No início de maio o mundo foi surpreendido pelas declarações do cientista inglês Stephen Hawking, a respeito da possibilidade de encontrarmos vida extraterrestre inteligente nos próximos anos por meio dos diversos métodos de busca hoje postos em prática [Veja também artigo de Renato de Azevedo nesta edição]. Disse o premiado cientista de Cambridge e da eminente Royal Society de Londres, em especial se referindo à NASA e, por extensão, ao programa de Busca por Inteligência Extraterrestre [Search for Extraterrestrial Intelligence, SETI], idealizado pelo seu ex-colega Carl Sagan e outros cosmólogos de renome, que tal procura tem um alto risco de encontrar alienígenas hostis ao ser humano e aos recursos minerais da Terra.
Não fosse o fato de uma das figuras mais respeitadas da elite científica atual ter feito tal afirmação, a idéia implícita em sua declaração de que a descoberta de vida inteligente extraterrestre ainda não tenha se dado efetivamente, seja com entidades pacíficas ou com hostis, passaria em branco. Provavelmente, poucos membros dessa elite se manifestariam, pois são muitos os cientistas que, se não ignoram completamente o assunto e o descartam, pensam da mesma forma que Hawking, variando apenas em detalhes. Até entre ufólogos proeminentes, como o também matemático franco-canadense Jacques Vallée, ainda há certas resistências à chamada hipótese extraterrestre (HET) para explicar o Fenômeno UFO como autêntico em sua maior parte, chegando até a propor uma conjetura interdimensional para alguns casos.
Entretanto, Hawking, que há muito tempo estava calado, resolveu falar. Obviamente, um bom motivo deveria estar por trás de tais declarações, uma vez que cientistas de seu nível raramente se expressam sobre um assunto espinhoso que só a Ufologia se atreve a teorizar. O motivo foi logo exposto: seria propaganda para exibição de um programa de dois episódios para o canal por assinatura Discovery Channel, chamado O Universo de Stephen Hawking, exibido no Brasil na segunda semana de maio. Pelo lado positivo, observamos que o assunto ficou em evidência por muitos dias, provocando acalorados debates no meio científico e entre ufólogos. Mas, na opinião deste autor, pelo ponto de vista das evidências que já se conhece, algo mais se esconde nas entrelinhas daquelas declarações, que precisa de uma análise bem crítica para ter seus segredos desvendados — e que, ao que tudo indica, não tem nada de positivo.
Alienígenas nefastos no espaço?
Entrando no cerne da questão, precisamos saber exatamente o que disse o eminente doutor em cosmologia, para que não tenhamos dúvidas sobre suas intenções. Primeiro, Hawking afirmou que “é perfeitamente possível existir vida inteligente em um universo visível do tamanho do nosso”. Nada mais óbvio do que isso, uma vez que a estatística sempre apontou neste sentido, sendo essa a base para a HET. Mas alerta o astrofísico que não devemos nos aventurar no espaço em busca por este tipo de vida, e nem dar as coordenadas estelares do Sistema Solar e da Terra, ou dados sobre a composição genética do ser humano, como fez o SETI e a NASA ao enviar sinais de rádio e naves com esses dados. Para ele, corremos sério risco de encontrarmos alienígenas nefastos a nós e aos recursos naturais do planeta. E para complementar, durante sua apresentação no citado programa de TV, numa aparente contradição ao que dissera antes, afirmou que esses mesmos ETs ainda não teriam nos visitado, pois “uma civilização tão avançada a ponto de viajar distâncias siderais, não viria à Terra para fazer sobrevôos e nem raptar seres humanos”.
Provas documentais
Claramente, Hawking estava se referindo aos avistamentos ufológicos e negando o inquestionável fenômeno das abduções alienígenas. Em tom de descaso, referiu-se ao estudo do Fenômeno UFO como sendo “sempre a mesma história que escuta desde criança”, provavelmente ignorando tudo o que a Ufologia tem levantado em mais de 60 anos de estudos. Caso seja realmente esse o entendimento do cientista, a forte sensação que ficou após suas palavras é a de que um dos maiores nomes da ciência está, no mínimo, desinformado. Ou então, resolvera entrar como participante de última hora em um jogo de esconde-esconde, em que os ufólogos já sabem muito bem como se joga. Senão, vejamos a seguir o que temos a oferecer para sustentar nossas posições.
