Em tempos talvez mais felizes, quando todos os interessados pelo Fenômeno UFO éramos amigos, as coisas estavam muito mais simples. Antes, debatíamos nos círculos ufológicos a existência dos pratos voadores, já os céticos que pro ventura os negavam, simplesmente, ignoravam o assunto deixando os “crentes” por muitas vezes desapontados, mas de maneira amistosa, pois quase nunca havia ataques verbais. As hipóteses desenvolvidas com os anos evoluíram significativamente, e hoje, o que predomina são as opiniões dos apaixonados pelo assunto que preferem não perder tempo com os desentendidos.
Por outro lado, no lugar de analisar a casuística, alguns “ufólogos” fixam uma linha de pensamento que acreditam estar correta e, em vez de apresentar argumentos que possam ajudar a solucionar determinados casos, acabam atacando seus colegas com hipóteses sem nexo. O resultado de tudo isso é uma confusão considerável, e há ainda aqueles que supostamente estão bem informados, e, às vezes, revelam sua ignorância naquilo que escrevem, expondo suas preferências pessoais. As dificuldades básicasDois problemas contaminaram a Ufologia desde seu começo:
I) A falta de uma definição exata do fenômeno aceita por todos os ufólogos. Numerosas definições do que são os UFOs foram propostas por alguns pesquisadores, e, como podia se esperar, duramente criticadas pelos outros. Logicamente, para pesquisar qualquer fenômeno é essencial uma definição adequada, para recolher, desta forma, uma amostra representativa do mesmo. No caso concreto do Projeto UNICAT, a definição usada é a proposta pelo doutor Hynek: Um informe da percepção, no céu ou sobre o solo, de um objeto ou uma luz cuja aparência trajetória, comportamento dinâmico e aspectos luminosos não sugerem uma explicação convencional e lógica das testemunhas, mas que permanece sem ser identificado. O doutor Vallée especificou uma das limitações desta definição, que em princípio postula a existência de um grupo técnico com a sabedoria necessária para separar o joio do trigo. Vallée parece duvidar que esse grupo exista, mas se assim fosse, a crítica só acentuaria a necessidade de criá-lo, e não invalida a mais precisa definição que temos.
II) O segundo problema é a tendência dos ufólogos a formular hipóteses sem estudar a informação, selecionando a casuística de acordo com as idéias pré-concebidas. Invertendo a ordem do processo científico, as explicações são propostas primeiro, e os casos que as favorecem são selecionados posteriormente. Isso acontece devido a maioria das pessoas que têm interesse pelo Fenômeno UFO e são entusiastas sem preparo científico. É interessante assinalar que a Ufologia é uma atividade na qual, como na política, não é preciso na teoria de certa preparação prévia.
Isto não implica que credenciais acadêmicas ou títulos universitários seja um requisito imprescindível para dedica-se à Ufologia. Mas é inegável que, como resultado de sua preparação, um cientista adquire não apenas conhecimentos, mas uma atitude mental predominante em seus contatos com o ambiente que o rodeia. Isto não é exclusivo da ciência, mas aplica-se a todas as profissões: o policial pensa como policial e o advogado ou o médico analisam os fatos de acordo com suas experiências profissionais. De qualquer forma, o proponente de uma hipótese determinada deveria estabelecer explicitamente as bases da mesma, indicando a casuística utilizada, assim como as regras que determinam se um caso é incluído ou não.
É oportuno enumerar aqui os três aspectos clássicos do Fenômeno UFO:
I) Existência;
II) Origem;
III) Propósito;
Estas fases são independentes e devem ser elucidadas nesta ordem. Como bem disse o doutor Hynek, o Fenômeno UFO caracteriza-se pela persistência de informes consistentes, cujo conteúdo e validez devem ser estudados independentemente das hipóteses sobre a sua origem. Mas, historicamente esse não foi o caso, e na imaginação popular, os pratos voadores ainda são identificados como naves extraterrestres. Trago isto à colação para ver se entramos numa via de pesquisa e que dos resultados frutíferos seja possível deixar de lado os argumentos e ataques pessoais com os que nada se ganha, se breca e confunde nosso principal interesse que é o de intercambiar repórteres de avistamentos, sugestões e hipóteses de forma racional.