
Um avião militar cercado por objetos voadores não identificados, luzes brilhantes navegando juntas, filmagens com equipamentos de tecnologia avançada, conversa entre pilotos, registro inquestionável feito pelo governo de um fenômeno aéreo não conhecido. O material é entregue diretamente a um ufólogo, que o divulga na mídia de seu próprio país e, passados alguns dias, em quase todo o mundo, via internet ou emissoras de tevê. Até então, isso seria apenas um sonho para os pesquisadores do Fenômeno UFO, a prova inquestionável de que naves desconhecidas passeiam tranqüilamente pelos nossos céus. O fim do “acreditar ou não”, o fim da teimosia da ciência em estudar efetivamente o mistério.
Em 22 de abril este sonho parece ter se tornado realidade, ao menos em parte. Numa atitude inédita, que esperamos que abra caminho para outras, a Secretaria de Defesa Nacional do México (Sedena), através de seu secretário e comandante das Forças Armadas do país, general Clemente Vega Garcia, entregou ao pesquisador Jaime Maussán umafilmagem feita por pilotos da Força Aérea Mexicana (FAM), deixando os pesquisadores mexicanos, usando suas próprias palavras, “arrepiados”. No filme, 11 objetos luminosos de forma esférica voam acompanhando um avião Merlin C-26A, usado para localização de aeronaves de contrabandistas e traficantes de drogas. As imagens foram finalmente divulgadas à imprensa do México em 10 de maio e para o resto do planeta a partir do dia seguinte. Embora ainda esteja sob estudos e sujeito a várias hipóteses, o filme vem causando acaloradas discussões dentro e fora dos meios ufológicos. O comportamento sério do locutor americano da Fox News de Dallas, Texas, talvez resuma de forma simples o significado das imagens. Ao transmitir por 20 segundos um trecho do filme, o locutor tranqüilamente disse: “Isso faz você parar e pensar”.
Avistamento e Registro — Em 05 de março de 2004, o avião bimotor da FAM fazia um vôo de rotina durante uma operação antinarcóticos. Tinha a bordo equipamentos digitais de alta tecnologia para registrar e gravar toda a operação. Entre eles estavam um detector e sensor de infravermelho com câmera digital do tipo Flir Star Zapphir II e um radar AN PS-143 Bravo Victor 3, ambos operados por pessoal qualificado. Todos os procedimentos estavam sendo gravados em modo visual e infravermelho. A tripulação a bordo era formada pelo major Magdaleno Castañon, comandante da operação, tenente Mario Adrián Velázquez Telles, operador do Flir, e pelo tenente Germán Marin Ramirez, operador de radar. Todos os oficiais são pertencentes ao 501º Esquadrão Aéreo e experientes em vôos de observação. O avião Merlin está programado apenas para procedimentos de sobrevivência e detecção, e não para manobras de combate ou interceptação. A missão dos aviadores era detectar vôos de distribuidores de drogas e, então, imediatamente, reportá-los à base, que providenciaria o envio de aeronaves de combate para interceptar os intrusos.
Aproximadamente às 17h00, o Merlin detectou pelo radar um tráfego desconhecido a cerca de 3.500 m de altitude sobre o espaço aéreo de Ciudad Del Carmen, região de Campeche, no Golfo do México. Seguindo o protocolo e suspeitando de uma aeronave de tráfico, o major Castañon fez uma manobra de aproximação em direção ao objeto detectado, para tentar contato visual e filmar o alvo com a ajuda dos equipamentos da aeronave. Ao mesmo tempo, Castañon contatou a base via rádio, avisando que um possível suspeito havia sido detectado e pedindo que aviões de interceptação se colocassem em condições de alerta. O radar estava detectando o objeto em vôo e o Flir gravando o objeto em infravermelho.
Assim que o Merlin tentou se aproximar do tráfego desconhecido para identificação visual, este simplesmente escapou do alcance numa manobra surpreendente, voando em velocidade espantosa. Imediatamente, Castañon tentou perseguir o alvo, mas foi impossível devido à sua rapidez. O Flir estava registrando tudo que se passava e as conversações de rádio com a base, descrevendo as manobras inesperadas do alvo, que estavam sendo gravadas. Entretanto, o Merlin ainda não havia feito contato visual com o objeto desconhecido. Após alguns momentos, o artefato voltou e passou a seguir o avião, numa situação surpreendente. Ele continuava sendo detectado pelo radar e pelo Flir, e a tripulação ainda tentava um contato visual, quando o equipamento detectou não apenas um, mas dois objetos seguindo o avião. As imagens do radar e do Flir eram claras e inconfundíveis. Tanto o comandante quanto a tripulação não conseguiam contato visual com aquilo que os seguia, tornando a situação desconcertante e surpreendente.
Gravação em Infravermelho — Castañon continuava comunicando à base o incidentedando todos os detalhes da leitura feita pelo equipamento de bordo, enquanto permanecia tentando fazer contato visual com os desconhecidos. O Flir continuava gravando em infravermelho todos os movimentos de vôo dos objetos, que pareciam manter uma distância regular do avião, mas ainda o seguiam. A tripulação estava confusa e desconcertada, sem entender o que estava acontecendo. Entretanto, isto era apenas o começo de algo muito mais inquietante e dramático que transformaria aquela estranha situação em um pesadelo.
Castañon continuou a fazer manobras de aproximação, tentando um contato visual com aquilo que as imagens dos equipamentos mostravam. Porém, apesar das imagens serem claras e inequívocas, nada se conseguia ver. Foi durante essas várias manobras que algo aconteceu. Em questão de segundos, mais artefatos desconhecidos se aproximaram e a confusão da tripulação era total.
O radar registrou a presença não de dois, mas de três objetos, e o Flir detectou imediadigitais de alta tecnologia para registrar e gravar toda a operação. Entre eles estavam um detector e sensor de infravermelho com câmera digital do tipo Flir Star Zapphir II e um radar AN PS-143 Bravo Victor 3, ambos operados por pessoal qualificado. Todos os procedimentos estavam sendo gravados em modo visual e infravermelho. A tripulação a bordo era formada pelo major Magdaleno Castañon, comandante da operação, tenente Mario Adrián Velázquez Telles, operador do Flir, e pelo tenente Germán Marin Ramirez, operador de radar. Todos os oficiais são pertencentes ao 501º Esquadrão Aéreo e experientes em vôos de observação. O avião Merlin está programado apenas para procedimentos de sobreviv&eci
rc;ncia e detecção, e não para manobras de combate ou interceptação. A missão dos aviadores era detectar vôos de distribuidores de drogas e, então, imediatamente, reportá-los à base, que providenciaria o envio de aeronaves de combate para interceptar os intrusos.
Alerta Vermelho — Em meio a esta situação confusa e desconcertante, os objetos repentinamente fizeram uma manobra cercando o Merlin e formando um largo círculo em torno do avião. O Flir mostrava a imagem de 11 objetos em formação circular em torno do avião. Com a situação fora de controle, Castañon comunicou à base que eles encontravam-se em situação de alerta vermelho, cercados pelos aparelhos não identificados e arredondados, camuflados por algum tipo de tecnologia que impedia o contato visual direto. A situação era tensa. Segundo o comandante, “houve um momento, quando as telas mostraram que eles estavam atrás de nós, do nosso lado esquerdo e à nossa frente, que eu realmente fiquei preocupado”. Entretanto, ele manteve a calma, assim como sua tripulação, que trabalhava rápido para gravar, filmar e monitorar todos os detalhes daquela situação incomum, como militares bem treinados. Diante do desfecho imprevisível da ocorrência, o major tomou a decisão de apagar totalmente todas as luzes do avião para ver o que aconteceria. A tripulação passou momentos de silenciosa incerteza, enquanto os equipamentos continuavam a filmar e mostrar 11 objetos com os quais eles não conseguiam estabelecer contato visual.
Afinal, após alguns minutos, todos simplesmente desapareceram das telas, pondo fim à estranha experiência. O avião retornou em segurança para uma base da FAM e o major Castañon e sua tripulação prepararam um completo e minucioso relatório do incidente. Quando o secretário da Defesa, general Clemente Vega Garcia, tomou conhecimento do relatório do comandante, começou uma investigação completa para estudar e?avaliar cada detalhe do caso, incluindo declarações da tripulação, imagens, leituras e as medições de todos os equipamentos – assim como uma completa verificação de dados meteorológicos. O incidente foi levado a sério pela equipe do Departamento de Defesa, embora, após semanas de minucioso estudo em conjunto com cientistas selecionados como consultores governamentais, não se tenha encontrado explicações plausíveis para o acontecido.
