
O I Fórum Mundial de Ufologia não poderia ter acontecido em outra cidade. Brasília tem características fundamentais para congregar o espírito do evento: é uma cidade jovem – sem as amarras e preconceitos impostos pelo passado é eclética e acolhe em seu território todos os tipos de pensamentos, crenças, religiões, atividades culturais e científicas. Além disso, o fato de ser a capital federal brasileira cria caminhos de diálogo entre pesquisadores e governo.
O palco para o colóquio também não poderia ser outro: o Parlamento Mundial da Fraternidade Ecumênica, o ParlaMundi, idealizado pela Legião da Boa Vontade (LBV), o local reúne povos valorizando suas diferenças através do princípio do ecumenismo e da democracia. Vários eventos mundiais já foram realizados lá, mas nenhum conseguiu tantos participantes internacionais como o Fórum Mundial, em que estiveram presentes quase 70 conferencistas dos cinco continentes, além de aproximadamente 500 congressistas.
Somente uma instituição assim, ecumênica e democrática, conseguiria abrigar pensamentos divergentes, místicos e científicos, religiosos e ateus, como de fato aconteceu no congresso. Sem esse espírito de diversidade, o Fórum não poderia ter se realizado, pois graças às diferenças e que se pôde chegar a conclusões tão importantes para a história da Ufologia. Os pesquisadores se uniram não pelas diferenças, mas pelo único ponto comum que os fazia estar lá: o desejo de reconhecimento oficial dos discos voadores pelos governos de seus países.
Embora muitos não saibam, a LBV tem uma história na Ufologia. Já na década de 50, as revistas da entidade abordavam assuntos ufológicos em artigos de seu fundador, Alziro Zarur. Temas como o histórico contato de Kenneth Arnold e o acidente de Roswell foram divulgados através dos meios de comunicação da Legião. Também é conhecido o particular interesse de Paiva Netto, atual presidente da LBV, na Ufologia. Em vários de seus programas veiculados pela TV e pelo rádio, o jornalista falou sobre os discos voadores, chamando a atenção para a seriedade do fenômeno.
PARTICIPAÇÕES IMPORTANTES – Hoje, os laços entre LBV e Comunidade Ufológica Mundial estão firmemente formados, graças ao I Fórum Mundial, O apoio da instituição foi fundamental para que o evento deixasse de ser apenas um sonho. toda sua estrutura física e pessoal foi acionada. A partir de março de 1997, reuniões periódicas passaram a ser realizadas, equipes de funcionários e voluntários da Boa Vontade se mobilizaram em favor da Ufologia. Feriados e fins de semana foram sacrificados e, apesar da separação geográfica entre os membros da comissão ufológica e a LBV, não faltaram diálogo e união.
Contribuíram desde o início com seu profissionalismo pessoas que se tornaram amigas, como Enaildo Viana, Wellington Azeredo, Eliane Maria e tantos outros que participaram anonimamente, mas com igual importância. O clima de fraternidade fez com que o evento fluísse. Todos os membros da organização, desde a limpeza ao cerimonial foram impecáveis, sempre atenciosos e amigos com os participantes.
A Comissão Brasileira de Ufólogos muito se orgulha de estar ao lado de tão primorosa equipe. E isso deve ser tomado afirmativamente, pois a Ufologia só ganhou junto à LBV. Além do ambiente de amizade proporcionado, as instalações do ParlaMundi e todo o complexo físico da Legião falaram por si. O Templo da Boa Vontade (TBV), o cristal no alto da pirâmide, a Sala Egípcia, o Memorial Alziro Zarur, o acervo de obras de arte e todas as demais dependências encantaram visitantes nacionais e internacionais.
A relação dos conferencistas e congressistas com o templo chamou atenção. Holístico e científico uniram-se de maneira indescritível. Um exemplo entre os muitos que podem ser citados é o da contatada australiana Glennys Mackay, que se emocionou ao visitar o TBV. “Senti uma energia muito forte em todos os lugares por onde passei. A mandala de cristal emana forte energia. A pirâmide nos faz entrar em harmonia com o Cosmo. Tudo aqui é único”, disse.
RECONHECIMENTO OFICIAL JÁ – Um forte motivo de ordem política também contribuiu para que o Fórum se realizasse em Brasília. A campanha “Discos voadores: reconhecimento oficial já”, iniciada juntamente com o congresso, obteve grande adesão e resultados positivos devido à localização do evento. No último dia de conferências, uma carta assinada por mais 50 ufólogos e pesquisadores nacionais e internacionais foi entregue a autoridades do Senado e Congresso Nacional. A Carta de Brasília, como foi chamada, pede que o governo passe a contribuir, a partir de agora, para a liberação de informações ufológicas que estejam em seu poder.
Brasília é o centro de todas as discussões políticas no país. Lá são decididos os destinos de milhões de cidadãos, da economia, da informação e também da ciência. Não menos importante, o destino ufológico, também esteve – pelo menos durante sete dias ininterruptos – em pauta no Distrito Federal. Não se pode mais conceber a Ufologia como disciplina de gabinete. Não, pois mais do que candidata à ciência, ela é também uma questão política e social, que deve ser levada à população sem segredos. Governos de vários países têm se prontificado a ajudar os estudiosos dos discos voadores. Chile e França já o fizeram. Com a Carta de Brasília, nosso país também entraria na Era da livre informação ufológica. Pelo menos é isso que todos os que estiveram lá presentes esperam que aconteça.
Mas o Fórum Mundial não foi o único evento ufológico da história do Planalto Central. Pelo contrário, conferências importantes já tiveram lugar lá em épocas em que a Ufologia era menos divulgada. Graças a um homem de valor inestimável chamado Alfredo Moacyr de Mendonça Uchôa, conhecido na comunidade como general Uchôa, Brasília já é tida como “Capital dos UFOs” há duas décadas. Foi o general Uchôa quem realizou o primeiro grande evento na cidade. Era o I Congresso Internacional de Ufologia, ocorrido em 1979, tendo entre os conferencistas personagens históricos como o norte-americano J. Allen Hynek.
Quatro anos depois, em 1983, esta série teve continuidade com o II Congresso Internacional de Ufologia, desta vez capitaneado por Paulo Fernando Kronemberger, um homem obstinado que realizou, na década de 80, centenas de eventos ufológicos pelo Brasil afora. Polêmico por suas alegadas experiências, tem inegável parcela de contribuição à Ufologia Brasileira, no sentido de sua popularização e reconhecimento dos talentos que hoje a compõem.
O general Uchôa e Paulo Kronemberger foram responsáveis pelo crescimento da Ufolog
ia em todo o país. O General, autor de livros na área, também organizava eventos e constantes vigílias por todo o Planalto Central, conferindo observações ufológicas. Sua busca pela verdade sobre os UFOs foi incessante até o dia em que sua saúde não mais o permitiu. Seu legado, para a nova geração de ufólogos, foi a coragem para continuar com as pesquisas e realizar novos eventos em sua cidade localizada no coração da América Latina.
O Fórum Mundial, mais que um evento ufológico, foi uma homenagem à memória do homem que não perdeu a esperança na divulgação dos UFOs. Para a Comissão Brasileira de Ufólogos, a lembrança do General esteve presente em todo o evento. Sua presença se harmonizou com o ambiente sereno da LBV. Todos puderam sentir o ideal ufológico e, ao irem para suas casas, levaram a lembrança não só das conferências, do ritmo puxado das palestras, da maratona da informação, mas também dos novos amigos, do cl ima de fraternidade e da busca pela verdade, seja através dos governos ou dos incansáveis pesquisadores.