palestra no XXI Congresso Brasileiro de Ufologia, em Campinas. E na entrevista abaixo conheceremos mais sobre sua história, sobre sua espantosa filmagem e sobre suas instigantes ideias.
Para começarmos, por favor, conte-nos como você se tornou um pesquisador de agroglifos.
Bem, essa é uma história um tanto longa e envolve alguns momentos distintos, mas tudo começou em 1997. Até aquele ano eu trabalhava duro como advogado para sustentar minha família e isso me levou a ter um sério problema de saúde — um acúmulo de estresse —, a ponto de eu precisar parar tudo o que fazia para me tratar. Eu fui ao médico e ele me receitou remédios para ansiedade e outras coisas, mas eu não me dei bem com a medicação e busquei tratamentos alternativos, como meditação e Tai Chi Chuan. E comecei a ler muitos livros sobre outras filosofias e métodos de vida e pensamentos orientais, coisas sobre as quais nada conhecia ou me interessei antes.
E então, o que aconteceu?
Bem, durante essa época em que eu buscava por terapias alternativas, acabei conhecendo um homem, um xamã dos Estados Unidos que estava na Inglaterra acompanhado de uma de suas alunas, chamada Josie Ravenwing. Josie havia escrito um livro chamado The Return of Spirit: A Woman’s Call to Spiritual Action [O Retorno do Espírito: O Chamado de Uma Mulher Para a Ação Espiritual. Health communications, 1996] sobre seu estudo com o xamã, e eles estavam em meu país fazendo apresentações e divulgando a obra. Eu fui a uma das apresentações e dois dias depois participei de uma cerimônia de dança xamânica que durou muitas horas. E então, alguns dias após aquela cerimônia, eu passei por uma experiência estranha e muito difícil de descrever, uma espécie de epifania, talvez. Imediatamente eu fui procurar o xamã para que ele me ajudasse a entender o que havia acontecido, mas ele não estava mais naquela região, então só consegui falar com ele após alguns dias.
Cada vez mais intrincados e complexos, os agroglifos desafiam a capacidade humana em tantos níveis diferentes que muitas vezes é difícil concatenarmos todos eles, incluindo aí até mesmo as explicações céticas quanto ao fenômeno.
E ele lhe deu as respostas de que você precisava?
Na verdade, quando ele voltou e eu lhe expliquei minha situação, ele não disse muita coisa, apenas que eu precisava me acalmar em relação ao que havia acontecido, e me ensinou alguns exercícios para ajudar nisso. Para ser sincero, eu fiquei bem desapontado, porque pensei que ele fosse me dar uma grande e detalhada explicação sobre minha experiência. Mas, então, cerca de duas semanas mais tarde, ele me telefonou dizendo que estava indo visitar alguns agroglifos em minha região e eu me prontifiquei a acompanhá-lo, pois teria uma oportunidade de lhe fazer mais algumas perguntas.
Você já conhecia os agroglifos?
Eu já havia visto alguma coisa na televisão, mas nunca pessoalmente e não sabia praticamente nada sobre estas formações, só que eram desenhos que surgiam em plantações de cereais. E o interessante é que naquela noite surgira mais uma figura enorme, então nós visitamos um agroglifo recém-formado. Eu fiquei absolutamente abismado com o que eu vi e, enquanto eu andava por ali, tentando entender o que era todo aquele desenho imenso, o xamã pediu que eu me sentasse em determinado ponto — ele então me deitou e pediu que eu fechasse os olhos e limpasse a mente. Rapidamente eu entrei em um estado de sonho e vi, em uma fração de segundo, a vegetação se curvar e deitar, como mágica. Eu abri os olhos e ao olhar para o xamã eu vi seus olhos brilharem. Eu contei a ele o que havia visto e perguntei se as plantas simplesmente caíam daquele jeito. Sua resposta foi uma gargalhada. E foi isso, eu nunca mais me afastei do assunto.
Que história fantástica. O que houve depois disso?
