A relação entre Ufologia e Espiritismo não é recente. A ligação entre ambos é evidenciada frequentemente em obras literárias de uma e outra área, com suas fenomenologias entrelaçando-se e não raro abrangendo também campos como a psicologia e a parapsicologia. São tantas as pesquisas e publicações a respeito ao longo das décadas abordando o tema que o assunto nunca saiu da grande pauta ufológica, sendo exposto em debates, fóruns, seminários e citado em defesas de teses acadêmicas e afins, sobretudo nas ciências ditas humanas.
O estudo desta fenomenologia que acompanha ambos os campos, com a identificação e isolamento do que seria um fenômeno espiritual, paranormal ou ufológico, não é tão fácil como poderia supor um leigo ou um estudioso que se dedicasse apenas a um lado da questão, espiritual ou ufológico. As ocorrências são observadas e catalogadas e suas consequências, exaustivamente estudadas, muitas vezes se confundem, ou porque têm origens e parecem ter objetivos semelhantes, ou porque fazem parte de uma mesma realidade questionada há muito tempo, mas que se mostra a cada dia mais factível — a das múltiplas dimensões. Esta questão parece habitar o mundo da filosofia, mais alinhado ao da metafísica, e até poderia nele permanecer, não fosse sua manifestação se fazer presente também na área da física, totalmente observável e, portanto, fato passível de registro.
Um, dentre tantos exemplos que podemos citar para expressar o que dizemos, de modo a fazer breve introdução aos intrincados meandros que serpenteiam o assunto da presente entrevista, envolve o caso de uma chamada “luz de cura” — ou um UFO luminoso — que atingira o médium espírita Chico Xavier, em 19 de junho de 2001. O fenômeno, registrado pela câmera do operador da Rede Globo, Emerson Gondim, exibido no Brasil e no exterior, ocorreu no Hospital Doutor Hélio Angotti, em Uberaba, onde Chico, já idoso, esteve internado para tratamento de aguda pneumonia. A luz, ou UFO, que descera do céu diagonalmente em direção ao quarto do médium enfermo, proporcionou-lhe melhora imediata, inexplicável no seu quadro clínico segundo o médico que o acompanhava, doutor Eurípedes Tahan.
Vida em outra dimensão
O fenômeno foi estudado à época por técnicos em imagens da Universidade de São Paulo e pelo ufólogo Claudeir Covo, então coeditor da Revista UFO, hoje falecido, que sentenciaram tratar-se de um UFO em forma de luz, de origem desconhecida e que certamente veio com o objetivo de curar o médium. Para Chico, tratava-se de um feixe de luz emitido por sua falecida mãe, Maria João de Deus. Conforme seu primeiro livro a abordar a questão de vida inteligente fora da Terra, psicografado ainda em 1935, sua genitora visitara Marte após a morte, em espírito, e lá constatara a existência de vida em outra dimensão diferente da vivida em nosso planeta, quando encarnada esteve. Ainda segundo esses relatos psicografados pelo médium, a questão desse tipo de vida inteligente não se limitaria apenas aos orbes do Sistema Solar, mas estaria presente em todo o universo material e imaterial.
Para entender melhor esse tipo de fenômeno, extremamente sugestivo e vinculante à questão extraterrestre, convidamos para uma entrevista o administrador de empresas, pesquisador de Ufologia e Espiritismo e autor de várias obras abordando ambos os temas, o escritor Pedro de Campos. Entre seus livros estão Arquivo Extraterreno: Espíritos, Aliens e UFOs (2012), Os Escolhidos (2009) e UFO: Fenômeno de Contato (2005), estes últimos ditados pelo espírito Yehoshua ben Nun, todos pela Lúmen Editorial. Nossa conversa objetivou fazer um apanhado geral do ponto vista da Doutrina Kardecista, alinhando-a com a pesquisa ufológica desenvolvida nas últimas décadas.
Para você, como a vida começou na Terra?
De modo apenas científico, hoje se sabe com razoável certeza que no início formou-se no espaço uma grande nuvem de poeira e gás — os livros atuais mostram isso. Essas porções colidiram e uniram-se pela força da gravidade. Quando começaram a unir-se, formaram uma nuvem que começou a girar. Então o material mais denso ficou no centro da nuvem e o restante foi jogado à periferia. A quantidade de matéria do centro deu origem ao Sol e o material jogado na beirada formou anéis que deram origem aos planetas do Sistema Solar. Assim a Terra se formou, graças à ação da gravidade. Essa teoria é bem aceita, mas ninguém sabe com certeza quanto tempo nosso mundo girou no espaço como bola de fogo, rugindo em combustão, para, em seguida, virar um aglomerado mais quente do que qualquer coisa que possamos imaginar. Então, quando o globo adquiriu consistência, passou a lançar para fora de seu organismo lavas de vulcão. E milhões de anos se passaram até a superfície esfriar. Quando arrefecida, os organismos eclodiram, plantas foram capazes de crescer, vieram os animais e, finalmente, veio o homem. Nesse monumental percurso, verificou-se uma variação de vida extraordinária.
Como o gérmen inicial da vida foi capaz de suportar um calor tão grande?
Eis aí a questão. Eu dou crédito ao grande naturalista Alfred Russel Wallace, codescobridor com Charles Darwin da Teoria Evolucionista, que não achou resposta satisfatória para isso. Eu tenho o mesmo pensamento dele, ainda porque tal postulado está de acordo com a metafísica da Doutrina Espírita. Não há resposta razoável, possível ao materialismo. A vida não poderia ter existido em um planeta quente, vermelho como bola de fogo. Não há vida em tudo, não nas formas mais baixas e mais obscuras que conhecemos. Na Lua, por exemplo. Os materialistas sabem disso. Alguns saem dessa dificuldade dizendo que a vida choveu sobre a Terra em forma de meteoro. Penso que seja uma teoria simplista, até mesmo uma escapatória para empurrar o surgimento da vida para fora da Terra e não se pensar mais nisso.
