É hora de fazermos mais!A luta por liberdade de informações não é um confronto, é uma proposta de cooperação Houve uma época de nossa história em que os ufólogos estavam com os nervos à flor da pele, irritados com a postura militar brasileira de negar veementemente a realidade da situação ufológica. Seus protestos somavam-se a momentos de indignação, com os quais os estudiosos brasileiros do Fenômeno UFO demonstravam sua reprovação à obtusa política governamental de se calar solenemente perante o agravamento das manobras de discos voadores em nosso Território, que há tempos já não podem mais ser ignoradas. Uma época de grande exaltação, por exemplo, foi aquela que se seguiu à chamada Noite Oficial dos UFOs no Brasil, em maio de 1986, quando dezenas de objetos voadores não identificados foram radarizados por diferentes estações do Centro Integrado de Defesa Aérea e Controle de Tráfego Aéreo (Cindacta) e perseguidos por caças a jato da Força Aérea Brasileira (FAB).
Todos os ufólogos recordam terem assistido o então ministro da Aeronáutica Octávio Moreira Lima ir à tevê e declarar, em alto e bom som, que dentro de um mês dos incidentes, a FAB revelaria o resultado de suas investigações do impressionante episódio. 30 dias apenas! É desnecessário dizer que estamos até hoje esperando que a Aeronáutica venha à público com tais revelações. Perguntado várias vezes a respeito dessa reticência, Moreira Lima desconversou e minimizou a gravidade da situação – que, em 1986, quando ocorreu, deixou quase em pânico os militares brasileiros, que não sabiam o que fazer diante do que parecia ser “a chegada derradeira de ETs ao planeta”. Já se passaram quase 18 anos do episódio, mas nunca uma única linha foi publicada por nossos militares sobre o fato.
Da mesma forma, uma década antes, em 1977, a FAB se envolvera de maneira intensa e inédita com uma das mais surpreendentes e trágicas ondas ufológicas que já tivemos notícia, em todo o mundo. Era o chamado Fenômeno Chupa-Chupa, da Amazônia, que motivou os integrantes do I Comando Aéreo Regional (COMAR), de Belém (PA), a instituírem a delicada Operação Prato. À sua frente, um valoroso militar que teve a coragem de registrar e ser sobrevoado por naves de todos os tipos, o então capitão Uyrangê Bolívar Soares Nogueira de Hollanda Lima. “Vivíamos dia e noite tendo surpresas com aqueles objetos, que certamente agiam sob controle inteligente e sabiam que estávamos ali para investigá-los”, declarou Hollanda a este autor, quando foi entrevistado, em 1997.
Omissão e acobertamento
Esses dois casos – certamente os mais notórios da Ufologia Brasileira – são apenas alguns exemplos da complexidade da manifestação ufológica em nosso país e da gravidade que ela representa. Nas duas ocasiões em que os fatos se deram, os ufólogos ergueram sua voz, foram à imprensa, bradaram e acusaram o governo ora de omissão, ora de acobertamento. E mostraram toda a sua revolta pelo silêncio imposto ao tema – este autor, inclusive. Mas, com o tempo, vimos que essa não era a maneira certa de agirmos, nem a mais inteligente. Gritar e exigir nossos direitos não provocou os resultados desejados. Não provocou quase nenhum resultado! Apenas nos fizemos ouvir, nada mais. Pois respeito é algo que não se exige, mas se adquire. E esse é justamente o ponto central da questão.
Ao deflagrarmos a campanha UFOs, Liberdade de Informação Já , levamos em consideração que nossa voz foi ouvida – e muito bem. E que a Comunidade Ufológica Brasileira já demonstrou suficiente maturidade para ser respeitada. É isso que queremos agora. Pacífica e respeitosamente, buscamos o reconhecimento da questão ufológica, da realidade da presença alienígena em nosso meio e da necessidade de se orientar a população sobre como agir em casos de contatos com o fenômeno. Os ufólogos que compõem a Comissão Brasileira de Ufólogos deixam claro que não estão afrontando nosso Governo, desafiando nossos militares ou desvalorizando nossas instituições. Estamos, isso sim, propondo uma parceria e oferecendo nossa voluntária contribuição para o trabalho de investigação do tema e esclarecimento da população. Os ufólogos e demais signatários do Manifesto da Ufologia Brasileira estão conscientes de que seu papel é somar, agregar e construir.