Eu comecei a ler e a estudar sobre o assunto e também me juntei a alguns grupos de estudos, mas, por conselho do xamã, acabei me afastando deles. Na verdade, ele me advertiu a fazer minhas pesquisas de forma independente, ao mesmo tempo em que ia aprimorando minha técnica de Tai Chi Chuan — algo que demora muitos anos para se conseguir de maneira correta. Ele disse que esse seria o melhor caminho para mim. Assim, vindo à Inglaterra todos os anos, nós íamos visitar as formações juntos. Fizemos isso durante uma década inteira.
E então, o que houve?
Em 2004 eu fui para a universidade estudar linguagem e comunicação e usei esses estudos para tentar entender melhor a mensagem por trás das formações. Assim, em 07 de julho de 2007 — uma data que eu descrevo com 7 de 7 de 7 —, eu e mais dois amigos decidimos conduzir uma vigília em uma colina ao lado de um campo que é famoso por apresentar formações quase todos os anos. Nós tínhamos muitas câmeras com visão noturna que começaram a gravar antes do anoitecer e continuaram a filmar por toda a noite. Por volta das 03h00 houve um grande flash de luz branca que cobriu completamente o céu e que foi detectado pelas câmeras. Como ainda estava escuro, não podíamos ver nada, mas por volta das 03h40 as primeiras luzes do amanhecer começaram a surgir ao longe. Logo quando olhamos através do visor de uma das câmeras, vimos uma formação muito grande no campo à nossa frente. O que muitas pessoas não sabem é que havíamos feito uma filmagem do campo utilizando a visão noturna as 01h35, e não havia nada ali antes. E também não havia nada quando olhamos logo após o flash… É realmente extraordinário.
Qual era o tamanho do agroglifo que vocês encontraram?
Era enorme. Media 320 m de comprimento por 160 m de largura e era formado por mais de 150 círculos. Aquele foi o segundo maior agroglifo já visto desde que eles começaram a surgir, na década de 70 — e ainda tem quem diga que fui eu quem fiz aquele desenho imenso ou que eu estou inventando ou mentindo sobre tudo. Você pode imaginar uma coisa dessas? Mas a verdade é que, depois disso, fui entrevistado por vários programas de TV e convidado a falar em muitas conferências nacionais e internacionais, e desde então me tornei um pesquisador conhecido no circuito.
Que tipo de investigações foram feitas nessa figura que você filmou?
Amostras do solo e da plantação foram colhidas de dentro e de fora da formação e enviadas ao doutor W. C. Levengood, nos Estados Unidos, para análises. Levengood, falecido em 2013, era da empresa BLT Research Team, que determinou que a plantação havia sido atingida ao mesmo tempo por dois tipos inteiramente diferentes de energia, o que causou uma avalanche de elétrons. O cientista germinou as sementes e descobriu que elas cresciam de forma muito diferente de sementes normais. E disse que nunca vira essa germinação bimodal, que era algo totalmente anômalo. Em suas palavras, “essas duas populações de plantas, com taxas inteiramente diferentes de crescimento, indicam que houve dois tipos distintos de energia, que atingiram simultaneamente”.
Seu vídeo foi investigado e analisado para tentar determinar o que havia naquele flash que surge sobre o campo, e se o flash foi a causa da formação do agroglifo?
Não foi possível determinar se o flash, que foi detectado pelas duas câmeras, estava conectado ao surgimento da formação. No entanto, a análise da filmagem estabeleceu que ele ocorreu por 4.000 segundos, tempo que Levengood havia afirmado anteriormente ser o momento em que ele acreditava que a energia que cria as formações afeta a plantação — se o tempo fosse mais longo, a safra pegaria fogo. Enfim, foi um fato muito intrigante e que ainda resta ser resolvido.
Você fez outras filmagens como essa?
Eu pessoalmente não, mas houve incidentes no passado. O mais impressionante para mim ocorreu em um lugar chamado Oliver’s Castle, em 1996. O leitor pode encontrar a filmagem do evento no YouTube.
