Quando o mineiro Luiz Guedes se juntou ao paulista Thomas Roth no início dos anos 80, surgia na música popular brasileira uma dupla de compositores e cantores altamente preocupados com o bem-estar dos povos que habitam o planeta Terra. A dupla, que durante seis anos espalhou suas canções positivistas pelo nosso país, parecia ter uma prioridade: alertar para o perigo nuclear, para a preservação do planeta e até o acobertamento ufológico. Luiz Guedes e Thomas Roth viriam ainda colocar em suas letras algumas questões globais de suma importância, como o descuido dos governos nacionais pelos bens naturais e comuns às populações.
Algumas de suas canções lastimavam o descuido dos mananciais naturais básicos, como no tocante à Usina de Angra dos Reis, localizada no litoral sul do Rio de Janeiro, que rendeu a bela canção de alerta intitulada Angra. Os dois tornaram-se, sem dúvida, os músicos brasileiros – em toda a história da MPB – mais preocupados com a degradação do meio ambiente e do bem comum. Ao mesmo tempo em que cobravam posições mais humanistas, eles também enxertavam em seus trabalhos a esperança, que viria em forma de canções como Milagre do Amor, Extra, Pátria e Nova Estação. Em Jornal do Planeta a dupla estampou um claro alerta quanto à manipulação de informações acerca de avistamentos nos céus, ou para quem preferir, acobertamento ufológico. Falam de certos sinais que aparecem no céu do planeta e que a tevê sempre inventava uma outra versão para o fato. Nesta canção, que poderia ser um verdadeiro hino ufológico, ainda dizem: “Mas nossa esperança paga para ver, ainda que demore o tempo que for… Será um profeta? Um anjo estelar? Ou simplesmente um sonhador, que procura, como nós, encontrar um modo melhor de viver?”
Com tantas mensagens voltadas à causa comum, Luiz Guedes e Thomas Roth guardariam um lugar nos mais altos patamares da música brasileira. Com o fatídico falecimento de Luiz Guedes no ano de 1997, Roth se tornou um cavaleiro solitário e fundou a Lua Nova Discos [www.luadiscos.com.br], um selo independente que conta hoje com mais de 70 artistas nacionais. Nesta entrevista, concedida ao colaborador Guilherme Paula de Almeida, em São Paulo, Roth nos fala um pouco da temática abordada pela dupla, de suas convicções quanto ao futuro do planeta, as impressões sobre a Ufologia e deixa patente que a preocupação daqueles tempos ainda permanece inalterada – e por que não dizer, mais latente, haja vista a monstruosa intervenção de alguns governos e suas intenções escusas quanto ao destino da Terra. Um autêntico patriota – na melhor acepção da palavra – ele afirma que ama seu país e que é “brasileiro até debaixo d’água”. Vamos à entrevista.
Sou a favor de liberdade de expressão e de informação na área da Ufologia. Não podemos viver mais sem saber o que se passa
Você acredita na vida fora da Terra? Olha, meu pai era astrônomo e astrólogo. Um verdadeiro maluco beleza! Ele me fez acreditar de fato e é verdade! Seria muita presunção nossa achar que somos o único povo num universo de milhões e milhões de corpos celestes, não é? Eu acredito sim e gostaria muito de ter a oportunidade de algum contato mais efetivo. Existem muitas provas. Muito se discute sobre as provas do que nós somos. Se somos de fato fruto da vinda deles. E todos estes sinais que existem na Terra? Mas, falando objetivamente, acredito sim que existe vida fora daqui. Acho que nós, aqui na Terra, não temos, ainda, tecnologia suficiente para ir longe. Depois de sete anos a gente consegue chegar ali embaixo, logo ali: numa lua dentro do nosso Sistema Solar e a gente sabe que existe muita coisa além do nosso Sistema. Eu acredito sim!
Você crê que inteligências superiores possam estar acompanhando o que se passa na Terra, sobretudo com relação aos armamentos nucleares e, mesmo, quanto ao uso da energia nuclear? É uma pergunta difícil. Na verdade, acho que não acredito. Vamos fazer um pequeno exercício: eu não creio que alguém que esteja muito longe daqui, num outro planeta, sistema ou em outro corpo celeste qualquer, observando, seja num grande telão, seja mentalmente, esteja controlando o que se passa na Terra, tendo acesso de forma superior. Não quero entrar no tema Deus, mas, falando literalmente, extraterrenos ou seres de outros planetas que estejam nos observando. Eu não acredito nisto, sendo super sincero. Não creio. Creio em outras coisas.
