Cientistas alemães descobriram novos indícios de que um cometa pode ter trazido vida para a Terra, ao portar em suas partículas coenzimas similares às do tipo PQQ, que são parte importante na cadeia para a formação da vida, anunciou um pesquisador do Instituto Max Planck de Katlenburg-Lindau. Os cientistas descobriram no espaço, através da sonda americana Stardust, moléculas que constituem uma das premissas para a produção de material hereditário. “Pela primeira vez constatou-se, ao analisar a poeira cósmica, a presença de coenzimas similares às do tipo PQQ, que constituem uma parte importante da cadeia para a formação da vida”, disse Jochen Kissel, cientista do Instituto Max Planck. “As coenzimas do tipo PQQ estão presentes em todos os seres vivos, exceto nas arqueobactérias (encontradas em água muito salgada ou em ambientes de temperaturas superiores a 70ºC)”, destacou Kissel. Até o momento, os cientistas não podiam explicar como essas substâncias chegaram antes da formação da vida na Terra. Segundo a nova explicação, assim como muitas outras moléculas, as coenzimas chegaram ao planeta no passado através de poeira cósmica trazida por cometas. Estas moléculas criaram os primeiros materiais genéticos através de combinações de nitrogênio e dióxido de carbono. ?Juntamente com a água e outros fatores coadjuvantes, a vida sobre a Terra pode ter sido criada?, disse Kissel, que fez estes estudos em conjunto com seu colega da Universidade de Darmstadt, Franz Krueger, e cientistas americanos. “As coenzimas do tipo PQQ podem ser criadas inclusive com ajuda de radiação cósmica sobre moléculas existentes na superfície dos minerais”, acrescentou o especialista. “Há agora muito mais indícios que indicam que a evolução química da Terra, iniciada há 3,6 bilhões de anos. Pode ter ocorrido devido à queda de poeira cósmica”, disse Franz Krueger. “Também hoje em dia caem anualmente cerca de quatro mil toneladas de material estrelar no planeta”, acrescentou. A análise do material cósmico foi feita através de um espectrômetro especialmente desenvolvido na Alemanha. Até agora, as pesquisas tinham fracassado porque as pequenas partículas estrelares que desenvolviam alta velocidade no espaço se evaporavam quando colidiam com um coletor concebido para capturá-las. Já o espectrômetro de massa, incorporado à sonda Stardust da NASA, permite analisar diretamente as partículas no espaço. A sonda foi lançada há cinco anos com o objetivo de capturar poeira cósmica e partículas da cauda do cometa Wild2. A sonda e sua preciosa carga deverão voltar para a Terra em 2006, após uma viagem de 5,2 bilhões de quilômetros pelo espaço.