Mas, então, qual seria a resposta para o surgimento da vida?
Ainda de modo científico, eu aqui me recordo da teoria do professor Wallace. Ele diz que houve em um momento na história da Terra, após o seu resfriamento, um ato definido como criação — algo veio de fora e o poder foi exercido do exterior. A vida foi dada à Terra. Para ele, é causa e não consequência da organização. A hipótese da evolução, uma vez admitida, é suficiente para mostrar o avanço da vida, mas não responde quanto ao seu surgimento. A Teoria Evolutiva procura explicar como a vida se adaptou e evoluiu, mas não como teve início. Não obstante as inúmeras experiências de laboratório, durante décadas ninguém jamais produziu vida e menos ainda com capacidade de replicar a si mesma. Tudo ainda está no campo da especulação, mas não se descarta que o homem um dia, brincando de Deus, consiga juntar os elementos fundamentais e, em condições adequadas, possa produzi-la em laboratório. Afinal, se para o espírito evoluído não há mistério algum, como ensina a Doutrina Espírita, para o homem que o encarna tal descoberta seria apenas uma consequência evolutiva.
A Teoria Evolutiva explica como a vida se adaptou e evoluiu, mas não como teve início. Não obstante as inúmeras experiências de laboratório, durante décadas ninguém jamais produziu vida e menos ainda com capacidade de replicar a si mesma.
O materialismo responde com os pensamentos de Aleksandr Oparin e experimentos de Stanley Miller, dizendo que a vida viera da lama por processo químico natural. A alegoria bíblica de que o homem veio do barro é certa?
O doutor Stanley Miller ensaiou por 40 anos com os elementos químicos anteriores ao surgimento da vida. Depois, declarou que nenhum de seus experimentos produzira matéria orgânica. Em tempos recentes, outros cientistas sintetizaram alguns arranjos químicos que estão presentes no composto vital, mas o acoplamento espontâneo de sistemas moleculares completos, para produção de vida organizada em modelos genéticos perfeitos, como sintetizada no DNA, continua sendo mistério. Na época de Wallace havia uma contentada entre o clero e os materialistas. A Teoria Evolutiva jogou uma bomba letal no sacerdócio das superstições. Então muitos se apressaram a concluir que um pouco de raciocínio lógico havia explicado o universo. Diziam que, se do barro o homem fora criado, a evolução dera-lhe o fim na poeira. Mas o materialismo não vingou até hoje e parece tão morto quanto o sacerdócio supersticioso. Penso como Wallace: “Há leis na natureza, mas são propositais”. E, como ele, tenho dificuldade a aceitar que o homem judicioso, sem preconceito, consciente da maravilha que é um corpo vivo, possa convencer-se e acreditar que seja um acidente do acaso, um evento natural cego — não é demais prever que o futuro será cheio de admiração e acatamento à ciência, com uma fé própria de seres inteligentes, capaz de entender os mistérios de modo suficiente.
E do ponto de vista espírita, como esse mistério da vida se resolve?
A vida é um fenômeno universal. A Doutrina Espírita, em seu postulado metafísico, dá que, em um primeiro momento, um imponderável “fluido universal” fora criado como única fonte para formação de todas as matérias do cosmos. Desse arquétipo padrão foi derivado um “fluido vital”, uma força capaz de fazer a ligação entre a matéria inerte e o potencial inteligente, ou espírito. Além disso, a chamada Causa Primeira criou também um “princípio espiritual”, um ser inteligente virtual capaz de moldar na sua íntima organização os elementos da matéria. Então a força criadora externa juntou matéria e espírito, ligou-os entre si com a energia vital e deu origem à “alma” — potência inteligente inserida na matéria inerte, unida a esta pelo fluido vital. O princípio espiritual, previamente organizado pela Causa Primeira, plasmou na matéria sua estrutura imponderável e deu origem à vida. Em outras palavras, a potência inteligente, acoplada às raízes da matéria pelo fluido vital, arranjou vida corpórea. Portanto, a Doutrina postula que a vida física seja um prolongamento da vida espiritual, uma metamorfose do intelecto incorpóreo.
E quanto ao homem, como ele apareceu nesse contexto?
O postulado é que o espírito organizou a vida na matéria e eclodiram os primeiros organismos. Depois, pelo processo de reprodução, recebendo sempre doações externas, o projeto inteligente deu causa a seguidas melhorias em si mesmo. E prosseguiu evoluindo até se verificar um novo grande momento, amplamente diferenciado, quando o princípio espiritual, agora evoluído, foi baldeado para um corpo melhor, para uma máquina corpórea que ele mesmo, sem que soubesse, ajudara a plasmar nos laboratórios siderais — mas sob a regência de um poder soberano, que se encarregou de dar causa e organização ao primeiro tipo humano. Nesse ponto, na esfera espiritual despertou o espírito humano, cuja atividade psíquica, dotada de novas potencialidades, seria capaz de interagir no mundo incorpóreo com intuição, independência e moralidade. A antiga “alma vital”, a partir desse momento, se fez “alma espiritista”. E na crosta terrestre desabrochou um indivíduo consciente, o homem moderno.
Poderia explicar mais esse conceito espírita de criação humana?
Sim. Em outras palavras, o poder externo, com o propósito de evoluir o princípio espiritual, fez desabrochar a alma humana e a forma simiesca se fez homem. Então progrediu e superou todas as outras criaturas que lhe antecederam, sobrepujou a inteligência rudimentar, movimentou pensamentos, adquiriu novas funções corpóreas, projetou da alma para o corpo sua beleza em potencial e as qualidades artísticas. E ainda extravasou sentimentos, apurou a moral e distanciou-se cada vez mais das outras espécies criadas na Terra. Em suma, embora a matéria terrestre, em seu início, contivesse em si os elementos da vida em estado latente, o poder soberano desencadeou a ação criadora plasmando uma inteligência virtual que ativou as substâncias da terra e fez eclodir os organismos. Depois, quando as criaturas já estavam evolucionadas, provocou outra ação de grande efeito, na qual o “princípio espiritual” se fez “espírito humano”, então o símio evoluído tornou-se homem, chegando por evolução ao que somos hoje.
