Uma das características mais marcantes deste final de século é a representada pela vertiginosa mudança que atinge, indistintamente, todos os segmentos da Humanidade, seja a nível econômico, cultural, político ou científico. Embora multifacetada, tal mudança concentra-se, principalmente, no interior do homem, em seus campos mental e espiritual.
Essa mudança, de natureza quase que irreversível, ocasionará profundos reflexos no comportamento social de todos os habitantes deste planeta, alterando condições estratificadas há séculos. Isso já pode ser visualizado, se assim o quisermos. Para tanto, basta uma pequena dose de sensibilidade e uma abertura interior, a nível espiritual, que permita que o cerrado egocentrismo que toma conta de todos nós, capitalistas ou comunistas, brancos ou negros, ocidentais ou orientais, religiosos ou ateus, perca terreno diante de perspectivas tão imensas e tão menos mesquinhas do que aquilo que tem sido a nossa vida neste final de século, inconscientemente, já percebemos isso há muito tempo, muito embora, devido a um milenar processo de luta pela sobrevivência em que os fracos e desprovidos de armas não são perdoados, relutemos cm aceitar tal condição.
A ciência ortodoxa não conseguiu ultrapassar os limites de suas teorias e perde-se, a cada dia, num arcabouço de conceitos e definições que serve apenas aos interesses do momento. Se consultarmos a História, veremos que os exemplos do que afirmamos são muitos, somente não perecendo aqueles fatos que, de tão irrefutáveis, causariam mais problemas sendo negados do que sendo absorvidos. Negar que a Terra fosse uma esfera, mantendo-se vivas idéias medievais que diziam ser o nosso planeta o centro do Universo, uma imensa superfície plana onde reinava, soberano, a maior criação da natureza, o homem, era tão flagrantemente um reflexo do egocentrismo humano e, ao mesmo tempo, uma contradição científica tão imensa, que sustentá-la seria uma verdadeira heresia, um suicídio coletivo, no caso da Igreja.
Há um principio que serve de barreira contra toda e qualquer informação, de prova contra todo o argumento e que jamais pode falhar, a fim de manter o homem em permanente estado de ignorância. Este princípio obscuro condena, antes de servir-se a pesquisar. – Herbert Spencer
Certas respostas para o futuro de nossa espécie estão no passado histórico. Em alguns casos até mesmo nos períodos pré-históricos. As próprias narrativas bíblicas começam fazendo menção a uma hipotética criação do mundo em nada menos do que sete dias, o que, hoje, Sabemos corresponder aos diversos períodos geológicos do planeta. Por isso, não conseguimos nenhuma resposta às nossas perguntas, que ainda sintetizam-se no por quê? O ser humano vê-se como passageiro cm uma viagem saída de uma estação desconhecida e cujo destino, por encontrar-se praticamente no infinito, é ainda mais incerto. Não sabe de onde veio e desconhece para onde vai. Porém, se esquecesse um pouco as suas inconseqüentes atitudes, se deixasse de lado o seu egocentrismo e visse que a sua passagem pela Terra corresponde a uma curta e fugaz centelha, desprezível perante o que representa a eternidade, tentaria buscar certas respostas passíveis de dar um novo sentido à sua existência.
Fazemos pouco de nosso passado como espécie biológica. Se pudéssemos avaliar quanto de luta e sofrimento foi necessário para que, nesse momento, estejamos gozando de conforto e tranqüilidade, merecidos segundo nossa razão, talvez muitas coisas fossem alteradas. Estudamos a História como quem necessita apenas decorar uma lista de compras. Um momento algum reverenciamos os pioneiros que foram nossos ancestrais, suas lutas, seus sofrimentos, suas alegrias, enfim, tudo aquilo que nos moldou e que hoje classificamos como suprema criação da natureza. Quando observamos uma gravura representando o homem de Neanderthal até rimos ante o ridículo do quadro. Parece que desconhecemos o fato de que a natureza, sempre sábia, trabalha lenta e vagarosamente para alcançar os seus objetivos. Esquecemo-nos de que o ser humano, quando ainda na fase intra-uterina, percorre etapas biológicas que são uma espécie de recordação genética de todo o nosso passado evolucionário. Chegamos a ter brânquios, como os peixes! Nesse momento de suprema beleza, quando observado de um prisma racional, distante de concepções egocentristas, vemos o maravilhoso trabalho da natureza e, inevitavelmente, assola-nos o pensamento de que há unia estrutura maior, uma mente diretora comandando o concerto cósmico do qual, se não somos os maestros, pelo menos deveremos ser músicos com uma enorme parcela de responsabilidade no tocar da sinfonia, de manter a harmonia da composição.
Mas a Ciência é eternamente obrigada, mesmo assim, pela premente Lei da Honra, a encarar os fatos e os desafios que lhe sejam impostos.
