A Ufologia Peruana é certamente uma das mais ricas e ativas do mundo, e por duas boas razões. Uma delas está no fato de o país ter enormes proporções e reunir localidades tão díspares como partes da Floresta Amazônica, extensos desertos e uma boa parte da Cordilheira dos Andes, lugares reconhecidamente de elevada incidência ufológica. E a segunda razão está no fato de o Peru ter muitos bons e dedicados ufólogos, que não medem esforços para alcançar distantes áreas do país para fazerem suas pesquisas — e diga-se que lá não é fácil praticar a investigação de campo, dadas às condições de boa parte do terreno por onde se devem buscar novos casos. Também é fato que o Peru é um dos maiores celeiros do planeta quando se fala dos chamados contatados, que lá abundam devido à natureza mística de seu povo.
É justamente por reunir as duas citadas condições — intensa casuística ufológica e bons ufólogos — que a Força Aérea Peruana (FAP), no início dos anos 2000, estabeleceu uma entidade oficial de pesquisas ufológicas, a Oficina de Investigación de Fenómenos Anómalos Aeroespaciales (OIFAA), sendo oficina traduzida como escritório em português. O grupo foi paralisado por volta de 2004 e nele atuavam militares da própria FAP e de outras armas, policiais de diversos órgãos e membros da sociedade, ufólogos civis auxiliando como consultores em várias áreas científicas. À frente do órgão estava o coronel Julio Chamorro Flores, consultor da Revista UFO e veterano aviador e navegador aéreo que encabeçou os trabalhos. E entre seus principais membros civis estava o advogado Anthony Choy, entrevistado desta edição.
Viagem à outra dimensão
Há poucos meses, a Ufologia Mundial foi surpreendida com a comunicação de que a entidade oficial de pesquisas ufológicas peruana havia não apenas sido reativada como transformada de escritório em departamento, um nível superior na importância que os militares da FAP, sob a qual continua vinculada, dão ao Fenômeno UFO naquele país. Hoje é chamada Departamento de Investigaciones de Fenómenos Aéreos Anómalos (DIFAA) e está subordinada diretamente à Diretoria de Interesses Aeroespaciais (DINAE), cujo comandante é o coronel Julio José Luis Vucetich Abanto, com quem este editor foi conversar em dezembro passado [Veja artigo nesta edição]. Com isso, uma nova era para a Ufologia do continente se descortina, entre outras razões, pelo exemplo que isso pode trazer a diversos países da região.
Nosso entrevistado desta edição, o correspondente internacional de UFO Anthony Choy, que teve papel predominante na antiga OIFAA, foi responsável pela investigação de vários de seus mais impressionantes casos ufológicos — ele ainda não decidiu se participa do novo DIFAA. Ele falou longamente sobre seu trabalho de pesquisas e também sobre as atividades de divulgação ufológica que exerce em programas de TVs e em seu próprio talk show Viagem à Outra Dimensão, em horário nobre aos sábados em uma rádio de Lima, tendo um universo considerável de ouvintes. Sem dúvidas, Choy é, hoje, o mais conhecido ufólogo peruano e um dos mais reconhecidos do mundo. Ao lado do coronel Chamorro e de alguns outros destacados pesquisadores do país, tem levado credibilidade e prestígio aos casos registrados regularmente no Peru. Não por outra razão que ambos foram convidados pela Revista UFO para fazerem conferências no IV e V Fóruns Mundiais de Ufologia, de 2012 e 2013.
Um dos temas centrais da entrevista que se segue com o advogado Anthony Choy, trata do funcionamento da antiga Oficina de Investigación de Fenómenos Anómalos Aeroespaciales (OIFAA) e dos vários casos ufológicos que investigou, notadamente o chamado Incidente Chulucanas, como ficou conhecido um grupo de importantes acontecimentos ufológicos ocorridos naquela cidade do norte do país e arredores, um espantoso repertório de ocorrências que perdurou dias. Sobre o assunto, a convite da Revista UFO, Choy teve publicado o artigo Incidente Chulucanas: A Rica Atividade Ufológica Confirmada Oficialmente Por Seu País, na edição UFO 186, de março de 2012 [Agora disponível na íntegra em ufo.com.br]. Nele se pode ter uma ideia da profundidade da manifestação do Fenômeno UFO no país e como ele se inter-relaciona com suas diversas comunidades.
Incidente Chulucanas
Choy, no artigo que você publicou em 2012 da Revista UFO, tratando dos espantosos avistamentos e contatos com UFOs em Chulucanas, você disse que os casos foram oficialmente confirmados pelo Governo de seu país. As autoridades peruanas realmente reconhecem a natureza extraterrestre dos fatos que lá ocorreram e ainda ocorrem?
O caso é muito complexo e em certa fase foi investigado como parte das atividades da Oficina de Investigación de Fenómenos Anómalos Aeroespaciales (OIFAA), sendo assim algo oficial. Tudo começou em janeiro de 2002, quando me chegou a informação de que no norte do Peru, junto da fronteira com o Equador, estava ocorrendo uma série de avistamentos de impressionantes fenômenos aéreos anômalos. O mais importante deles foi registrado em vídeo por Ivan Isa Nanfaron — são extraordinárias imagens de UFOs gravadas em três ocasiões, entre outubro e novembro de 2001. Fui até lá investigar e, a partir daquele momento, iniciei uma operação de pesquisa solitária do que denominei de Incidente Chulucanas. Os resultados dela teriam ficado simplesmente guardados em um arquivo se não fosse a decisão que tomei, em fevereiro de 2003, de pedir autorização à Força Aérea Peruana (FAP) para divulgar o caso através da rede de rádio mais importante do país. Sim, porque era algo que atingia os militares e achei que devesse comunicá-los da minha decisão.
O que aconteceu então?