A canção Jornal do Planeta é a principal música ufológica da dupla Luiz Guedes e Thomas Roth e aborda o tema acobertamento ufológico. A idéia surgiu de alguma experiência pessoal? Qual foi a origem do tema e como se procederam as informações que originaram aquela letra genial? Na verdade, ela surgiu de uma imagem que vimos. O que a gente está sugerindo é no sentido de que estamos sendo observados. Olha, contradizendo um pouco o que acabei de dizer, eu diria que é possível, sim, estarmos sendo observados. Eu acredito nisto. Creio que algo relativo aos nossos movimentos possa estar sendo observado aí fora, mas não com esse grau de sofisticação no sentido de terem uma consciência plena do nosso estágio atual. Não estariam nos olhando como seres inferiores. Não seriam seres tão superiores. Creio que, de alguma forma, eles podem estar nos observando. Analisando os movimentos, as mudanças, as alterações que se procedem no planeta, mas não no sentido de uma intervenção tão profunda como conhecer a fundo os nossos usos e costumes ou que, até, de alguma forma, tivessem espiões infiltrados aqui na Terra. Que estes estivessem transformados como seres humanos, como observadores e tal. Neste ponto eu não acredito.
O que exatamente vocês quiseram transmitir na música? No Jornal do Planeta a gente quis fazer uma alusão ao controle da informação, ao domínio do homem pelo próprio homem, quero dizer, do comando exercido pelos governos e políticos corruptos, governantes que intervêm em outros países como o Iraque, por exemplo, seja para mudar a realidade dos países, de maneira direta ou indireta, seja para insuflar movimentos de rebeldia. Insuflando oposições, o objetivo da intervenção é o estímulo para que as guerrilhas derrubem os governos. Isto pode se proceder de qualquer forma. Este é o tipo de coisa que as pessoas não acreditam que exista, mas que existem, existem!
Nisto estaria incluída, também, a sonegação das informações quando vocês mencionam na letra “Pode ser que amanhã a TV invente uma outra versão?” Com certeza! A manipulação da informação. Exatamente! A gente sabe como isto acontece: o que vai para a televisão nunca é a verdade. É a verdade que interessa a alguém, não à sociedade! Que você acredite nela! Então é exatamente isto o que a gente está querendo dizer, mas num sentido figurado. Para mim, no fundo, estas pessoas são alienígenas do mal, mesmo. São pessoas que manipulam a humanidade em prol dos seus interesses, que não são os dos países. Estes caras são os que controlam as economias dos países. São grupos, pessoas e entidades que dominam a humanidade, que comandam as informações e as economias mundiais de acordo com os seus próprios interesses. Um exemplo claro é: de repente temos um país que tem muito petróleo e, então, se faz acreditar que o líder desse país é um cara mau e por isso temos que tirar este homem e colocar outro do bem. O que é isto? Na verdade, este cara que foi colocado é um parceiro deles. Foi criado por eles. Por isso, sinceramente, digo que a letra dessa canção tem um pouco deste sentido figurado. Possui, também, o sentido do acobertamento dos sinais…
Você acredita que as evidências da existência de UFOs são incontestáveis? Confesso a você que a gente vai falando e pensando. Certeza, mesmo, só tenho que vou morrer um dia [Risos]. É verdade. A gente não pode negar os sinais que existem. Mas creio que você não pode acreditar apenas na coisa terrena, pura e simples como a gente vê e imagina. Acho até que sequer conhecemos os próprios recursos. Falamos da humanidade como de um ser superior, evoluído um pouco acima do macaco. Esta é a maneira como a gente, de certa forma, vê a humanidade. Temos poderes impressionantes e incríveis. Todos nós já assistimos e vimos coisas, seja no Candomblé, na Umbanda, numa mesa branca – Kardecismo –, ou no dia-a-dia, e você vê cenas e fala: “Cara! O que é isto? Como é que pode?” Há coisas que você ouviu e situações que já foram filmadas, gravadas e ditas. Algo existe além dos nossos limites e compreensões. No fundo, sempre deixo as portas abertas porque a gente nunca sabe quais são os limites.