A infinidade de documentos oficiais referentes a casos ufológicos que tem vindo à tona desde os anos 90 até 2010, no mundo inteiro e em sucessivas liberações de governos como os da França, Estados Unidos, Inglaterra e até Brasil, entre outros, além de negarem contundentemente as afirmações de Hawking, também servem para nos alertar que algo diferente vem ocorrendo nas esferas do poder administrativo das nações. Em sentido contrário à corrente elitista que nega a presença alienígena na Terra, outra corrente representada por setores das elites governamentais trabalha a favor de seu esclarecimento, usando para isso os registros históricos, que em alguns casos chegam a ser surpreendentes.
Só para se citar alguns exemplos nestes países, podemos destacar, na França, o fantástico trabalho do Comitê Cometa, que resultou num dossiê homônimo contendo milhares de casos estudados pelo governo a partir da década de 30. Nele, a HET surge com força total [Veja detalhes no livro Dossiê Cometa, código LIV-021 da coleção Biblioteca UFO. Confira na seção Shopping UFO desta edição e no Portal UFO: ufo.com.br]. Na América do Norte tivemos o minucioso trabalho desenvolvido, entre outros, por Stanton Friedman, ufólogo e físico nuclear canadense que reabriu o Caso Roswell, de 1947, de forma retumbante, ao descobrir, através de pesquisas e da Lei de Liberdade de Informações dos EUA, documentos autênticos que não só se referem ao caso, mas que comprovam o processo de acobertamento ufológico posto em prática pelo famigerado Majestic 12. Já no Reino Unido, dois enormes lotes, totalizando mais de oito mil páginas, foram repassados ao Arquivo Nacional daquele país, também retornando a décadas passadas e seguindo seus relatos de casos até os últimos anos do século XX.
Influenciando outras nações
Aqui, no Brasil — país líder na abertura de documentos ufológicos na América Latina, a ponto de influenciar outras nações, como Argentina e Chile —, a história não é diferente. Como temos noticiado na imprensa nestes últimos dois anos, a campanha UFOs: Liberdade de Informação Já vem forçando o Governo a abrir paulatinamente informações antes sigilosas. Neste processo, o Ministério da Defesa, por meio do Comando da Aeronáutica (COMAER), assumiu a responsabilidade pela
abertura. Atualmente, o Arquivo Nacional, em Brasília, dispõe de mais de 4.000 páginas sobre o assunto, liberadas por força do movimento. E o órgão está na expectativa de receber outros lotes que podem dobrar essa quantidade [Veja box]. Mesmo que o país ainda não tenha aberto todos os seus segredos, já existem nos documentos brasileiros sobre UFOs relatórios suficientes para confirmar a HET como a hipótese mais aceita pela ciência em pelo menos três casos, a Operação Prato (1977), o Caso Vasp Vôo 169 (1982) e a chamada Noite Oficial dos UFOs no Brasil (1986), todos eles já esmiuçados aqui [Veja UFO 154, 157, 159 e 160].
O preconceito da elite científica
Para se ter idéia, apenas em um dos casos, o da Noite Oficial, de 19 de maio de 1986, a Aeronáutica reconheceu, por meio de relatório circunstanciado do evento, a materialidade dos objetos observados, sua inteligência e sua tecnologia não terrestre [Veja Mensagem do Editor]. Com o pioneiro e reconhecido movimento UFOs: Liberdade de Informação Já, a Ufologia Brasileira se juntou de maneira definitiva ao ativismo mundial que pretende justamente acabar com o segredo e a desinformação sobre o Fenômeno UFO — e, mais do que isso, com o preconceito reinante na elite científica, que agora parece contar com mais uma voz destoante e que anda na contramão deste processo histórico.
Mas, e se o emblemático caso do nosso nobre cosmólogo inglês não se tratar de desinformação ou de mero descuido a respeito das aberturas mundiais, inclusive a brasileira? Neste caso, pelo menos, sobre a abertura de informação ufológica em seu país, o Reino Unido ele já deveria conhecer, o que certamente o levaria a pensar duas vezes antes de dar suas declarações. Como um cientista de sua envergadura poderia simplesmente não saber sobre os documentos ufológicos produzidos pelos militares ingleses? Ou, por outro lado, ele saberia muito mais do que disse em sua meteórica e ruidosa passagem pela TV? E se sabe, o que o teria feito ignorar depoimentos de pilotos militares e civis da mais alta credibilidade, com milhares de horas de vôo, para desqualificar o Fenômeno UFO desta maneira?