Fui a público com tudo, e uma vez que aquilo saiu no programa de rádio e em seguida as imagens foram para a TV, houve um enorme alvoroço midiático. Neste momento o alto comando da FAP me convocou e disse: “Anthony, o que faremos? Estamos perdendo o controle desta situação. Não sabemos o que fazer e a única pessoa que conhece o que se passa em Chulucanas é você”. Eles, então, deram atenção ao meu trabalho e se interessaram pela pesquisa que eu fazia. Ante a pressão da imprensa, me estenderam um tapete vermelho e me abriram as portas.
São extraordinárias imagens de UFOs gravadas em três ocasiões, entre outubro e novembro de 2001. Fui até lá investigar e, a partir daquele momento, iniciei uma operação de pesquisa solitária do que denominei de Incidente Chulucanas.
Nesta época a OIFAA já existia?
Sim, a OIFAA existia desde dezembro de 2001, mas eu ainda não participava dela. A esta altura, já estávamos em fevereiro de 2003 e houve tanta pressão dos meios de comunicação que sua diretoria me pediu que representasse a OIFAA em minhas investigações, mas sempre acompanhado do comandante da Diretoria de Interesses Aeroespaciais (DINAE) na época, o coronel José Rafo Molochi. O que aconteceu é que os militares queriam ter a ação discreta da OIFAA neste processo. Não que sua participação fosse secreta, mas que não fosse divulgada abertamente. Mas, uma vez que foi noticiado o início de um processo de investigação oficial do Incidente Chulucanas a muitos veículos de comunicação, principalmente do exterior — como Televisa, Unimundo, Univisión, Reuters etc —, já não se podia mais manter aquilo oculto nem discreto, e comecei a dar entrevistas sobre os fatos. Como consequência, a OIFAA passou a ser conhecida pela população.
Uma só declaração pública
Não ocasião a sociedade não tinha informação sobre a existência da OIFAA?
Não. Sabia-se que a OIFAA existia devido a reportagens que tinham saído sobre sua criação, mais nada — nunca um porta-voz do órgão falou de algum caso, por exemplo. Mas, ao acontecer o tumulto midiático sobre o Incidente Chulucanas, duas coisas foram entendidas pala sociedade. Primeiro, que a FAP investigava casos concretos de manifestações do Fenômeno UFO que ocorriam naquela região no norte do país. Em segundo lugar, e mais importante, houve a informação à população de que o país tinha interesse no assunto. Mesmo assim, a OIFAA nunca emitiu uma declaração oficial por escrito sobre o Incidente Chulucanas.
E por parte do Governo e da Força Aérea, houve alguma declaração formal?
Houve apenas uma manifestação do coronel Molochi, que disse textualmente: “Sim, investigamos o Fenômeno UFO e os acontecimentos de Chulucanas são verdadeiros. Esse é o primeiro caso [Ufológico] revelado no Peru”. Mas não porque os militares quiseram aceitar os fatos que constatei lá em Chulucanas, e sim porque foram pressionados pela mídia. Foi assim que as coisas aconteceram.
Você acha que Chulucanas é o caso ufológico mais importante do Peru?
Bem, na verdade, existem muitos acontecimentos igualmente importantes, mas que estão sendo reservados e ocultados pelos militares. Se você me questiona qual é o caso que eu acho mais impressionante, eu lhe pergunto: o mais importante já revelado ou o mais importante que ainda não foi contado?
Comecemos pelos que não são conhecidos publicamente, que não foram revelados. Qual é o mais importante?
Para mim é um que tem muitas evidências e não foi admitido pelo Governo Peruano — ele está em segredo, mas foi incluído no Projeto Disclosure. Trata-se do fato narrado por Jonathan Weygandt, um sargento norte-americano que agora vive nos Estados Unidos, mas que na época do incidente trabalhava em uma base na Amazônia Peruana, junto com uma equipe do DEA [O departamento norte-americano de combate e repressão às drogas]. O DEA atuava em colaboração com o Governo rastreando pequenos aviões que entravam no país para traficar drogas. Weygandt revelou que em 2007 um avião suposta mente de narcotraficantes teria caído em uma parte da Floresta Amazônica. Como mariner, ele foi com um companheiro verificar onde teria sido a queda e os dois foram surpreendidos com o fato de que não se tratava de nenhuma aeronave. O que encontraram foi uma espécie de nave de formato ovoide de mais ou menos 6 m de comprimento e 2 ou 3 m de largura. Tinha três saliências parecidas com pés de pouso e, ao cair, havia derramado uma espécie de líquido verde e viscoso na mata.
Weygandt também estava com militares peruanos ou só os norte-americanos?
Estava acompanhado de um pequeno destacamento militar peruano. Ele disse que se surpreendeu porque o artefato não tinha forma de avião. Quando os militares perceberam que era um objeto extraterrestre, denunciaram o fato ao comando local do DEA, que avisou alguma de suas unidades superiores. Então, rapidamente, mais norte-americanos chegaram ao local e encontraram o artefato e seis entidades biológicas, seus tripulantes, alguns aparentemente mortos e outros bastante feridos — os que não estavam mortos, estavam em mau estado.
É um verdadeiro Caso Roswell peruano…
Sim, e o estou revelando aqui. Eu realmente denomino o incidente como Caso Roswell Peruano e ele nunca foi suficientemente estudado. É quase equivalente ao Caso Varginha brasileiro, com a diferença de que, em Varginha, a população viu tudo, enquanto o caso peruano foi resguardado por militares. Só quem fala a respeito é Weygandt, seu companheiro e um soldado peruano ainda não identificado. Weygandt ainda contou durante o Disclosure que recebeu uma mensagem telepática das entidades biológicas pedindo ajuda.
Como foi a chegada dos membros do DEA ao local? Qual era sua posição?
Weygandt contou que vieram em um helicóptero não autorizado, que não pertencia ao Governo. Ele entrou em nosso território e fez o resgate tanto das entidades biológicas como dos restos da nave. Vou revelar pela primeira vez onde isso ocorreu: foi no povoado de Yurimaguas, onde existia um destacamento da Força Aérea Peruana (FAP) operando junto com o DEA. Fica na fronteira com a Colômbia, a uns 1.500 km de Lima.
