O que iremos relatar agora não se afigura apenas como mais um impressionante caso de abdução por parte de supostos seres extraterrestres, mas também, ou principalmente, expõe como certos órgãos oficiais e oficiosos abafam o que consideram indesejável. Expõe ainda como aqueles que deveriam se pronunciar publicamente são obrigados a se manter calados devido a pressões inconfessáveis, fazendo uma importante ocorrência cair no esquecimento. Ele nos foi confidenciado por um informante, cujo nome infelizmente teremos que manter em sigilo, já que preferimos conservar de modo seguro uma fonte que vem contribuindo para que outros casos deste porte, aos poucos, venham à tona.
Na época, nosso informante trabalhava como radialista e pôde acompanhar pessoalmente vários detalhes do caso. Em fevereiro de 1985, nos canaviais da cidade interiorana de Maracaí, situada no Vale do Paranapanema, extremo oeste de São Paulo, três bóia-frias costumavam trabalhar à noite e de madrugada no corte da cana. Cabe lembrar que as leis trabalhistas não eram tão rígidas para quem fazia esse tipo de serviço. Os bóia-frias ganhavam por quantidade cortada do produto, ou seja, quanto mais cortavam mais ganhavam. Assim, varavam a madrugada, intentando aumentar os parcos rendimentos.
Entretanto, numa dessas madrugadas, depararam-se com uma luz intensa que clareou o canavial, interrompendo o trabalho de modo inesperado. Assustados, correram desabaladamente para o local onde costumavam guardar seus pertences – roupas, lanches, água etc. Quando lá chegaram, perceberam que dos três bóia-frias, um não havia retornado. Era o senhor José Carlos. Só restava-lhes esperar o dia amanhecer, já que o medo os impedia de adentrar novamente pelos canaviais em que uma estranha luz havia aparentemente surgido do nada, e que parecia ser a responsável pelo desaparecimento misterioso do colega.
Quando os primeiros ônibus trazendo os bóia-frias começaram a chegar, notaram que chegara a hora de comunicar o fato ao responsável pelo controle da usina de cana-de-açúcar que abarcava as plantações para as quais trabalhavam. O responsável mobilizou diligências compostas pelos próprios trabalhadores. No meio do canavial foram encontrando alguns objetos de José Carlos próximos de onde a vítima foi vista pela última vez. Os objetos eram seu facão, uma de suas botinas e um maço de cana. A polícia foi imediatamente chamada, já que faltava um corpo a ser encontrado.
ESTRANHA LUZ — De início, não levaram em consideração a visão da estranha luz e passaram a investigar o caso como se fosse um seqüestro ou desaparecimento corriqueiro, seguido de um possível homicídio e ocultação de cadáver. Entretanto, não acharam absolutamente nada. As hipóteses convencionais passaram a não fazer mais sentido. A área acabou cercada pela polícia. Uma movimentação intensa tomou conta do local. Pessoas desconhecidas, vindas de fora, apareceram para ajudar na investigação. Um carro com placa de Brasília, que trouxe indivíduos bem vestidos e aparentemente pertencentes a algum órgão federal, foi visto estacionado no local.
Esses homens colheram amostras do solo, examinaram os pertences de José Carlos e puderam constatar que não havia indícios de um seqüestro convencional. A cana ao redor de onde a vítima foi vista pela derradeira vez não estava quebrada, sequer amassada, o que parece incongruente se alguém a tivesse arrastado para algum lugar. Teriam-na levado pelo alto? Cerca de uma semana depois, quando todos já davam como certa sua morte e se voltavam somente para a procura de seu cadáver, encontraram-no em estado lastimável, porém vivo.
Alguns bóia-frias estavam trabalhando quando se depararam com uma área em que a cana estava amassada, próxima ao local onde José Carlos havia sumido. O que viram não os deixou aliviados, e sim atônitos. A vítima estava deitada de bruços, desacordada e totalmente nua, sendo que suas roupas encontravam-se depositadas ao lado. Um de seus olhos sangrava muito, faltavam vários dentes em sua boca, uma unha fora arrancada, um de seus testículos fora secionado e o umbigo era uma ferida enorme.