De fato, não somente os ufólogos brasileiros, como os integrantes da Equipe UFO, desconfiam a respeito do que está por trás das palavras de Haw-king, mas também outros, de todo o mundo. Como por e-mail o ex-ministro da Defesa canadense, Paul Hellyer, que o acusou de espalhar desinformação [Veja entrevista com Hellyer em UFO 123]. Realmente, se Hellyer tiver razão neste único ponto, Hawking está prestando um dos papéis mais abjetos e reprováveis de que se tem notícia na história da ciência. Mas para embasarmos essa vertente da conversa, precisamos fazer uma longa viagem, do Hemisfério Norte ao Hemisfério Sul.
Bastidores em Londres e caos em Brasília
Não custa lembrar aos leitores algumas “coincidências” que vimos surgir ultimamente entre o Reino Unido e o Brasil, todas elas muito bem acompanhadas por esta publicação. A primeira veio em outubro de 2008, quando o Dossiê UFO Brasil, peça central da atual fase do movimento UFOs: Liberdade de Informação Já, completava dez meses de protocolo na Casa Civil da Presidência da República. Na ocasião, um dos maiores pacotes de documentos ufológicos do mundo veio a público, surgindo exatamente do Ministério de Defesa britânico (MoD), e deixando os ufólogos brasileiros ainda mais aguerridos em sua luta para conseguir o mesmo junto à nossa Defesa. Seis anos após a primeira abertura do MoD, que em 2002 havia divulgado os primeiros casos — entre eles, o mais famoso de todos, Caso Rendlesham —, os ingleses apresentavam ao público aproximadamente 1.000 páginas contendo casos investigados a partir de 1967, sendo que 5% deles continuam sem explicação.
Logo em seguida à abertura inglesa, no dia 31 do mesmo mês e ano, a Força Aérea Brasileira (FAB) começa a mandar para o Arquivo Nacional (AN), no Distrito Federal, seus primeiros arquivos. Na época foram liberadas ao público apenas os segredos das décadas de 50 e 60, contendo 230 páginas do que aqui os militares chamam de “tráfego hotel” quando se referem aos UFOs. Dois meses depois, surge a versão do antigo Serviço Nacional de Informação (SNI) para a Operação Prato, com mais 130 páginas de um dos episódios mais famosos da Ufologia Mundial. Nenhum dos casos brasileiros veio com explicações, porque, segundo a própria FAB, diferentemente do MoD, em nosso país não se investigavam casos ufológicos e os militares simplesmente os registravam e arquivavam.
Nos anos seguintes, mais algumas coincidências entre estes dois países vieram a público, todas referentes à abertura dos seus arquivos, fazendo de ambos o foco principal da Ufologia Mundial. O ano de 2009 foi de ouro para a Ufologia Brasileira, pois foi nele que foram liberados os arquivos antes secretos das ricas décadas de 70, 80, e a certeza de que em seguida viriam os dos anos 90 e 2000. Já no início de 2010, o MoD inglês envia ao Arquivo Nacional daquele país a impressionante cifra de 7.000 páginas de casos investigados, equiparando-se aos seus vizinhos franceses. O mais impressionante é que, ainda persistindo a porcentagem de casos inexplicáveis, pelo menos 300, o órgão informou em janeiro que desativaria o seu Projeto UFO, uma espécie de SIOANI saxônico, que cataloga, investiga e conclui sobre os relatos ufológicos.
“UFOs não representam ameaça”
A frágil desculpa do MoD baseia-se num fato, o de que “os UFOs não representam ameaça à segurança do Rei
no Unido”, conforme publicado na nota que deu por encerrado o Projeto UFO inglês. Seguindo a mesma linha, o órgão avisou que destruiria o restante dos documentos existentes sobre o assunto, notadamente os que não foram parar nos domínios do Arquivo Nacional daquele país. Possivelmente, estariam temendo algum acionamento de leis que os obrigassem a entregar os documentos ao público. E agora, para finalizar mais um capítulo da novela, temos as estranhas declarações de um dos maiores nomes da ciência britânica, Stephen Hawking, afirmando que os ETs, se existirem, são predadores e devemos nos manter afastados deles, atentando contra o espírito científico, cujo princípio básico é aquele que levam às descobertas.