Eu fiquei abismado com o que eu vi e, enquanto andava por ali, tentando entender o que era todo aquele desenho imenso, o xamã pediu que eu me sentasse em determinado ponto — ele então me deitou e pediu que eu fechasse os olhos e limpasse a mente.
O que mudou em sua linha de investigação após o extraordinário evento de 2007?
Minha linha de investigação praticamente permaneceu a mesma, exceto por fazer perguntas sobre o significado do número 777. Eu já investigava os agroglifos há 10 anos e já havia concluído muitos antes dos eventos de 2007 que as formações iam bem além de um punhado de pessoas fazendo desenhos com placas e cordas no escuro, como alegam os céticos do fenômeno. No entanto, ele serviu como um exemplo poderoso para estes indivíduos, devido ao tamanho, à escala da imagem e às condições conhecidas sob as quais ela foi criada. Pessoalmente, penso que os agroglifos fazem parte do meu processo de cura espiritual, porque, quanto mais eu os investigo, mais percebo que eles passam a fazer parte da minha vida. E nesses anos todos eu já vi muitas outras pessoas serem curadas e transformadas por esses desenhos nas plantações.
Diante do tamanho da formação, cerca de 96.600 m2, qual foi a reação da comunidade em torno da plantação? Alguém alegou que era um desenho feito por humanos?
A maioria das pessoas ficou atordoada e houve uma grande agitação na comunidade investigadora dos agroglifos — estima-se que mais de 10.000 pessoas vieram de todo o mundo para visitar aquela formação. Quanto a alegações de fraude, um homem deu uma entrevista afirmando que ele e outros sete amigos fizeram a imagem sob nossos narizes, em completa escuridão, sem qualquer ruído e sem serem detectados por nossas câmeras. Ele afirmou também que eles haviam construído 150 círculos em menos de 300 minutos, em plena escuridão. O que significaria que cada círculo fora criado entre um a 2 minutos.
O que você pensa disso?
Fui o primeiro a entrar no agroglifo e pude ver que não havia, na plantação, os danos típicos associados a placas e cordas, utensílios que os chamados circlemakers usam para fazer figuras forjadas. Ao medirmos os desenhos, descobrimos que, na verdade, não eram formações circulares como pareciam ser, mas formações ovais. Isso acontece muitas vezes com agroglifos em terrenos inclinados — eles têm formatos ligeiramente ovalados, de modo que pareçam circulares quando vistos de cima. Isso complica bastante o exercício e a discussão com topógrafos, e arquitetos revelaram que a elaboração de padrões dessa natureza levaria dias e exigiria equipamentos especializados, como teodolitos ou marcação de GPS. Por tudo isso e também porque eu realmente estive lá durante a noite inteira, sinto que posso dizer que o testemunho do homem é falso. Para as pessoas que não estavam lá, penso que apenas se fazendo as contas sobre a escala de tempo e considerando as condições de absoluta escuridão e também o fato de que não houve dano discernível à vegetação, chega-se à conclusão de que aquele homem estava mentindo.
Quantos agroglifos você conseguiu estudar até agora? Você tem dados estatísticos sobre suas pesquisas?
Nos últimos 20 anos eu visitei em torno de 1.000 agroglifos. Eu não tenho estatísticas sobre nada, apenas minhas próprias observações. No entanto, tais observações são voltadas para as reações psicológicas e emocionais das pessoas, tanto dentro quanto fora das formações. Sou um estudante de comunicação e por isso tenho muito interesse sobre como as pessoas lidam com situações totalmente novas e transformadoras e, posteriormente, sobre como tentam comunicá-las a outros. Durante o percurso de minha pesquisa fiquei muito atraído pelo trabalho do professor John Mack e suas pesquisas sobre os efeitos transformadores dos encontros com o desconhecido. Seu livro, intitulado Passport to the Cosmos [Passaporte para o Cosmos. Crown Publishers, 1999], produziu dados estatísticos que mostram como as pessoas que têm tais encontros muitas vezes se veem atraídas por temas como ecologia e exploram diferentes formas de filosofia espiritual — e eu encontrei resultados semelhantes nas minhas observações.