União de Governo e Ufólogos — A investigação foi conduzida confidencialmente e seguiu todos os procedimentos necessários. O caso foi declarado “inexplicado”. O incidente por si já seria espantoso, porém o que viria a seguir tornou-se mais admirável ainda, principalmente para a comunidade ufológica. Numa decisão inédita, o secretário Vega, através de sua equipe, entrou em contato com o jornalista e ufólogo Jaime Maussán, solicitando sua colaboração nesta investigação, por ser ele um dos mais conhecidos pesquisadores mexicanos do assunto. Na noite de 20 de abril de 2004, Maussán confidenciou por telefone a um amigo que havia sido contatado por um alto oficial do Departamento de Defesa, que lhe pedira um encontro para discutir “um assunto de grande importância”. Preocupado, Maussán não sabia o que esperar dessa reunião, chegando a pensar que poderia ser algo relacionado a seu programa de tevê Grandes Misterios Del Tercer Milenio, que vem alcançando grande audiência no México. A preocupação de Maussán e, posteriormente, de seu amigo não causa estranheza, uma vez que qualquer pesquisador de Ufologia pode facilmente imaginar o que seria receber esse tipo de telefonema e a expectativa que a situação geraria.
O encontro aconteceu no dia seguinte, reunindo o pesquisador, o secretário Vega e os oficiais de seu Estado-Maior, num clima de respeito e harmonia. O secretário mostrou-se uma pessoa de mente aberta, muito educada e perspicaz, que falou calma e francamente sobre o ocorrido em 05 de março com o Merlin C-26A da FAM, mostrando a Maussán alguns trechos do filme e dando todos os detalhes do incidente. Após algumas conversas com o secretário e seus oficiais, o pesquisador ofereceu a eles toda ajuda e colaboração para conduzir seus próprios estudos e análises independentes, para uma avaliação do incidente. Vega colocou à disposição do ufólogo filmes, dados e depoimentos, inclusive autorizando a tripulação do Merlin a ser entrevistada sem censuras por ele, para fins de pesquisa. A intenção do general era encontrar elementos que não estivessem em sua própria base de dados, com o propósito de checar a fundo o incidente.
Em 22 de abril, Maussán recebeu do secretário da Defesa cópias de todas as filmagens e dados coletados pelo Merlin durante o incidente. As análises seriam feitas por ele e sua equipe como uma pesquisa adicional àquela da Secretaria de Defesa, na tentativa de estabelecer possíveis motivos e conseqüências do incidente. Não bastasse essa atitude de colaboração inédita, ao perguntar ao general se após a apresentação das conclusões da pesquisa ele concordaria que o caso viesse a público, Vega respondeu: “Nós sabemos que o senhor fará um bom uso deste material, senhor Maussán”. Pela primeira vez na história, uma inesperada decisão havia sido tomada, baseada no respeito e no interesse de se encontrar a verdade da intensa atividade do Fenômeno UFO, experimentado no país desde o início da grande onda ufológica iniciada em 11 de julho de 1991. Começava a se desenhar o que poderá vir a ser o maior caso mexicano de todos os tempos.
Um completo estudo foi feito pela equipe de Maussán, com conclusões claras: existiam objetos sólidos de origem desconhecida voando no espaço aéreo, junto ao Merlin C-26A. O secretário de Defesa aceitou os resultados dos pesquisadores como sendo de um evento inexplicado e o caso veio a público no domingo, durante edição de 09 de maio do programa de Maussán, no qual é auxiliado pelo competente estudioso mexicano Santiago Yturria, representante da Revista Ufo naquele país.
Revoada de UFOs — O programa vai ao ar pela rede Multimedios de tevê e a edição de 09 de maio foi liberada para outras emissoras a partir do dia seguinte. As primeiras notícias davam como sendo 16 os objetos registrados, porém apenas 11 estão efetivamente confirmados até o momento, segundo Yturria. Nos dias que se seguiram, o filme foi
veiculado através de emissoras e sites da internet em vários países. A reação da comunidade ufológica foi imediata.
As palavras que melhor definem o sentimento dos pesquisadores ao lerem a notícia é surpresa e espanto. Em 11 de maio, o trânsito em determinadas páginas da rede mundial aumentou tanto devido à busca de informações sobre o ocorrido, que vários sites simplesmente travaram pelo grande número de acessos. Passado esse primeiro momento, vários pesquisadores começaram a analisar os fatos e também a levantar dados técnicos sobre o incidente, buscando responder às perguntas que surgiam. Muitas delas permanecem sem respostas satisfatórias e aumentam a curiosidade sobre o que realmente se passou no México.
