Os exploradores espaciais americanos são chamados de astronautas; os russos, cosmonautas; os franceses, até algum tempo atrás, eram espaçonautas; os chineses ganharam o apelido de taikonautas. Mas um grupo de engenheiros da Universidade de Glasgow, na Escócia, decidiu levar a sério a nomenclatura: eles estão desenvolvendo os primeiros nanonautas.
A idéia é usá-los para explorar outros planetas — audaciosamente indo aonde nenhum homem jamais esteve… e possivelmente jamais poderia ter estado mesmo. Por exemplo: Vênus. A temperatura ambiente é de 450 graus Celsius. Nenhum explorador humano poderia sobreviver a isso. Mas os nanonautas não teriam problemas, diz John Barker, chefe do projeto. Ele apresentou o conceito durante a reunião da Sociedade Astronômica Real, no Reino Unido.
Mas que diabos são os nanonautas? Cada um deles consiste num microchip de computador com um milímetro de tamanho, cercado por uma camada de um polímero que pode ser induzida a se enrugar ou se esticar pela aplicação de uma pequena corrente elétrica. Na prática, eles são o que pode ser chamado de “poeira inteligente”.
Atirados aos montes num planeta com atmosfera, eles coletariam dados e se movimentariam do mesmo modo que a poeira comum — carregados pelo vento. A diferença é que, por conta de sua capacidade de se enrugar ou se esticar, eles poderiam controlar o efeito de arrasto e, assim, controlar parcialmente seu vôo. Os nanonautas manteriam contato uns com os outros e com a nave-mãe que os levasse até lá. Assim, eles se coordenariam para coletar os dados pertinentes à pesquisa e enviá-los da forma mais eficiente possível à Terra.
Segundo Barker, o trabalho de desenvolvimento já começou, mas está longe de terminar. “Nós ainda estamos num estágio inicial, trabalhando em simulações e componentes. Ainda temos muitos obstáculos a superar antes que estejamos prontos até mesmo para testar fisicamente nossos designs”, diz o engenheiro, em nota. “Entretanto, as aplicações potenciais para poeira inteligente em exploração espacial são muito empolgantes. Nossos primeiros estudos de perto de planetas fora do Sistema Solar poderiam vir de um monte de poeira inteligente levada até outro sistema planetário por um motor iônico”.