Pensando fisicamente nessas “doações externas”, como você as menciona, teria havido interferência direta de genética alienígena na evolução do modelo simiesco para a versão atual do homem?
Que houve a passagem evolutiva entre os vários tipos de símios não há dúvida — os fósseis mostram isso de modo notável. O que não há são os indivíduos intermediários de várias espécies. Em particular, não obstante a intensa procura, falta-nos as formas de transição da passagem do símio para o homem. Trata-se de uma lacuna chamada de “elo perdido”. No Darwinismo, a passagem de uma espécie a outra é muito lenta. Contudo, a do símio para o homem foi abrupta, repentina, sem a necessária especiação, e os fósseis de transição não foram achados. Não há indivíduos transicionais, há apenas símio e homem. Assim foi possível supor que houve uma rápida transição genética, efetuada sugestivamente por doação externa.
Então surge a pergunta: quem teria feito essa doação externa ao homem?
Há ao menos três hipóteses principais sobre essa força externa doadora. Para a maioria dos espiritualistas, a força externa é Deus. Para outros, como os espíritas, são os prepostos da Causa Primeira, os espíritos superiores. Para a Ufologia, são os extraterrestres. Cabe ao pesquisador reunir os vestígios possíveis para montar o quebra-cabeça. Dessas três hipóteses, as duas primeiras, a espiritualista e a espírita, corroboram com apontamentos de ordem metafísica, que são escrituras religiosas, manifestações mediúnicas, doutrinas filosófico-teológicas. A terceira hipótese corrobora com indícios investigáveis em incidências ufológicas, o que desperta interesse prático em razão de a Ufologia ter importância militar, questão de segurança nacional, cujos vestígios físicos podem ser positivamente investigados. Embora o mundo espiritual ainda não possa ser submetido ao mesmo modo, os informes dessa origem são importantes ao entendimento daquilo que a ciência não alcança, mas possíveis de se notar na Ufologia. Associando então Ufologia e ciência ou, na ausência desta, os informes de ordem espiritual, chega-se à montagem mais ampla do quebra-cabeça, útil para decifração dos fenômenos. Penso que fazendo a orquestração de todos os seres vivos e de todas as coisas do universo haja uma infinidade de seres que trabalham em tarefas bem definidas, tal como nós para darmos conta de nossas obrigações, mas em um patamar muito superior.
Vamos nos concentrar mais nessa doação externa ao corpo do homem sob o ponto de vista espírita, mas em uma amplitude universal. Como ela seria feita?
Eu não pretendo aqui mostrar literalmente a filosofia espírita, apenas ressalto que há uma consciência diretora que rege o concerto da vida em todos os distritos espaciais e, também, nas profundezas etéreas do cosmos. Há inteligências de natureza diferente da nossa dirigindo e controlando a perfeita orquestração de todos os seres vivos e de todas as coisas do universo. São entidades imateriais, semimateriais e seres físicos muito superiores a nós, tanto em poder realizador quanto em inteligência.
São os seres extraterrestres da Ufologia?
Chamá-los de extraterrestres, anjos, deuses, espíritos ou qualquer outro nome é indiferente. As evidências práticas de suas realizações são mais importantes do que a denominação. Mas de modo apenas científico não há ainda acesso ao mundo onde operam essas inteligências, para sabermos como é feita essa doação externa nem como chega ao DNA modificando os seres vivos. Contudo, nós temos olhos de ver e cabeça para raciocinar e concluir que em uma minúscula célula, no sangue do nosso corpo, na nossa estruturação de vida e nessas monumentais amplidões siderais há movimentos inteligentes e propósitos definidos — intelecto regente e mentes inumeráveis fazendo a orquestração de tudo que existe.
Como você observa esse intelecto no dia a dia, de modo mais prático?
Quando vamos ao restaurante em turma, cada um pede a comida de seu gosto, que pode ser a mais variada possível. Mas o principal resultado é sempre o mesmo — a comida é convertida em sangue. Um fato maravilhoso e ao mesmo tempo desconcertante quando se notam os resultados. O sangue que circula no corpo torna-se um fio de cabelo em um ponto e, no outro, vira unha. Transforma-se em osso e em tecidos moles. Vira pele, muda para músculo, nervo e olhos. O citado doutor Wallace diz que materialismo forja palavras como secreção para explicar isso, mas nenhuma delas que signifique ato acidental pode explicar o mistério inteligente que há no processo — um líquido comum é capaz de alimentar matrizes distintas e formar maravilhas.
Então, o que há por trás disso?
Esse fluido, inconsciente de si mesmo, sem inteligência, desempenha funções diversas no corpo. E é preciso lembrar que seu fluxo é incessante, contínuo até a morte. Nos animais, ele alimenta e dá formação aos pelos, às penas das aves, ao bico dos pássaros, às escamas, aos ossos flexíveis dos répteis, aos músculos, ao cérebro que produz sons e melodias etc. Ele repara os tecidos lesados e restaura as energias, faz e refaz o nosso corpo em todos os instantes. Então é preciso refletir e indagar na linha de pensamento de Wallace. Não é loucura dizer que o sangue pode fazer todas essas coisas maravilhosas e diversificadas de si sem uma consciência diretora? Que sem saber direção, flua para a ponta dos dedos e, por acidente, se torne unha? Que suba ao crânio, que forme os ossos e, de modo fortuito, se torne cabelo? Será que é mais consoante à razão dizer que o sangue faz o trabalho por si só, sem querer fazê-lo, ou que é controlado de modo inteligente para propósitos definidos e direção consciente? Qual a teoria mais saudável? Qual a mais racional? Aí então surge o projeto inteligente — a alma adstrita ao corpo, potência inteligente criada para despenhar as funções. E a força inteligente que a criou faz doações a ela e a tudo que lhe é necessário para evoluir sem que saibamos como — esta é a chamada Causa Primeira.