Por que o secretário de Defesa procurou um ufólogo e não a comunidade científica do país, como seria o esperado? Qual foi a reação e que explicações os cientistas teriam para o incidente? E, por fim, o que eram os objetos filmados? Apesar de agradavelmente recebida pela comunidade ufológica, a atitude do general Vega suscitou, principalmente por parte da imprensa, uma cobrança de esclarecimento sobre sua atitude de entregar os filmes a Maussán, em vez de acionar os cientistas mexicanos. As respostas foram dadas pelo secretário numa entrevista ao jornalista Carlos Loret de Mola, do Grupo Radio Pol: “Nós rastreávamos aeronaves furtivas que pudessem ser fonte de tráfico de drogas. As filmagens foram mandadas para análise e não têm explicação. Mas gostaria de alertar que nós nunca falamos em UFOs, discos voadores ou qualquer outra coisa. Apenas em avistamento de algo estranho que era incompreensível naquela situação”.
Vega esclareceu que as imagens foram levadas à Secretaria de Defesa e que seu pessoal técnico não chegou à conclusão alguma. “Podíamos arquivá-las como um problema de rotina, pendente para análises futuras, ou dá-las a uma pessoa que conhecesse este tipo de coisas, que nós sabemos ser Jaime Maussán. Ele veio, assistiu ao vídeo e este lhe foi dado para ser usado em seus projetos e divulgado na mídia exatamente da maneira como ele assistiu, sem alarmar ninguém”, acrescentou.
Frisando um posicionamento não tendencioso por parte da Secretaria de Defesa, o general disse noutra entrevista, em que lhe perguntaram se concordava com as opiniões de Maussán de que se tratavam de discos voadores, que “este era o ponto de vista dele, e por isso lhe foram entregues os vídeos, para que ele pudesse esboçar suas próprias conclusões”. Vega ainda esclareceu ao jornalista que vai deixar os vídeos disponíveis a quem queira estudá-los. “Pessoalmente não tenho hipótese nenhuma sobre o incidente. Tudo o que posso dizer é que aqueles objetos estavam lá e foram gravados”, completou.
Crise Diplomática com Cuba — Outra questão que se seguiu foi justamente o fato de a comunidade científica mexicana não ter sido procurada para análise das imagens. Perguntado sobre isto, Clemente Vega respondeu que não fazia objeção a que cientistas vissem e analisassem as imagens, como também não há razões para se espantar que não tenham sido procurados. “Talvez isso ocorreu porque nós não os conhecemos, não sabemos quem são”. Ainda sobre a inédita divulgação do vídeo oficial das Forças Armadas, alguns setores da imprensa do país cogitaram ser esta atitude uma tentativa de desviar a atenção pública dos problemas ligados à corrupção e a crise diplomática recentemente surgida entre Cuba e o México. A isto o general declarou: “As pessoas têm o direito de pensar o que quiserem, mas posso garantir que não há nenhum trabalho dessa natureza. Não é meu propósito distrair ninguém e nem seria esta a minha atitude como militar”.
Como era de se esperar, as reações dos céticos não tardaram a aparecer. Uma vez que não há como desqualificar o vídeo devido à sua origem, está acontecendo no México um movimento no sentido de se desqualificar o fenômeno que foi registrado. Explicações prosaicas e mal costuradas têm sido dadas, muitas vezes sem maiores pesquisas e análises. Segundo Yturria, “as tentativas dos céticos de ridicularizar esta história têm se mostrado infundadas e medíocres. Ações fracassadas, como a conferência improvisada de alguns cientistas da Universidade do México (UNAM), contradizendo-se uns aos outros e declarando coisas ridículas, são um exemplo”. Yturria referiu-se ao cientista Rafael Navarro, que declarou que os 11 objetos eram “faíscas na alta atmosfera”. “Ora, isso acabaria por desmerecer a Flir Systems, uma empresa de defesa de milhões de dólares de Portland, Oregon, e seu produto Flir Star Zapphir II, sugerindo que não é confiável”, disse o ufólogo.
Para Yturria, a recente campanha de descrédito ao caso e ao secretário de Defesa é encabeçada por céticos disfarçados de pesquisadores sérios, como Scott Corrales e seu duvidoso Instituto de Ufologia Hispânica, que têm uma longa história de ataques aos principais casos ufológicos acontecidos no país, além de agressões indiscriminadas aos mais importantes pesquisadores mexicanos. “Ajudado por um pequeno grupo amador de céticos, que apenas recolhem notícias de jornais e da internet, a campanha de ridicularização publica abertamente artigos negativos sobre o caso, sobre Maussán e sobre Clemente Vega, como parte de um programa obscuro”, finalizou.
