O véu do segredo que encobre instalação militar secreta mais conhecida do mundo está sendo lentamente retirado. Parece paradoxal dizer que uma área secreta é conhecida, mas é exatamente essa a situação da famosa Área 51.
Vários anos depois de a CIA dar luz verde a um ex-funcionário do lugar para publicar um livro em três volumes sobre a base, vamos aprendendo mais, enquanto novas fotografias continuam a ser tiradas e publicadas.
A base comumente conhecida como Área 51 está localizada a cerca de 160 km a noroeste de Las Vegas. Atualmente, é uma instalação da Força Aérea, mas começou como um posto avançado da CIA e era o lar de todos os tipos de projetos secretos.
Graças aos esforços contínuos de um especialista em eletrônica da agência, muitos segredos foram revelados ao longo dos anos. Esse especialista é TD Barnes .
Com a ajuda da CIA
T.D. Barnes, quando ainda funcionário da CIA. Crédito: Mystery Wire
“Estávamos fazendo uma apresentação na bolha da CIA quando eles nos desclassificaram usando o nome de Área 51”, disse TD Barnes, ex-especialista da agência.
As imagens nas paredes do escritório em sua casa já foram tão sensíveis que poderiam ter colocado Barnes atrás das grades se ele as tivesse tornado públicas, mas os tempos mudaram.
Durante seus anos como presidente de uma organização chamada Roadrunners Internationale, Barnes liderou o esforço para contar a história real sobre o que é hoje a base secreta mais conhecida até hoje.
Seus membros, pilotos e engenheiros, que trabalharam em programas classificados, compartilharam partes e peças, incluindo fotos.
Barnes, então, pediu permissão para publicá-los no site do grupo. Até alguns anos atrás, a CIA nunca reconheceria o nome de Área 51, embora fosse conhecido mundialmente, mas os Roadrunners ajudaram a mudar tudo isso.
“Na verdade, eles quase empurraram para nós as informações para esses livros que eles me mandam. Eles disseram, ‘acabamos de desclassificar 25.000 páginas”, disse Barnes.
Dias sombrios
O avião espião U-2. Crédito: Poder Aéreo
Uma razão para a mudança de opinião é que a CIA perdeu os registros de seus próprios programas. Todas as fotos e arquivos do Projeto Oxcart – o avião espião U-2 – foram perdidos pela Força Aérea.
Por isso, o historiador da CIA doutor David Robarge, esperava que os Roadrunners pudessem ajudar a reconstruir essa história, que foi o que aconteceu.
O U-2 foi construído durante os dias mais sombrios da Guerra Fria, uma época em que os Estados Unidos e aliados realmente estavam em uma guerra quente com a Rússia. Vidas americanas estavam sendo perdidas, embora o público nunca soubesse disso.
“A Força Aérea, naquele momento, antes de decidir ir com o U-2, já havíamos perdido 10 voos com mais de 75 tripulantes mortos na Rússia, tentando fazer o que o U-2 acabou fazendo. Eles estavam entrando com aviões que não podiam passar por cima dos mísseis. Eles os chamavam de voos de furão. Eles disparariam para conseguir o que pudessem e depois seriam abatidos”, disse Barnes.
Barnes solicitou sugestões de seus membros, não apenas sobre o U-2, mas também sobre os programas que se seguiram, incluindo os chamados Blackbirds.
Ele obteve tanto material, incluindo fotos tiradas dentro da Área 51, de aviões e programas e da vida cotidiana em Groom Lake, que seu plano de compilar um livro se tornou três volumes: The CIA Area 51 Chronicles [A CIA: Crônicas da Área 51. Createspace, 2017].
Espiões russos e o A-12
Avião A-12 Crédito: Mystery Wire
Entre as muitas surpresas, Barnes diz que o famoso SR-71 Blackbird, oficialmente o avião mais rápido da história, nunca voou para fora de Groom Lake. “Outros aviões da família Blackbird voaram para lá, incluindo o A-12, que voou mais alto e mais rápido do que qualquer avião já construído por humanos”, diz Barnes, embora suas realizações permaneçam confidenciais.
Os funcionários da CIA se uniram, dentro e fora da base, em parte porque o estado de Nevada estava infestado de espiões russos, tentando descobrir o que estava acontecendo. Falsas histórias foram espalhadas e segredos foram mantidos dentro da própria base a ponto de poucos conhecerem seu verdadeiro empregador.
“Menos de 5% das pessoas que trabalhavam na Área 51 tinham qualquer indício de que estavam trabalhando para a CIA”, disse Barnes.
Hoje, a Área 51 é uma instalação da Força Aérea. Mas quando Barnes é questionado sobre se a CIA ainda está lá, ele sorri e diz que não sabe dizer.
Fonte: Mystery Wire
Assista, abaixo, uma entrevista com T.D. Barnes, na época do lançamento de seus livros: