Por Pedro de Campos
A evolução do espírito, segundo a Doutrina Espírita, se faz em diversos mundos, razão pela qual os encarnados na Terra já viveram em orbes mais atrasados e até mesmo mais adiantados, considerando-se os que vieram a este orbe como decaídos. Na Terapia de Vidas Passadas (TVP) é comum a lembrança de já se ter vivido, por exemplo, no Egito, em Roma, na Espanha e em outros países. Então surge a pergunta: Será que há casos em que a pessoa se recorda de ter vivido em outros mundos? Neste texto, vamos examinar estes assuntos e mostrar aspectos doutrinários consonantes à TVP.
Lendo as obras da codificação espírita, registradas por Allan Kardec, tem-se que o foco inteligente em seu início é uma criação da Inteligência Suprema. Nota-se nas obras básicas que sua evolução se faz ao longo das vidas sucessivas, cujo percurso pode ser assim resumido:
O princípio inteligente inicia sua caminhada no Reino Mineral, na dormência imponderável dos movimentos atômicos, como elemento atrativo no seio das subpartículas e a imprimir nelas, de modo imperceptível, sua teia incipiente de organização. “Tudo se encadeia na Natureza, desde o átomo primitivo até o arcanjo”, está anotado em O Livro dos Espíritos (Q. 540). Depois, exercitando-se nos automatismos da dinâmica sensória, a inteligência inaugural estagia no Reino Vegetal atravessando as Eras. Após longuíssimo percurso, o princípio espiritual vai despertar no berço dos sub-reinos da animália e exercitar-se no Reino Animal até atingir o ápice da capacidade instintiva. Em seguida, na culminância que o cérebro animalejo pode oferecer à consciência espiritual em dilatamento, o Espírito, agora dotado dos rudimentos da razão, baldeia de veículo e toma para si a máquina humana, iniciando no Reino Hominal sua jornada iluminativa, na qual amplia a memória, o entendimento e a razão.
Ao longo dessa jornada de avanço progressivo, é imperioso fazer escolhas pessoais. E quando o espírito prefere o caminho mais reto e seguro, mais harmônico e fraterno, constata que tal opção fora a correta. Então nas suas novas escolhas passa a rejeitar de modo mais ou menos automático os caminhos tortuosos, desarmônicos e egoístas que o levaram a seguidos desconfortos. Tendo gravado na memória o valor da retidão e da fraternidade para efetuar suas escolhas, abre-se a ele novos percursos iluminativos, que o levam a paragens mais altas de prosperidade, paz e harmonia.
Segundo as obras da codificação espiritista, a estrada evolutiva do espírito não cessa nas vidas sucessivas do Reino Hominal. Após o estágio de vida humana na Terra, ele experimenta outras vivências corpóreas em outros mundos do infinito. Nos insondáveis orbes extraterrestres, conhece novas existências em outros corpos de natureza densa para superar variadas situações de dificuldade, tal como o aluno que na escola que frequenta supera graus de saber cada vez mais nobres e elevados.
Ao desvencilhar-se do ciclo das vidas sucessivas, encarnado na matéria densa, o espírito passa a estagiar em corpos “menos materiais”, constituídos de corpúsculos de gradação invisível, numa bioforma de plasma ultrafísico pertencente à outra dimensão do espaço-tempo, por assim dizer em linguagem atual, muito diferente da nossa densidade corpórea, segundo os informes de entidades elevadas.
Então, num corpo menos material cada vez mais rarefeito e refinado, consoante ao seu grau evolutivo, o espírito sobe a Escada de Jacob (Gn 28, 10-19) até o patamar em que não mais precisa ocupar um corpo que delimite suas ações executivas, porque ele agora se fez depurado, cheio de capacidade realizadora, de sabedoria e bondade.
Na condição de espírito puro, o ente sublimado pode exercitar suas qualidades de perfeição, auferidas ao longo de extensas Eras em variados mundos do infinito, sem qualquer limitação imposta por este ou aquele veículo corpóreo. Nessa quintessência depurada, o espírito é apenas um foco inteligente, mas de plena consciência, sabedoria e bondade, ofertando aos seres de todos os reinos evolutivos que lhes são inferiores suas dádivas amorosas de bondade e realização.
Assim, de modo resumido, temos um panorama geral do percurso evolutivo do espírito, dado na Doutrina Espírita, desde o seu início no átomo de primeira idade até o degrau máximo em que se assenta para se tornar um agente da Inteligência Suprema, preposto responsável por grandes obras e fenômenos universais.
Portanto, depreende-se do escrito na codificação que tudo no universo tem um grau de consciência e que o cosmos é um infindável campo de trabalho para todo foco inteligente em seus diversos graus de conhecimento, capacidade e realização.
Ao espírito humano, corporificado no homem e postado nos degraus da escalada terrestre, cumpre fazer uso da razão e refletir sobre aqueles insondáveis aglomerados do universo – planetas físicos, esferas ultrafísicas e círculos espirituais onde se desenrolam, segundo informes doutrinários, incalculáveis vidas sucessivas para o seu aprimoramento e evolução.
