Em muitas ocasiões, falamos da dificuldade de se comprovar experiências de pessoas que se dizem contatadas. Na maioria dos casos, o difícil mesmo é acreditar nas estórias que elas contam. Estes indivíduos alegam, em geral, ter poderes extraordinários e, justamente por isso, impossíveis de serem medidos ou verificados de alguma forma. Pessoas como o senhor Carlos Paz Wells, citado em artigos desta edição, por exemplo, alegam conseguir o feito de marcar encontros com discos voadores e seus tripulantes – que nunca são satisfatoriamente documentados. Paz Wells vai mais longe, afirmando ser capaz até de viajar a outros orbes do universo.
A Ufologia clássica, aquela que se preocupa em obter provas para confirmar a atuação de extraterrestres em nosso meio, vê com extrema reserva alegações como essas, feitas também por milhares de pessoas que, em todo o mundo, afirmam tais coisas sem nunca se dar ao trabalho de provar sua veracidade. Internacionalmente, há vários movimentos de se tentar isolar a Ufologia desse tipo de manifestação. Esta assepsia visa excluir tais indivíduos das discussões sérias sobre Ufologia. Se isso é correto ou não, esse é outro assunto. O fato é que, de forma geral, a credibilidade dos chamados contatados está em baixa.
Ao mesmo tempo, a Ufologia clássica promove uma valorização dos conhecidos como abduzidos, pessoas que, ao contrário dos contatados, podem ter suas experiências confirmadas e provadas pelos mais diversos meios. São, em geral, homens e mulheres que foram levados a bordo de UFOs involuntariamente por ETs, em situações que fugiram ao seu controle – por isso mesmo chamadas de raptos ou seqüestros alienígenas. Em apenas cerca de 10% desses casos estas pessoas puderam se recordar de tais experiências conscientemente, como é o caso dos abduzidos brasileiros Antonio Villas Boas e João de Freitas Guimarães.
Consciente apagado – A grande maioria dos abduzidos clássicos – como Elias Seixas, Antonio Carlos Ferreira, Luly Oswald e Jocelino de Mattos, por exemplo – só puderam ter suas histórias apuradas com o uso de hipnose regressiva, técnica médica reconhecida que resgata informações existentes no inconsciente das pessoas mesmo quando o consciente está apagado. Curiosamente, as experiências pelas quais essas e outras milhares de pessoas em todo o mundo passam seguem a alguns padrões já estabelecidos: ora os seres raptores são os mesmos, ora o modus operandi dos seqüestros é o mesmo e assim por diante. Enfim, podem ser analisados objetivamente.
Nestes casos, há possibilidade de se apurar informações relevantes para a Ufologia e para a Humanidade como um todo. Mas, no caso dos contatados, as experiências que alegam não formam padrão algum e não contribuem significativamente para o esclarecimento do Fenômeno UFO – até porque tais experiências são geralmente fraudadas e mistificadas por eles. Estranhamente, cada contatado alega um tipo diferente de coisas: estão em contato com seres extraterrestres de origens diferentes, que têm nomes e formas físicas diversas, e que lhes afirmam coisas distintas. Há casos extremos em que determinados contatados imitam outros mais famosos, copiando suas declarações, os nomes dos ETs que por ventura estariam contatando, os nomes dos planetas etc.
Assim, torna-se absolutamente clara a diferença que a Ufologia faz entre abduzidos e contatados, para que não haja confusão entre essas categorias de pessoas. Raramente os contatados têm suas experiências comprovadas, pois, geralmente, procuram obstruir o trabalho dos ufólogos para que suas afirmações não possam ser nem confirmadas, nem desmascaradas. Há uma classe especial de contatados, entretanto, que oferece um subsídio de ordem psicológica à Ufologia. Esta é formada por pessoas que tiveram efetivamente uma experiência de abdução em suas vidas, que pôde ser comprovada pelos métodos à disposição da Ufologia. Entretanto, após esta primeira e única experiência, passam a alegar que estão em contato permanente com ETs e que – segundo afirmam alguns elementos em estado mais crônico – estes são até seus amigos…
Esta é a chamada síndrome do contatado, muito freqüente em indivíduos de todo o planeta que, após uma abdução de verdade, criam fantasias movidos pelos mais variados mecanismos neurológicos. Alguns casos clássicos têm entre seus personagens centrais pessoas como George Adamski, Claude Fontaine e Billy Meier. No Brasil, há também alguns casos conhecidos dessa natureza. Mas seja como for, é patente que a Ufologia, no que tange aos abduzidos e afins, é uma área ainda sem grandes respostas e em processo de formação. Um bom começo é justamente a referida assepsia no setor, isolando-se do meio ufológico indivíduos ou estórias infundadas.