O mistério das formações inexplicadas que surgem nas plantações de cereais em todo o mundo vem intrigando pesquisadores e estudiosos há décadas. Ninguém sabe exatamente como são feitos os desenhos e que relação eles têm com os UFOs, se é que têm alguma. Há muitas teorias afirmando que os agroglifos, ou círculos ingleses, como primeiramente foram chamados, são uma maneira que os extraterrestres encontraram de se comunicarem conosco, mas quais extraterrestres seriam esses, ninguém sabe responder.
Há estudiosos alegando todo o tipo de coisas sobre os desenhos nas plantações, desde seus significados às suas origens, mas esse é o tipo de pesquisa que demanda muito tempo para que se possa afirmar alguma coisa concreta. Primeiro, porque os desenhos aparecem em um período específico a cada ano no Hemisfério Norte, onde são predominantes, normalmente entre maio e agosto, e logo se desfazem, uma vez que após a colheita a terra é novamente preparada para o plantio — no Brasil e Argentina, onde passaram a surgir recentemente, ocorrem de outubro a novembro. E, em segundo lugar, porque, para acompanhar qualquer teste ou pesquisa de longo prazo, são necessárias décadas de dedicação, além de financiamento e disponibilidade para viagens.
Embora o fenômeno não seja novo e haja notícias dele nos séculos XVIII e XIX, foi mesmo no século XX que as formações ganharam força e visibilidade, tornando-se a cada ano mais complexas, sofisticadas e intrigantes, naturalmente levando os pesquisadores a suporem que, por suas características, só podem ser mensagens de alguma forma de inteligência. As proporções também espantam, pois há desenhos com muitas centenas de metros de diâmetro e que surgem, literalmente, da noite para o dia. E há, claro, os imitadores, conhecidos como circle makers, que se juntam e produzem formações para empresas que estão lançando novos produtos ou que apenas querem reafirmar sua marca.
Pesquisa séria e reconhecida
Diferenciar os agroglifos feitos por encomenda ou brincadeira daqueles cuja origem é desconhecida e possivelmente extraterrestre é tarefa para especialistas, coisa que demanda muito tempo e uma gama de recursos técnicos. A entrevistada desta edição investiga as formações há mais de 25 anos e, embora pudéssemos chamá-la de especialista no assunto, ela mesma diz que “me limito a dizer que sou apenas uma estudiosa”. E completa, com toda sua humildade: “Talvez nunca tenhamos a resposta para esse mistério”.
A inglesa Lucy Pringle se tornou uma autoridade mundial em agroglifos já nos primórdios do fenômeno, acumulando o maior banco de dados sobre o assunto na atualidade. Séria em suas pesquisas, ela se dedica a descobrir como diferenciar as fraudes das manifestações verdadeiras, e também conta com o apoio de muitos cientistas em suas investigações, o que dá às informações que apresenta em sua página na internet muito mais credibilidade [Endereço: www.lucypringle.co.uk]. “Não divulgo boatos e nem faço alardes. Eu só publico fatos”, declara.
Criada em um lar bastante estrito, no interior da Inglaterra, Lucy passava a maioria do dia com sua babá. Uma vez, ao ler um livro sobre pássaros mágicos, ficou completamente maravilhada com a história e perguntou à babá onde ficavam aquelas aves deslumbrantes. A moça lhe respondeu que moravam no paraíso. Lucy, ainda mais curiosa, perguntou onde ficava o paraíso. Para sua surpresa, a babá não sabia a resposta, nem sua governanta e nem seus pais, a quem perguntou após dias acumulando coragem — quando criança, ela via seus pais somente por alguns momentos, à noite, antes de se retirar para dormir. Ali surgiu seu fascínio pelas coisas misteriosas.
Manifestações inefáveis
Após conhecer muitos outros enigmas que ganharam sua atenção, Lucy se deparou com o fenômeno dos círculos ingleses, o qual vem pesquisando intensamente. Enquanto investigava a origem das figuras, ela finalmente percebeu, e aceitou, que essas manifestações eram inefáveis, o que a fez ver que suas pesquisas talvez nunca encontrem a solução para o mistério. Diz ela: “Quando me aprofundei no assunto, percebi que nunca iria encontrar uma resposta. Mas hoje aceito isso. São assuntos inexprimíveis que talvez eu nunca descubra como surgem nesta vida. A mesma coisa acontece com os círculos — acho que nunca encontraremos uma resposta para esse fenômeno”.