Quais fatos sobre os agroglifos confirmam que eles são genuínos?
O assunto da análise científica para autenticar agroglifos perdura por muito tempo. Como um não cientista eu só posso entender as descobertas de pessoas como o doutor Levengood e outras quando me são explicadas em termos leigos. Eu sei que a pesquisadora Nancy Talbot [Consultora da Revista UFO] e sua equipe encontraram uma série de anomalias em relação ao solo e às estruturas das plantas, mas não saberia explicá-las agora. Em minha opinião, a descoberta mais marcante foi feita com base na hipótese de Levengood de que a eletricidade seria uma das energias utilizadas para impactar as plantas.
Você poderia nos explicar melhor?
Levengood decidiu aplicar impulsos elétricos em algumas sementes que ainda estavam germinando, extraídas do interior de agroglifos, e descobriu que amostras que receberam uma frequência específica, no ponto certo da maturação, resultaram em plantas mais produtivas. Nancy Talbot é definitivamente a pessoa com quem se deve falar em relação a essa linha de pesquisa. O que eu acho interessante é que, apesar das evidências científicas reunidas até agora, como é notável, muitos cientistas permaneçam teimosamente céticos quanto a este fenômeno.
E a que você atribui esse ceticismo?
Sinceramente, não sei. Talvez haja incertezas científicas que eu não entendo ou talvez os cientistas tradicionais evitem comentar o assunto por medo de serem julgados ridículos por seus colegas. Eu não sei. O que posso dizer com certeza é que houve milhares e milhares de estouros nos caules das plantas e vários caules foram curvados e torcidos no processo de produção de agroglifos, e estes são fatos inexplicáveis, como muitos outros. Eu os vi, os cientistas os estudaram e eles continuam a ser descobertos exatamente como acontece há muitos anos. Mas isso não mudou a academia e suspeito que nada irá mudá-la se continuarmos a confiar apenas nesta questão de provar ou refutar o mistério dos agroglifos.
Mas há algo de estranho acontecendo. Que outra explicação poderia haver?
A teoria predominante para os agroglifos é a de que pessoas saem e os fazem de noite, mas isso nunca foi substancialmente comprovado nos mais de 40 anos de história do fenômeno. Demonstrações públicas de indivíduos que fazem agroglifos são realmente risíveis quando você olha mais de perto — eles nunca ocorrem durante as cinco ou seis horas de escuridão completa da noite, mas sim durante um dia de Sol brilhante, em um terreno plano agradável e em frente a uma equipe de televisão. O que eles eventualmente produzem, após muitas horas de trabalho, é facilmente detectável como falso após a inspeção devido a todos os danos que causam às plantas.
O cientista germinou as sementes colhidas das plantas de dentro do agroglifo e descobriu que elas cresciam de forma muito diferente de sementes normais. E disse que nunca vira essa germinação bimodal, que era algo totalmente anômalo.
Realmente, é fácil separar este joio de tanto trigo.
Sim. E isso sem mencionar os furos das estacas no chão e os buracos na vegetação que os circlemakers deixam para trás. Durante muitos anos eu pedi às pessoas que afirmam produzir os agroglifos para provarem que podem criar enormes desenhos intrincados, sem danos discerníveis à plantação, nas mesmas condições de escuridão e período de tempo que quase todos os agroglifos aparecem, mas sempre recusaram. Eu realmente sinto que, se metade do ônus da prova fosse depositado sobre essas pessoas para fundamentar suas reivindicações, então todos estaríamos considerando os agroglifos sob uma luz diferente.
Quais os fatores mais importantes para se determinar se um agroglifo é genuíno?