Ora, para qualquer ufólogo suficientemente informado, os fatos acima narrados, ainda que se pareçam contradizentes em alguns aspectos, demonstram claramente uma conexão temporal e racional entre eles. Na opinião deste autor, crer no que diz Hawking é o mesmo que acreditar cegamente no que dizem os oficiais do MoD. Fica óbvio que ambos estão escondendo a verdade, ou pelo menos parte dela. É lamentável que a estrutura de Defesa de um país democrático, com a ajuda de um cientista, ou vários, se preste a esse papel. É igualmente lamentável perceber que processo semelhante está ocorrendo em Brasília — mas, por enquanto, aqui nos parece ainda estar apenas na esfera do Ministério da Defesa, ainda que essa afirmação não seja uma certeza.
Assim como é em cima, é embaixo
Apesar da indiscutível liderança continental e da pressão exercida pela Comissão Brasileira de Ufólogos (CBU) — responsável pela campanha UFOs: Liberdade de Informação Já — servir de exemplo a ser seguido por entidades de ufólogos em outros países, a insistente morosidade governamental na abertura de seus arquivos não fez, ainda, o país chegar às imensas quantidades de informações sobre o Fenômeno UFO que já estão disponíveis na França e na Inglaterra, por exemplo. Esta realidade nos faz pensar que, também aqui, persiste o mesmo tipo de visão estagnada e desinformada, estrategicamente repassada à mídia por declarações como as do cientista Hawking.
É o que podemos constatar também quando esta lenta abertura é seguida pelas declarações de outro físico teórico e astrônomo, o brasileiro Marcelo Gleiser. Muito respeitado no exterior, Gleiser mudou sua atitude nos últimos anos. Antes negava peremptoriamente a existência de alienígenas inteligentes, inclusive debochando das opiniões dos ufólogos sobre o que ocorrera durante a Operação Prato [Veja Mensagem do Editor de UFO 114]. Hoje ele já começa a admitir, em seus artigos publicados em jornais e revistas de grande circulação, que existe vida inteligente no universo, mas é da mesma opinião de Hawking, de que não se tem provas de suas visitas ao nosso planeta.
É por essas e outras que persistem nossas indagações a partes das elites governamentais e científicas de vários países, literalmente “donas da verdade” quando falam de alienígenas, suas tecnologias e suas intenções. Que razões poderiam haver nessa lógica contraditória e perversa ao conhecimento, uma vez que o processo de abertura quanto à existência de outras espécies cósmicas inteligentes aproximação da Terra é inevitável e já vem ocorrendo a passos largos? Tal situação tem forçado a CBU a desempenhar intenso trabalho de bastidores em Brasília, forçando cada vez mais o Governo a cumprir a lei, de todas as formas que estejam ao nosso alcance.
Novamente citando números anteriores da Revista UFO, ao mesmo tempo em que temos comunicado os envios de documentos antes secretos da Aeronáutica ao Arquivo Nacional, revelamos aos leitores as intensas cobranças que fazíamos diretamente à Casa Civil e a outros órgãos onde o Dossiê UFO Brasil fora protocolado. Especialmente, o Ministério da Defesa. As cobranças giravam em torno de informações sobre o paradeiro de pastas faltantes nas liberações anteriores, como o resto das fotos e as filmagens da Operação Prato e do Caso Ilha da Trindade. Contudo, diante da falta de celeridade na tramitação dos papéis, e conseqüente atraso no envio dos mesmos ao AN, além da relativa ausência de informações de como estavam as cobranças, sobretudo do Ministério da Defesa com relação ao Exército e à Marinha, resolvemos ser mais incisivos e usamos novamente a lei. Só que, agora, acionamos o Poder Legislativo, na mesma estratégia de esgotar todos os recursos até que se chegue ao Poder Judiciário.