Hoje, Lucy Pringle se dedica à pesquisa relacionada à influência dos agroglifos sobre o Mal de Parkinson. Seus resultados são surpreendentes e apontam para uma melhoria temporária dos indivíduos que sofrem dessa terrível doença quando entram em um círculo e, também, por algum tempo após terem saído dele. Para completar sua biografia, ela recebeu sua educação formal na Inglaterra, França e Suíça e viaja constantemente para países que incluem a Jamaica, onde seu filho mais velho nasceu. Também é fundadora do Centre for Crop Circle Studies [Centro de Estudos de Círculos em Plantações]. Em março deste ano, esteve pela primeira vez no Brasil, a convite da Revista UFO, para fazer conferência no II Encontro de Ufologia Avançada do Paraná. Desde então, virou consultora da publicação.
Aumento de proteína nos grãos
Além de mundialmente conhecida como uma autoridade no assunto, a entrevistada é pioneira na pesquisa dos efeitos dos campos magnéticos em sistemas vivos — incluindo efeitos fisiológicos e psicológicos relatados por indivíduos que visitaram ou estiveram próximos às formações nas plantações. Lucy também investiga tais efeitos em animais e manifestações remotas, estranhas luminosidades, falhas mecânicas e ocorrências sonoras ligadas aos agroglifos. Sua pesquisa mostra mudanças mensuráveis nos hormônios humanos como consequência da exposição aos círculos, além de mudanças na atividade cerebral.
Uma recente pesquisa com luz infravermelha mostrou acentuado aumento da concentração de proteína nos grãos encontrados dentro das formações. Para conduzir seus estudos nesta área específica, nossa entrevistada trabalha com vários cientistas por todo o mundo e, em novembro de 2014, foi uma das palestrantes no Instituto de Ciência e Astrofísica de Sófia, na Bulgária. Sua conferência incentivou cientistas da Irlanda e da Noruega, que participavam do grupo de ação, a organizarem um centro de estudos dentro do Instituto de Ciências.
Embora o fenômeno não seja novo, foi no século XX que as formações ganharam força e visibilidade, tornando-se a cada ano mais complexas, sofisticadas e intrigantes, levando os pesquisadores a suporem que podem ser mensagens inteligentes.
Lucy também é escritora e participa extensivamente de transmissões de TV e documentários sobre o fenômeno — recentemente, a rede inglesa BBC produziu um programa sobre suas pesquisas. Ela também apareceu em vários shows norte-americanos, incluindo William Gazecki’s Quest for Truth [Busca pela Verdade de Willian Gazecki], além de ter participações nos canais a cabo Discovery Learning e History Channel. A pesquisadora esteve também em programas de TV na Alemanha, Japão, França, Itália, Espanha, Eslovênia, México e Canadá. E foi igualmente convidada para vários shows de rádio em todo o mundo.
Como fotógrafa aérea profissional, promoveu uma exibição de seu trabalho, em 2002, na Galeria de Fotos Independentes de Sussex, Inglaterra. Sua exposição recebeu o prêmio Art Critic’s Choice do jornal Sunday Telegraph. Atualmente, Lucy Pringle está exibindo seu trabalho no Denbighshire County Council. Seu terceiro livro, Crop Circles: Art in the Landscape [Círculos nas Plantações: Arte na Paisagem, Frances Lincoln, 2007], foi aclamado como a maior e mais linda antologia sobre o assunto. Ela também é membro da Sociedade Britânica de Radiestesia. Atualmente, a pesquisadora vive em Hampshire. Vamos à entrevista.
Como você se interessou pelo fenômeno dos círculos ingleses?
O desconhecido sempre me atraiu. Acho que fui uma criança muito irritante, sempre querendo saber a resposta de tudo e fazendo muitas perguntas. Minha primeira pesquisa, se é que pode chamar assim, aconteceu quando eu ainda era bem pequena e minha babá me mostrou um livro muito colorido. Eu ainda não sabia ler, mas havia pássaros lindos naquele livro e a babá me disse que eram pássaros mágicos. Eu perguntei se eram reais e ela me disse que sim. Então, é claro, eu quis saber onde viviam as aves e ela não soube responder. Também perguntei para a governanta e ela ficou meio amedrontada. Isso assustou e causou estranheza, porque, afinal, os adultos “sabiam tudo”. E se não sabiam daquilo, algo estava errado.
E como seus pais reagiram à sua curiosidade tão precoce?