A ciência diz que o sistema nervoso autônomo e os outros fazem o trabalho completo. O que diz disso?
O mundo acadêmico tem as suas explicações funcionais, resultado de muito estudo acertado, mas às vezes insuficientes. O que me refiro é sobre a inteligência que há por trás de todo esse processo. No íntimo de cada corpo vivo há uma alma, uma consciência imponderável. Um fragmento dessa alma dedica-se ao trabalho do corpo que ela mesma preside, faz a gestão inteligente das células, de cada aparelho e dos sistemas do organismo. Faz toda a orquestração sem o saber consciente do cérebro. Eu chamo esse ser imponderável de alma. E penso que fazendo a orquestração de todos os seres vivos e de todas as coisas do universo haja uma infinidade de seres que trabalham em tarefas bem definidas, tal como nós para darmos conta de nossas obrigações, mas em um patamar muito superior ao nosso.
E quem seriam esses seres do universo?
Para mim, que tenho absorvido a metafísica espírita, o universo está povoado de espíritos encarnados e desencarnados, de seres inteligentes com aptidões e deveres semelhantes aos nossos, mas muito mais dilatados, mais vastos. Penso que haja uma subida gradual do homem para cima e para frente, galgando mundos cada vez mais superiores. Nessa subida rumo à Causa Primeira há interferência de uma legião quase infinita de seres, dos quais nos é impossível falar — os informes metafísicos denotam uma variedade infinda de vida e de formas. Esses seres agem e nos facilitam a subida, sem que a Causa Primeira faça contato pessoal. Isso não quer dizer que o controle sobre nós seja absoluto nem que seja uma interferência apenas natural. Com certeza, é feito com leis absolutas e irrefutáveis que regem tanto os seres vivos como as coisas do universo, mas dependem de nós em grande parte para o sucesso da nossa evolução. Creio, assim como outros, que essa influência seja sem intromissão física direta e que todo esse trabalho seja tão difícil a esses trabalhadores como o é para nós a conservação deste planeta.
Tratando da questão extraterrestre, cujos vestígios deixados na casuística são substanciais, que tipo de espécie alienígena teria interferido na genética humana?
As abduções e os contatos amigáveis de terceiro grau são testemunhados por pessoas saudáveis. Há muitos casos bem estudados e dignos de crédito. Não pretendo aqui me estender sobre eles, pois já o fiz em vários livros. Há contatos não oficiais com seres diferentes do homem e, também, com os que nos são parecidos. Estes poderiam ter dado origem à nossa espécie, dada à sua semelhança fisionômica conosco. O tipo nórdico é a entidade em questão. Ele tem a silhueta dos seres humanos, mas sua figura denota um porte físico superior, quer na estética corpórea quer na natureza de seu corpo. Possui inteligência e espiritualidade mais elevadas do que a nossa. Sua capacidade científica e suas realizações tecnológicas são para nós inconcebíveis. De modo comparativo, embora tendo tudo a seu favor, essa entidade está longe de ser arrogante ou ameaçadora aos humanos, ao contrário de nós, que somos perigosos. O ET de tipo nórdico é uma entidade especial. Ele tem a silhueta dos seres humanos, mas sua figura denota um porte físico superior, quer na estética corpórea quer na natureza de seu corpo. Possui inteligência e espiritualidade mais elevadas do que a nossa.
A figura de Ashtar Sheran estaria então nesta questão?
Esse tipo nórdico possui um rosto de esplêndida feição, lembrando na espécie humana o gênero feminino, embora seus demais traços sejam masculinos. Os seus contatados, arrebatados pelo esplendor de sua nave e da sua tripulação, retratam-no como entidade de elevada moral, de amplo poder e vasta sabedoria. Ele se apresenta como tipo humano mais evoluído, como se já tivesse percorrido extensa jornada evolutiva, ainda não alcançada por nós. Na Ufologia, é o tipo mais semelhante ao nosso. São seres com as nossas feições e, como não sabemos os caminhos futuros da nossa evolução como espécie, não se descarta que sejam hoje o que seremos nós amanhã. Sendo assim, tal espécie poderia ser a nossa genitora, a que nos dera origem em um passado remoto. Segundo informes, são de outra galáxia entes luminosos que chamamos anjos. E o nome de seu comandante, segundo os testemunhos, confirmado no Brasil por Chico Xavier e na Itália por Giorgio Bongiovanni, é Ashtar Sheran. E não são poucos os que têm essa entidade como Miguel, anjo que a alegoria artística armou de uma espada flamejante para impedir os seres inferiores de penetrar neste domínio antes de merecê-lo, e possibilitou à engenharia genética sideral, por assim dizer, desenvolver a raça adâmica em nosso planeta.
Em que medida a Doutrina Espírita aceita essa possibilidade?
Os espíritas têm que a chamada raça adâmica, da qual emerge o homem moderno, seja oriunda de um orbe que gira em torno da estrela Capella, na Constelação de Auriga. Tivemos a chance de escrever sobre a doutrina dos anjos decaídos e o paraíso perdido no livro Colônia Capella: A Outra Face de Adão (Lúmen Editorial, 2002). Entidades de elevada hierarquia prepararam os espíritos decaídos para encarnar na Terra e promover a transformação do símio em homem moderno.
Como se sabe de tudo isso?
Pelos postulados espíritas, que dão conta de que há laboratórios no mundo invisível em que as propriedades da matéria são modificadas. Considera-se que é possível fazer perguntas aos espíritos elevados e obter boas respostas sobre a vida em outros mundos. No universo há muitas moradas e diversas categorias de mundos habitados e os anjos são almas, ou espíritos encarnados, que alcançaram o grau de perfeição que a criatura comporta. Também se acredita que a humanidade não se limita à Terra, mas que habita inúmeros mundos do espaço, que já habitou mundos desaparecidos e habitará outros ainda não formados.