– Lord Kelvin
Basta olharmos ao passado para termos uma compreensão do que foi trilhado com muita dificuldade pelos nossos ancestrais. Desde o momento em que o homem buscava refúgio nas escuras cavernas, até quando começou a fabricar rudimentares utensílios de defesa, sempre houve um objetivo maior: a evolução. Tal princípio sempre superou o próprio homem, sobrepôs-se a ele, subordinou-o a seu comando e mostrou que a sua vida era de pequena importância perante a trilha evolucionária. Muitos pereceram nessa tarefa que ocupou milhões de anos e, ao que parece, deverá ocupar outros tantos pela Crente. O tributo ao passado deverá ser obrigatório, principalmente quando observamos a tendência de submergi-lo completamente em razão dos avanços científicos, jogando nas trevas do esquecimento uma parcela muito importante que ainda sobrevive, inconscientemente, cm nosso interior. Algumas das conquistas da antigüidade poderiam, paradoxalmente, fornecer ao homem do século XX a luz para clarear o profundo fosso em que ele entrou. As doutrinas orientais, tidas como fruto de um misticismo calcado na superstição, hoje mostram-se como uma possível saída para o exacerbado materialismo ocidental, inibidor e massacrador de uma significativa parcela constitucional do ser humano: o seu lado espiritual. Podemos colher subsídios que corroborem tais afirmações em diversas fontes, como a que segue, do livro Tao da Física:
“Segundo os místicos orientais, a experiência mística direta de realidade constitui uni acontecimento que abala os pr&oa
cute;prios alicerces em que se apóia a visão de mundo de um indivíduo. D.T. Suzuki denominou-a \’o fato mais espantoso que pode acontecer no reino da consciência humana (…), descontrolando cada uma das formas da experiência padronizada\’. Suzuki ilustrou sua forma afirmativa com as palavras de um mestre Zen que descreveu tal experiência como o \’fundo de um balde que arrebenta\'”. (1)
Mas até onde poderemos ir com tais pensamentos que se perdem nas alturas e que alguns interpretam como pura imaginação? Este é um trabalho que, modestamente, tenta buscar explicações para um fenômeno que não é um privilégio do século XX, mas sim, distancia-se no passado e ali, também, mostra a sua força. Buscarmos no puro Darwinismo as respostas para as perguntas que, simultaneamente, nos inquietam e afligem, em nada nos ajuda. Darwin não resolve o enigma representado pelas pirâmides do México e Egito, a intrincada cultura incaica ou o elevado brilho dos Vedas. Se a cultura clássica já contivesse em si todas as respostas, há muito que já teríamos identificado o “elo perdido”, o vínculo que nos tornaria, sem qualquer dúvida, aparentados com os primeiros primatas. Certos aforismos da antigüidade oriental surpreendem os maiores cientistas da atualidade, mostrando condições que somente encontram um paralelismo nos estudos das partículas nucleares, um produto da ciência contemporânea. Como justificar, racionalmente, tais fatos? Não estará faltando alguma coisa que possibilite ao homem a integração entre os diferentes campos do conhecimento, um unitarismo acima do relativismo dogmático que nos assola? A resposta poderá ser interior ao próprio homem? Pietro Ubaldi, filósofo cristão que escreveu grande parte de sua obra em nosso país, cita em seu livro A Grande Síntese:
“Chegareis, já vo-lo tenho dito, a produzir energia por desintegração atômica, isto é, a transformar a matéria em energia. Conseguireis penetrar com a vossa vontade na individualidade atômica, trazendo transformações ao seu sistema. Mas lembrai: o triunfo não será somente o de um método indutivo e experimental, nem terá apenas repercussões de ordem material, nem tampouco significará vantagem de ordem imediata e prática, mas implicará na solução de um grande problema filosófico, e virá orientar de modo completamente novo todo o vosso espírito científico”. (2)
Somente se pensarmos na hipótese de um mecanismo-diretor que esteja regendo uma imensa composição cósmica, tia qual seremos seus integrantes (ainda que não plenamente perfeitos, mas que possuem tudo para alcançar os mais elevados patamares), é que encontraremos a justificativa para tudo o que nos cerca e, na maioria das vezes, nos atormenta. Esse pensamento fatalmente levará ao reconhecimento de que somos uma estrutura inteligente em fase de organização. Somos, assim, mais do que pensamos e, talvez, muito mais do que merecemos. A vida, contudo, sabe que, para alcançar os seus objetivos telefinalísticos, de cada dez terá de contentar-se com apenas um, desde que este corresponda aos seus interesses. E quantos de nós estarão habilitados para assumir as tarefas que nos aguardam na imensidão do cosmos?
A ciência ortodoxa não conseguiu ultrapassar os limites de suas teorias e perde-se, a cada dia, num arcabouço de conceitos e definições que serve apenas aos interesses do momento. Por isso, julga mais fácil negar do que explicar os UFOs.
Fatalmente somos levados ao pensamento de que não mais podemos nos imaginar como fruto do mero acaso. O universo necessita de nós e para isso nos fez inteligentes. Mas saberá cobrar, com toda a severidade, os privilégios concedidos, pois a Mãe-Natureza, embora sábia, em certos casos é uma verdadeira madrasta. Porém, se assim procede, é porque os seus objetivos precisam ser cumpridos e não podem ficar à mercê dos ditames humanos.
