Depois da descoberta do primeiro planeta fora do Sistema Solar que pode abrigar vida, cientistas anunciaram no dia 2 de maio, a descoberta do planeta extra-solar mais maciço já detectado. Esse gigante gasoso tem quase oito vezes mais massa do que Júpiter, mas é apenas um pouco maior, porque sua gravidade superpoderosa o mantém compacto. Segundo os astrônomos, ele está na fronteira entre um planeta e uma estrela. Ainda sem um nome mais simples, ele é chamado apenas de HAT-P-2b e possui diversas características pouco comuns entre os planetas descobertos até agora. Sua órbita é extremamente oval, o que o traz a quase 5 milhões de quilômetros de sua estrela logo antes de o levar para uma distância três vezes maior, de 15 milhões de quilômetros. Se a Terra tivesse uma órbita parecida, chegaríamos quase em Mercúrio, para depois passarmos perto de Marte. Graças a essa órbita, o planeta passa por temperaturas intensas quando se aproxima de seu sol e depois esfria ao se afastar.
Essa característica é um grande mistério, porque planetas muito próximos de estrelas tendem a girar de forma bem circular. Segundo os astrônomos, essa órbita oval pode ser explicada se outro planeta estiver por ali para bagunçar a atração gravitacional entre o HAT-P-2b e a estrela. Tal planeta, no entanto, ainda não foi encontrado. O novo planeta dá uma volta completa na estrela uma vez a cada 5,63 dias – o que parece rápido, mas é o período mais longo de um corpo como ele já detectado. O sol que ele orbita é quase duas vezes maior e bem mais quente que o nosso, e está a 440 anos-luz de distância da Terra, na constelação de Hércules. A gravidade do HAT-P-2b impressiona. Para efeito de comparação, uma pessoa de 70 quilos na Terra chegaria a pesar quase 1 tonelada no planeta. Segundo os astrônomos, ele é quase tão denso quanto a Terra, que é rochosa, mas é gasoso como Júpiter. É tudo tão estranho, que os cientistas que o detectaram acharam que estavam enganados. Aquilo não poderia ser um planeta, deveria ser alguma outra coisa. Mas era, como observações posteriores confirmaram. “Eliminamos todas as outras possibilidades, então sabíamos que estávamos com um planeta muito esquisito”, disse o astrônomo Gaspar Bakos, líder do grupo que encontrou o HAT-P-2b.
Segundo um dos co-autores do trabalho, Dimitar Sasselov, o HAT-P-2b por pouco não é uma estrela. “Com 50% mais massa, ele poderia entrar em fusão nuclear em pouco tempo”, diz ele. Bigornas de diamante Entender as características de planetas tão longe do nosso Sistema Solar é importante para responder diversas perguntas da astronomia, entre elas a da existência de vida fora da Terra. Para ajudar nessa busca, outro grupo de cientistas utilizou uma bigorna de diamante e um raio laser superpotente para recriar as condições dos núcleos de planetas gigantes. Com a união entre os dois instrumentos é possível comprimir materiais a pressões até mil vezes maiores do que as possíveis com as tecnologias atuais. Com isso, os cientistas podem estudar como materiais se comportam em planetas em condições extremas. Até agora, a equipe, liderada por Raymond Jeanloz, já conseguiu atingir pressões de até 10 milhões de atmosferas. Para isso, usou um laser ultravioleta de 30 quilojoules, da Universidade de Rochester, em Nova York.
Agora, a esperança é atingir pressões acima de um bilhão de atmosferas com a ajuda de um outro laser, que chega a 2 megajoules. “Quando esprememos materiais a um milhão de atmosferas, sua química muda dramaticamente”, diz Jeanlouz. “Eles podem se transformar de transparentes a metálicos e podem até virar supercondutores. A tabela periódica muda completamente em alta pressão”. Este trabalho foi publicado na edição desta semana da revista da Academia Nacional de Ciências dos Estados Unidos (a “PNAS”) e desenvolvido por cientistas da Universidade da Califórnia em Berkeley, do Laboratório Nacional Lawrence Livermore, da Universidade Estadual do Novo México -todos nos Estados Unidos -, e da Comissão de Energia Atômica da França.