Nós tivemos, minha irmã e eu, uma educação muito rigorosa e éramos levadas para ver nossos pais apenas uma vez por dia, à noite. E essa era a parte mais assustadora do dia. Nós trocávamos nossas roupas, nos levavam para o andar de baixo da casa e íamos ver nossos pais. Como você pode imaginar, nós não os conhecíamos muito bem. Uma vez eu consegui acumular coragem suficiente para perguntar a eles onde ficava o paraíso e eles não puderam me responder — ora, o paraíso estava em algum lugar, já que os pássaros estavam lá. Então, decidi que quando me tornasse adulta eu descobriria onde fica o tal paraíso e levaria todos até lá, para que soubessem onde é. Você sabe, às vezes encontramos o paraíso e, de repente, ele escapa por entre nossos dedos e desaparece…
Isso aconteceu quando você era bem pequena. Depois disso, o que houve?
Depois eu me interessei por outros mistérios, é claro. Desde o monstro do Lago Ness até a Teoria da Relatividade de Einstein, e também fiquei muito intrigada com o significado do infinito, porque imaginava que em algum ponto o infinito se tornaria finito. E depois vieram os agroglifos, os círculos nas plantações — eles me intrigaram ainda mais porque eu queria saber de onde vinham, por que estavam ali e quem os produziam? Eu tinha tantas perguntas…
E agora não tem mais perguntas?
Veja, depois de trabalhar por muitos anos com os agroglifos, percebi que nunca iria encontrar uma resposta para eles. E pensei que, se são o que chamamos de inefáveis, então não há mesmo resposta. Apesar de entender que eu nunca iria encontrar uma explicação para os círculos, eu compreendi que deveria trabalhar o assunto por outro ângulo, e aí nada mais me incomodou. Há coisas para as quais nunca teremos resposta. E estou feliz com isso, por que se eu fosse capaz de saber a explicação de tudo, quão tediosa seria a minha vida?
Qual é esse outro ângulo que a ajudou a aceitar os mistérios sem resposta que encontrou pela frente?
Sempre fui médium. E quando os círculos vieram, eu já estava morando em Hampshire, na Inglaterra. Na época me tornei membro da Academia Científica Inglesa, que começou a pesquisar o assunto, e com isso comecei minha pesquisa de fato. Acho que temos vários capítulos em nossas vidas. A minha, com certeza, tem muitos.
Falando especificamente sobre as formações, elas são encontradas em tipos determinados de plantações?
Há vários tipos de plantações em que os agroglifos se manifestam mais e algumas das temporadas de colheitas se sobrepõem. Temos cevada e na mesma época do ano também temos o trigo e algumas outras culturas, como aveia, por exemplo. As figuras surgem igualmente sobre todas estas plantações. Como o tempo da colheita dura normalmente 100 dias, enquanto seguimos de uma colheita para outra, os tempos de crescimento se sobrepõem. Então, temos algumas figuras ora aparecendo em trigo, outras ora em cevada, algumas em aveia e, mais tarde, podemos vê-las até em milho ou cana de açúcar. Mas é incomum encontrarmos círculos nessas últimas plantações.
Na Inglaterra, a maioria dos agroglifos está em volta do monumento megalítico Stonehenge e aparece geralmente em terrenos de cascalho, que têm água no subsolo — essa água é vital ao processo de formação dos círculos, por razões ainda investigadas.
As formações de agroglifos ocorrem também em plantações transgênicas destes cereais na Inglaterra?
Temos algumas plantações transgênicas na Inglaterra, onde concentro quase todo o meu trabalho, mas são muito poucas e há um sentimento negativo em relação a isso em meu país — os ingleses são contra plantações transgênicas. Então eu não posso dizer se alguma das formações que tivemos ocorreu em uma plantação deste tipo, mas é provável.
Há uma época recorrente nas formações de círculos?
Normalmente eles começam no início da primavera, como no Hemisfério Norte a primavera começa no final de março, geralmente vemos as primeiras formações no início de abril. Mas o fenômeno toma força a partir de maio, indo até agosto.
Você sabe que os agroglifos vêm acontecendo anualmente no Brasil, desde 2008. Qual é a sua opinião sobre a crescente complexidade dos círculos, tanto no Brasil quanto no resto do mundo?
Estou ciente sobre os círculos que vêm ocorrendo anualmente no Brasil. E eu diria que o fenômeno está evoluindo em complexidade, especialmente na Inglaterra. Meu raciocínio é o de que assim como você não enviaria uma criança de 6 anos para a faculdade, porque ela não estaria preparada para absorver toda informação que recebesse, o fenômeno começa gentilmente, até conseguirmos ter maior compreensão sobre o assunto. É aí que ele então “explode” em sua maior complexidade.
Você acredita que o fenômeno dos agroglifos tenha predileção por surgir em algum local específico?
Na Inglaterra, a maioria deles está em volta de Stonehenge e aparece geralmente em terrenos de cascalho, que têm água no subsolo — essa água é vital ao processo de formação dos círculos. Não sabemos ao certo, mas imaginamos que a energia que os cria se origine da estratosfera. Há todo um processo envolvido nisso, ainda por ser descoberto.