O destacamento ainda existe?
Não, foi fechado em 2009. Lá existia um radar instalado pelo DEA, por causa dos aviões que poderiam entrar e sair do país para a Colômbia ou o Brasil. Suponho que aquele helicóptero, que não se sabia de onde era, mas evidentemente norte-americano, poderia ter vindo de uma base em Mantas, no Equador, ou de outra no Panamá. Ele entrou no Peru e horas depois foi embora com o UFO, as entidades biológicas etc. Weygandt contou também que o pessoal que chegou no helicóptero cercou a nave e os seres, e tanto ele como seus companheiros foram retirados dali — Weygandt e o outro norte-americano foram levados para fora do território peruano, parece que para uma base militar da Carolina do Norte, onde esteve retido por dois anos e submetido a tratamento psiquiátrico, recebendo lavagem cerebral para que não falasse nada a respeito do caso.
Que tipo de averiguações você fez para se assegurar que o caso era real?
Com minhas fontes peruanas consegui verificar que de fato a base do DEA existia naquela localidade e que havia, na época, um acordo entre o órgão e o Governo Peruano. Também se confirmou a participação, naquele projeto conjunto, de um Jonathan Weygandt. Isso corrobora o que ele declarou ao Disclosure. Mas este caso nunca foi tornado público, pelo menos aqui no Peru.
Área alta, fria e inóspita
Que outros casos de quedas de UFOs você conhece em seu país?
Há vários, sendo um muito interessante e ocorrido na década de 80 na altura do Cerro de Pasco, que, curiosamente, deu origem a um dos vários povoados peruanos em que as pessoas tratam do Fenômeno UFO com naturalidade. Seu nome é Carguacayan e fica mais de 4.500 metros acima do nível do mar. É uma zona mineira, área muito alta, fria e inóspita. De lá recebi a informação de que três engenheiros de minas viram a queda de um suposto UFO e que recolheram seus restos, levados para a casa de um deles. Acontece que logo depois começaram a ocorrer mortes estranhas na região, talvez devido à radiação. O fato ocorreu em 1989, mas esta informação é confidencial no acampamento mineiro, assim como a identidade do engenheiro que recolheu os restos da suposta nave.
O que você fez para averiguar o caso?
Comecei a percorrer a área e a procurar entre os camponeses e a população local alguém que soubesse de alguma coisa — e tive a surpresa de que havia todo um povoado ali perto. Fui visitar o povoado e tive outra surpresa: a praça principal não era dedicada a um herói como temos em outras cidades, como Simon Bolívar ou José San Martin, mas ao Fenômeno UFO. Os moradores construíram três UFOs no meio da praça, que à noite se iluminavam com luzes coloridas. E não apenas isso: o chão da praça foi feito com base nos agroglifos da Inglaterra e ao redor dela há bustos de grandes personagens da história, como Aristóteles, Jesus, Einstein etc. Tudo construído pelos camponeses que ali vivem.
Rapidamente, mais norte-americanos chegaram ao local e encontraram o UFO acidentado e seis entidades biológicas, seus tripulantes, alguns aparentemente mortos e outros bastante feridos. Os que não estavam mortos, estavam em mau estado.
A ideia partiu do prefeito?
Sim. Tentei descobrir porque e as pessoas me disseram que havia algo ainda maior no povoado, uma enorme nave na sua parte mais alta. Era o ginásio esportivo local em forma de disco voador e com 40 m de diâmetro. Os habitantes o chamavam de “Coliseu Intergaláctico”. A ideia partiu do prefeito, que havia ido aos Estados Unidos e tivera a inspiração. Parece que ele teve algum tipo de contato ou recebeu algum tipo de informação para fazer aquilo. Em Carguacayan ocorrem observações de UFOs frequentemente.
Interessante. Parece haver coisas incríveis em todo o território peruano. A que você atribui essa forma tão natural com que as pessoas do seu país veem a questão ufológica? São seus ancestrais peruanos que teriam tido relação com os deuses extraterrestres?
Em primeiro lugar, o Peru é um dos sete focos onde a civilização mundial teve início, assim como Egito, Índia, China e México. Portanto, a história peruana é milenar, diferente da de outros países mais recentes. Havia cultura aqui no passado remoto, e cultura avançada. Já foi dito que o primeiro foco civilizatório no Peru se deu em Chavin de Huantar, na Serra Central, que existia desde 3000 a.C. Há uns 10 anos descobriu-se a área de Caral, bem perto de Lima, onde há pirâmides com 5000 anos de idade. Estão escavando em Caral e encontrando artefatos ainda mais antigos, de 6, 7 e 8 mil anos. Enfim, temos uma história realmente milenar, uma cultura muito antiga.
Chilca, grande referência
Mas por que esta enorme concentração de avistamentos no Peru?
Ah, a grande questão: por que o Peru? E por que os Andes? Se analisarmos as linhas de energia que cortam o planeta, temos uma forte que atravessa o Peru. Há um vínculo entre a tecnologia extraterrestre, que se vale basicamente da energia eletromagnética e de outras fontes ainda não conhecidas, com a energia que o Peru possui. Por isso, quando faço uma investigação, percebo que os hot spots do Fenômeno UFO estão sempre relacionados com sítios arqueológicos. Onde há restos arqueológicos importantes, ali há avistamentos, como o Vale Sagrado dos Incas, Cusco, Nazca, Cuelap e também Caral, da qual falamos. Todos estes locais têm uma presença ufológica muito forte.
O que você pode nos dizer sobre Chilca, esta localidade a sudoeste de Lima tão referenciada por observadores de UFOs e supostos contatados?