Nesse contexto, o que pensa sobre a eclosão de vida extraterrestre?
Na formação dos mundos universais há algo semelhante ao que sabemos sobre o que está mais perto de nós, como o surgimento do nosso Sol, dos planetas do Sistema Solar, da eclosão da vida e sua evolução até a entidade tornar-se inteligente, realizadora de tecnologia e capaz de viajar pelo espaço. Todo esse processo que conhecemos aqui, por lógica, deve ter ocorrido também em distritos espaciais distantes. Isso nos diz que não estamos a sós no universo. Outros tipos de vida, com bioformas variadas e propriedades diferentes das nossas, podem existir. Os contatos de terceiro grau e as abduções testemunhadas na Ufologia dão mostras de que a vida no cosmos não é apenas teoria, mas existência efetiva da qual estamos tomando consciência. Penso que se aproxima o tempo em que tudo ficará mais nítido em termos de natureza de vida fora da Terra e suas variações.
A casuística ufológica é farta, mas não é aceita pela ciência. O que pensa disso?
A chance de existir vida inteligente no universo é real — e os vestígios são abundantes de que os ETs estão nos visitando e são mais avançados do que nós. Há casos e mais casos em vários países, testemunhados por pessoas acima de quaisquer suspeitas e bem investigados. A dificuldade está na comprovação científica dos fatos, porque as viagens são insólitas e rápidas, totalmente desconhecidas da nossa ciência. Não temos ainda fundamento científico para entender na prática como entidades de físico frágil possam vir à Terra de tão longe, viajando com velocidade acima da luz — hoje impossível à nossa ciência — ou, ao menos, com velocidades próximas da luz. E até mesmo que possam dobrar o espaço com tecnologia avançadíssima, sem prejuízo nenhum à sua matéria corpórea e ao veículo espacial, deslocando-se incomensuráveis distâncias quase instantaneamente, por exemplo, pelos chamados “buracos de minhoca”. São fatos inconcebíveis para a nossa ciência. Embora haja alguma chance teórica, em termos viáveis tudo é mistério. Em razão disso, sobreveio o acobertamento e a negação dos fatos, mesmo porque os contatos imediatos não são nada parecidos com os nossos, entre seres humanos, o que nos sugere a existência de espécies muito diferentes da nossa.
As pessoas sabem que os governos mentem quanto aos UFOs. O que está sendo feito para mostrar a verdade?
Sim, as pessoas sabem. E ao contrário do que alguns acham, não esquecem. Parte do nosso trabalho é divulgar a casuística bem documentada e ver a reação do público. Além de livros, revistas e jornais, temos também palestras, congressos, filmes, documentários, vídeos, fotos e muita tecnologia que nos ajuda a mostrar os UFOs. No Brasil, uma pesquisa de opinião do canal History Channel, quando da exibição da série Arquivos Extraterrestres, apurou que 95% dos expectadores aceitam que estejamos sendo visitados, percentual que tende a diminuir em uma apuração de âmbito nacional, mas não ficaria muito abaixo. Em setembro de 2015, a YouGov, multinacional britânica de pesquisa de mercado, divulgou que 56% dos alemães, 54% dos norte-americanos e 52% dos britânicos estão certos de que existe vida extraterrestre em condições de comunicar-se conosco ou de visitar-nos sem que saibamos como. Os números no Brasil são mais expressivos, resultados de investigação séria, precisa e confiável, não produto da imaginação, como advoga a Teoria Psicocultural. O povo, quando tem chance de ver o material ufológico reunido e de questionar os ufólogos sobre os casos apresentados, toma posição. Os contatos de terceiro grau e as abduções dão mostras de que a vida no cosmos não é apenas teoria, mas existência efetiva da qual estamos tomando consciência. Penso que se aproxima o tempo em que tudo ficará mais nítido quanto à vida fora da Terra.
Você não acha que a dita evolução humana, tanto do ponto de vista científico quanto espiritual, passa pelo conhecimento destas verdades que os governos escondem?
Esconder a verdade não tem sido a melhor solução aos que recebem a notícia alterada. A falta da verdade apenas encobre deficiências do responsável pelo encobrimento, que não sabe enfrentar a realidade e mede os outros com a mesma medida insegura de si mesmo, levando a erros e a prejuízos ainda maiores, porque a mentira rola como bola de neve e avoluma. As autoridades, ocultando os casos ufológicos, retiram do mundo da ciência a chance de decifrar o enigma, deixando os cientistas no escuro. A máxima, “conhecereis a verdade e a verdade vos libertará” (Jó 8,32), foi uma exortação de Jesus aos que estavam habituados à mentira e viviam no prejuízo do engano — falando a verdade, o Cristo haveria de colocar as coisas no seu devido lugar, como de fato as colocou em termos espirituais. Quando os governos observarem o exemplo cristão e enfrentarem os fatos ufológicos com a verdade, novos caminhos serão abertos para superar a falta de saber científico e ampliar o conhecimento humano.
Lendo a Bíblia, nota-se muitas passagens que sugerem visitas extraterrestres. Como o Espiritismo vê a questão? E você, como ufólogo e espírita?
Nas escrituras há relatos intrigantes. A Doutrina Espírita não faz distinção entre as manifestações espirituais ou extraterrestres — de modo geral, em razão de estarem associadas ao imponderável, considera-as pertencentes genericamente ao mundo espiritual e vê diferenças substanciais de evolução entre o homem e as entidades. Quanto a mim, fico intrigado com alguns informes. A Bíblia fala em “carros de Deus”, “carros da vitória”, “brilho com aparência de fogo que resplende ao redor”, “roda brilhante que entra no meio de outra roda e move-se nas quatro direções”, “roda na terra junto aos seres luzentes”, “seres luzentes semelhantes ao homem” etc. Então a indagação é natural: em vez de anjos com asas, seriam astronautas que voavam naqueles engenhos? A pergunta foi feita por Erich von Däniken. Os religiosos chamaram-nos de anjos e o imaginário artístico representou-os com asas, porque antigamente tudo que voava deveria ter asas. Hoje, considerando-se as descrições bíblicas e a modernidade dos tempos, aquelas entidades ficariam mais bem representadas com traje brilhante de astronauta e a bordo de engenhos voadores com formato discoide. A evolução altera tudo.
