Pensemos nestas reflexões extraídas do capítulo 6 de A Gênese, obra codificada por Allan Kardec, antes de tratar da vida fora da Terra: “Um deserto imenso estende-se para além das estrelas. Ali, em condições diferentes das de vosso globo, se revelam e se desenvolvem mundos novos, cujas condições variadas e diferentes lhes dá formas de vida, que as vossas concepções não podem imaginar, nem vossos estudos constatar. Para aquele que vem de vosso sistema, outras leis aí existem em ação regendo as manifestações da vida e os novos caminhos que se apresentam nestes países estranhos abrem-nos perspectivas desconhecidas. Se nos transportarmos além de nossa nebulosa, vemos que nos cercam milhões de sóis e um número ainda maior de planetas habitados”.
Estas e outras passagens da obra de Allan Kardec evidenciam uma aceitação da existência de vários planetas e da possibilidade de serem habitados. Mais adiante, no parágrafo 56 do capítulo A Vida Universal da mesma obra, lemos: “Se os astros que se harmonizam e seus vastos sistemas são habitados por inteligências, estas não se desconhecem; trazem marcado na fronte o mesmo destino e devem se encontrar, momentaneamente, segundo suas mútuas simpatias”.
A despeito de todo progresso tecnológico e científico, conhecemos mais mistérios hoje do que no início da revolução industrial. Idolatrando nossas obras científicas, aniquilamos a humildade, mãe generosa de qualquer progresso autêntico. “O homem terreno está bem longe de ser, como acredita, o primeiro em inteligência, bondade e perfeição.
Há, entretanto, homens que se julgam espíritos fortes e imaginam que só este pequeno globo tem o privilégio de ser habitado por seres racionais. Orgulho e vaidade! Creem que Deus criou o universo somente para eles”. Esta frase, austera em sua colocação, é a resposta dada pelos espíritos à pergunta número 55 formulada por Kardec em O Livro dos Espíritos — nela e nas seguintes fica claro que os globos que giram no universo são habitados, sendo a natureza de seus habitantes absolutamente diversa e de conformidade com as condições físicas do mundo em que vivem.
A fria imensidão do espaço sideral sempre nos assustou e nos diminuiu. Todas as informações obtidas pelos astrônomos e por sondas espaciais apenas aumentam os mistérios do universo. O homem, na sua angústia, nunca quis aceitar sua solidão no cosmos. Nossa inteligência nunca se satisfez em considerar estes corpos que cintilam na noite simples massas de matéria inerte e sem vida. “O silêncio eterno desses espaços infinitos me apavora”, lamentou o filósofo francês Blaise Pascal (1623-1662).
Mundos de todos os tipos
Em O Evangelho Segundo o Espiritismo vamos encontrar uma qualificação dos mundos conforme sua categoria, inferior ou superior. O ensinamento passado pelos espíritos nos mostra que os mundos encontram-se em condições muito diferentes uns dos outros. Dentre eles, há os que são ainda inferiores à Terra — física e moralmente —, outros são do mesmo grau e outros são superiores em maior ou menor magnitude. Nos mundos inferiores, predomina a matéria e a vida moral é praticamente inexistente, a brutalidade e a ferocidade não encontram analogias na Terra. Nos mundos intermediários há mistura do bem e do mal, predominando um ou outro. Nos mundos superiores, as condições da vida moral e material encontram seu maior grau de expressão. Comparados à Terra, esses mundos são verdadeiros paraísos.