Existem três características principais para determinar se uma formação pode ser considerada genuína — o prazo, o estado da plantação e os efeitos visuais do desenho. Sabemos que pessoas nunca fizeram uma imagem nas plantações durante a escuridão da noite. Quando chegam a trabalhar à noite, usam sempre tochas para iluminar a vegetação, certo? E, além disso, elas demoram muito tempo para completar projetos simples de 30 ou 40 m. Então, se estivermos diante de um intrincado desenho de 300 ou 500 m, feito em terreno irregular, e sabemos que não estava no campo no dia anterior, isso é indicativo de que vale a pena inspecionar melhor a figura.
E sobre o estado da plantação, o que pode nos dizer?
Esta é uma área importante, porém obscura. Se considerarmos um agroglifo como uma cena de crime, como alguns consideram para efeito de levantamento pericial, ninguém pode realmente garantir que tal cena não tenha sido contaminada. A plantação quebrada poderia ter sido causada por qualquer coisa, como pessoas, animais e até mesmo algo anômalo, então a dúvida está sempre presente. No entanto, essas plantas são dobradas de forma delicada e, portanto, se eu não conseguir encontrar um padrão regular de dano que seja consistente com um pisoteio repetitivo, esse é outro bom indicativo de que estou diante de algo que merece uma investigação mais aprofundada.
E quanto ao efeito visual dos desenhos?
Este é o meu aspecto favorito, porque me parece sutilmente milagroso. Houve uma série de formações com uma grande área de plantação deixada em pé, com, digamos, 100 ou 200 m de largura e esculpida em um círculo perfeito, com um anel rodeado de uma plantação achatada, muitas vezes com um desenho esculpido nele. Agora, esse agroglifo, que parece perfeitamente circular, quando visto do ar não está sobre um terreno completamente plano, mas em área de superfície desigual ou em uma inclinação. Quando medido, descobre-se que o círculo é, de fato, uma forma oval e que foi feito dessa forma para que pareça perfeitamente circular quando visto de cima. Mas o mistério realmente sutil reside no fato de que o agroglifo em pé não tem um percurso discernível ou um buraco onde você esperaria que alguém estivesse de pé para segurar a corda e marcar a forma oval. Olhando para a imagem, conseguimos ver que isso é, de fato, impossível. Você simplesmente não pode andar em uma plantação sem deixar uma marca.
O que pode nos dizer sobre as tentativas de se decodificar o significado destas formações, considerando serem figuras geométricas?
Houve várias iniciativas, mas a logística no solo é muito mais complicada. A região de Wiltshire, que concentra a maior parte dos agroglifos já surgidos até hoje, cobre 3.367 km2 e, em sua maioria, é composta por fazendas que pertencem a pessoas que consideram os círculos uma irritação. Conseguir permissão dos fazendeiros para análises em suas terras é quase impossível, baseado em minha experiência em lidar com muitos deles. Além disso, seriam necessários recursos financeiros abundantes para bancar pelo menos duas equipes de plantão durante toda a temporada — uma para inspecionar a formação e outra para manter a segurança dos locais e o acesso restrito. Honestamente, esses são somente alguns dos obstáculos a serem considerados, mas, se você me der mais meia hora, posso pensar em mais uma dúzia de obstáculos. O que aprendi nesses últimos 20 anos é que nada que está relacionado aos agroglifos é fácil. Acredite em mim.
Qual é a sua opinião sobre haver mensagens escondidas nos desenhos ou sobre os próprios desenhos serem a mensagem?
Eu estudei linguagem e comunicação na universidade, com ênfase particular em semiótica, porque tenho muito interesse em como derivar significados para o mundo. Então, com base em minha formação, devo apontar que embora agroglifos sejam considerados mensagens em si próprios, há uma linha de significado que vem sendo traçada desde o início do aparecimento dos círculos, nos anos 70, até o presente, que pode ser mais especificamente descrita como uma “comunicação narrativa”.
Você pode explicar melhor?