Em Chilca ocorrem vários fenômenos. O município está bem perto do Equador magnético, não do geográfico, e ali ocorre algo raro. Como se sabe, o planeta Terra é protegido por uma capa chamada magnetosfera, que de alguma maneira impede que boa parte das transmissões de rádio saia para o espaço exterior. Também chamada de ionosfera, ela reflete os sinais de TV ou rádio. Mas em Chilca, por algum motivo que tem a ver com a magnetosfera, algo que se desenvolve na linha equatorial, há uma espécie de corredor que faz com que as linhas de transmissão de rádio e TV possam sair para o espaço sem nenhum problema.
Acha que isto atrai outras inteligências?
Claro. Elas utilizam estes corredores, túneis ou passagens para entrar e sair com mais facilidade. Lembremo-nos de uma coisa muito importante: onde começou a se difundir o tema do contatismo defendido por Sixto Paz, do então famoso grupo Rama? Foi em Chilca, no começo dos anos 80.
Base de UFOs submarina?
Sim, Chilca é a cidade mais famosa do mundo na questão do contatismo. Tudo começou ali, certo?
É também onde a Força Aérea Peruana (FAP) decidiu construir sua plataforma de lançamentos de foguetes, seu “Cabo Canaveral peruano”, por assim dizer. Ela está lá em Punta Lobos, ao lado de Chilca. Mas é importante dizer que a cidade não está necessariamente relacionada com seitas que cultuam discos voadores, que para lá seus membros vão em jejum entoar mantras. Não, nada disso.
Pois essa é a ideia que muita gente tem, de que se vai a Chilca para fazer meditação, cantar mantras e assim tentar um contato. Isto não é verdade?
Não. Quando se conversa com a população e os pescadores de Chilca, que é um povoado muito antigo e onde as pessoas são bem receptivas, percebe-se que a presença de fenômenos luminosos lá é constante através dos séculos. Não tem nada a ver com algum culto, mas constante e permanente. Acredita-se que justamente na frente da praia de Yaya, em Chilca, exista uma base de UFOs, pois há muita informação a respeito da entrada e saída de objetos bem ali no oceano. Lá há casos muito interessantes, principalmente da presença de UFOs com entidades biológicas, seres extraterrestres. Ali ocorreu um fato curioso, em 1984, em que um grupo de pessoas estava acampado na praia e todas viram luzes saírem do mar. Quando se aproximaram, pois pensaram que eram luzes de um barco que estivesse ali trabalhando na pesca, o objeto luminoso foi se elevando lentamente das águas. Ele se aproximou da praia e todos pensaram que fosse um carro Volkswagen, pela semelhança.
Estive algumas vezes em Chilca e lá se pode ver que as pessoas falam sobre UFOs com muita naturalidade.
Esta é outra questão interessante. Como o Peru tem uma cultura muito antiga e que está permeada por este tipo de fenômeno, o pensamento de natureza mágica e religiosa está à flor da pele nas pessoas.
As lendas peruanas também são muito interessantes. Por exemplo, as serras aqui são chamadas de apu e há locais onde se diz que elas conversam entre si. Como é isso?
Bem, isso é parte do que podemos chamar de cosmovisão andina. As crenças do povo dos Andes são animistas, ou seja, para eles, tudo o que existe tem vida. Assim, um lago não é um lago, mas uma mamacocha, a mãe das águas, algo que tem vida. Uma serra não é um acúmulo de pedras, terra e areia, mas também um ser vivo. Isso coincide com as últimas ideias ecológicas de se considerar o planeta como Gaia, a Mãe Terra. E não é verdade que nosso mundo é mesmo um ser vivo que tem, como o ser humano, um sistema nervoso e um sanguíneo? Gaia tem correntes de ar, rios que são como veias etc. Enfim, para os povos andinos, tudo se complementa.
Seríamos piolhos da Terra [Risos]?
Sim, e algum dia a Terra, como um grande animal, vai sacudir seus piolhos, não é verdade [Risos]? Os antigos povos andinos, sejam eles da Bolívia, do Equador ou do Peru, pensavam que tudo tinha vida. E achavam que as montanhas eram como deuses tutelares, denominados apu. Há casos em que, antes de subir certas montanhas consideradas sagradas, é preciso fazer uma cerimônia ritual, um pagamento à mãe-terra, Pachamama, e outro a apu. Não se pode subir se não se fizer este pagamento — inclusive, quando alguém está doente, as pessoas desses locais dizem que “está doente da montanha”.
É interessante que por todo lugar aonde se vá no Peru se escutem lendas, folclores e mitos, e muitos envolvem o Fenômeno UFO.
Creio que isso se explica por meio das últimas teorias científicas, de que tudo no mundo deve ter um enfoque sistêmico, ou seja, tudo que há são sistemas interligados. Assim como com o ser humano, quando uma parte do corpo adoece, todo o corpo adoece de forma conjunta — esse é o enfoque andino, mas aplicado à Terra. Diz-se que minas contaminam lagoas e que logo essas lagoas vão contaminar todo o ecossistema.
História inventada
Falamos a pouco de Chilca, cidade conhecida mundialmente como centro de fatos extraordinários, em boa parte devido ao alegado contatado Sixto Paz. O que você acha das declarações dele, de que ele e seus seguidores no grupo Rama tiveram contato com extraterrestres ali?
O que Sixto publicou em seus livros é que, em janeiro de 1974, ele se encontrava em sua casa em Lima quando começou a receber mensagens. Estava com sua irmã Rosemary e seu irmão Charles Paz Wells ou Charlie [Hoje, após cirurgia de mudança de sexo, é Verônica Lane]. Os três tinham ligação com a Ufologia desde criança graças ao pai, Carlos Paz Garcia Corrochano, que havia fundado o Instituto Peruano de Relações Interplanetárias (IPRI). Sixto garante que, ainda muito jovem, com 18 anos, certa vez recebeu informação telepática de que precisava ir com os irmãos e um grupo a Chilca, e que, quando lá chegaram, foram a uma área denominada Mina, onde teria havido um avistamento com hora marcada — e ele afirma que desapareceu no meio do grupo e foi transportado.