De fato, as escrituras cuneiformes do Oriente ao Egito, os épicos sumérios, hindus e a Bíblia sugerem interferência alienígena na criação e no avanço evolutivo do homem. Como os postulados espíritas tomam as realidades ufológicas e a Ufoarqueologia?
A Ufoarqueologia não é nada mais que examinar os antigos vestígios do passado, como desenhos rupestres, escrituras em cavernas, câmaras mortuárias, monumentos e realizações antigas com a ótica da cultura atual. Não dá mais para observarmos os feitos humanos da pré-história com os olhos do passado, porque para nós aquelas interpretações ficaram obsoletas — naquela época, não havia avião, televisor, computador, celular, espaçonave, aparelhos de navegação aérea e tantas outras coisas que nos fazem examinar os rastros do passado e seguir outra lógica interpretativa. Hoje, todo tipo de voo para alcançar grandes distâncias usa engenhos voadores. Ícaro ficou no passado e a evolução científica sobreveio. A cultura atual nos faz ver a pré-história e a Antiguidade com os olhos da ciência moderna. A Doutrina Espírita tem um norte a seguir, dado na própria codificação: “Marchar sempre com a ciência e assimilar todas as doutrinas progressivas, de qualquer ordem que estas sejam, chegadas ao estado de verdades práticas” — tal como a Ufologia e a Ufoarqueologia — “e saídas do domínio da utopia” [Gênese I, 55]. Portanto, o espírita que assim não procede, desconhece tal preceito ou não pode se dizer um espírita atualizado na verdadeira acepção doutrinária.
Como você, espírita, interpreta os clássicos da Ufologia, como os casos Roswell e Varginha?
No cosmos há espíritos encarnados em corpos de natureza física (ETs) e ultrafísica (UTs). Na Ufologia, segundo os testemunhos, os extraterrestres são densos, seres de mundos tridimensionais, enquanto os ultraterrestres são de plasma sutil, entidades de dimensão rarefeita. Na acepção da palavra, ETs são seres materiais como nós. Já os UTs são entidades constituídas de um plasma corpóreo que pode ser adensado, permitindo sua interação em mundos tridimensionais como o nosso. É preciso destacar, como já observado nos feitos sem explicação científica, que mesmo as coisas densas, absolutamente materiais, como os ETs, podem entrar em ambientes fechados por meio de apports, ou seja, por transferência física paranormal de um recinto fechado a outro distante, viajando por fora do nosso espaço ou expandindo e retraindo as moléculas. Sendo ambas as criaturas vivas, elas podem morrer no nosso ambiente e deixar vestígios. Os alienígenas de Roswell e de Varginha estão dentre esses — eles morreram e foram autopsiados para estudo, em ambiente militar nos Estados Unidos e, no segundo caso, também no Brasil.
Em que estágio evolutivo material e espiritual estariam os seres capturados por militares em Roswell e Varginha?
Além de ter lido e trocado ideias com investigadores desses casos, tive oportunidade também de conversar sobre Roswell com o estigmatizado italiano Giorgio Bongiovanni e sobre Varginha com o espírito-médico Doutor Fritz, para saber também do ponto de vista metafísico. Estive na cidade de Varginha, conversei com moradores que viveram os fatos e procurei saber das autoridades a razão de sua postura apenas turística para tratar o assunto. As melhores informações sobre Roswell dão conta de que as criaturas foram acidentadas e não eram da espécie inteligente que estava no comando da missão. Sobre Varginha, tem-se que as criaturas eram uma espécie de servidor pacífico, de inteligência limitada, que de maneira proposital fora deixada ali para permitir estudo das nossas reações. Outras entidades que faziam parte da missão e sobrevoavam o local, fizeram o serviço. O que se pode falar da evolução corpórea e espiritual dessas criaturas é apenas o que foi oferecido por elas — beleza física, refinamento fisiológico e agressividade não havia. Nas de Roswell notou-se capacidade intelectual e nas de Varginha eram seres muito limitados, a ponto de serem tomados como materialização do mundo espiritual, não fossem os testemunhos da nave e outros vestígios ligados à Ufologia.
Podemos concluir disso que existe hipocrisia do governo e de alguns cientistas que negam sistematicamente os fatos, além da mídia?
Nós estamos cansados de ver a dissimulação em todas as áreas do poder: basta abrir os jornais e ler sobre a Lava e esta hipocrisia geral. A imprensa tem ajudado muito ao conhecimento de incidências ufológicas importantes, mas não se envolve em demasia, porque teria de fazê-lo com jornalismo investigativo, cuja especialização é dos ufólogos — a boa reputação precisa ser preservada e o fato incomum não pode lhe trazer descrédito. Na Ufologia há muitas fraudes, alarmes falsos e banalização do fenômeno em páginas eletrônicas que dificultam o trabalho. O Brasil teria de instituir um órgão oficial investigativo, dotá-lo de recursos e atribuir a uma universidade a tarefa de estudar a casuística ufológica, subsidiando as investigações militares. Seria uma chance de responder de modo acadêmico a perguntas capitais e de estender o controle do espaço aéreo a investigações de campo. Não dá mais para aceitar a dissimulação de quem alega que não há perigo algum, sem saber o que são os UFOs e, talvez, o que poderia ser um sistema de camuflagem altamente aperfeiçoado. No cosmos há espíritos encarnados em corpos de natureza física e ultrafísica. Na Ufologia, os extraterrestres são densos, de mundos tridimensionais, enquanto os ultraterrestres são de plasma sutil, entidades de dimensão rarefeita. Interagem conosco.