Seu estado era de coma. Os médicos da usina decidiram que o melhor seria transferi-lo para o Hospital de Assis, uma cidade vizinha de Maracaí, e lá permaneceu por três dias. Entre outras seqüelas, teve de amargar a perda de 50 % de uma de suas vistas. Durante o transcorrer do caso, nosso informante divulgava todos os fatos pela rádio em que atuava sem problemas, até que o corpo fosse encontrado e constatassem que não se tratava de algo convencional, e sim um caso relacionado a UFOs, comum na região.
Como a usina de cana-de-açúcar patrocinava o seu programa de rádio, ameaçou cortar o patrocínio caso não parasse de divulgar o caso. Não seguindo a determinação, teve de amargar um período sem contar com os dividendos da usina para o seu jornal diário. Algum tempo depois, quando o caso já havia sido abafado, os diretores da usina reataram o patrocínio. Devemos recordar que naqueles tempos ainda vivíamos sob os auspícios da ditadura e dos entulhos autoritários vigentes, apesar das promessas que ventilavam a Nova República. Dessa forma, coibir a imprensa não espantava ninguém.
Alguns repórteres da Folha de São Paulo enfrentaram problemas que poderíamos encarar como sendo advindos dessa política de censura por parte dos militares ou da própria falta de coragem de certa pessoas da imprensa. Eles estiveram cobrindo os fatos que se seguiram ao desaparecimento e encontro de José Carlos, porém nada publicaram. Na época, a Folha não tinha sucursal no interior, a não ser na cidade vizinha de Ourinhos, onde atuava o repórter Benedito Pimentel. O que nos leva a pensar que já que os repórteres haviam se deslocado de São Paulo, distante 450 km de Maracaí, não deveriam, no mínimo, noticiar algo a respeito? No entanto, não o fizeram.
DETALHES ESTARRECEDORES — Nosso informante prosseguiu acompanhando o caso sozinho e descobriu detalhes estarrecedores. Conversando com José Carlos, ouviu dele que se lembrava apenas de ter aparecido subitamente no interior de uma espécie de sala sem cantos ou ângulos retos que irradiava uma luz intensa, sem que fosse possível discernir a fonte de origem. A vítima também informou-lhe que sentiu um frio intenso que aumentava quando abriam uma porta, de onde saía um vento congelante.
Em que lugar poderia ter estado se em fevereiro, na região, o calor é de verão e chega a 35°C? José Carlos alegou que ficou deitado numa mesa, na qual fora examinado por seres cinzentos e pele escamada, cuja tipologia se enquadra na categoria dos grays, ou alfa. Conversou telepaticamente com os seres, que pediam para que ficasse calmo, pois não fariam mal a ele. José Carlos teve a impressão de que estava num lugar e, ao mesmo tempo, não estava. Uma sensação de não existência sonambúlica. Apesar de ter ficado cerca de uma semana desaparecido, acha que permaneceu apenas uma
hora dentro da nave, cujos detalhes externos não conseguiu recordar.
É lamentável, mas ninguém jamais pôde ter acesso a esse abduzido porque logo depois que se recuperou, a usina pagou-lhe uma indenização e o aposentou precocemente, pois ficara impossibilitado de trabalhar devido às muitas seqüelas físicas e psicológicas. Em seguida, o abduzido mudou-se para São Paulo e nunca mais ninguém ouvir falar dele. Seus companheiros, que só avistaram a luz, nunca disseram nada além do pouco que viram. A impressão que ficou é que parece que os indiretamente envolvidos quiseram se esquecer do ocorrido o mais rápido possível. A polícia viu o caso como mais um episódio turbulento que terminou razoavelmente bem. A grande imprensa permaneceu calada.
Os militares alegam não saber de nada. E se não tivéssemos encontrado tal informante, até hoje nada saberíamos desse fantástico caso, passado numa época em que os ETs cinzentos não eram tão comuns. Por tudo isso, entendemos que um caso como esse é estruturado como um crime perfeito, em que procurou-se engendrar uma espécie de cumplicidade com todos os envolvidos, inclusive com a vítima. Em última instância, cabe-nos tentar responder a seguinte pergunta: Quem é o verdadeiro autor do crime? Supostos ETs cinzentos ou a própria sociedade que se comporta dessa forma?