Você pode explicar o que já se sabe desse processo para nossos leitores?
Sim. Primeiro, vamos imaginar uma bateria com seus polos positivo e negativo. Sabemos que o Sol, com sua enorme fonte de energia, pode ser considerado como o polo positivo desta bateria — o astro sempre está liberando enormes quantidades de energia. Além disso, quando ele apresenta manchas escuras, essas marcas emitem energia de forma tubular, que são chamadas de ondas de torção ou sprite. Como temos nossa magnetosfera em volta do planeta, às vezes esse sprite, essa energia, penetra na terra. Por outro lado, há uma enorme rede de nódulos e linhas na Terra, e nós podemos considerar o planeta como sendo o polo negativo da bateria. O Sol é o positivo e a Terra, o negativo.
Certo. E como essa enorme bateria hipotética funciona na prática?
Bem, há uma conexão entre os dois polos. Então, o planeta recebe essa energia que vem do Sol e passa através de espaços no Polo Norte, e que, por um nanosegundo, esquenta o solo com centenas de milhares de volts por metro quadrado. Agora vem a parte importante: para que a formação ocorra, o nódulo atingido pelo sprite tem que ter água no subsolo, porque essa é parte essencial do processo. A água age como se fosse uma bolha. Metade dela está acima da terra e outra metade, embaixo.
Então as formações são apenas processos naturais? É isso que você quer dizer? Nada de seres extraterrestres produzindo-as?
Não, são utilizados processos naturais para que elas ocorram, porém quem ou o que “aperta o botão” está além de nosso conhecimento e tecnologia atuais. Esses processos criam figuras complexas demais para serem simples ocorrências naturais. Para mim, sua origem é desconhecida. Mas como é impossível sermos os únicos seres inteligentes no universo, então há muitas possibilidades sobre quem “aperta o botão” e faz os círculos aparecerem. Mas, não tenho a menor ideia sobre de onde eles vêm ou sobre quem são.
Por que Stonehenge é um centro de manifestações?
Stonehenge é um monumento sagrado. E se você pensar que muitos monumentos sagrados podem estar localizados sobre os nódulos energéticos que citei, faz todo o sentido que as formações ocorram em torno dele. O ponto importante a saber é que temos uma rede enorme de linhas e nódulos, e esses locais ditos sagrados da Terra parecem existir em abundância na Inglaterra. Os círculos aparecem onde há lugares assim, como nesses nódulos. Stonehenge parece ser um desses locais, mas há vários outros em Território Inglês.
Sobre os agroglifos em si, há estudos para se tentar interpretar seu significado?
Sim, há várias tentativas de interpretação. Uma das mais conhecidas aconteceu entre 2007 e 2008 e foi feita sobre uma formação relativa ao número Pi, que apareceu em 01 de junho de 2008. A constante matemática Pi, elevada à nona potência, apareceu em 2008, e dois anos mais tarde tivemos uma formação bastante parecida, mostrando o teorema de Laurence Euler. Essa é uma teoria bastante complexa, tanto que talvez somente Euler a compreendesse completamente. O círculo tinha a representação desse teorema, mas com alguns erros primários. Há também algumas tentativas de interpretação dos agroglifos com base em conhecimentos espirituais, outras com base em dados culturais, outras com base nos costumes do país etc. Enfim, há várias interpretações. As mais válidas e menos subjetivas são as matemáticas, porque 2 + 2 sempre será 4. Então, quando recebemos algo perfeitamente matemático nos campos, é bastante convincente.
As características dos agroglifos verdadeiros são completamente distintas das formações fabricadas pelos circle makers. Qualquer pessoa com um mínimo de treinamento consegue distinguir as diferenças. Os verdadeiros são impressionantes.
É possível que os círculos tenham um vínculo com eventos de natureza planetária?
Eu não sei responder a essa pergunta, mas algumas pessoas os têm interpretado como estando relacionados a eventos mundiais. Particularmente, não me convenci com essa explicação. Houve uma imagem feita na forma de um oito que leva a esta idea, mas não acho que estivesse relacionada a algum evento em particular. Tivemos um agroglifo em 2015 que parecia estar relacionado a um alinhamento de planetas que ocorreu naquele mesmo mês. Muitos círculos estão ligados a eventos celestiais e planetários, mas nenhum ao planeta Terra em específico. Outros foram traduzidos de acordo com o Calendário do Zodíaco, mas nenhum precisamente com eventos mundiais.
Qual é a sua opinião sobre aquele agroglifo que mostra o rosto de um extraterrestre?
