
Nos últimos anos, a utilização da regressão de memória a vidas passadas (TVP) tornou-se freqüente em nossa sociedade, mas a aplicação despreparada dessa técnica, por terapeutas não qualificados, tem deixando seqüelas emocionais muitas vezes graves nas pessoas atendidas. A regressão de memória é um processo em que a pessoa entra num estado alterado e ampliado de consciência. Os conteúdos emocionais de seu passado próximo ou remoto, armazenados em sua mente inconsciente, são acessados através do relaxamento, mantendo-se a pessoa consciente em um estado próximo ao das ondas alfa, que caracteriza a condição hipnótica. Isso facilita o afloramento de conteúdos emocionais à consciência, permitindo que sejam acessadas reminiscências traumáticas do paciente desde o período intra-uterino até outras etapas da vida — e não só necessariamente vidas passadas.
As técnicas para se chegar a isso são variadas. Em meu trabalho psicoterápico desenvolvi um procedimento que inclui longa e detalhada anamnese [Entrevista] antes da regressão, com diversas perguntas espalhadas em sete sessões de duas horas cada. Posteriormente, o paciente é submetido à outra análise psicoterapêutica, que auxiliará na elaboração e integração das vivências regressivas, assim como na preparação da sessão de alta ao final do tratamento. Há muitas contra-indicações para esta técnica da TVP. Por exemplo, jamais deve ser feita uma regressão por mera curiosidade, pois apenas os conteúdos traumáticos são trabalhados e não se pode saber a que encarnação a pessoa irá regredir.
A regressão também não deve ser aplicada em gestantes, pois os traumas vivenciados podem causar danos psíquicos ao feto. Da mesma forma, pessoas com cardiopatia, hipertensão e processos infecciosos também estão sujeitas a conseqüências agravantes durante a vivência de um trauma. Daí a importância de uma anamnese séria e minuciosa, feita sempre por alguém realmente habilitado a lidar com tal técnica. Além disso, desarmonias espirituais, psicoses e pré-psicoses, estado de sonolência, deficiências físicas e mentais prejudicam a relação entre paciente e terapeuta, dificultando a realização de um bom trabalho. Estes são apenas alguns dos inúmeros cuidados que se precisa ter quando se considera o uso de regressão hipnótica a vidas passadas. Mas, além disso tudo, é muito importante que também se comprove a experiência do terapeuta.
Muitas vezes, é um risco submeter-se à técnica com pessoas não especializadas e mal treinadas, o que pode, inclusive, agravar um problema já existente na vida do paciente. Confusões psíquicas, como angústias, ansiedades, fobias, transtornos obsessivos compulsivos, perturbações psicossomáticas e problemas de relacionamento interpessoal etc, são alguns dos casos em que são indicadas as psicoterapias. Muitos desses distúrbios estão vinculados a traumas de supostas vidas passadas ou à vida atual, impedindo ou dificultando o relacionamento com familiares e o convívio social. Muitas pessoas entram em estados alterados de consciência de maneira espontânea, devido a um estímulo desencadeante, algumas vezes traumático. Nessa abordagem, são trabalhados os conteúdos emocionais aflorados do inconsciente, sua elaboração e integração à consciência, independente do que sejam. O importante é que esta pessoa seja ajudada a compreendê-los e a solucioná-los, se tornando no presente mais viva, livre e saudável.