Um novo modelo para a pesquisa científica, batizado de “convergência”, tem potencial para permitir avanços revolucionários em diversas áreas. A proposta foi defendida por um grupo de 12 pesquisadores do Massachusetts Institute of Technology (MIT) nos Estados Unidos, durante um fórum organizado pela Associação Americana para o Avanço da Ciência (AAAS).
O poder da convergência – Segundo eles, a tendência que envolve a fusão das ciências da vida, física e engenharia pode promover inovações necessárias para atender crescentes demandas interdisciplinares.
“A convergência é um repensar amplo na forma como toda a investigação científica pode ser realizada, para que possamos capitalizar uma série de bases de conhecimento, da microbiologia à informática, passando pelos projetos de engenharia”, afirmou Phillip Sharp, Nobel de biologia em 1993 e um dos autores do relatório.
“Ela envolve a colaboração entre grupos de pesquisa, mas, mais profundamente, a integração das abordagens disciplinares que eram originalmente vistas como separadas e distintas. Esta fusão de tecnologias, processos e dispositivos em um todo unificado irá criar novos caminhos e novas oportunidades para o avanço científico e tecnológico”, disse Sharp.
Terceira Revolução – Sharp e os outros autores do artigo afirmam que a convergência tem potencial para criar uma “Terceira Revolução” na área da biomedicina, que poderá ser tão profunda quanto as duas revoluções das ciências da vida que a precederam: as descobertas que acompanharam o desenvolvimento da biologia molecular e celular, e o seqüenciamento do genoma humano, que tornou possível identificar as bases genéticas de muitas doenças.
O relatório The Third Revolution: The Convergence of Life Science, Physical Sciences and Engineering [A Terceira Revolução: A Convergência das Ciências da Vida, Ciências Físicas e Engenharia], destaca o impacto que a mesma já está tendo em vários campos.
Assim como os avanços na tecnologia da informação, de materiais, imagens, nanotecnologia e áreas afins – juntamente com os avanços em modelagem computacional e simulações– transformaram as ciências físicas, da mesma forma eles estão começando a transformar as ciências da vida.
O resultado são novos campos de pesquisas relacionados à biologia, tais como a bioengenharia, bioinformática, biologia sintética e engenharia de tecidos. Ao mesmo tempo, modelos biológicos, voltados ao entendimento de sistemas auto-organizados complexos, já estão transformando as ciências físicas.
Cientistas da convergência – O relatório dá uma ênfase especial à biomedicina, um campo que já está sendo transformado e afirma que o sucesso do modelo de convergência depende de um apoio financeiro adequado e de incentivos a pesquisas que cruzam as fronteiras das áreas tradicionais.
Entre outras recomendações, estão o estabelecimento de um “ecossistema de convergência”, que poderia criar conexões entre as agências de financiamento, a reforma do processo de revisão por pares para dar apoio a financiamentos interdisciplinares, e a formação e apoio a uma nova geração de cientistas da convergência.