A formação com o rosto de um ET apareceu em Winchester, Hampshire, em 15 de agosto de 2002. Eu conhecia o dono da fazenda, que tinha uma plantação de sementes de milho. Era um homem muito gentil. Aquela formação em particular se destacou como um exemplo, porque mesmo os fraudadores do fenômeno — conhecidos como circle makers — afirmaram que simplesmente não a poderiam reproduzir. A aparência da imagem era quase tão perfeita quanto a de uma imagem de computador. Não sei como qualquer pessoa poderia ter feito aquilo. Portanto, a única resposta que tenho é de que se trata de um agroglifo legítimo.
E não era apenas uma imagem inexplicada, mas sim duas…
Sim. Havia a imagem de um ET e, ao lado, a de um disco com gravações de algum tipo. Eu tirei fotos do solo e percebi uma plantação que fora amassada em pequenos grupos. Para analisar as gravações do disco de uma forma que fosse minimamente inteligente, enviei as fotos para um amigo, que usou códigos ASCII e binário para tentar decifrar o que estava escrito nele, e era uma mensagem incrível. O doutor Eltjo Haselhoff, da Holanda, decifrou a mensagem seis horas depois e ambos trabalhamos juntos. Recebi relatórios interessantes sobre essa formação de vários estudiosos. O que parecia é que as imagens haviam sido feitas por duas inteligências trabalhando ao mesmo tempo — as artes nas duas imagens eram totalmente diferentes, era muito bizarro. Algo que nunca tinha visto.
Mas como podemos afirmar quando os círculos são genuínos?
Normalmente, pela análise dos caules das plantas. Quando são falsos, eles estão quebrados, e nos genuínos as plantas têm caules entortados, mas bem vivos, que podem ser colhidos mais tarde. E muitos dos agroglifos do Brasil são assim. Primeiro, nas plantações de canola — um vegetal em que é mais fácil de ver isso, porque os caules são ocos e frágeis. Se o caule for entortado em mais do que 40°, ele se quebra, então é fácil de ver.
Só para ficar mais claro, quando você vai analisar uma formação, os caules são o indicativo da autenticidade do agroglifo?
Não é só isso. Procuramos para ver se há caules quebrados e também se as plantas foram dobradas bem na base. Mas, além disso, vemos se os caules estão avariados. A canola se avaria muito facilmente, por isso que é mais fácil de se identificar um agroglifo legítimo neste tipo de plantação. Nas colheitas verdes e novas geralmente existe uma película ou camada fina, que sobe pelo caule das plantas, às vezes alcançando parte das folhas. Você só precisa segurar com os dedos e friccionar para baixo para conseguir tirar a película, que, uma vez retirada, jamais se refaz. Então, quando você percebe que essa película não está presente em muitos dos caules, há a suspeita de que algum peso foi usado para dobrar as plantas, ou seja, houve algum tipo de envolvimento humano. Estes são casos fraudulentos.
Isso também se aplica às plantações maduras?
Nas maduras procuramos ver se os caules estão quebrados ou trincados, e fazemos isso apertando-os com as mãos. O que buscamos saber é se algum peso foi aplicado às plantas, porque ele causa os danos à plantação — não importa se as plantas estão verdes ou maduras, o peso sempre as danificar. Outro detalhe que verificamos é a existência de sementes nas plantas. Quando são agroglifos feitos por circle makers, eles andam sobre ou entre as plantas e as suas sementes caem. Ao levantarmos as plantas dobradas veremos as sementes espalhadas no chão. Então, se há muitas plantas sem sementes, isso é suspeito. Plantações sem sementes ou flores indicam que cordas foram usadas na fraude e bateram nos topos das plantações. O peso das tábuas quebra os caules e as cordas arrancam o topo das plantas.
Qual foi o agroglifo mais impressionante que você fotografou?
O mais impressionante foi o círculo em formação de Pi, de Barbury Castle, em Wiltshire, em 2008, por sua exatidão matemática. Outro apareceu em Woodborough, também como Pi, e foi muito interessante porque mostrava a constante matemática em fração, enquanto que o primeiro o mostrava em decimal. Então, parece que há algum tipo de comunicação ligada ao número Pi.
É possível que ambos os agroglifos em formato de Pi tenham a mesma origem, ou isso seria absurdo?
Eu não sei. Deve haver vários destes fenômenos nas mãos de Deus, de entidades míticas, inteligências ou energias por trás do fenômeno, uma vez que há muita complexidade envolvida na produção dos agroglifos. E as conexões das imagens com a ciência também são diversas. Algumas têm conteúdo matemático, outras químicos, outras biológicos, outras espirituais etc. Há imensa variedade. Alguém me disse uma vez, e eu concordo, que nos últimos 20 anos não houve nenhuma forma de arte mais incrível ou mais impressionante do que os complexos círculos que têm aparecido.