Você acredita nisso?
Não, isso é totalmente falso. A informação que tive é que este fato ocorreu, mas não em Chilca e nem foi com os irmãos. Ocorreu no bairro de Papaleón, que é bem perto de Chilca, e com membros da família Acerbo, que nada têm a ver com os Paz. Sua história foi absorvida.
Em 1984, um grupo de pessoas estava acampado na praia e todas viram luzes saírem do mar. Quando se aproximaram, pois pensaram que eram luzes de um barco que estivesse ali trabalhando na pesca, o objeto luminoso foi se elevando lentamente das águas.
Como assim? Sixto Paz se apropriou da história de uma outra pessoa?
Sim. Maruja Acerbo e seu filho Juanito tinham contatos mentais com entidades aparentemente extraterrestres e se reuniam constantemente em áreas de avistamentos. Um grupo de pessoas se juntava a eles, e Sixto foi a um desses encontros. Só que na ocasião em que esteve lá não ocorreu a recepção de uma mensagem extraterrestre, mas sim espírita, pois o grupo estava fazendo uma sessão espírita. Isso deu ideias a Sixto, que as levou adiante.
Mas houve algum contato dos Acerbo com uma nave extraterrestre?
O que aconteceu foi que, naquela época, um grupo cada vez maior de gente interessada no assunto — entre os quais um jovem chamado Alan García Pérez, que mais tarde seria presidente da República — ia às reuniões, o que as tornou conhecidas. Em algum momento desta comoção alguém disse ter recebido uma mensagem marcando um encontro na região da Mina. Mas Maruja Acerbo e Juanito em nenhum momento viram uma nave gigantesca, como se alegou. Nem uma suposta porta dimensional, como chegou a se aludir. Viram apenas uma luz, talvez um UFO, que veio e ficou na frente deles.
Os contatos dos Acerbo eram realmente com seres extraterrestres?
Não sei. Minha opinião é de que eles tinham comunicação com entidades de origem desconhecida, que poderiam ser extraterrestres ou entidades espíritas.
Sixto e Charlie tinham relação com a família Acerbo? De que natureza?
Eles faziam parte do grupo que se reunia e foram juntos à Mina, onde Sixto conta que foi levado e teletransportado. Mas Maruja Acerbo e Juanito dizem que não foi o que aconteceu. Dizem que todos viram o objeto, que se apresentou como uma luz forte e bastante grande. Sixto teria percebido a magnitude daquilo e, sendo um visionário, vislumbrou uma possibilidade.
Sixto Paz viu uma oportunidade?
Ele se deu conta da projeção que isso teria e que um movimento baseado em histórias de contatos com ETs poderia crescer — falou mais alto seu interesse econômico com a criação deste movimento. Mas o que não se explica é porque, após escrever o primeiro livro com a narrativa, ele modifica a versão original. Maruja Acerbo e Juanito desaparecem de cena, assim como muitas pessoas que estiveram presentes àquele encontro. Também não se sabe por que houve um distanciamento entre Sixto e seus irmãos Charlie e Rosemary, que também estavam lá e sabiam a verdade do que tinha acontecido. Enfim, Sixto adequou a história para converter-se no seu personagem principal.
Em resumo, você acredita que Sixto Paz se apropriou de um caso que não era seu para projetar-se internacionalmente, com interesses econômicos?
Bem, é verdade que Sixto sempre teve uma inclinação espiritual, sempre foi espiritualista — ele queria ser sacerdote, tentou entrar em um seminário e estudou o Método Silva de controle mental. É preciso conhecer sua biografia para compreender o que aconteceu depois, pois ele utilizou suas ferramentas para transformar o grupo Rama, fundado depois, em algo com jeito de religioso. Ele usava informações, por exemplo, de Madame Blavatsky, autora que falava da Irmandade Branca. Houve antecedentes de suas histórias na obra Yo Visité Ganimedes [Eu Visitei Ganímedes], escrita por Jose Rosciano Holder dois anos antes, em 1972, com o pseudônimo de Yosip Ibrahim.
Sixto também tirou informações que usou deste livro?
Sim, porque Holder era próximo de seu pai, Carlos Paz Garcia Corrochano, e Sixto ouvia suas conversas. O grupo Rama se espalhou pelo mundo, tomando vários formatos aqui e ali, mas sempre atrelado às diretrizes de Sixto. Ele tem uma personalidade magnética e em pouco tempo, já nos anos 1975 e 1976, existiam só na Espanha mais ou menos 2.000 células do Rama.
O Rama se espalhou por todo mundo?
Exato, ele cresceu demais e Sixto viu que não conseguiria controlar o negócio, e então disse ter recebido uma mensagem extraterrestre para dissolver o grupo. Mas isso não vinha de nenhum suposto ser extraterrestre, simplesmente foi decidido por ele.
Como se posicionou Charlie?
Aqueles que conhecem os irmãos sabem que Charlie sempre foi uma pessoa muito mais sensata, o mais racional dos irmãos em relação à informação que este grupo inicial recebeu e a tudo o que se passou. Ele administrou aquela decisão de uma maneira melhor, sem tanto escândalo e de forma mais reservada. Houve uma ruptura de Sixto com o irmão Charlie e a irmã Rosemary.
Há quem alegue que, pouco antes de morrer, Rosemary teria admitido que toda a história dos irmãos era invenção.
Bem, eu não tenho esta informação. Mas sei que Sixto iniciou sua fábula com as histórias da família Acerbo e as incrementou com informações do livro de Holder — que, aliás, era maçom e disse que o livro servira para espalhar ideias maçônicas e rosacruzes. O próprio escritor espanhol J. J. Benítez também desconfia das histórias de Sixto e disse: “Estive com ele em Chilca e vi luzes, mas não posso corroborar todo o resto do que fala”.
