Em setembro de 1993, a professora Carmen, com 36 anos, casada e mãe de dois filhos, decidiu iniciar um tratamento médico para um conjunto de estranhos sintomas. Ela vivia dividida entre seu trabalho, lar, filhos e marido. Durante os finais de semana, dirigia-se com a família à sua casa de campo. Ela já havia presenciado algumas vezes, em sua vida adulta, pequeninas estrelas dançando no céu, e achava lúdicas tais aparições no palco cósmico. Isso suscitava divagações sobre a possibilidade da existência de seres em outros planetas. Fora isso, nunca se interessou por livros ou filmes de ficção científica. Preocupada com sua carreira, Carmen começou a estudar à noite, quando a casa estava em silêncio.
E por vezes, sentia que não estava só. Percebia movimentos muitos rápidos, vistos pela janela de sua cozinha ou mesmo dentro da casa. Quando ia dormir, ouvia passos e ruídos estranhos dentro de seu quarto e se incomodava com o fato de seu marido não perceber nada. Noutras vezes, despertava durante a madrugada. Ela começou a apresentar distúrbios do sono. Numa noite, acordada e consciente, presenciou um lençol de nuvens brancas envolvendo seu corpo e erguendo-a até a altura do teto. Tudo se apagou e ela só acordou dentro de um aposento clareado por lâmpadas. Estava deitada sobre uma maca de temperatura morna, com alguns seres altos, claros e de olhar penetrante, juntamente com outros de menor estatura, olhos arredondados e grandes circulando à sua volta.
Carmen foi abduzida num estado que a psicologia define como semiconsciência. Ou seja, manteve memória parcial do ocorrido. Ela nunca havia falado sobre o assunto e não conhecia nomenclaturas ou imagens que pudessem levá-la a interpretar a experiência pela qual passou. Após três meses nessa situação, ela me procurou, cheia de dúvidas e medos. Apresentava alterações de humor e sentia-se como se estivesse ligada numa tomada elétrica. Em alguns momentos, surgiam-lhe pensamentos, idéias e conhecimentos que nunca imaginava ter ou procurar. Desfilavam em sua mente e escorregavam pela sua boca, expondo seu conteúdo de origem desconhecida numa atmosfera de espanto para todos que a cercavam. Quando suas mãos ardiam em fogo e sua cabeça tencionada, ela intuitivamente aplicava essa luz em algumas plantas, animais, seus familiares e crianças de sua escola, o que lhe trazia alívio, com resultados positivos também aos que dela se beneficiavam.
Ao procurar ajuda médica, recebeu os seguintes diagnósticos: forte cefaléia, enxaqueca, transtornos de ansiedade, síndrome do pânico, labirintite e depressão. Não sentindo melhora nos tratamentos e medicamentos propostos por outros profissionais, cansada e desconfiada, veio até a mim. Foi então submetida a uma anamnese, testes projetivos e hipnoterapia, e pouco a pouco trouxe para o lado consciente de sua mente um verdadeiro repertório de lembranças, que incluíam avistamentos de naves, seres de raças e aspectos desconhecidos, previsões sobre o futuro do planeta e da humanidade. Sua intuição aumentava gradativamente, assim como sua preocupação com a sociedade e com o ecossistema. Ela passou a se interessar por física, astronomia, formas alternativas de medicina e assuntos sobre espiritualidade. Hoje, ainda morando em São Paulo, tem sua horta no quintal, pinta potes de cerâmica, faz travesseiros aromatizados e trabalha com crianças e famílias carentes de sua comunidade.
Uma vez a cada 15 dias, ela e o marido encontram-se com um grupo de estudos para debaterem espiritualidade, dimensões paralelas, vida extraplanetária, meditação e exercícios de emanação de luz. Carmem, enfim, tornou-se uma pessoa mais consciente, humanitária, amorosa e com maior capacidade psíquica para resolver seus problemas pessoais. Com aproximadamente dois anos de sessão, ela teve alta e despediu-se do tratamento, afirmando que nunca imaginou “sentir felicidade e esse senso de utilidade que tenho hoje, que espero que nunca acabe”.