Tecnologia Stealth — Há, no entanto, pesquisadores sérios, dentro e fora da Ufologia, buscando explicações e fazendo análises complementares com o intuito de esclarecer o que seriam os objetos filmados pelo Merlin. Mesmo ufólogos com muitos anos de experiência estão sendo cautelosos em afirmar que se trata de naves extraterrestres, antes de terem concluído seus estudos. Hipóteses como
reflexos de filmagem, novas tecnologias de camuflagem de vôo ou mesmo um aperfeiçoamento da tecnologia Stealth têm sido levadas em conta. O fato de apenas três dos objetos filmados pelo Flir terem sido plotados no radar de bordo justificaria a hipótese de algum tipo de reflexo de imagem. Por outro lado, a falta de contato visual desafia os pesquisadores a um outro tipo de raciocínio. Até o fechamento desta matéria, não havia conclusões sobre os objetos filmados. Sempre cabe lembrar que há uma diferença fundamental entre UFO e disco voador. Qualquer objeto em vôo que não possa ser identificado é um UFO, mas isso não faz dele, em hipótese nenhuma, um disco voador. Para que se possa afirmar que um objeto voador não identificado seja uma nave extraterrestre é preciso que todas as demais possibilidades tenham sido criteriosamente estudadas e descartadas. Isso é pesquisa ufológica levada a sério e é o que estamos vendo acontecer neste momento.
Um Novo Paradigma — Quando esforços se unem em prol de um objetivo comum, os resultados sempre são positivos e amplificados, e ainda que não se chegue a uma conclusão definitiva e inquestionável sobre o assunto, a experiência traz ganhos inesperados. Um exemplo disso é o que está acontecendo à Comunidade Ufológica Mexicana, como nos conta Yturria: “O caso do incidente da FAM com os UFOs superou todas as nossas expectativas. O ufólogos do México vêem com entusiasmo as reações de pesquisadores e colegas do mundo todo. Nesse momento, nós esquecemos nossas diferenças para impulsionar nossos esforços comuns e continuarmos o trabalho de promover a Ufologia”.
Em 1938, a transmissão pelo rádio do romance de H. G. Wells A Guerra dos Mundos, na voz e interpretação do então radialista Orson Wells, gerou pânico descabido e levou muitos norte-americanos ao suicídio. Em maio passado, a divulgação do vídeo da FAM por emissoras de tevê e sites da Internet gerou curiosidade, perplexidade e levou muitas pessoas ao redor do globo a pesquisar, se informar e a debater o assunto. É evidente que nestes 66 anos que separam um fato do outro algo mudou. Guardadas as devidas proporções de tempo e espaço, somos uma humanidade bem mais informada e conhecedora do universo, através de nossos meios de comunicação e, principalmente, do desenvolvimento da tecnologia espacial e da ampliação dos conhecimentos astrofísicos. Não cabe mais discutir a antiga justificativa de que um posicionamento oficial de aceitação e abertura em relação ao Fenômeno UFO causaria pânico e desespero. Talvez cause, em longo prazo, uma reestruturação política ou religiosa no planeta, mas isso é totalmente especulativo.
O que importa realmente é que este é um momento especial para a Ufologia. Uma oportunidade que deve ser considerada em toda sua amplitude. Não sabemos se o governo mexicano pretende manter ou não essa abertura para trabalhos conjuntos, nem se continuará a liberar informações sobre UFOs. Mas sabemos que, caso o faça, haverá pesquisadores gabaritados para analisar filmes, documentação e dados. Isso nos remete a uma outra conclusão, a de que este é um excelente momento para uma avaliação dos conhecimentos técnicos adquiridos durante os anos de pesquisa ufológica, e do entendimento de que o trabalho de um vem complementar o do outro, a exemplo do que se passa no México, conforme as declarações de Santiago Yturria: “Vale lembrar que análises alternativas estão sendo conduzidas por vários grupos aqui do México, incluindo astrônomos, meteorologistas e especialistas em análise de imagens digitais. Há um esforço mútuo entre ufólogos e cientistas para responder a esta tão esperada abertura governamental em relação aos UFOs e ao reconhecimento da confiança do governo em todos nós”.
