Por Pedro de Campos
O “contato de quinto grau” carece de consenso no meio ufológico quanto à sua definição. Para nós, está caracterizado exclusivamente por atividade paranormal, evento parapsíquico de contato alienígena em que ocorre, eventualmente, o aparecimento da nave nos céus. Em geral, tal conexão é obtida por canalizador sintonizando um agente externo. No espiritismo, trata-se de evento em que o médium sintoniza por telepatia, clarividência ou clariaudiência uma entidade encarnada numa “matéria” de outra vibração, diferente da nossa.
A canalização pode derivar também para o contato através de “emancipação da alma”, evento em que a alma vai, mas o corpo fica. A “soltura da alma” não é abdução, mas artifício para contatar entidades “menos materiais”, postadas num espaço ultrafísico. Nesse evento, o corpo espiritual adentra ao objeto alienígena e pode interagir com seus ocupantes. São exemplos de quinto grau: Caso Alexânia (período de canalização e soltura da alma); Caso Bongiovanni (canalização de Ashtar Sheran e outros seres ultrafísicos, com aparecimento eventual da nave).
Ressalva-se que a manifestação de espírito desencarnado em outro orbe, que vem à Terra e aqui incorpora o médium, seria preferível chamá-lo de “espírito estrangeiro”, para não confundir a sintonia mediúnica com a outra, a telepática, canalizada, em que a entidade contatada é o chamado ultraterrestre – UT, encarnado num corpo sutil, em outra dimensão do espaço-tempo. Chamar o espírito ou o ser ultraterrestre de ET é a pior das opções: confunde o entendimento e contraria os postulados científicos. O ET deve ter natureza sólida, consistente como a dos seres humanos, mesmo que sua carne não seja carne, mas massa densa. Hoje, nos círculos contatistas, tem-se que o espírito e o UT sejam entidades ultrafísicas. Sendo assim, o tema requer novo método de estudo e nova abordagem.
A dificuldade está em diferenciar os agentes invisíveis, pois tanto o espírito quanto o UT estão numa vibração da matéria diferente da nossa. Não nos propomos aqui a explanar sobre tais diferenças, pois já o fizemos relativamente, tanto quanto possível, em alguns de nossos livros; por solicitação dos leitores, vamos apenas mostrar a importância de dar início a uma prática científica nas instituições chamadas “contatistas”.
A pesquisa científica tem o mérito não só de dar entendimento, mas também de abolir desequilíbrios, tais como a insanidade observada, por exemplo, na seita Heaven’s Gate e na pseudociência de alguns, que chamam de ET aquilo que não pode ser concluído como tal; pois, para a ciência, espírito e UT seriam apenas expressões da mente, enquanto o chamado ET ainda não foi encontrado em nenhum planeta. Se “eles” existem, os tipos invisíveis estariam em outra dimensão, e os de massa densa, distantes demais da Terra; quaisquer deles, para chegar aqui, teriam de viajar sem sabermos como; apenas o nosso conhecimento científico poderia nos ajudar a resolver a questão, dando-nos maior conhecimento sobre “eles”, razão pela qual a ciência se faz importante em toda instituição.
Analogamente, em suas pesquisas, Allan Kardec, codificador do espiritismo, era partidário de que os fenômenos por ele estudados deviam ser objeto da crítica experimental e da ciência positiva, por isso adotou rigoroso método investigativo. “O espiritismo não é uma religião, mas uma ciência, da qual apenas conhecemos o ABC”, corroborou o astrônomo francês, Camille Flammarion, em seu discurso fúnebre homenageando a Kardec. Mas a doutrina dos espíritos tem o chamado “tríplice aspecto”, ou seja, é ciência, filosofia e religião. Em razão disso, no Brasil, adotando uma linha variante da usada por Kardec, os adeptos brasileiros mais impregnados de religiosidade deliberaram priorizar o aspecto religioso; hoje, eles constituem maioria.
Não obstante os exaustivos trabalhos de notáveis psicobiofísicos, principalmente na Inglaterra, nos Estados Unidos e na União Soviética, a prática cotidiana no Brasil, desenvolvida por ilustres espiritistas no século XX, encarregou-se de deixar a doutrina assim como é hoje. Dentro do tríplice aspecto, a ciência ficou em plano menor: dificilmente se acha hoje uma instituição com o propósito científico da de Kardec, especificado em O Livro dos Médiuns (cap. XXIX-XXX).
Por outro lado, também, dificilmente se acha uma instituição que faça contato com “espírito de outro orbe” ou com “entidade encarnada em esfera sutil”, como a de Julnius, por exemplo, que Kardec contatara em seu tempo [veja neste blog a postagem 24], mas sem chance de avaliar cientificamente a prática. Hoje, um século e meio depois, por certo aquelas entidades deveriam habitar o mesmo orbe dado na Revista Espírita (agosto de 1858), de cuja informação o livro A Gênese (cap. XIV, I:8) também faz referência.
Dentro do “tríplice aspecto”, num primeiro momento, a ciência é coisa distinta da religião, e isso é fato incontestável, mas num segundo instante, as coisas podem mudar. Um investigador psíquico, totalmente isento, haverá de colher resultados, fazer deduções e tirar seu aprendizado da pesquisa realizada. Quando conclui a sobrevivência da alma após a morte, a sua natureza extrafísica e a influencia dela no mundo dos vivos, – então nos parece difícil fazer a distinção, pois a “ciência” absorve a “religião”, virando coisa única. De início, no Brasil, esse “ponto de fusão” fora achado e aceito; em seguida, as novas gerações espiritistas o deram como verdadeiro, dispensando novas pesquisas para certificar aquilo que já fora certificado no passado, considerando-o como coisa certa. Ocorre que a ciência está hoje num estágio mais avançado que no passado e pode contribuir de modo muito mais intenso para explicar os fenômenos espiritistas.