Quando olhamos analiticamente, percebemos que as formações surgem do nada, e devido à complexidade dos desenhos, seria algo impossível de as pessoas fazerem em poucas horas, durante a noite. Você concorda com isso?
Sim, especialmente aqui na Inglaterra, porque as horas de escuridão que temos durante o verão são muito curtas, e é praticamente impossível que qualquer pessoa consiga fazer um círculo tão complexo em poucas horas sem deixar qualquer rastro. Particularmente se tiver chovido durante a noite. Quando caminhamos pelas linhas das plantações, que são usadas para ajudar o fazendeiro a colher, plantar, colocar inseticidas e fungicidas, e elas estão úmidas, as solas dos sapatos começam a acumular lama até se tornar quase impossível de caminhar por elas. Agora digamos, por exemplo, que alguém entre na plantação com placas de madeira e cordas, para fazer um desenho. Inevitavelmente, as pessoas deixariam traços de pegadas — seria impossível não deixarem. Em alguns dos círculos que apareceram em meu país, havia chovido na noite anterior e não havia nenhum traço de lama no desenho da plantação, nem marcas de pegadas.
Na maioria dos casos, os fraudadores fazem um bom trabalho, mas se tirarmos as medidas das figuras que produzem, há falhas. Nos círculos genuínos não há — eles são perfeitos. Criar círculos nos campos é diferente do que fazê-los em computador.
Sempre há pessoas oferecendo explicações quanto ao significado dos círculos. O que você pensa sobre suas ideias?
Eu penso que sejam todas apenas especulações. Por isso gosto de ouvir várias pessoas e diferentes pontos de vista. Mas quando se pede a análise de cientistas, eles lhe mostrarão as relações das imagens com a matemática, biologia, química, geofísica, astronomia, geometria, física, enfim, com todas as ciências. E se você ouvir a análise de um artista, ele lhe mostrará os padrões artísticos nas formações. Caso você consulte um religioso, ele interpretará os desenhos como sendo bíblicos. Interessante, não? Há um homem no Canadá, chamado Neil Olsen, que está convencido que os círculos são sinais relacionados à Bíblia. Os círculos não excluem ninguém, mas incluem todos. Todos são bem-vindos a estudá-los e ofereceram uma explicação para eles. Podemos concordar que a solução do mistério depende do ponto de vista e não dá para dizer que um é verdadeiro e o outro é falso porque nós simplesmente não sabemos. É normal e aceitável as pessoas terem opiniões, exceto pelos que acham que todos os agroglifos são falsos.
Há um vídeo na internet que mostra um agroglifo sendo formado logo cedo, pela manhã. Qual sua opinião sobre ele?
Eu tenho a mente aberta, mas há uma história muito estranha que circula por aí. As pessoas que fizeram o vídeo eram boas em manipulação de imagens. Um investigador que analisou o vídeo disse que o Sol está no lugar errado — a gravação parece fabricada, pois o Sol sempre nasce no leste. Eu não fiquei convencida com o vídeo. Muitos quiseram acreditar que fosse verdadeiro e, portanto, ignoraram todos os argumentos contrários. Temos que olhar tudo com muito cuidado, analisar e conhecer a história por trás das filmagens. Saber que os que fizeram são especialistas em tecnologia e que sabem como editar e, possivelmente, manipular as imagens, nos ajuda a ter uma visão correta sobre as filmagens.
Além dos famosos fraudadores Doug Bower e Dave Chorley, dos anos 80, você conhece outros?
Sim, conheci vários e eles não são meus amigos. Não os conheço no dia a dia, mas minha opinião sobre eles não é das melhores. Eles invadem as fazendas, o que é ilegal, e ainda destroem as plantações. O que não entendem é que a terra é a vida dos fazendeiros. Sua atitude é algo bastante egoísta e não sei a quem eles beneficiam.
Esses fraudadores são constantes?
Sim, e são vários. Alguns se aposentam e outros aparecem em seu lugar. Eles gostam de reivindicar tudo com sendo trabalho deles. Às vezes há seis diferentes grupos alegando terem feito o mesmo círculo. Isso é impossível e é bem provável que nenhum deles tenha feito a formação. É um tanto estúpido, na verdade. Mas eles causam problemas, principalmente para os fazendeiros. Recentemente, receberam muito dinheiro para fazerem comerciais de produtos, sendo um deles para Mitsubishi. Demoraram três dias para completarem e estavam lá suando, trabalhando. Demoraram três dias, enquanto um agroglifo legítimo e complexo, com até 600 m de diâmetro, não leva nem minutos para ser produzido.