Busca despreparada
Isto Benítez me disse pessoalmente, em 1997. Eu o entrevistei no Brasil quando ele compareceu ao lançamento de seu livro Operação Cavalo de Troia [Mercuryo 1977], o primeiro. Na cerimônia, com 300 ou 400 pessoas, Charlie ficou muito incomodado com a declaração de Benítez quanto à suposta experiência dos irmãos, de que era tudo uma criação.
E o que Benítez diz, outras pessoas corroboram…
A que você atribui este interesse místico, e não objetivo, que as pessoas têm pelos discos voadores? Parece que preferem coisas glamurosas, mesmo que inventadas, a informação séria.
Na série Arquivo X [1993] há um pôster no escritório de Fox Mulder que diz: “Eu quero acreditar”. Há muitas formas de se encarar o Fenômeno UFO, mas há pessoas que tentam chegar à verdade sobre ele já em desespero, com uma ânsia por absorver tudo que lhes aparece pela frente, mesmo que não venha da razão, da investigação séria, formal e científica. Enfim, as pessoas buscam a verdade, mas nem sempre sabem por onde começar. E há aquelas que têm necessidade de preencher vazios emocionais. Por exemplo, tenho visto muita gente interessada no Fenômeno UFO como válvulas de escape. São jovens que terminaram com as namoradas, mulheres divorciadas, pessoas solitárias, enfim, que tentam preencher um vazio emocional — e os UFOs são uma boa opção.
Por mais que um investigador tente mostrar um ângulo mais racional, isso não interessa a tais pessoas, não é?
Não, não interessa. Estas pessoas querem que as levem a Ganímedes. Os rapazes querem encontrar em venusianas as mulheres que os deixaram. Moças querem conhecer extraterrestres viris, altos e bonitos, que as façam felizes e que as levem a outros planetas. E por aí vai…
É por esta razão que todos os ETs descritos pelas seitas ufológicas são bonitos, fortes, loiros e têm olhos azuis?
Sim, e os ETs maus são pequenos, cinzas, cabeçudos e com olhos grandes. Isso é um erro. Deve-se aproximar do Fenômeno UFO pelo ponto de vista racional e científico, não emocional — embora também não se possa negar o acesso intuitivo ao tema. O contatismo tem sim coisas muito interessantes a revelar, mas o problema é como separar o joio do trigo, ou seja, pessoas que realmente tenham sido contatadas daquelas que usam isso para fins financeiros.
Há muitas formas de se encarar o Fenômeno UFO, mas há pessoas que tentam chegar à verdade sobre ele já em desespero, com uma ânsia por absorver tudo que lhes aparece pela frente. As pessoas buscam a verdade, mas nem sempre sabem por onde começar.
Você também é um pesquisador de fenômenos paranormais, além da Ufologia. Fale-nos um pouco a respeito.
Sim, nos últimos anos passei a pesquisar a parapsicologia. Considero que dentro dos chamados fenômenos paranormais haja muita informação que pode contribuir para a investigação dos UFOs. Dou um exemplo. Em 18 de julho de 2010, em uma casa perto do centro de Lima, ocorreu um ataque paranormal por oito horas. Durante este processo, entidades invisíveis jogaram TVs no chão, móveis nas paredes e queimaram cortinas. Foi um escândalo, um filme de Hollywood. Estive ali e fiz a cobertura do ocorrido para meu programa de rádio, Viagem à Outra Dimensão, pela estação Rádio Capital — a cobertura durou oito horas, das 20h00 até as 04h00.
E o que houve durante estas oito horas?
Foi incrível, um roteiro cinematográfico extraordinário. Entre as coisas que aconteceram houve uma que chamou a atenção — e isso tem a ver com o Fenômeno UFO em uma ligação com o paranormal. Como as entidades estavam destruindo tudo e a dona da casa tinha um celular muito bonito e caro, ela pediu a uma vizinha que protegesse seu celular em outra casa. A vizinha então pegou o celular e o levou à sua residência, a uns 30 m da casa tomada pelo ataque. Ela entrou em seu quarto, abriu o armário e guardou ali o aparelho. Então, 25 pessoas que estavam onde ocorria o fenômeno viram o celular entrar pela parede na casa sob ataque, como que brotando da parede.
Teletransporte de objetos
Foi como fazem as sondas ufológicas, por exemplo, que ignoram as leis físicas mais elementares.
Exatamente. Temos um ponto A de partida, a 30 m, onde um celular estava dentro de um armário, e um ponto B de chegada, onde reapareceu o aparelho. O celular não viajou pelo ar, mas se desmaterializou no ponto A e se materializou no ponto B. Os cientistas dizem que isso é impossível, mas vi acontecer. Assim como dizem que os UFOs não existem devido às distâncias interestelares. Mas neste incidente paranormal temos a explicação de como podem viajar até aqui. Não conhecemos a tecnologia que esses seres têm — na verdade, usam leis científicas que ainda não conhecemos — mas isso explica como poderiam estar vindo até a Terra.
Muito bem, obrigado. Falemos agora um pouco mais da Oficina de Investigación de Fenómenos Anómalos Aeroespaciales (OIFAA). Como ela surgiu?
Bem, a versão oficial para sua criação é a de que, em maio de 2001, o avistamento de um UFO em um bairro residencial de Lima, diferente dos anteriores porque foi coberto por um canal de TV em tempo real, causou tal comoção que fez a Força Aérea Peruana (FAP) estabelecer o órgão para dar uma resposta à sociedade. Chegou-se a convidar Benítez para a inauguração, em janeiro de 2002, e eu também fui convocado. Também se fala que parte da inspiração para se criar o órgão foi a ida do coronel Chamorro a uma feira aeroespacial em Santiago, como representante da Diretoria de Interesses Aeroespaciais (DINAE), e que ele teria sabido do funcionamento de uma entidade similar no Chile, o Comité de Estudios de Fenómenos Aéreos Anómalos (CEFAA), e trouxera a ideia para nossos militares fazerem o mesmo. Essa, pelo menos, é a versão oficial.