No nosso meio acadêmico, de maneira científica tanto quanto possível, desenvolveu-se a chamada Terapia de Vidas Passadas (TVP), método pelo qual profissionais formados em faculdades afins, usando hipnose regressiva e técnicas psicoterápicas, buscam remover do “Sujet” (como é chamada a pessoa submetida à hipnose) marcas profundas causadas por traumas contraídos em situações adversas.
Nessa prática, estando a pessoa hipnotizada, o hipnólogo acessa o subconsciente dela com facilidade, podendo detetar marcas vivenciais positivas ou negativas. Em curto tempo, pode chegar aos traumas e fobias. Então, conhecendo suas lembranças, dores e tudo que lhe aflige, pode, por meio de sugestões, amenizar e até mesmo livrá-la das íntimas perturbações.
A TVP nasceu do experimento com a hipnose clássica. De modo intrigante, inúmeras pessoas com filosofia, cultura e religião variadas, durante as regressões relataram de modo absolutamente espontâneo ter vivido outras vidas antes da presente. Embora certos terapeutas tenham se aprofundado nas pesquisas para apuração da verdade, a TVP foi validada, exclusivamente, pelos bons resultados obtidos nas terapias.
Hoje estão catalogados inúmeros casos de pessoas que regrediram a vidas passadas. Durante as sessões, é comum a menção do nome em vida pregressa, dos traços físicos, do perfil moral, de seu status social, do país ou da localidade em que a experiência aguda fora vivida, da lembrança do trauma e até mesmo como teria ocorrido sua morte e outros fatores ligados à perturbação.
Embora na maioria dos relatos o Sujet fale de sua experiência vivida em algum lugar da Terra, há casos em que tal vivência é relatada em mundo extraterrestre. Não é possível saber com certeza se os relatos de vida extraterrestre são de casos reais ou imaginários. Contudo, se a TVP é válida para os traumas vividos na Terra, não haveria motivo para invalidá-la quanto aos vividos em outro orbe, porque os resultados terapêuticos continuam bons.
Quanto aos postulados doutrinários, que nada têm com a TVP, os relatos de vida extraterrestre se encaixam bem, porque neles é dado que o espírito faz sua evolução também em outros orbes e, em alguns casos, pode até mesmo decair e voltar à Terra. Então, no naipe de espírito decaído, tendo de saldar aqui débitos contraídos em outro orbe, não seria incomum trazer também os traumas lá de fora, marcas que precisariam ser desarraigadas da mente espiritual para alívio da perturbação anímica.
Curiosamente, em países onde a TVP está em franco emprego, ocorre que o terapeuta, intrigado com a questão extraterrestre, por interesse comum com o narrador da experiência chega a fazer 50 sessões de regressão para saber detalhes e avaliar melhor os traumas vindos de situações que na Terra não são comuns ou que não seriam jamais vividas.
A especialista Bárbara Lamb, com consultório em Claremont, Califórnia, é uma das muitas que se dedica à regressão com pessoas tidas como contatadas ou abduzidas. Desde 1991, ela registra 1100 pessoas que relataram experiência com seres alienígenas e mais de 3000 regressões já realizadas.
Dá conta de que, em estado hipnótico, muitas delas perceberam uma vida pregressa em mundo alienígena, vivendo como ETs, a maioria como entidade da mesma espécie com quem já fizera contato. Isso poderia explicar, segundo Bárbara, o motivo de certas espécies alienígenas estarem sempre interessadas na mesma pessoa e o porquê desses contatados terem se acostumado aos encontros, a ponto de não lhes causar um mal aparente.
Caso não haja fobia nem qualquer outro transtorno, mas apenas a lembrança positiva do encontro, o mais importante na opinião de Bárbara seria conviver bem com o fenômeno. Há casos, inclusive, em que o Sujet se diz um “contatado amigo do alienígena”, tendo recebido alguma dádiva benéfica, como, geralmente, a cura de grave enfermidade ou a capacidade de curar outras pessoas.
O fato é que nos âmbitos físico e ultrafísico, em especial nas curas tidas como espirituais, muita coisa está acontecendo sem que se saiba decifrar cientificamente o real significado. Cada nova incidência ufológica aparenta ser mais uma peça do enorme quebra-cabeça que está sendo montado desde o término da Segunda Guerra. Sem dúvida, algo estranho e misterioso está ocorrendo, cabendo aos aficionados, ufólogos e autores especializados darem a público as novidades, sejam elas positivas ou negativas, porque somente a verdade valoriza o conhecimento e liberta da ignorância.
Pedro de Campos é autor dos livros: Colônia Capella; Universo Profundo; UFO – Fenômeno de Contato; Um Vermelho Encarnado no Céu; Os Escolhidos; Lentulus – Encarnações de Emmanuel, publicados pela Lúmen Editorial. E também dos recém-lançamentos: A Epístola Lentuli e Arquivo Extraterreno. E dos DVDs Os Aliens na Visão Espírita, Parte A e Parte B, lançados pela Revista UFO. Conheça-os! Visite também o blog do autor no site da Lúmen Editorial, clique aqui para conhecer.
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