Os mais desinformados imaginam que é fácil de se fazer um círculo. Você poderia comentar o que tem visto?
Na maioria dos casos, os fraudadores fazem um bom trabalho, mas se fizermos as medidas das figuras que produzem, sempre há falhas. Nos círculos genuínos não há — eles são perfeitos. Ou seja, criar círculos nos campos de forma perfeita é diferente do que fazê-lo em um computador. A equipe do programa Prometheus, do canal a cabo History Channel, veio à Inglaterra este ano fazer um filme sobre os agroglifos. Uma das coisas que os técnicos queriam fazer era juntar um grupo dos melhores fraudadores, e pediram minha ajuda. Designaram uma plantação de canola para um dos grupos de circle makers, em Warhill, em maio. Resultou que era possível detectar facilmente os desenhos falsificados, porque a canola tem os caules ocos e, portanto, quebram em um ângulo maior do que 40º e se danificam muito facilmente. Quando se é a primeira pessoa a entrar em um desses círculos, fica fácil determinar se ele foi feito por homens ou não.
O que você achou do trabalho deles? Foi suficientemente convincente?
No desenho que foi feito em Warhill, por exemplo, havia muitos problemas na plantação. Mesmo tendo um desenho simples, quando sobrevoei o local, pouco depois de o círculo ter sido terminado, verificamos e encontramos vários caules quebrados. E isso foi ótimo, porque esse episódio — chamado Círculos do Céu — mostra convincentemente que sempre há erros no trabalho dos fraudadores, especialmente se você souber o que procurar. E esse foi um exercício ótimo. Mesmo assim, eu tiro meu chapéu ao senhor que fez a imagem, porque é um trabalho horrível de se fazer. A canola é bem alta e o pólen se espalha em todo lugar, pelo seu nariz, olhos e ouvidos, e o cheiro é forte. Eles trabalharam 3 ou 4 horas para terminar e eu fiquei com pena deles. Mesmo não sendo meus amigos, respeito o seu trabalho. Realmente, não sei porque fazem estas fraudes, deve ser por ego — imagino que gostem de ser importantes e aparecerem no jornal, pois a mídia gosta dos circle makers.
Poderia comentar sobre outras características das formações?
Tenho várias fotos de alguns desenhos que parecem um tapete, com os caules entrelaçados. Não sei como são feitos. Medidores Geiger no centro desses círculos mostram distúrbios magnéticos. Sempre que fui aos círculos levei um equipamento destes, e ele sempre mostrava níveis altos de radiação residual.
Existem muitos pesquisadores estudando os agroglifos hoje?
Estou há mais de 25 anos lidando com esse fenômeno e já vi muitos virem e irem. Para se manter pesquisando o assunto, você tem que ter um propósito. Eu me lembro de que durante algum tempo minha pesquisa não progredia e eu estava sempre obtendo os mesmos resultados. Sei que é isso que a ciência espera, que os resultados se comprovem, mas eu sentia que não estava progredindo. Mas permaneci pesquisando e depois de algum tempo a tecnologia se aprimorou, quando pudemos melhorar a metodologia e consegui avançar. Foi algo pelo qual eu já estava esperando e por isso ainda pesquiso o assunto — porque sei, por meio de minhas descobertas, que há algo acontecendo nos círculos. E não me importa o que dizem os céticos sobre todas as formações serem feitas pelo homem. Isso é absurdo.
Como você compartilha suas descobertas sobre estes interessantes fatos?
Está tudo no meu site [Endereço: www.lucypringle.co.uk]. Todos os anos eu posto minhas pesquisas. Escrevo sobre muitos fatos que pesquisei e sei que são reais. Há muitas pessoas que gostam de aumentar as coisas e fazer drama, apresentando os dados de forma errada. Eu me lembro de ter lido sobre curas que ocorriam dentro dos círculos e, logo em seguida, outro homem disse que isso acontecia permanentemente com as pessoas. Mas isso não é verdade — as curas que ocorrem são temporárias, coisa que eu sempre afirmei. E também afirmei que não se podia exagerar as coisas. Precisamos ter os fatos. Acho que é por isso que sou respeitada. Se eu digo algo, é porque é fato.
Você pode nos falar sobre o efeito temporário em indivíduos que sofrem do Mal de Parkinson?
