No período de abertura política da antiga União Soviética, com a influência de medidas como a Glasnost e a Perestroika, muitas informações secretas sobre UFOs começaram a ser reveladas através de vários órgãos de imprensa privados ou governamentais. Descobriu-se, então, que um centro permanente para estudo de UFOs havia sido instalado em Moscou para conduzir pesquisas e — por incrível que pareça — financiar a investigação de casos ufológicos. Muitos jornais importantes publicaram extensos artigos a respeito. O Sotsialisticheskaya Industriya, por exemplo, entrevistou P. Prokopenko, diretor de um laboratório para estudos de fenômenos anômalos, que afirmou a existência do centro de pesquisas sobre UFOs.
O jornal também cita um relatório sobre um estranho acontecimento que se passara numa localidade chamada Colina 611, que fica perto da vila Dalnergorsk, em Primorskiy Kray. Muitos observadores viram uma misteriosa esfera voadora bater num dos picos gêmeos da colina e ser quase destruída. Físicos e outros cientistas da Divisão Siberiana da Academia de Ciências da URSS se dedicaram a estudar o caso, analisando fragmentos deixados pela nave, tais como engrenagens, pequenos objetos esféricos e pedaços de um material análogo ao vidro.
Estudando as condições do local atingido pelo fenômeno, o cientista russo A. Makeyev relatou a descoberta de ouro, prata, níquel, titânio, molibdenio e compostos de berilo. Um dos físicos do Centro de Estudos de Tomsk, cético quanto à origem extraterrestre do objeto, concluiu que a esfera poderia ter sido um tipo de plasma vortex formado pela interação de campos de força geofísica, que capturariam os objetos encontrados da atmosfera em sua trajetória. Isso teria ocasionado a desintegração da esfera no topo da colina. Há, no entanto, teses que rejeitam esta explicação, pois ela propõe, entre outras coisas, que a quantidade de material encontrado no local implicaria numa concentração de metais na atmosfera que ultrapassaria o nível normal.
Outros cientistas argumentam que o objeto que teria batido na Colina 611 era na realidade um veículo espacial, uma nave extraterrestre construída por seres de inteligência avançada. Segundo o químico V. Vysotskiy, “…isto é uma evidência de alta tecnologia, cuja origem não é nem natural nem terrestre”. De acordo com seu relato, os pedaços de engrenagem encontrados tinham pequenos fragmentos de fios muito finos, com 17 micra de diâmetro, compostos por filamentos mais finos ainda, torcidos em tranças. Também foram descobertos arames de ouro extremamente finos, entrelaçados em outros fios transparentes e mais delicados. Para Vysotskiy, isso é prova de que a tecnologia extraterrestre está além das capacidades científicas da Terra.
O OBJETO FOI DESCRITO COMO UM DISCO COM DOIS RAIOS DE LUZ. TESTEMUNHAS INFORMARAM TAMBÉM QUE HAVIA OUTRO OBJETO NO SOLO
O Sotsialisticheskaya Industriya do dia 25 de julho de 1989 relatou que a hipótese de o objeto ter sido um UFO é sustentada também pelo engenheiro Yuriy Penomarenko, além de um grupo de trabalhadores de uma fazenda coletiva na região de Dnepropetrovsk. O objeto foi descrito por eles como um disco com dois raios de luz emanados de seus lados. As testemunhas informaram também que haviam observado um outro objeto no solo, por cerca de 20 minutos, e que ele não emitira nenhum tipo de som ao decolar. Outro jornal soviético, o Nauka Izhizh, publicou um artigo que relatava toda a casuística da onda ufológica quase sem precedentes que vinha ocorrendo no país, contrastando com o ponto de vista cético de alguns cientistas e citando incidentes como o de Serpukhov, o de Petrozavodsk e o de Rudnyá.
De acordo com os que acreditam que tais incidentes se referem a UFOs, há muitas evidências de visitas extraterrestres. Uma delas é uma depressão circular 4 m de diâmetro na grama, deixada por um UFO em Serpukhov. Já os que se dizem céticos se mantêm convictos de que a maioria destas evidências pode ser explicada sem ser atribuída a qualquer ligação com inteligências extraterrestres. Muitas aparições consideradas inexplicáveis podem ser solucionadas como sendo meros fenômenos astronômicos ou testes de foguetes e sondas espaciais. O diretor do Instituto de Propagação de Ondas de Rádio, Magnetismo Terrestre e lonosfera, Vladimir Vasilyevich Migulin, que coordena uma repartição para o estudo de fenômenos anômalos na atmosfera, declarou que mais de 90% das visões de objetos voadores não identificados não são de origem extraterrestre.