Você tem acesso a informações ufológicas? Ah, sim! A muitas! Desde a Revista UFO, passando por depoimentos pessoais, especialmente matérias e entrevistas das mais variadas edições. Todas as narrativas que ouvi desde os tempos de criança. Têm muitas coisas mal explicadas por aí, não é? As abduções, os desaparecimentos de aeronaves, carros, enfim, toda sorte de fatos e de acontecimentos. Bom, metade pode ser loucura, bebida, miragem. Vamos dizer a metade! Que o sujeito tenha tomado umas a mais [Risos]. Porque eu mesmo já passei por situações que na hora deu aquela adrenalina. Aí você fala: “Mas será que é?” Depois vê e é um balão. Quantas vezes eu vi aqueles balões gigantescos e iluminados! Caramba! Você diz: “Não é um avião, um helicóptero, não é nada… Enfim, acabei vendo…” Seguramente diria que mais da metade são situações humanas reais que de alguma forma foi a ilusão de ótica que gerou aquela sensação.
Como você analisa as canções da MPB que, como Jornal do Planeta, abordam de frente a questão ufológica? Em grande parte, digo seguramente que é a transmissão de experiências já vividas ou ouvidas e em outra parte, sem dúvida, são sonhos e desejos de estabelecermos contatos com outras civilizações, com outras realidades. Agora, você sabe que é uma coisa engraçada? A gente poderia acreditar, de fato, neste desejo que a humanidade tem? Será? Isto é uma coisa que já me fez pensar bastante. Por que se fala tanto nisto? Por que a humanidade tem tamanha preocupação? Quando, em tese, nós devíamos ter preocupação conosco, com a própria humanidade. Resolver e equacionar os nossos problemas. Isto tudo me passa, um pouco, como a busca de Deus! A procura de uma resposta que a gente não tem. De uma salvação que não se vê em curto prazo. Porque no fundo, acho que todos nós temos uma sensação de que somos sobreviventes! Cada um se vira como pode para alimentar seus filhos, para cuidar de si mesmo, da mãe doente, do irmão que está desempregado, do pai que está na cama. No fim das contas, bem ou mal, por mais que a gente ache que fulano está numa condição muito melhor, cada pessoa que você conversa, vê que não é o que ela tem de bem material que facilitará ou dificultará. No fundo eu sinto que com todo mundo que você conversa existe esta sensação de sobrevivência.
Do que, por exemplo, seríamos sobreviventes? Somos sobreviventes de um mundo de guerras, de fome, de violência. Tantas coisas, desgraças que acontecem, coisas ruins. A gente agradece a Deus todos os dias por estar vivo, por ter um prato de comida e um teto. Porque a gente vive a realidade e sabe quantas pessoas não têm acesso a estas coisas. Mãos para o céu! O tempo todo agradecendo porque você é um sobrevivente: “Eu estou vivo, muito obrigado. Meu Deus, consegui fazer com que eu alimentasse meus filhos e desse uma roupa digna a eles ou coisa que o valha”. Então, eu acho que esta busca é para uma resposta melhor do que a gente tem até agora. Isso é uma coisa para pensar sério. No fundo, não vou dizer que isso é uma fuga, mas por mais importante que seja, o mais sensato é que deveríamos ser um pouco mais resignados, esperar o momento que isso acontecesse de fato e não o surgimento de acontecimentos e fenômenos esparsos. Se um dia eles – os extraterrestres – anunciassem e viessem com toda a comitiva à Terra [Risos], fosse qual fosse o formato desta chegada, teremos muitas surpresas. Mas tudo bem. Até, então, a gente trabalha pela nossa própria salvação. Aí tem a ver com o sonho da história do início. É complicado que hoje quando você conversa com as pessoas, todo mundo tem esse sonho.
É preciso olhar o passado com toda liberdade e abertura para a gente não cometer os mesmos erros, e isto vale também para o acobertamento ufológico. Por isso sou completamente a favor da liberdade de informação, a abertura dos livros da Aeronáutica sobre todas as aparições, abduções e todas as verdades
Que parte da Ufologia mais lhe interessa? Quanto tempo você dedica a isso? Olha, a Ufologia me interessa muito! Mas não sou ufólogo. Geralmente penso sobre isto. Sempre estou tomado por esta questão. Ontem ou anteontem… Está lá nos jornais, esta corrente toda desmentindo o darwinismo, que está crescendo. Os criacionistas! Na real, ninguém sabe nada disso [Risos]. Quem vai dizer onde esta é a verdade?