Assim como ela, outros abduzidos por ETs alcançaram essa transcendência. É possível notar neles um aumento significativo em sua capacidade intelectual, uma melhor organização e equilíbrio de emoções, e o despertar do que vem sendo chamado de inteligência espiritual (QS), cujo significado dentro da psicologia é a transição, crescimento e integridade de quem somos. Trata-se de buscar a unidade, identificação amorosa com valores universais, capacidade de criatividade e o uso responsável da liberdade, acompanhado da ética, senso de irmandade, compromisso com a sociedade e com a natureza. São comuns também as demonstrações de emoção e comportamentos mais organizados, juntas do afloramento do arquétipo do sagrado. A explicação para isso é a de que, baseada no funcionamento do sistema neurológico, uma rede de células nervosas com a capacidade inata de fazer combinações progressivas e saudáveis entra em ação. É um conjunto de minúsculas mentes vivas, centenas por centímetros cúbicos, evoluindo numa comunicação dinâmica e interativa, onde cada neurônio possui de três a 20 mil possibilidades de comunicação.
Transcendência — Suas capacidades e habilidades conhecidas, e outras ainda em estudos, representam-se pelas formas de processar, refletir, analisar, criar, sentir, comparar, mudar de idéia, escolher, manifestar habilidades corporais e muitas outras possibilidades. Orientando-se através modelo quântico para explicar a existência da QS, a psicologia apresenta uma nova abordagem de tratamento psicoterápico: alcançar a transcendência e a espiritualidade do indivíduo. Quando as estruturas neurológicas mais profundas do córtex cerebral são analisadas em estado modificado de consciência, encontramos três níveis da formação do indivíduo. O primeiro é relativo ao inconsciente pessoal freudiano e traz as lembranças desde o nascimento até a idade atual da pessoa. O segundo diz respeito às imagens mitológicas do inconsciente coletivo de Jung. Finalmente, o terceiro nível é aquele que transcende a vida pessoal e coletiva da pessoa, trazendo à tona o símbolo de uma realidade primordial ou cósmica.
Um sistema ou escola reducionista aborda o indivíduo como um modelo fisiológico isolado a ser tratado. Essa interpretação, focalizada no ser como único centro de atenção alcançado ou alvo de culpas, traz uma visão parcial e individualizada do mesmo. O indivíduo voltado inteiramente para si mesmo, não recebe nutrição que o sustente. Com isso, mostra-se egoísta, insatisfeito e sempre a procura de algo mais. Em vez de satisfação e plenitude, ele vai se deparando com o oposto: solidão, vazio, comportamentos compulsivos, perfeccionismo, preservação exclusiva de si mesmo, depressão e até a completa alienação.
A evolução pessoal tratada no plano vertical de análise é muito importante para o autoconhecimento, porém torna-se mais abrangente e inteligente s
e estudada no plano geral e conectada às inter-relações da existência com o outro, com a família, com a sociedade, culturas diferentes, ecossistema, percepção cósmica e até interdimensional da realidade. Assim como as células necessitam interagir harmonicamente, mesmo possuindo características e funções diferentes, o ser humano também necessita perceber-se numa realidade quântica. Não existem dois cérebros que possuam o mesmo conjunto de conexões neurais, assim como não existem duas pessoas que tenham a mesma experiência de vida.
Carmen, da mesma maneira que outros abduzidos ou estudiosos de exobiologia e espiritualidade, ampliou seu foco de percepção existencial. Passou a ser mais amorosa, fraterna, desenvolveu sentimentos como a tolerância, a paciência e a compreensão. Como se vê, a Ufologia e a exobiologia acrescentam uma visão mais rica e dinâmica de uma filosofia cosmológica, e abrem novos horizontes entre a vida e a morte. Um espaço que contém múltiplas existências diferentes entre si, como numa grande família, com divergências e empatias. O uso do exercício contínuo para se alcançar a sabedoria da convivência em comum se faz muito necessário.