O jornal Stroitelnaya de 16 de setembro de 1989 relatou que, em agosto daquele ano, um grupo dc testemunhas, incluindo o físico EIvir Kurchenko, começou a investigar uma outra área de depressão circular numa floresta perto de Surgut, depois que um trabalhador declarou que um UFO havia estado no local. Já o Sotisialisticheskaya Industriya de 30 de setembro de 1989 publicou que agências de noticias por toda a União Soviética estavam recebendo reportagens sobre avistamentos de UFOs no solo e no ar, acrescentando que a redação do jornal estava revisando centenas de relatórios ligados com tais incidentes. Em resposta a este dilúvio de relatórios, o jornal entrevistou Anatoliy Listratov, diretor da Sociedade Astronômica e Geodésica e responsável pelo estudo de fenômenos anômalos na entidade.
Listratov declarou que, embora seu grupo ainda esteja tentando uma resposta para os fenômenos, alguns progressos importantes nas investigações haviam recentemente ocorrido. Listratov anotou que oficiais e pilotos militares soviéticos haviam recentemente começado a fornecer alguma documentação sobre avistamentos de UFOs. Por exemplo, afirmou que tinha informações documentadas a respeito de um encontro entre uma nave soviética e um disco voador nos céus da cidade de Borisov. As tripulações de duas naves soviéticas relataram visões de um grande UFO em sua vizinhança, com cinco fachos luminosos que estavam direcionados para o solo e dois projetados para cima, quando o objeto foi visto pela primeira vez.
O UFO VOOU NIVELADO COM O AVIÃO SOVIÉTICO E MIROU UM DE SEUS FACHOS EM SUA DIREÇÃO, ILUMINANDO A CABINE DO APARELHO
O controlador do solo instruiu um dos aviões para alterar seu curso e se aproximar do objeto. Nesta fase, o disco voador passou a voar nivelado com o avião soviético e mirou um de seus fachos em sua direção, iluminando a cabine do aparelho. Listratov citou um trecho do diário de bordo do piloto: “Neste momento, o co-piloto estava no controle. Ele observou a manobra que o objeto fez e até chegou a levantar sua mão para se proteger da luz insuportável. O comandante do avião estava descansando na poltrona ao lado e notou um raio de luz brilhante, projetando uma sombra de aproximadamente 20 cm de diâmetro em volta de seu corpo. Os dois sentiram um forte calor”, completou Listratov.
De acordo com o relator dessa ocorrência, o comandant
e da aeronave e seu co-piloto ficaram por um bom tempo inválidos, logo após o acidente. O co-piloto foi forçado a abandonar suas atividades aéreas por uma súbita deterioração em sua saúde, incluindo os períodos prolongados de perda da consciência. Já o comandante do avião morreu em poucos meses, sendo câncer a causa de seu falecimento, conseqüência da radiação que recebeu do UFO. Listratov ainda diz que cerca de 95% das aparições de objetos voadores não identificados na extinta URSS possuíam alguma explicação concreta. Muitas pesquisas a esse respeito têm revelado que existe uma grande incidência de foguetes queimados ou remanescentes de lançamentos espaciais mal sucedidos. Apenas 5% dos casos registrados não podiam ser explicados e causavam muita agitação entre cientistas e militares soviéticos. De forma bastante cética, o relator também informou que oficiais e soldados haviam lhe contado sobre seus contatos com UFOs e mostrado os relatórios de tais experiências.
Ao que parece, casos como esses tornaram-se comuns na extinta União Soviética, despertando o interesse das autoridades. Tanto que algumas iniciativas inéditas no país foram tomadas. O jornal Komsolskaya Pravda de 7 de outubro daquele mesmo ano, por exemplo, noticiou que a União Soviética havia acabado de abrir um centro oficiai para estudos.de UFOs, com sede em Moscou. Físicos, geólogos, astrônomos e psicólogos começaram a se empenhar na pesquisa ufológica, recebendo apoio científico e tecnológico do governo russo. Tudo isso, graças à abertura política e ideológica causada pela Glasnost. No dia 9 de outubro, a agência de notícias TASS relatou que um UFO havia aterrissado num parque da cidade Voronezh. Segundo a agência, o objeto foi observado por muitas testemunhas, inclusive crianças que brincavam no local.
Mas a fantástica casuística ufológica soviética não parou por aí: o KomsomsIkaya Pravda deu prosseguimento à avalanche de informações sobre casos registrados durante a onda ufológica de 1989 e, em sua edição de 12 de outubro, noticiou que um grupo de cientistas havia visitado um campo em Perm Oblast para investigar as suspeitas de que um UFO teria aterrissado naquela área e deixado para trás uma impressão circular de 62 m de diâmetro. Outro jornal, o Krasnaya Zvezda, de 13 de outubro do mesmo ano, publicou que um dos fatores importantes atribuídos ao aparecimento de UFOs naquela época era a histeria, ou seja: os avistamentos estavam sendo considerado por alguns órgãos de imprensa como algo psicológico e imaginário.
COMPAROU-SE OS RELATÓRIOS DE UM SUPOSTO ACIDENTE DE UFO NA RÚSSIA COM O CASO DA QUEDA DE UMA NAVE EM ROSWELL, EM 1947
De acordo com o jornal, muitos integrantes dos novos grupos ufológicos da União Soviética estavam liderando este fenômeno, que era muito parecido com a histeria resultante do programa de rádio de Orson Wells, 5 décadas antes, nos Estados Unidos. No programa de Wells, o radialista relatou uma invasão marciana nos EUA.
A onda ufológica soviética de 1989 não dava tréguas, tanto que as edições daquele mês do conceituado periódico Poisk traziam inúmeros artigos que contrastavam os pontos de vista de cientistas de dois institutos soviéticos, o Palácio da Cultura de Engenheiros Elétricos de Moscou e o Instituto de Magnetismo, Ionosfera e Propagação de Ondas de Rádio, como sedes em . Troitsk, Leningrado e lrkutsk. Nessa ocasião, o renomado físico Yuriy Platov, do Instituto de Magnetismo Terrestre, chegou a envolver-se na controvérsia e garantir que acreditava nas evidências de que foram de fato encontradas remanescências de um UFO em Dalnegorsk. Segundo ele, “…os materiais lá coletados são de origem extraterrestre e não restos de foguetes soviéticos acidentados”. A opinião de Platov, um eminente cientista consagrado em seu país, chegou a ser considerada uma oportunidade para que seus colegas também saiam do anonimato e declarem seus pontos de vista sobre o Fenômeno UFO. E assim foram surgindo novas vozes que, somadas, deram corpo ao embrionário movimento soviético de pesquisa ufológica.
O artigo da revista Poisk gerou muita polêmica. Tanto que o diretor da Comissão para Estudo de Objetos Voadores Não Identificados da União das Sociedades Científicas Azhazha, o próprio Vladimir Azhazha, entrou na disputa. Azhazha comparou os relatórios de um suposto acidente de UFO na Rússia com o caso da queda de uma nave extraterrestres no deserto perto de Roswell, Novo México, em 1947. O cientista, que é nome de rua em Moscou, acredita que há evidências suficientes para se intensificar as investigações sobre acidentes de UFOs tanto em Dalnegorsk quanto em Roswell. No último caso, Azhazha citou o testemunho de várias pessoas que dizem ter visto os corpos de 4 extraterrestres deitados perto da nave esmagada. A revelação de queda de UFOs na antiga União Soviética não é realmente uma surpresa: vários outros ufólogos e cientistas — alguns considerados dissidentes e exilados na Sibéria — já haviam declarado ter conhecimento de ocorrências desse gênero em várias partes do continente.
O Sotsialisticheskaya Industriya de 21 de outubro do mesmo ano, em meio à onda ufológica, observou que centenas de moradores da cidade Omsk haviam relatado a observação de um UFO na região. Muitas testemunhas relataram a observação diretamente para a redação do jornal. O artigo ainda incluía um relatório de um oficial militar, o major V. Logimov, que reagiu nervosamente ao aparecimento dos UFOs. “Devo declarar que nosso radar não detectou qualquer objeto e. assim, só podemos jazer relatos de observações visuais”, disse o major à imprensa. “O objeto estava sobrevoando a área a uma altitude de muitos quilômetros. A esfera brilhante estava visível e parecia ser tão grande quanto a lua no céu. Quatro projetores, alguns paralelos e alguns perpendiculares, estavam lançando muitos fachos brilhantes. O objeto ficou no campo de visão
por cerca de 5 minutos, flutuando sobre o Aeroporto de Omsk antes de descer um pouco”, terminou.
No relatório que o major faz aos seus superiores, há detalhes interessantes dessa observação ufológica. Por exemplo, os refletores do UFO foram desligados por alguns minutos e uma trilha espiral em forma de pluma instantaneamente apareceu em volta da esfera brilhante. Nesse momento, o objeto teria começado a recuar rapidamente na direção noroeste, ao mesmo tempo em que aeronaves de combate estavam sendo deslocadas de um aeroporto vizinho. Segundo os pilotos dos aviões, estes puderam observar o UFO a olho nu, mas não puderam detectá-lo nas telas do radar, cujos sinais não podiam acusar a presença de qualquer objeto estranho no céu. “Este acontecimento foi imediatamente notificado às autoridades e nossos colegas em Altay Kray, na área para onde o objeto voou, nos relataram que durante cinco minutos observavam o UFO”. disse o major Logimov.
“Isso significa que o objeto havia coberto uma distância de aproximadamente 600 km numa velocidade de 7.000 km/h”, completou o militar. Ainda de acordo com Logimov, todas as observações indicavam que o objeto eram de fato um UFO controlado por algum tipo de inteligência muito avançada. Assim, com tantos casos ufológicos acontecendo na mesma época, os ufólogos russos passaram a se reunir com mais freqüência para discutir os resultados de seus estudos. O jornal Sovestskaya Kultura de 28 de outubro de 1989 relatou os resultados de uma conferência em Petrozavodsk, em que participaram cerca de 100 cientistas de vários campos da ciência e tecnologia. O tópico principal da discussão foi a grande quantidade de avistamentos de objetos voadores não identificados na União Soviética e, dc acordo com o que publicou o jornal, mais perguntas sobre os UFOs foram levantadas nesta conferência do que respondidas. Aliás, como em qualquer congresso ufológico ocidental…