Você acredita que no futuro um contato do ser humano com seres extraterrestres será inevitável? Como você imagina esta provável ocorrência? Eu acredito que sim. É inevitável de uma forma ou de outra. Com a chegada deles aqui ou da nossa chegada lá. Seja onde for. A gente sabe pelo que está mais próximo e mais visível, ou alcançável, por todos os equipamentos e ferramentas que a gente tem, de comunicação e de contato, que uma forma de vida, como a humana, nas proximidades não tem. Ainda não. O que se procura por aí é a existência de bactérias e vírus. Provas da existência em outros tempos, ou se fomos nós, a forma humana, que viveu em Marte, Vênus ou numa lua de Saturno. Essas informações ainda não temos. Mas nós estamos indo cada vez mais longe. Acredito sim num contato, mais cedo ou mais tarde, como dizia um livro que li há muitos anos e não me recordo mais o nome ou o autor. A gente nunca consegue visualizar exatamente como é esta história desde o surgimento da Terra até a existência humana. Em que fase nós estamos? Então, o autor dizia, exatamente, que se nós abrirmos os braços, a presença humana na face terrestre representa a unha da mão direita. Se considerarmos que a ponta da mão esquerda é o início, então a nossa existência é um pouco mais que a unha. No nosso período, a nossa existência é muito pequena.
Na sua opinião isso se deve ao fato da história humana ser muito recente? Se a gente considerar a pré-história, a história do universo, todas as eras e modificações geológicas pelas quais passamos, tudo isto é um período muito grande em relação à existência humana na Terra. Então, as altas tecnologias e tudo mais são coisas recentes. De 1900 para cá é que a gente começou a criar máquinas: a máquina a vapor, o motor etc. Acho que a gente tem muito chão pela frente. Mas, acredito, sim, que vamos encontrar os extraterrestres. É uma pena porque eu queria ver. Mas não terei esta oportunidade [Risos].
A Revista UFO está promovendo a campanha nacional UFOs, Liberdade de Informação Já, que reivindica a abertura dos arquivos da Força Aérea Brasileira (FAB) sobre documentos que contenham informações sobre UFOs. O que você acha desta iniciativa? Acho espetacular porque, na verdade, sou a favor de que se abram todos os arquivos. Liberdade de imprensa em todos os sentidos! Tudo de tudo, a verdade sobre os UFOs, a participação do Brasil na Segunda Guerra Mundial, a verdade dos porões na época da ditadura, cujos pormenores devem ser investigados. E não é por revanchismo. Sou totalmente contra isso. O que passou, passou! Não adianta querer fazer revanchismo. Na época da ditadura nós estávamos quase em estado de guerra. Se o Exército e a polícia cometeram excessos também houve a contra-partida do terrorismo que matou muita gente. Eu sou a favor da liberdade da informação! Que se saiba de fato o que aconteceu, quem foi enterrado onde, para que os filhos possam saber dos seus pais que estão enterrados lá no Araguaia e chorar no túmulo deles. Que a verdade seja restabelecida. Não se constrói a história de um país se você não tiver a verdade apurada. Só se constrói sobre bases sólidas. Mas acho que é preciso olhar o passado com toda liberdade e abertura para a gente não cometer os mesmos erros, e isto vale também para essa história de acobertamento de casos de aparecimento de UFOs. Por isso sou completamente a favor da liberdade de informação, a abertura dos livros da Aeronáutica sobre todas as aparições, abduções e todas as verdades.
Como você acha que poderia ser feito isso? Isso, para mim, tinha que ser um órgão público onde qualquer um poderia ir lá, pegar a sua própria ficha, os arquivos de ocorrências ufológicas, abrir e consultar os livros. Precisamos ter acesso a essas informações porque tudo isso é público. Na verdade, os organismos, a Aeronáutica, quem sustenta tudo? Isso é um órgão público! Por que o privilégio apenas de alguns? Por que ocultar a verdade? Por mais que muitos defendam que há casos que gerem pânico, alarde, enfim, há o exemplo de Orson Wells no filme Guerra dos Mundos, que causou um pânico terrível entre as pessoas. Não importa! Sou sempre a favor da verdade. À medida que temos a informação correta, verdadeira e não sensacionalista, podemos ser orientados pelas pessoas especializadas e capacitadas sobre os acontecimentos, tornando muito fácil contornar o pânico generalizado. O que falta é isto: informação e explicação.
Que mensagem você poderia deixar em prol desta campanha? É isto! Vocês devem saber que sou completamente a favor da liberdade da informação, a plena abertura do acesso aos registros e dados informativos. Precisamos da abertura dos arquivos da Aeronáutica, do Exército, do Governo, do Congresso, do Vaticano e todas as informações que a humanidade guarda para poucos e que são importantes para muitos!