O Dia Nacional da Ufologia
Em outubro de 2009, quando o Dossiê UFO Brasil estava para completar dois anos, marcamos uma audiência com o deputado federal Chico Alencar (PSOL-RJ), relator do projeto de lei (PL) que institui no calendário oficial do país o Dia Nacional da Ufologia, de número 5.141/2009, de autoria do seu colega Guilherme Campos (DEM-SP) [Veja box]. Durante a audiência, além de pedirmos ao relator que desse parecer favorável ao citado PL, sondamos com Alencar a possibilidade de emitirmos um documento chamado Requerimento de Informação à Câmara dos Deputados (RIC) ao ministro da Defesa Nelson Jobim. O RIC deveria conter perguntas cruciais ao ministro, de forma a não deixar dúvidas sobre como andava o processo de abertura iniciado pelo Dossiê UFO Brasil.
Chico Alencar não só deu parecer favorável ao Dia Nacional da Ufologia, como aceitou o desafio, assinando e protocolando na Mesa Diretora da Câmara o RIC 4470/2009, em 12 de novembro do ano passado. Em 04 de janeiro deste ano, o requerimento foi enviado ao Ministério da Defesa, por meio de ofício. Após dois meses e meio de espera — 45 dias a mais do que determina o prazo regimental — e mais um ofício “lembrando” o ministro das conseqüências legais nada agradáveis de se recusar a dar respostas a um RIC, vieram as tão esperadas informações em novo ofício endereçado à Câmara dos Deputados. Das questões que foram enviadas ao ministro Jobim, merecem destaque os seguintes informes prestados por ele aos parlamentares:
Jobim confirma que existem informações documentadas sobre objetos voadores não identificados
levantadas, classificadas e arquivadas oficialmente pelo Ministério da Defesa. O material referente às décadas de 50, 60, 70 e 80 já se encontra no Arquivo Nacional, e os documentos referentes às décadas de 90 e 2000 já estariam em fase final de catalogação para remessa ao mesmo órgão, em breve.
Todos os documentos relativos ao Fenômeno UFO no Brasil, que possuíam grau de sigilo, foram desclassificados face ao decurso de prazo legal. Este conjunto específico de pastas está incluído na coleção já remetida ou ainda a ser enviada ao Arquivo Nacional.
Jobim informa que, em 1989, num documento interno, o ministro da Aeronáutica determinou a transferência das atribuições relativas ao assunto para o então Núcleo do Comando de Defesa Aeroespacial Brasileiro (Nucomdabra), hoje Comando de Defesa Aeroespacial Brasileiro (Comdabra), incluindo a transferência de todo o material existente sobre discos voadores no país. E mais, que toda a documentação eventualmente disponível em outras organizações, que não o EMAER, fosse recolhido ao então Nucomdabra.
Todos os documentos relacionados a UFOs no país, segundo o ofício de Jobim, custodiados ao Comando da Aeronáutica, foram ou estariam em processo de serem encaminhados ao AN, de acordo com a previsão legal. Em função de as atividades estarem ainda em execução, o COMAER estabeleceu o prazo de 31 de agosto de 2010 para que esteja terminada a transferência de todo o material para o AN.
Em resposta ao questionamento feito ao ministro sobre a existência de documentos ufológicos da Marinha, no Dossiê UFO Brasil, o comando daquela arma afirma, através de certidão enviada à Comissão Brasileira de Ufólogos (CBU), que não possuiria nos seus arquivos materiais relativos ao assunto discos voadores. Isso ainda será objeto de contestação pelos ufólogos brasileiros.
Quanto ao questionamento específico feito a Jobim sobre o Caso Varginha, também através do Dossiê UFO Brasil, ele confirma uma sindicância instaurada em 10 de maio de 1996, pelo então comandante da Escola de Sargentos das Armas (ESA), para apurar fatos acerca de notícias veiculadas na imprensa sobre a participação de militares do órgão na apreensão de criaturas de origem não identificada na cidade, além de um inquérito policial militar (IPM), instaurado em 29 de janeiro de 1997 pelo comandante da ESA, para apurar o conteúdo do livro Incidente em Varginha: Criaturas do Espaço no Sul de Minas, de autoria do ex-consultor da Revista UFO Vitório Pacaccini e Maxs Portes.
Documentos reveladores vem à tona
Nestes esclarecimentos assinados pelo ministro da Defesa podemos deduzir alguns fatos que não podem passar despercebidos. O primeiro deles é que ainda temos que aguardar a finalização dos trabalhos de esforçados militares, para que tudo esteja organizado e em condições de ser enviado ao Arquivo Nacional e aberto para consulta pública. Ainda na resposta ao RIC 4470/2009, o Comando da Aeronáutica explica que, dos documentos ufológicos antes secretos repassados para tratamento no AN, alguns requerem muito cuidado, pois são frágeis e antigos. Não podemos ainda afirmar ou negar com segurança se tudo relativo à presença alienígena em nosso país será aberto ao povo brasileiro ainda este ano, como afirmado por Jobim. Alguns detalhes em suas respostas sugerem lacunas no que realmente foi questionado. Neste caso, a paciência é a melhor arma para se chegar lá.