Qual é a sua visão da chamada “data limite”, atribuída ao médiummineiro Chico Xavier?
Precisamos observar que, na Ufologia, além das pesquisas científicas, há também as variáveis metafísicas não acessíveis à ciência positiva. São exemplos disso os avistamentos e contatos próximos, obtidos por interação telepática do alienígena com o homem. O Caso Alexânia é exemplo típico: uma equipe capacitada, com militares e funcionários do Governo Brasileiro, colheu informações telepáticas, marcou encontros com alienígenas, fotografou naves e fenômenos luminosos, fez gravações em áudio e seguiu as incidências por quatro anos, de 1968 a 1972 — tudo documentado pelo general Alfredo Moacyr de Mendonça Uchôa. A chamada “data limite”, como denominada comercialmente, embora seja de origem metafísica, é diferente do Caso Alexânia no sentido de o contato estar previsto para uma época futura — 50 anos depois do informe e desde que o homem, nos vários quadrantes da Terra, tivesse evoluído para conduta humanitária, capaz de manter contato fraterno entre si e com outras civilizações mais avançadas. Após essa previsão de Chico, todos nós ficamos no aguardo. Hoje, a ansiedade aumentou, porque o ano divisor de águas é 2019. Quanto a mim, comparando as previsões daquela época com a situação atual, penso que o propalado ano terá de ser postergado…
O médium mineiro acertou tanta coisa, será que vai errar justo agora?
Não, não é uma questão de erro. O que me chama a atenção é o que ainda não pôde ser realizado — a humanidade ainda não se capacitou ao contato. A condição principal era a de não entrarmos em guerra de proporções enormes, afastando o perigo nuclear. Mas isso ainda não está resolvido. Enquanto houver uma nação que se sinta ameaçada, ela vai procurar segurança na arma nuclear. Esta tem sido a tônica. Hoje, a Rússia parece contida, mas a China busca liderança mundial e o preço pode ser alto. Nações menores também se sentem inseguras, como a Coreia do Norte, o Irã e as do Oriente Médio. Isso nos sugere um futuro de potencial instável, altamente perigoso. O dia para cessar tais indisposições parece distante, porque depende da acomodação de interesses conflitantes e da evolução do sentimento fraterno, não realizáveis da noite para o dia, mas no curso das gerações. A condição pacífica para um contato amigável e contínuo ainda não está satisfeita.
Deste ponto de vista, como se encaixa o Brasil no atual contexto histórico? E a propalada terra “coração do mundo, Pátria do Evangelho”?
O Brasil não tem problema de ordem bélica com as nações vizinhas, nem busca liderança para submeter outros povos. Toda atividade nuclear em Território Brasileiro é exclusivamente para fins pacíficos, como garante de modo pétreo a nossa Carta Magna. O problema aqui é de subsistência. Vale lembrar que no início da civilização os homens uniram-se em busca de segurança mútua. Depois fizeram criação de animais, lavouras e mercancia para facilitar a vida. Trocaram informações sobre ervas e trataram os doentes. Por fim, fizeram escolas, buscando instrução. No Brasil de hoje faltam essas coisas básicas: não há segurança, a saúde e a previdência são precárias, não há escola pública satisfatória e a impunidade campeia. Então prolifera a malandragem, o roubo, os crimes, o colarinho branco. O povo simples tem bom coração, sua índole é pacífica e sua esperança no futuro são qualidades para fazer do Brasil “coração do mundo e Pátria do Evangelho”. Mas estas previsões não estão longe de ser alcançadas.
Que juízo você faz do que vem acontecendo ultimamente na política brasileira?
Após o estado de exceção, instaurado pelas autoridades na última emergência nacional, observou-se no Brasil ampla abertura com o Estado Democrático de Direito, expresso na Carta Magna de 1988. Contudo, os excessos do passado compeliram os legisladores pós-constituintes a grandes aberturas. Ocorre que essa linha legislativa, ao longo das últimas décadas, causou forte desequilíbrio entre o ilícito praticado e a punição imposta ao infrator. Em outras palavras, o crime passou a valer a pena em quase todas as esferas. Para agravar, das camadas profundas da mente afloraram antigos impulsos negativos. Então os ilícitos foram incrementados, vieram os subornos, a dilapidação do patrimônio, o dinheiro escondido, a lavagem dos crimes, os delitos ambientais e toda espécie de dissimulação, encobrimento, acordos lenitivos e delações premiadas a granel — a imoralidade político-administrativa se alastrou como peste, desde o mais simples até o mais alto posto da República. Nesse charco, não foram poucos que se adaptaram ao desregramento e repassaram o vírus, causando a putrefação quase total dos poderes públicos.
Médiuns e autores espíritas afirmam que políticos e governantes são influenciados por espíritos negativos. Alguns chegam a identificar ETs que teriam aportado aqui em tempos imemoriais e ficado como opositores do bem. Existe algum fundamento nisso?
Eu posso aceitar alguns informes de âmbito negativo e que haja confrontação entre o bem e o mal em termos espirituais, porque a alma, ainda carente de evolução, é como um jovem imaturo que comete delitos, ou seja, falível nas primeiras fases da evolução. Há vários informes nas escrituras sobre tais casos, e Cristo se defrontou também com forças negativas que quiseram precipitá-lo do monte. Basta ler os evangelhos para ver. Mas hoje, em termos ufológicos, o que vemos na maior parte é a confirmação de que a Teoria Psicocultural de Jung tem o seu valor e serve para explicar muita coisa não corroborada pela casuística positiva, nos moldes explicitados pelo ilustre fundador da psicologia analítica e da escola ufológica aqui citada. Os extraterrestres, propriamente ditos, para chegarem ao nosso planeta, precisariam de muita tecnologia e evolução. Assim, não tem sentido lógico postular tal oposição em sentido físico sem nada haver no espaço que possamos identificar com os nossos aparelhos.
