A sonda Mars Global Surveyor, da NASA, tirou suas primeiras fotos da misteriosa esfinge marciana em 05 de abril de 1998 – 22 anos depois das obtidas pela Viking, em 1976. As novas fotos têm resolução 10 vezes mais nítida que as anteriores. No entanto, o famoso rosto de Marte aparece nas imagens apenas como cordilheiras e crateras. “A foto mostra as paisagens como sendo simplesmente rocha remanescente de erosão, moldada por vento ou água. Qualquer um que voasse sobre o local reconheceria que a esfinge é natural”, declarou Alden Albee, um dos cientistas que examinou as fotografias no Laboratório de Propulsão a Jato (JPL), da Califórnia. Estava ateado o fogo às discussões. A divulgação da nova foto de Cydonia acendeu um debate feroz, pois os cientistas da agência espacial norte-americana compararam-na com tudo, exceto a uma esfinge registrada pela Viking.
Segundo Michael Ravine, diretor de projetos avançados do Sistema de Ciências do Espaço Malin (MSSS), “…o rosto parece apenas uma elevação em forma de tabuleiro. São formações rochosas naturais, nada que tenha sido construído por alguma inteligência.” Já Michael Carr, geólogo do Departamento de Inspeção Geológica Americano, em Menlo Park, Califórnia, declarou que “a área captada está numa zona de transição entre uma velha região de crateras e uma recente planície baixa. Rochas oriundas da antiga formação foram impelidas até a planície e a face é uma delas.” Estaria encerrado o debate sobre a origem artificial da esfinge marciana?
Parece que não, tanto que o geólogo James L. Erjavel discutiu a conclusão da NASA de que a esfinge e outras formações da região teriam sido causadas por erosão diferencial. Erjavel citou o Relatório McGill, de 1989, daquele mesmo órgão, que concluiu que Cydonia já esteve coberta por 1 km de sedimento erodível que teria sido dispersado por fortes ventos marcianos, deixando um terreno que é a combinação de resíduos desenterrados de uma cratera de planalto e ígneo intrusivo. Como prova, comparou Cydonia a uma área de cratera à leste, pois ambas mostram claramente definidas esse tipo de formação de impacto, com diâmetros de 1 km ou mais.
Dimorfismo Peculiar – No entanto, essa região possui um expressivo número de pequenas crateras menores que 1 km de diâmetro e Cydonia não tem nenhuma desse tamanho. “Este dimorfismo sugere que há uma diferença distinta entre terrenos de crateras e outros que não podem ser considerados se a ocorrência de forças erosivas fosse o fator principal no desenvolvimento morfológico da área”, sintetizou o estudioso.
O pesquisador Richard Hoagland, da Mars Mission, disse que as imagens da Mars Global Surveyor são falhas – chegando apenas com 80 dos 266 tons de cinzas possíveis. “É como olhar para uma tela de chuviscos”, concluiu. No caso da esfinge, detalhes importantes da estrutura estavam confusos, deixando inexplicada a permanente questão se o rosto tinha traços simétricos em ambos os lados. Entretanto, divergindo de Hoagland, outros cientistas admitiram que os sinais da superfície mostrados nas fotografias podem ser o resultado de geologia natural e erosão, e consideraram as mesmas como honestas e não retocadas, como checou o jornalista. David Watanabe, do grupo Exoscience, considera que todas as fotografias enviadas pela sonda indicam que não há nenhum sinal de artificialidade. “Estas formações são, até onde podemos observar, naturais”, afirmou.
“Nas imagens da Viking de 1976, a impressão de um rosto era evidente. Mas hoje, iluminada de baixo, a esfinge parece menos extraordinária”, disse o doutor Mark Carlotto em sua análise preliminar das imagens da Surveyor. Carlotto notou que certas linhas nessas fotos ainda sugerem artificialidade ou um contorno mal definido, previamente descrito como “capuz” ou “elmo” envolvendo a imagem e aparentando ser uma plataforma bem nítida. Já o pesquisador Tom Van Flandern possui outra posição sobre o assunto: “As feições faciais humanas que chamam a atenção são confirmadas pela foto, mesmo com luz fraca e ângulo pobre de visão. A imagem da cabeça é uma combinação simétrica do ângulo linear direito e das formas em torno, o que sugere uma forte origem artificial.” Ele diz que outras paisagens são incomuns e levantam mais perguntas que respostas. “Nada, em qualquer superfície do Sistema Solar, nem mesmo na Lua, sugere artificialidade em grau comparável,” sacramentou.