Veja, você pode ver uma mensagem como uma unidade própria como, por exemplo, um bilhete que diz “Favor comprar dois litros de leite” ou “Chegarei tarde em casa”, em contraste de uma comunicação, que é mais longa e tem outros significados que podem jamais ser totalmente compreendidos até que a comunicação termine. No entanto, como todas as formas de discursos, o possível significado pode sempre ser inferido depois de algumas mensagens. Minha pesquisa mostra que desde seu início os agroglifos vêm nos informando que a linguagem predominante nas figuras seria na forma de números, como vimos nas primeiras formações com seus círculos individuais. Para filósofos matemáticos ancestrais, o círculo representava o número um. Eles também sabiam que era a base para todas as formas subsequentes, o útero do qual todos os padrões geométricos surgem e se desenvolvem. Depois disso os agroglifos progrediram para dois círculos, seguidos pelo número três e quatro, que eram expressos como círculos ou anéis, além de triângulos e quadrados.
Isso é muito interessante. Eles estariam nos ensinando uma linguagem matemática?
Pode ser. Deixe-me dar alguns exemplos tirados da Antiguidade para ilustrar como os círculos simples eram considerados. Segundo Platão, não se pode conceber muitos elementos sem o número um. “O estudo da unidade está entre aqueles que lideram a mente e a transformam na visão da realidade”, dizia. Já Plotino disse que “um princípio deve tornar o universo em uma criatura viva única e singular, um de todos”. E de acordo com as palavras do célebre pajé Sioux Black Elk [Alce Negro], “tudo que um índio faz é em círculos, e isso é porque o poder do mundo sempre trabalha em círculos, e tudo tenta ser redondo”. Ou seja, talvez tenhamos aí a resposta para o fato de as formações sempre começarem como um círculo e depois se tornarem mais e mais complexas com o passar dos anos.
Mas esse entendimento da unidade vem da Antiguidade, certo? Como se aplica a um fenômeno atual?
Sim, é um conhecimento muito antigo. Deixe-me explicar algumas coisas que vão ajudar a entender o que eu quero dizer. Na Antiguidade havia um sistema de aprendizado chamado de Sete Artes Liberais, conhecidas como Quadrivium e Trivium. O Quadrivium foi formulado e ensinado inicialmente por Pitágoras, por volta de 500 a.C. A palavra educação, que vem do latim educere, significa “levar para fora”, apontando para a doutrina central que Sócrates, sob a caneta de Platão, elucidava tão claramente — conhecimento é uma parte intrínseca e inerente da estrutura de nossa alma.
E no que consistia esse sistema de aprendizado?
A linguagem Trivium era estruturada nos valores principais de verdade, beleza e divindade. Seus três assuntos são a gramática, que assegura a boa estrutura da linguagem, a lógica, para encontrar a verdade, e a retórica, para embelezar o uso da linguagem para expressar a verdade. O Quadrivium surge dos assuntos mais reverenciados e disponíveis à mente humana — os números. A primeira dessas disciplinas chamamos de aritmética. A segunda é a geometria ou a ordem do espaço, os números no espaço. A terceira é harmonia, que Platão chamava de “número do tempo”. A quarta é astronomia ou número no espaço e tempo. É dito que todos esses estudos oferecem uma escada segura e confiável para se alcançar os valores simultâneos da verdade, bem e beleza, que levam ao valor essencialmente harmônico da completude.
Penso que os agroglifos fazem parte do meu processo de cura espiritual, porque, quanto mais eu os investigo, mais percebo que eles passam a fazer parte da minha vida. E nesses anos todos eu já vi muitas outras pessoas serem curadas e transformadas por eles.
Esse seria o conhecimento que já existe em nossa alma e que a educação apenas desperta?
A alma — que Sócrates provou ser imortal em seu diálogo Fédon — já possui o conhecimento completo antes de nascer em um corpo. Lembrá-lo, que é a função da educação, significa literalmente colocar os membros separados de volta em sua completude. A meta de estudo desses assuntos é subir de volta para a união, por meio de simplificação baseada em um entendimento adquirido pelo estudo de cada área do Quadrivium. Esta meta se baseia em encontrar a fonte. Tradicionalmente, esse era o único propósito da busca por conhecimento — e o símbolo mais antigo usado para ilustrar ou mostrar essa jornada é conhecido como o Enquadramento do Círculo.