Mas há outra? Em sua opinião, então, qual é a versão real?
Bem, o que eu penso vem de ter sido o principal investigador de campo durante três anos e meio da OIFAA, e também por ter sido responsável pelo Incidente Chulucanas, o que me deixou em posição privilegiada para ver as coisas. Para mim, a decisão de se criar o órgão vem do vínculo que existe entre o Peru e o poder hegemônico mundial, que são os Estados Unidos, de duas formas. Uma através do controle financeiro e econômico do país pelos norte-americanos, e a outra a pressão exercida pelo Pentágono, através do Departamento de Estado, sobre as Forças Armadas do Peru.
Como assim? Os norte-americanos teriam levado à criação da OIFAA?
Mais ou menos isso. É interessante saber que no intervalo de três ou quatro anos começaram a surgir na América Latina, de forma inédita, escritórios de investigação oficial sobre UFOs, coisa que não havia antes. Em 1997 surgiu o citado CEFAA, no Chile. Em 2001, a OIFAA, no Peru. Em 2003, a Comisión Ecuatoriana para la Investigación del Fenómeno Ovni (CEIFO), no Equador. Não é curioso? Os três organismos também deixaram de funcionar de forma praticamente simultânea. Assim, minha opinião é de que houve uma ordem do Departamento de Estado norte-americano à FAP para se estabelecer a OIFAA.
Às outras Forças Aéreas também?
Também. As investigações ufológicas são feitas há muito tempo, mas reservadamente. No Peru, isso esteve a cargo principalmente da Marinha, que é o organismo das nossas Forças Armadas que está mais ligado ao Pentágono. Mas como houve aumento de avistamentos na Região Andina do país, a FAP foi envolvida — especialmente depois do incidente de abril de 2001, em La Molina. A questão ufológica é de segurança nacional e internacional, e afeta os Estados Unidos. E como eles viram que se aproximava uma onda de ocorrências nos Andes, ao mesmo tempo em que se beneficiavam das informações que colheríamos, nos deram a dica de dar uma resposta à sociedade sobre o assunto, antes de começarem as cobranças. Foi como colocar o curativo antes de a pele ser ferida.
Mas a OIFAA de fato investigava os fatos narrados pela sociedade e dava-lhes informações do que vinha ocorrendo?
Bem, quando tiveram início os avistamentos, passou a haver uma inquietação por parte do público e começaram a surgir casos para a OIFAA investigar. Mas eles foram canalizados aos meios de comunicação? Não, não foram! Ficavam apenas com a OIFAA, que recebia a informação e nada fazia. Ora, não dá pra entender como, se alguém vai à OIFAA buscar alguma informação, não existe nenhum arquivo disponível! E eu sou testemunha de que houve vários casos em que pessoas denunciaram ocorrências importantes. Mas alguém foi verificá-las? Não, não foi.
Este é um fato que também me surpreendeu. Conversando com o coronel Chamorro, quando pedi a ele um caso para análise, ele pensou muito antes de responder…
Então. Se não fosse pelo Incidente Chulucanas, nada haveria. Durante dois meses, fevereiro e março de 2003, os fatos de Chulucanas saíram em todos os canais de TV, jornais e programas de rádio. Mas, terminada a explosão midiática, não se falou mais nada a respeito.
Também se conhece a história de que a sede da OIFAA tenha sido arrombada e os discos rígidos dos computadores do órgão tenham sido levados. O que você tem a dizer disso?
Isso ocorreu quando a OIFAA funcionava no bairro de Miraflores, em uma casa da FAP vigiada por militares. Ou seja, era um local bem guardado. Um assalto nestas condições? Como os perpetradores poderiam entrar em um local militar? Para roubar o quê? Lá não havia dinheiro nem joias, levaram apenas os discos rígidos da OIFAA, nada além deles. E quando se perguntou, no dia seguinte, se eles tinham backup dos discos rígidos, descobriu-se que não tinham. Não sobrou nada…
Ação sob suspeita
Ou seja, você suspeita que o arrombamento tenha sido uma farsa?
Bem, penso que os discos rígidos tinham duplicatas em algum lugar, e estes estão preservados, enquanto para a opinião pública não restara mais nada. Também acho que havia duas OIFAAs, uma de fachada e outra investigando UFOs de maneira séria — esta eu creio que ainda existe dentro da Força Aérea Peruana (FAP).
Em situação semelhante, no Chile, o correspondente internacional da Revista UFO em Santiago, Rodrigo Fuenzalida, também disse haver duas CEFAAs, uma de fachada e outra de verdade. Você acha que isso se repete também nos demais países onde existam organismos oficiais de pesquisas ufológicas?
Sim, totalmente.
Indo um pouco além, você acha que há um acordo em nosso continente para os militares dos diferentes países intercambiarem informações sobre discos voadores?
Sim, sempre houve intercâmbio de informações entre os países sul-americanos. Lembremo-nos da Operação Condor, que tratou da violação de direitos humanos na época da ditadura, em 70 e 80. Os governos trocavam informações regularmente. Perón na Argentina, Stroessner no Paraguai, Pinochet no Chile, Bermúdez no Peru etc. Da mesma forma, a América do Sul é o “quintal ufológico” dos Estados Unidos.
Você acha que o Governo Peruano tem segredos sobre UFOs que ainda não revelou à sua população?
Sim, totalmente. Há muitos casos que nunca serão conhecidos da população.
Por que você acha que a OIFAA foi paralisada? O que aconteceu?