Tendo como forças filosóficas o Espiritismo e a Ufologia, o que esperar disso tudo que se apresenta?
Embora a Doutrina Espírita e a Ufologia não sejam afetadas em sua essência pela política, a primeira porque é doutrina independente e a segunda porque depende exclusivamente de incidências físicas de fora da Terra, o fato é que tanto o movimento espírita quanto o ufológico recebem cargas negativas. As dificuldades políticas que assolam o país aumentam os custos das iniciativas particulares, erguem obstáculos para atividades beneficentes, reduzem os congressos, as palestras, a produção de livros e de revistas especializadas. As atividades científicas e culturais diminuem no todo, enquanto as de âmbito religioso tendem a aumentar, porque lidam com a esperança do povo. Em períodos assim, as mensagens consoladoras expandem como se fossem vacinas, antivirais para imunização, alívio e afastamento das aflições. A esperança é a de que surjam novos líderes nacionais que representem e façam valer as legítimas aspirações do povo. Uma delas é a abertura total dos arquivos ufológicos, inclusive os do Exército e Marinha, instituições que nos devem muita informação [Apenas a Aeronáutica participou do processo de abertura ufológica em nosso país].
As doutrinas de cunho cristão, como a espírita, têm trazido propostas elucidativas à Ufologia. Como o estudo do Espiritismo pode se unir à Ufologia na busca da verdade, beneficiando o homem via contato formal com outras civilizações?
Tenho a impressão de que seja fazendo de modo massivo o que temos procurado fazer há anos — mostrar que não estamos a sós no universo. O Fenômeno UFO corrobora de modo prático o postulado espírita da pluralidade dos mundos habitados. Um dia, por certo, haveremos de fazer contato formal com outra civilização de mundo físico como o nosso. Enquanto isso, nós não podemos nos esquecer de que nas profundezas etéreas do cosmos há também espíritos encarnados em corpos sutis, os ultraterrestres, cuja manifestação é algo similar à dos espíritos. Os ultraterrestres contatam por telepatia os seres humanos e mais facilmente os médiuns. São capazes de mostrar a céu aberto seus engenhos, sem prejuízo aos humanos. A interação mútua entre o homem e essas entidades pode ser feita nas associações espíritas de um modo geral, basta gostar da ideia e ter a mente aberta às novas que hão de vir, que podem ser corroboradas pela ciência espírita e trazer grandes avanços ao saber prático de outros tipos de vida na vastidão infinita do cosmos.
Você tem falado desde o começo de suas pesquisas sobre a existência desses seres ultrafísicos, os ultraterrestres. O que o levou a isso?
Desde a minha juventude tive interesse pelos aspectos científicos da Doutrina Espírita. Nas manifestações espiritistas que pude assistir havia fenômenos para mim inexplicáveis, embora eu ouvisse das pessoas que participavam das sessões comentários metafísicos. Os fenômenos eram incríveis e havia história de outros. Não era rara a materialização de partes do corpo, como um dedo indicador, e fenômenos de apport de pedras, que surgiam no ambiente, vindas do nada. Depois da sessão, não era incomum alguém dizer que já assistira a uma materialização inteira do corpo e outros feitos ainda mais magníficos, como intervenção cirúrgica e cura de pessoas — tais fenômenos eram testemunhados por quem frequentava assiduamente as sessões espíritas de efeitos físicos. Certa vez houve quem me chamasse atenção para o fato de que as entidades à frente daqueles trabalhos não eram terrestres. Então, meu interesse voltou-se para os seres ultrafísicos de outros mundos, eméritos conhecedores do corpo humano, que faziam aquele serviço em particular. O nome ultraterrestre que uso nos artigos veio dos estudos do astrônomo francês Camille Flammarion.
E nos arquivos oficiais liberados pelos governos, você achou algo sobre ultraterrestres?
Recentemente, em 2013, o Escritório Federal de Investigação (FBI), norte-americano, divulgou documento sobre um incidente datado de 08 de julho de 1947, em San Diego, Califórnia. O então diretor do órgão, Edgar Hoover, enviou-o a um tenente-coronel. Era o interrogatório da testemunha principal, que entrara na nave. Ali é dado que uma parte dos discos é tripulada e a outra dirigida por controle remoto. Diz o documento que a missão dos ETs é pacífica e eles nos observam atentamente, para decidirem o que fazer. Informa que os seres são semelhantes aos humanos, mas de altura muito maior. Registra que são espíritos encarnados em um mundo diferente da Terra. Fala que não procedem de um planeta, mas de um mundo etéreo que interpenetra o nosso e não nos é perceptível. Afirma que seus corpos e seus engenhos se materializam ao entrar na frequência vibratória do nosso mundo. Menciona, ainda, que os discos voadores têm um tipo de energia radiante ou raios que podem facilmente desintegrar qualquer nave de ataque. Eles podem voltar à vontade ao seu campo etéreo e desaparecer da nossa vista, sem deixar vestígios. Estima-se que não usem sistema de rádio, mas talvez radar e código de sinais para operar aparelhos, fazer entradas e converter seu plasma de energia em matéria física.
Há algum registro de onde teriam vindo essas entidades e seus aparelhos?
Como são de outra natureza, originários de uma dimensão rarefeita, não há planeta nenhum nem qualquer referência física para localizar sua procedência. O relatório cita elementos de ordem metafísica, aludindo que a região deles não seria o chamado plano astral, onde estariam os corpos espirituais, mas as Lokas e Talas dos ensinos esotéricos. Lendo a literatura hinduísta, é possível notar que as Lokas dos antigos vedas são moradas de grande depuração, onde os espíritos estão encarnados em matéria ultrafísica. O relatório do FBI apenas informa que os engenhos são de forma oval, de material resistente ao calor, composto de ligas desconhecidas, e que na sua parte