E nós vemos isso nos agroglifos?
Sim. A maior descoberta a respeito dos agroglifos é a de que muitas das formações têm fornecido soluções para essa antiga busca pelo enquadramento do círculo com uma precisão de 99.9%. É importante notar que esse nível de precisão nunca foi alcançado antes na história, muito menos usando os métodos de construção usados nos agroglifos. Em favor da simplicidade, um círculo no quadrado significa que você pode construir geometricamente um círculo e um quadrado iguais tanto em perímetro como em área. O ato de se enquadrar um círculo tem profunda significância quando consideramos essa imagem como uma metáfora filosófica.
Como assim?
O quadrado é racional e fácil de ser trabalhado na terra. Prédios, janelas e portas são objetos comuns no mundo, todos quadrados, porque para construí-los com círculos seria muito complicado. Vivemos em um planeta esférico, mas dividimos o espaço em quadrados com quatro dimensões e grades de quadrados de latitude e longitude. Estes são somente alguns exemplos da razão de o quadrado simbolizar a terra, e há muitos mais. Por outro lado, o círculo simboliza o céu, estrelas e planetas — todos se movem em torno da Terra em um círculo, assim como as quatro estações circulam, ano após ano.
Pode nos dar um exemplo?
Sim. E o melhor exemplo é, de fato, a jornada da vida até a morte e de volta à vida novamente. Quando um animal morre na floresta, seu corpo se decompõe e eventualmente alimenta a vida que emerge a sua volta. Repetidamente, esse processo continua em um círculo sem fim. Há muitas razões para esse círculo, e certamente seu colega tridimensional, o espiral, simboliza o celestial. Eu incentivo os leitores a pesquisarem mais e para descobrirem por si mesmos o quão profundo é esse assunto. Os círculos são um sistema educacional para qualquer um que deseje se engajar no assunto, para levar a mente, e a alma, do terrestre para o celestial.
Você poderia explicar mais sobre a conexão existente entre os agroglifos e a Sequência Fibonacci?
Em minhas palestras eu mostro que os agroglifos têm chamado nossa atenção para os números cinco, oito e 13, os quais são encontrados extensivamente na Terra e nos céus. Por exemplo, a maioria das flores tem cinco pétalas e abacaxis e pinhas têm o desenho de suas sementes ordenado em sequências de cinco, oito e 13 repetições. Quando nascemos, temos cinco dentes em cada lado de nossas bocas, e quando eles caem são substituídos por oito dentes em cada lado. Cinco mais oito é igual a 13.
Portanto, ao todo, temos 13 dentes em cada canto da boca. Até o planeta Vênus desenha um padrão de cinco folhas em volta da Terra em 8 anos terrestres ou 13 anos venusianos. Esses números estão em todos os lugares e formam parte do que é conhecido como a Sequência Fibonacci, que se inicia no zero. Eles são 0, 1, 1, 2, 3, 5, 8, 13, 21, 34, 55 e assim por diante. Cada número é encontrado somando o anterior à sequência. O próximo número da série seria, portanto 89 porque 55 mais 34 é igual 89. Quando essa sequência numérica se expressa geometricamente, produz um espiral que tem as mesmas proporções encontradas nos chifres dos carneiros, nas conchas dos náutilos, nas nuvens de tempestades, nos tornados e nas galáxias etc.
Seria, então uma sequência numérica da natureza?