É hora de agirmos de maneira consistente e mais condizente com a seriedade do Fenômeno UFO. É hora de tomarmos resoluções – individuais e coletivas – que expressem a maturidade que acreditamos ter. Individualmente, porque é tarefa de cada ufólogo ter noção precisa de que, por mais sensacional e emocionante que seja o trabalho com Ufologia, ele requer discernimento, ponderação e muita responsabilidade. Especialmente se pretendemos interagir com nossa sociedade, informando-a sobre o tema. E coletivamente, porque também é chegada a hora da Comunidade Ufológica Brasileira se conscientizar de sua capacidade de agir como um grupo, de vencer barreiras individuais que enfraquecem o movimento, minam nossos esforços e atrasam a chegada de resultados. Não há mais tempo a perder com egos e individualismos. O trabalho tem que ser coletivo e em beneficio de todos.
É com essa postura que iniciamos nossa serena e ordenada campanha, mas também com determinação e persistência, em busca de resultados satisfatórios. Há motivos, sim, para crermos que ela dará certo. Especialmente se pudermos contar com a mobilização da maioria dos integrantes da Ufologia Brasileira, no sentido de divulgarem este processo e angariarem mais simpatizantes para somarem-se a nós. Temos sinalizações claras e inequívocas, emanadas de determinados setores de nosso Governo e Forças Armadas, de que há um anseio para tornar pública a questão ufológica. Oportunamente as apresentaremos. É certo que poderes externos à Nação, de grande porte, originados principalmente dos Estados Unidos, onde acobertamento é questão de sobrevivência, tentarão enfraquecer nosso movimento e dissuadir eventuais simpatizantes governamentais e militares de abraçarem a questão. Mas também contra essas forças temos que estar preparados. Crer na soberania nacional, na capacidade e na boa vontade de nossos dirigentes é fundamental.
Políticas oficiais
É necessário que os ufólogos brasileiros, principalmente os signatários do Manifesto, compreendam que o acobertamento ufológico não é uma tendência em si ou algo isolado. É apenas mais um item da agenda militar ou governamental de qualquer nação. É certo que é um dos itens mais importantes para certas nações, mas, ainda assim, a reserva oficial quanto a determinados fatos é comum no
meio militar e espelho de uma ação de governo. Por um lado, não se pode tirar a razão de nossos militares de agirem dessa forma. O Fenômeno UFO realmente representa algo que foge à nossa total compreensão. É algo imensamente superior a qualquer coisa com que estejamos habituados e, naturalmente, deve ser encarado com extremo cuidado. Os exageros nesses cuidados, em certos casos, são justificáveis – pelo menos até que tenhamos inteiro controle e conhecimento da situação.
Diversos países do mundo já adotaram uma postura mais aberta e franca perante suas populações, quanto ao tema UFO. Em nosso continente, o Chile e o Uruguai, neste momento, têm comissões oficiais bastante produtivas de pesquisas ufológicas. E mistas, compostas de ufólogos civis e militares. No Uruguai, a Comisión Receptadora y Investigadora de Objetos Voladores No Identificados (Cridovni) tem mais de 25 anos de experiência. É fundada e estabelecida dentro da estrutura da força aérea daquele país, e conta com recursos oficiais para investigação profissional do tema. E no Chile, uma iniciativa similar existe há 7 anos, dentro da Diretoria de Aviação Civil de Santiago. Trata-se do Centro de Estudios de Fenómenos Aereos Anómalos (CEFAA), instituído por determinação governamental. Fora do continente, França, Espanha, Bélgica, Itália, Rússia e até a China têm ou tiveram programas similares. Em Pequim, por exemplo, uma entidade mista civil e militar agrupa mais de 200 mil interessados na pesquisa dos UFOs. A França, já na década de 70, foi a primeira nação a admitir a existência e realidade dos discos voadores.
Portanto, como se vê, abertura política quanto ao assunto não é uma utopia nem algo desastroso para uma nação, e pode certamente ser implementada pelo Brasil, um país cada dia mais respeitado no cenário internacional por suas conquistas em diversos campos. Sensibilidade para tal abertura há, assim como motivos que a justifiquem. Resta saber se será possível incluir na agenda oficial de nossos governantes tal assunto, especialmente em meio às contínuas crises políticas que assolam o país. De qualquer forma, a busca do reconhecimento da situação ufológica e sua gravidade, já admitida por diversos membros de nossas Forças Armadas, é questão que merece foro e atenção. E cabe aos ufólogos provar seu significado.