Um recente estudo feito pela Revista UFO para testar o nível de produtividade da Ufologia Brasileira, representada principalmente por seus investigadores, grupos de pesquisas e as atividades que realizam – entre eles, os congressos de Ufologia –, mostrou um estado preocupante. A Ufologia que herdamos de nossos pioneiros está apática e com uma baixíssima taxa de produção de novas idéias, pesquisas e investigações, com poucos novos talentos e quase nenhuma atividade dos já conhecidos.
E, pior, está demasiadamente entrincheirada na internet, onde se “pratica” mais de 70% da Ufologia que acontece hoje no país, como se fosse possível dissociar a pesquisa da ação de outras espécies cósmicas em nosso planeta da tradicional investigação de campo, do contato com as testemunhas, da averiguação in locu dos fatos. Infelizmente, a maioria dos “ufólogos” de hoje pensa assim e acha que manter um site ou um blog sobre o assunto substitui a prática da Ufologia que nos ensinaram nossos antecessores.
Mais preocupante ainda é que, entre os blogs e sites que surgem a cada dia, boa parte não passa de espaços onde se repete o óbvio, com baixa criatividade e qualidade. E este óbvio é geralmente composto por material estrangeiro sem grande valor informativo, muitas vezes defasado e sem respaldo para a Ufologia de hoje, com novos fatos a desafiar nosso raciocínio a cada dia.
Tais espaços estão muito aquém da grandiosidade da presença alienígena na Terra, praticando, em geral, uma Ufologia estagnada e pouco realista. Isso quando não promovem um festival de plágio e roubo de propriedade intelectual, onde artigos de outros sites ou publicados fora da internet são reproduzidos e mantidos sem uma única menção honesta aos seus autores, com a maior desfaçatez e sem o mínimo respeito a quem gerou a informação plagiada e roubada. Esse comportamento é uma lástima que, infelizmente, parece crescer como tudo na internet, ou seja, sem controle.
O fim do intercâmbio entre os grupos
A situação dos grupos ufológicos é também desalentadora. As associações de pesquisadores tradicionais do passado, tão numerosas e ativas nas décadas de 70, 80 e ainda os anos 90, já não existem mais ou estão cada vez mais raras. Os grupos de estudiosos que antes se reuniam para discutir novos casos ou metodologias, que debatiam o assunto com vistas ao crescimento individual de seus integrantes e da sociedade – em ação que era para ela extremamente útil –, escasseiam.
Eles antes tinham nomes que verdadeiramente correspondiam à sua natureza, representatividade e atividade, mas os poucos que restam hoje, apesar de carregarem termos pomposos como “instituto nacional”, “grupo brasileiro”, “centro de investigações”, geralmente são compostos por um único elemento, que pratica sua Ufologia muito particular e pouco a compartilha com os demais.
Na mesma enfermaria em que padecem os pesquisadores individuais e grupos de pesquisas também estão outros produtos muito importantes de suas atividades, suas publicações, que no passado também eram forte característica da Ufologia Brasileira. Eram boletins, jornalzinhos e circulares ora produzidos com mimeógrafos, ora xerografados ou, coisa rara, impressos em gráficas, que continham um extrato do trabalho das entidades que os publicavam.
Hoje eles simplesmente sumiram – uma honrosa exceção, entre poucas, vai para o UFO Informe, esmeradamente produzido pelo Grupo de Pesquisas Ufológicas (GPU), de Americana (SP), que ainda circula entre estudiosos. Estes veículos, ainda que modestos, como de fato era a maioria deles, já foram dezenas no passado e tinham a importantíssima função de promover um intercâmbio sadio de informações com os grupos existentes, um verdadeiro compartilhamento de informações que hoje inexiste e não foi substituído pela internet.
A maior das ervas daninhas precisa ser combatida com energia
E o ceticismo que cresce na Ufologia, o que dizer dele? Esta é a erva daninha ainda mais destrutiva, especialmente quando parte de ufólogos antes produtivos que simplesmente sucumbiram às suas frustrações pessoais e à falta de alcance em Ufologia, e a culpam pela sensação de que desperdiçaram o tempo a ela dedicado. Vimos isso recentemente.
Mas, pior ainda, é quando o ceticismo parte de neófitos que têm zero de informação e experiência ufológica, indivíduos que, movidos por semelhantes frustrações, exteriorizam sua incredulidade até com relação aos fatos mais batidos da Ufologia, desferindo-lhe críticas para se sentirem ajustados consigo mesmos. Como alguns hoje “ex-ufólogos”, tais céticos usam um acontecimento de inigualável relevância para a humanidade – o Fenômeno UFO – para ocuparem espaço, atingirem alguma visibilidade entre seus colegas de trabalho, amigos de escola ou faculdade, parceiros de Orkut e Twitter etc, nem que para isso usem a Ufologia como tábua de escoramento de suas personalidades em conflito.
A se constatar o quadro que aí está, vê-se hoje que o ceticismo cresce em ritmo acelerado, não por ser uma opção melhor à pesquisa ufológica, mas justamente pela falta dela onde antes havia. Céticos sem qualquer conhecimento apurado da questão, cujo grande talento está na tradução de material estrangeiro para o português – geralmente publicado em países onde outros céticos igualmente deslumbrados cumprem a mesma tarefa de reverenciar mentes vazias –, sentem-se à vontade para criticar aquilo que não ajudaram a construir.
O tão alentado ceticismo na Ufologia Brasileira – por incrível que pareça, fortalecido por “ex-ufólogos” que já tiveram papel relevante na Comunidade Ufológica Brasileira e fraquejaram diante de suas frustrações pessoais –, nada mais é do que um arremedo, apenas a prática sistemática e tola de pura negação. Ele cresce, sim, mas não por ter qualidade ou por ser uma opção melhor à pesquisa ufológica, mas pela ausência de seus praticantes, que não saem mais a campo para defender o que eles sim ajudaram a construir.
Mudanças que precisamos no futuro devem começar agora
Há solução para este quadro? Sim, há. Ela pode ocorrer de duas maneiras, pelo menos. Primeiro, como resultado de algum acontecimento significativo no meio ufológico, algo que o acorde, tal como um novo Caso Varginha, uma nova Noite Oficial dos UFOs no Brasil, ou a descoberta de uma nova Operação Prato etc – ainda que a letargia possa deixar tais novos fatos passarem batidos. Ou, numa segunda opção, considerando que para a primeira tem-se que contar com uma boa dose de sorte, o meio ufológico despertar por si só, levantar-se de seu torpor e reconhecer na continuidade da manifestação ufológica no planeta, cada vez mais persistente e contundente, algo de grande importância – como parece que os ufólogos brasileiros esqueceram.
Quiçá, com isso, restabeleçam suas atividades, seu intercâmbio, a apresentação de novas idéias e o surgimento de novos talentos. E que, em momento imediatamente seguinte, a Comunidade Ufológica Brasileira refute o ceticismo nefasto que hoje se expande por não encontrar obstáculo. Enfim, que os exemplos de nosso glorioso passado inspirem as mudanças que precisamos no futuro.