Além da festejada aprovação e oficialização do Dia Nacional da Ufologia, a ser comemorado todo dia 24 de junho, e do aceno reconfortante trazido pelas respostas aos questionamentos feitos pela Comissão Brasileira de Ufólogos (CBU) ao Governo, a Comunidade Ufológica Brasileira acompanha com atenção a aprovação de outro importante projeto de lei. Trata-se da Lei de Liberdade de Informação (PL 5228/2009), que também tem a atuação dos ufólogos e, até o fechamento desta edição, ainda não havia sido votada no Plenário do Senado Federal. A partir dali, ela segue direto para sanção presidencial, tornando-se mais uma arma que pode ser acionada tão logo detectemos falhas no processo de abertura ufológica do país.
Diante deste desfile de evidências, é fácil entender de forma suficientemente satisfatória os porquês jogados na atmosfera reinante, configurada no embate filosófico entre os objetivos da ciência, o comportamento de certos setores das elites e a verdade sobre nossos visitantes extraterrestres. Quase tudo é causado por um absurdo processo de acobertamento que envolve e cega até mesmo as mais criativas mentes. Infelizmente, o resultado tem sido, até agora, injusto e enganador. Mas, pelo menos aqui no Brasil, já temos data para darmos início às respostas concretas e definitivas, 31 de agosto de 2010. Segundo o Ministério da Defesa, desta data em diante teremos finalmente a confirmação se o que o Governo Brasileiro está disposto a liberar será tudo sobre Ufologia, ou se ainda continuará a esconder a verdade, a partir de então sob o manto da ilegalidade.
Resposta da Ufologia às elites
Esperamos também que seja esta a data limítrofe para que os cientistas comecem a rever seus conceitos ufológicos, desde que, é claro, abram os olhos para o que acontece à sua volta, posto que talvez ainda não saibam dessas verdades. Que eles não se limitem a procurar por uma verdade lá fora, quando já se vislumbram seus lampejos aqui e começam a derrubar as mais absurdas suposições alicerçadas em teorias tacanhas de lógica. E que, quanto à vida inteligente no universo, escutem as vozes das testemunhas e reflitam sobre as evidências dos documentos, e não só os dados escassos vindos de seus poderosos e dispendiosos telescópios e radiotransmissores, pois toda forma de conhecimento é válida.
Ações de interesse da Ufologia no Congresso Nacional
Projeto de Lei 5.141/2009
Seu autor é o deputado Guilherme Campos (DEM-SP) e tem como objetivo instituir 24 de junho como o Dia Nacional da U
fologia. Situação atual: Está na Comissão de Constituição e Justiça, com parecer terminativo e redação final pronta, aguardando prazo para assinatura e publicação no Diário Oficial.
Projeto de Lei 5.228/2009
Seu autor é o Poder Executivo e tem como objetivo garantir o acesso pleno, imediato e gratuito à informações públicas e estabelecer critérios para proteção das informações pessoais e sigilosas. Altera a Lei 8.112/1990, para isentar o servidor de ser responsabilizado por dar ciência à autoridade competente de informações concernentes à prática de crime ou improbidade. É o projeto chamado de Lei de Acesso à Informação. Situação atual: Votação na Câmara Federal concluída, aguarda votação no Senado para ser enviado à Presidência da República para sanção, caso não haja modificações na última Casa.
Requerimento de Informação 4.470/2009
Seu autor é o deputado Chico Alencar (PSOL-RJ) e tem como objetivo solicitar ao ministro de Estado da Defesa informações sobre a geração, posse e fornecimento de documentação pública solicitada pela Comissão Brasileira de Ufólogos (CBU) sobre o Fenômeno UFO. Situação atual: Respondido pelo ministro Nelson Jobim [Veja texto], aguarda finalização de prazo determinado pelo Comando da Aeronáutica para envio de documentos ufológicos ao Arquivo Nacional, até 31 de agosto de 2010.