Exato. E também produz outra constante especial conhecida como a Razão de Ouro, ou Phi. Ela está ligada ao número cinco por meio da geometria do pentagrama, e também é encontrada em muitos organismos que crescem na Terra. O pentagrama tem sido um símbolo frequentemente associado à magia negra, mas, na realidade, está mais relacionado à vida, ao crescimento e à regeneração. Essa razão era bem conhecida por Pitágoras e por membros de muitas outras escolas de pensamento através dos tempos — artistas e arquitetos da Renascença a usaram repetidamente para trazer proporções divinais aos seus trabalhos. O faziam, porém, de forma escondida, para que somente os iniciados pudessem ver. Há muitas qualidades fascinantes associadas a essa sequência de números e à Razão de Ouro, e recomento aos leitores explorarem a internet, onde podem encontrar informações valiosas. No entanto, também sempre recomendo discernimento, pois algumas teorias e extrapolações podem ser um pouco exageradas.
Algum novo círculo tem aparecido nas últimas semanas na Inglaterra? O que pode nos dizer a respeito deles? Algo diferente do normal?
Sim, a temporada de 2017 já está a todo vapor e já tivemos 11 formações nos últimos meses [Esta entrevista foi realizada entre junho e julho]. Mas não há nada ainda que eu classificaria como espetacular ou diferente. Mas temos visto várias formações tanto com geometria 5 e 6 quanto com algumas iconografias religiosas. Também tivemos duas ocasiões em que tivemos formações em uma só noite. Isso não é incomum, pois no passado tivemos múltiplas formações em apenas uma noite. No dia 07 de julho de 2007, aquela data tão expressiva para mim, tivemos seis formações em uma só noite. Esta temporada está esquentando e muitos de nós esperamos que algo incrível aconteça.
Você foi apresentado aos agroglifos brasileiros, que vêm ocorrendo desde 2008. O que achou das figuras descobertas?
Em maio e em setembro deste ano estive duas vezes no Brasil, ambas a convite do editor da Revista UFO A. J. Gevaerd. O primeiro caso para fazer conferência XIX Congresso Brasileiro de Ufologia, em Porto Alegre, e em setembro para outra palestra, desta vez no XXI Congresso Brasileiro de Ufologia, em Campinas. Desde minha primeira ida eu fiquei muito interessado nos detalhes que a Equipe UFO descobriu quanto ao fenômeno em seu país, como, por exemplo, a inexplicável esterilização do solo dentro do agroglifo de setembro de 2016, em Prudentópolis. Isso é incrível. Os testes que foram conduzidos mostraram que dentro deste agroglifo não havia nenhuma vida microbiologia ou insetos. Simplesmente, nenhuma pesquisa desse tipo jamais foi feita na Inglaterra e a brasileira agora nos inspira a contatar uma universidade do meu país e tentar conduzir estudos também lá.
O que mais diria dos agroglifos brasileiros, já que os conheceu?
Outra coisa que é de bastante interesse é que os aparelhos celulares não funcionam em lugar nenhum fora dos agroglifos, mas dentro recebem sinal completo. Soube que, para testar isso, os pesquisadores da UFO colocaram vários celulares dentro das figuras, usando diferentes operadoras, e todos tinham sinal ali, mas não fora. De novo, isso é algo que nunca tivemos na Inglaterra — o que normalmente vemos lá é telefones se quebrarem ou não funcionam dentro de agroglifos.
Você soube também da descoberta de emissões eletromagnéticas detectadas dentro do mesmo agroglifo de Prudentópolis?
Sim, soube, e esta é a terceira coisa que me impressionou muito. Ou seja, saber que foi encontrado um pulso eletromagnético no centro do agroglifo de Prudentópolis. Isso também é algo de que nunca ouvi falar. Imagino que qualquer pesquisador que conduza pesquisas na Inglaterra vai se interessar em saber se isso acontece também lá. Tive uma conversa muito interessante com um físico no evento de Porto Alegre, que afirmou que esse pulso e os sinais de telefone podem ser “condutores” de alguma forma de comunicação. E que, se for possível estabelecermos a frequência desse pulso eletromagnético, talvez possamos enviar uma comunicação de volta às inteligências que produzem os agroglifos. Simplesmente fascinante.