Recebi mais de 800 relatos sobre isso e queria saber o que estava acontecendo com as pessoas com esta doença, em seus cérebros e corpos, e fui para várias áreas de pesquisa. Por isso hoje me dedico a pesquisar a melhora temporária promovida pelos agroglifos em pessoas que sofrem de Parkinson. Estamos fazendo testes no sistema hormonal dos indivíduos afetados e descobrimos várias diferenças ao longo dos anos. A tireoide das pessoas parece ser a região mais afetada, mas também outras áreas do sistema hormonal, que parecem estar fora de sintonia, reagem de forma diferente quando as pessoas entram nos círculos. Tenho recebido ajuda de muitos cientistas e médicos para essa pesquisa. O Instituto de Astrofísica na Bulgária quer tornar o estudo dos círculos um assunto oficial e universitário.
Ainda sobre as pessoas com Mal de Parkinson, como são feitos os testes para se avaliar se houve alguma alteração orgânica?
Voluntários com Parkinson que trabalham comigo entram nos círculos ao meu lado, e eu medindo e examinando tudo. Sempre faço um evento anual, com cientistas e médicos que medem os efeitos no corpo e no cérebro dos pacientes, de forma que se possa filtrar os dados. Também há a participação de fisiologistas que trabalham em hospitais, que são muito interessados em tudo que se relaciona ao Mal de Parkinson, principalmente sobre a curvatura da coluna vertebral. Todos os anos, organizo um dia de pesquisa com pessoas em estágios variados da doença, em que são medidas as influências dos agroglifos no cérebro e nos transmissores neurais, os alinhamentos verticais e todo o tipo de coisas que podem ser filtradas.
Mas como é o processo?
Bem, tudo começa em Avery, em um centro de estudos onde são conduzidos os primeiros testes de controle. Depois, as pessoas entram no círculo e se fazem novos testes. Em seguida, e a alguma distância do círculo, novamente se repetem os testes de controle — são três testes, todos registrados e analisados. Com a melhoria da tecnologia, aprimoramos nossa metodologia e conseguimos mudanças nos indivíduos causadas por agroglifos. Como já falamos, há linhas que cortam os campos que são utilizados pelos fazendeiros para suas atividades nas plantações. As pessoas com Parkinson têm muita dificuldade para caminhar por essas linhas, mas, quando entram no círculo, são os primeiros a andar, e sem nenhum problema. Os tremores característicos da doença param quando as pessoas estão dentro das formações.
Quais outros tipos de testes você já conduziu nos círculos?
Enterrei garrafas de água dentro dos círculos e tive resultados incríveis. Dependendo do que eu estava testando, a frequência da água mudava quando comparada com água normal em laboratório. Em um dos testes, descobrimos grande quantidade de amônia no líquido. Mas não havia nenhuma amônia nas garrafas testadas como controle. A substância é um composto formado por um átomo de nitrogênio e três átomos de hidrogênio, cuja fórmula é NH3. Por alguma razão houve uma interação na água das garrafas e a amônia se formou.
Você diria que a maioria dos círculos que visitou era legítima?
Não posso dizer que a maioria era genuína, porque nem sempre foi possível visitar o interior dos círculos para investigar. E mesmo aqueles que visitei, tudo depende de quanta investigação consegui fazer. Se eu vou com muitos estudiosos, eu me envolvo mais com a pesquisa científica do que com as pessoas e não saio de perto delas para fazer pesquisas no círculo, só depois eu vou investigar. Mas, nessa altura, muita gente também já entrou nas figuras. Lembre-se que para investigar corretamente você tem que ser uma das primeiras pessoas a entrar nelas para conseguir fazer um julgamento crítico e ter sua própria opinião. Se muitas pessoas entraram no círculo antes, destroem as evidências.
Você usa radiestesia dentro dos agroglifos?
Digamos que um agroglifo esteja em um campo completamente plano e só seja possível enxergar a imagem do alto. Neste caso, eu levo meu pêndulo radiestésico e ando pelas bordas do campo na mesma linha das passagens e “peço” ao pêndulo para me mostrar qual é o caminho que vai me levar diretamente para o círculo. Isso é muito útil. Também uso radiestesia quando entro nos círculos com outras pessoas que, geralmente, gostam muito de meditar. Eu digo a elas para se sentarem no lugar onde se sentirem melhor, mas nem todas sabem o que fazer. Algumas sabem instintivamente qual é o seu local, mas para aquelas que não conseguem eu coloco a mão em seu ombro e andamos pelo círculo. Assim que o pêndulo dá a resposta, eu aviso para a pessoa que encontramos seu local. Há muito mais sobre o uso do pêndulo do que apenas encontrar as garrafas de água que eu havia enterrado.
Obrigado. Gostaria de deixar uma mensagem aos nossos leitores?
Sim, gostaria de dizer que foi uma satisfação estar no Brasil, em março passado, e ter mais informações sobre os agroglifos que aí ocorrem.
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