Um desses imperativos é o reconhecimento e aceitação de que a inteligência é um atributo universal, mas concedido, quando em nível elevado, a quem o merece. No momento, quem faz jus à inteligência é o homem. Poderiam ser os golfinhos, mas estes deverão esperar pela sua própria oportunidade. Talvez ela não demore, caso o ser humano julgue enfadonha a sua tarefa cósmica e resolva acabar com tudo em meio a um holocausto nuclear. Assim como fomos presenteados com a inteligência, para cumprirmos o ato cósmico que compete ao planeta Terra, temos de admitir, obrigatoriamente, que o desenvolvimento da peça vai mais longe e deve incluir participantes dos mais diversos pontos do Universo.
Esse pensamento fere o raciocínio científico, pelo menos aquele que traz em si as marcas do convencionalismo e ortodoxia. Mas a natureza não é convencional e tampouco ortodoxa. Caminha, às vezes, por trilhas inesperadas para o racionalismo cartesiano e, dessa forma, prepara armadilhas que ferem suscetibilidades humanas. Assim acontece com a questão ufológica. Certamente é um evidente exemplo de estruturas inteligentes alienígenas, o que, por si só, causa feridas no invólucro cultural da Humanidade. Mas temos de reconhecer que a Criação, por tudo o que já conseguiu realizar na Terra, não poderia restringir-se a um pequeno grão de poeira vagando na imensidão cósmica. Podemos encontrar a mão do Criador em qualquer ponto do Universo, e isso é mais do que perfeitamente lógico. Para manter a sua unidade, o Universo precisa de uma rigidez bem maior do que a oferecida pelas leis humanas, mutáveis a cada momento e sempre que os interesses imediatos forem mais atraentes do que a incerteza do futuro.
Se o Cosmos sobrevive graças à sua unidade material é porque, acima dela, vigora um princípio bem mais amplo. “Assim como é em cima é em baixo”, diziam os filósofos herméticos da antigüidade. Podemos encontrar o princípio diretor de tudo no macro e no micro, no sol e na poeira, nas galáxias e no ser humano. Esse princípio está marcado indelevelmente no homem, a um grau de complexidade que os nossos maiores cientistas ainda não conseguiram sequer imaginar. Na antigüidade vimos as tentativas egípcias, através da Escola Hermética, as doutrinas orientais como Taoísmo e Budismo, todos visando localizar dentro de um invólucro animal, o verdadeiro ser humano.
lde;es de todos os tipos de aeronaves já tiveram um “acompanhante” extraterrestre em seus vôos
Nossa estrutura mental começa a sofrer uma grande mutação no sentido de permitir que a evolução humana inicie uma trajetória cada vez mais ascendente e também cada vez mais cósmica. O simples fato de admitirmos que o homem é um condensado energético já o coloca em patamar mais elevado e bem acima da mera condição animal, um ser bruto e movido apenas pelos mais baixos instintos. A partir desse ponto, praticamente iniciamos um novo percurso evolucionário. O passaporte é a aceitação do que somos e, principalmente, do que poderemos vir a ser. Certos planos cósmicos ainda são, para o homem, profundos segredos que somente serão desvendados à medida que nós nos purificarmos a nível mental e espiritual. E então tudo será aberto aos nossos olhos. Os limites, portanto, estão dentro de nós mesmos. Poderemos, se assim o quisermos, ultrapassá-los. Basta força de vontade, e esta, conforme certas correntes científicas, dentro do campo do relativismo, pode ser tão importante quanto à ação. Seria esse pensamento contemporâneo o mesmo que dizia, na antigüidade, que a fé poderia remover montanhas, até mesmo aquelas incrustadas no coração do homem e impedidoras de seu autocrescimento?
Dedicatória
Dedico esta obra à minha esposa e aos meus filhos. Eles, que vivenciaram ao meu lado todo o desenrolar da fase alucinante da divulgação do incidente 169. apoiaram-me no decurso das ocorrências que compuseram a seqüência de entrevistas, gravações de programas vários nas radiodifusoras e canais de televisão, assim como nos congressos nacionais e internacionais, simpósios, palestras e conferências nas universidades, a fim de poder levar a bom termo, não só a estrutura da verdade, mas também a própria Ufologia.
Durante seis anos, acalentei o sonho de realizar esta obra, e da colaboração de minha família dependi em todos os momentos, até mesmo no cafezinho petas madrugadas de pesquisas, consultas e a estruturação propriamente desta, que foi, para mim, uma grande vitória: “O vôo 169 nas fronteiras do desconhecido”.
Divido, pois, com ela os louros da glória em todas as conquistas, li esta conquista requer muito alento, carinho e coragem, a transpor todas as barreiras da vida no dia-a-dia que temos de enfrentar. E só assim este objetivo foi conseguido. Quando chegar o tempo em que aqui não mais estiver, sei que minha família, como vocês, prosseguirão nesta luta pela verdade universal, e, na nova dimensão, os aguardarei, para juntos prosseguirmos pelas moradas do Senhor…
Muito obrigado,
Gerson Maciel de Britto