O norteamento científico dado no Brasil, para a doutrina, fez o processo de autocrítica ficar escasso nas instituições, pois ciência espiritista não é falar genericamente da ciência, mas aplicá-la nas atividades psíquicas e mediúnicas; é pesquisar, avaliar e certificar as manifestações com técnicas modernas. Considerando-se isso, a pesquisa estacou na maior parte das sociedades, vivendo-se mais de estudar o passado do que de investigar o presente. Mas o passado é história e não se pode viver dele indefinidamente, porque ciência é movimento constante de progresso; sendo assim, o caminho traçado por Kardec uma hora ou outra será retomado.
As modernas técnicas de hoje podem ser aplicadas nos contatos mediúnicos, nos transcontatos por instrumentos, nas curas extraordinárias e seu acompanhamento, na materialização de seres, na teleportação de objetos, nos fenômenos de poltergeist, nos registros da casuística, na precognição e seguimento dos fatos. Como também podem ser aplicadas nas atividades de cunho anímico, como: emancipação da alma e seus feitos extraordinários, realizações intelectuais e eventos psíquicos incomuns, experiências de quase morte [Vídeo abaixo], regressões a vidas passadas, estudos da reencarnação [Vídeo abaixo] e uma gama variada de outros, em que as modernas técnicas podem estar presentes e ajudar na elucidação dos fenômenos.
Cercear tais atividades nas instituições não é o mais inteligente, pois os fenômenos e as pesquisas migram para outras casas, dando evidência a outros sensitivos e a outros investigadores, fazendo surgir novas doutrinas e novos adeptos. Como exemplo, temos na Itália o surgimento do sensitivo mais conhecido do mundo: Giorgio Bongiovanni [Veja neste blog a postagem 2]; no Brasil, exemplos notáveis como: Waldo Vieira, Trigueirinho, Mônica Medeiros; além de excelentes pesquisadores como Sônia Rinaldi e os médicos Paulo César Fructuoso [Veja neste blog a postagem 17] e Frederico Camelo Leão.
Além disso, a falta da ciência aplicada e da autocrítica experimental estreita os limites da razão, retroage ao passado arcaico, transforma doutrina em religião, dá causa à crença desmedida, descuida do raciocínio lógico, gera dúvida e pode conduzir ao ridículo, abrindo campo aos desequilíbrios, às contendas internas e aos processos obsessivos; publicamente, reduz a confiança nos fenômenos mediúnicos, nos médiuns e na doutrina ensinada; além de dificultar sua divulgação na mídia moderna por falta de vídeos confiáveis, que expressem os feitos e possam dar crédito aos fenômenos pleiteados.
Sem dúvida, a prática contatista deve ajustar seu rumo. É preciso organizar as sociedades e ter nelas uma consultoria psicobiofísica, um pesquisador anímico-mediúnico sério, da linha do saudoso professor Hernani G. Andrade (Instituto Brasileiro de Pesquisas Psicobiofísicas – IBPP), pois do mundo invisível sabemos pouco cientificamente. Um consultor confiável poderia dar à prática contatista importante conteúdo de ciência, facilitando o entendimento dos sensitivos sobre si mesmos e a interação com essas frequências de vida mais adiantadas, detentoras de recursos científicos diferentes dos nossos. Tal estudo poderia aprimorar a sintonia, detectar a origem e incrementar o intercâmbio com meios técnicos capazes, talvez, de certificar a existência de tais entidades. Então será possível dar a público, com metodologia confiável, aquilo que hoje parece apenas truque, ficção ou lances da mente imaginosa.
Finalmente, surge a oportuna indagação de Kardec: – “E que serve todo esse conhecimento se não for para melhorar o homem?” De fato, o homem pode conhecer bem a casuística e não avançar em humanidade; porém, se as instituições sérias reúnem em torno de si pessoas boas, estudiosas, intencionadas no bem e cientificamente preparadas, então haverá união, harmonia e fraternidade; não o inútil e pueril antagonismo, preocupado em elevar o amor-próprio, cheio de orgulho e de palavras, mas vazio de bom sentimento e de realizações. Então, segundo Kardec, as sociedades contatistas \”serão fortes, inquebrantáveis, respeitadas e imporão silêncio à tola zombaria dos opositores, porque falarão também em nome da moral evangélica, que a todos silencia”, pois o “tríplice aspecto” doutrinário implica equilibrar “ciência, filosofia e teologia”, para buscar a verdade com chance de sucesso.
Pedro de Campos é autor dos livros: Colônia Capella – A outra face de Adão; Universo Profundo; UFO – Fenômeno de Contato; Um Vermelho Encarnado no Céu; Os Escolhidos da Ufologia na Interpretação Espírita, publicados pela Lúmen Editorial. E também do recém-lançamento: Lentulus – Encarnações de Emmanuel. E dos DVDs Os Aliens na Visão Espírita, Parte 1 e Parte 2, lançados pela Revista UFO. Conheça-os!