Simplesmente, veio uma ordem de cima para isso, porque o fenômeno estava tranquilo e não havia problemas na ocasião. No Chile, no entanto, parece que o CEFAA ainda está ativo. Bem, está e não está — está no sentido de que faz parte de um organograma. Agora a OIFAA foi retomada e com outro status, de escritório de investigações subiu para departamento de investigações. Ela agora se chama Departamento de Investigaciones de Fenômeno Aéreos Anômalos (DIFAA). O coronel que dirige o órgão hoje é Julio José Luis Vucetich Abanto. Enfim, a atual DIFAA está no organograma da FAP, mas não há publicidade, não há equipe e oficialmente não há orçamento para trabalhar.
De repente senti que essa energia entrou em meu corpo e era mais do que apenas energia. Não há palavras para descrever o que senti. E escutei uma mensagem em minha cabeça: ‘Ouça, só isso é real. Esta é verdade do universo. Todo o resto não existe, ignore’.
Seria só uma fachada? E se houver uma revoada de UFOs eles apertam um botão e o DIFAA ressurge no auge?
Neste caso, os militares vão dizer: “Não se preocupem, nós estamos investigando, estamos monitorando a situação”. E então algum investigador novo, que não se conheça, e este, que quer a verdade, serão chamados. Quem não vai querer ser investigador da Força Aérea Peruana (FAP)?
Experiência sobrenatural
Bem, mudemos de assunto. Como você vê a abertura ufológica que ocorre hoje em tantas partes do mundo, como França, Inglaterra e Brasil, entre outros?
Penso que o Fenômeno UFO está se tornando um pouco “perigoso”, requerendo ações por parte dos governos. Há pessoas que podem chegar à verdade por sua própria conta, sem que os governos se manifestem, o que não é bom para eles. Nestes casos vemos como atua o poder. Seu pensamento é: “Vamos dar-lhes um pouco de documentos, nada importante, e eles pensarão que somos transparentes e não nos incomodarão”. Mas o que é verdadeiramente importante, isso eles não revelam.
Acho que isso também se aplica ao Brasil. Nossos militares nos liberam 4,5 mil páginas e talvez retenham outras 45 mil, 10 vezes mais…
Claro, e com isso nos tranquilizamos. É uma estratégia de inteligência.
Você teve algum avistamento ufológico? O que o motivou a pesquisar o tema?
Bem, como vários de nós, pesquisadores, tive uma experiência incomum. Em 1994, quando tinha 33 anos e trabalhava como advogado, ainda não estava envolvido com a questão. Gostava de ficção, como todo mundo, mas nada além disso. Mas em um domingo de fevereiro, às 15h33 da tarde, relaxado e saindo à porta da minha casa, vi a rua vazia e senti um calor, uma energia muito forte na minha cabeça. Pensei que fosse uma onda de calor de verão, uma subida de pressão. Mas, de repente senti que essa energia entrou em meu corpo e era mais do que apenas energia. Não há palavras para descrever o que senti. E escutei uma mensagem em minha cabeça: “Ouça, só isso é real. Esta é verdade do universo. Todo o resto não existe, ignore”. E logo acabou o calor, a impressão de felicidade e a mensagem. Aquilo durou apenas alguns segundos.
Da mesma forma que chegou, aquilo também se foi. Mas você se transformou de alguma forma com o fato?
Sim, lentamente. Meus interesses e minhas leituras mudaram. Comecei a ler textos espirituais e ufológicos, até que um dia chegou às minhas mãos um texto sobre como fazer regressões e me tornei aficionado pela atividade. Fiz regressões em todo mundo, com minha mãe, meu irmão etc. Um dia, em 1999, apareceu uma moça e me disse que queria fazer uma regressão por ter recebido a visita de uns seres em seu quarto, quatro criaturas de 1,2 m, cabeças grandes e olhos amendoados.
Foi sua primeira investigação ufológica?
Foi meu primeiro encontro com o fenômeno. Quando terminou a regressão, ela me contou que tinha uns problemas e que eles a levaram a uma nave e a operaram, falou que tiraram coisas dela. Foi uma abdução alienígena e então tomei a decisão de investigar o fenômeno, não parando mais.
O que você acha que é o Fenômeno UFO depois de tanto envolvimento com sua pesquisa? Quem nos visita?
O fenômeno é real e existem civilizações muito mais antigas do que a nossa. A origem da raça humana está vinculada ao cosmos, pois a vida foi semeada na Terra e vem sendo observada. Assim, não vejo os ETs como visitantes, porque estes vêm e vão embora, enquanto os ETs estão aqui para ficar. Também há civilizações que transcendem o plano físico e que estão em um âmbito que denominamos de metafísico, talvez espiritual. Seja lá como o chamarmos, estão em um nível de realidade que vai muito além do que compreendemos.
O que você tem a dizer sobre a perspectiva espiritual da Ufologia?
O problema é que a palavra espiritual é muito ruim para os ufólogos, pois a vincula com religião. É preciso transcender isso. A Ufologia vai desde o material até o etéreo, desde o microcosmos até o macrocosmos. Assim como é em cima, é embaixo. Somos parte de centenas de sistemas em centenas de universos.
Você acredita que um dia vamos ter um contato definitivo com essas inteligências que estão nos observando?
Já temos, e até mesmo aberto, da forma que as pessoas podem tirar fotos de suas naves. Eles apenas ainda não estão se sentando à mesa conosco. Por enquanto, no entanto, essas inteligências preferem se mostrar de forma total apenas a grupos pequenos, a gente preparada, a quem o contato não causará nenhum dano. Enfim, não será agora que iremos conviver com extraterrestres no nosso dia a dia.
Perfeito. Obrigado pela entrevista. Agora, poderia deixar uma mensagem final para os leitores da Revista UFO?
Quero apenas dizer-lhes que não estamos sós no universo e nem nunca estivemos, e que, se querem ver um extraterrestre, que se olhem no espelho. Não é necessário nem mesmo investigar, apenas recordar de onde viemos e para onde vamos. E para onde vamos? Vamos voltar para o nosso lar. Expandam suas consciências e abram seus corações, mas, principalmente, vigiem os céus.
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