Para os cidadãos brasileiros, o exemplo mexicano mostra aquilo que a campanha UFOs: Liberdade de Informação Já busca conseguir: transparência, cooperação e respeito ao direito de informação. O posicionamento aberto por parte do governo traz em seu bojo a possibilidade de uma maior atenção científica ao assunto, assim como o esclarecimento da população, ajudando a coibir o aparecimento de seitas e cultos perigosos e exploratórios. Os desdobramentos da divulgação do filme mexicano ainda estão em seus passos iniciais, e não há como dizer o que se pode esperar daqui em diante. Mas o tempo é senhor da razão e a história é feita por pessoas que acreditam que horizontes existem para serem expandidos. Os acontecimentos do México nos lembram uma antiga e sábia frase: “Uma longa caminhada começa pelo primeiro passo”.
Uma conversa franca com o ufólogo mexicano Santiago Yturria
O ufólogo mexicano residente em Monterrey é uma das principais expressões da área em seu país. Experiente investigador de campo e tarimbado conferencista, Santiago Yturria foi recentemente indicado como representante da Revista Ufo no México. Ele tem sido uma peça fundamental na engrenagem colocada em funcionamento após a aproximação dos militares aos ufólogos mexicanos. Auxiliar direto de Jaime Maussán, que recebeu a documentação em vídeo da Secretaria de Defesa Nacional do México (Sedena), Yturria também participa do programa semanal Grandes Misterios del Tercer Milenio. E nos concedeu por e-mail alguns esclarecimentos adicionais sobre o caso ocorrido em março passado. Para ele, ainda há muito a se investigar, mas as portas de uma negociação com o governo foram abertas.
Ufo — Quantos objetos foram efetivamente detectados por radar e por quanto tempo? Há confirmação oficial assegurada disso?
Yturria — O Merlin C-26A está equipado com um radar AN PS-143 Bravo Victor 3 e com um Flir Star Zapphir II, que detecta em infravermelho a presença de objetos através do calor. O radar registrou três objetos unicamente, mas o Flir detectou 11 no total, isto em função da captação em infravermelho. Mencionou-se que poderiam ter sido 16, mas este dado ainda está para ser confirmado. Oficialmente, foram 11 artefatos gravados pela câmera infravermelha.
Ufo — O que você pensa sobre as recentes declarações do especialista em armamento avançado norte-americano John Alexander, e outros, de que os objetos poderiam ser uma nova versão do avião invisível Stealth?
Yturria — Foi mencionado em vários meios a teoria de que o fenômeno seria devido a um novo tipo de Stealth ou a algum projeto secreto similar dos Estados Unidos. A resposta a isto é simples: em nenhum momento os 11 objetos foram vistos pela tripulação do C-26A, apesar de os militares tentarem o contato visual durante os 12 minutos do encontro. Unicamente o radar e o Flir os mostraram. Isto indica que os objetos eram invisív
eis à vista humana, graças a uma tecnologia desconhecida que os camufla ou os fazem desaparecer aos olhos humanos. Não existe país no mundo com essa tecnologia. Não existem ainda aviões invisíveis à visão.
A referência ao Stealth vem do fato dele ser projetado com uma tecnologia que lhe permite ser invisível ao radar, mas não aos olhos humanos. Os artefatos detectados pelo Flir chegaram a 3 km de distância do avião e ainda assim a tripulação não pôde observá-los nem com binóculos. Temos também que nos lembrar que aqueles eram militares treinados para detectarem aviões clandestinos em missões antinarcóticos. Os oito tripulantes do Merlin em nenhum momento puderam ter contato visual com os objetos luminosos que chegaram a rodeá-los. O major Jasso, comandante e piloto, decidiu apagar todas as luzes do Merlin ao se ver cercado, na tentativa de conseguir o contato visual com as misteriosos luzes. Mas ainda assim não pôde observá-los.
Ufo — O que você pensa sobre as recentes declarações do especialista em análises de fotos e filmes de UFOs Bruce Maccabee, e outros, de que os objetos poderiam ser alguma forma de reflexo?
Yturria — O doutor Maccabee está ainda analisando o vídeo, através de uma cópia especial que lhe foi proporcionada por Jaime Maussán. Ele aceitou colaborar como perito analista nesta investigação e está realizando várias consultas a pessoas da Flir Systems, de Portland, Oregon, a companhia que desenha o Flir Star Zapphir II. Mas ainda não houve nenhuma declaração ou testemunho oficial dele sobre os resultados de seus estudos, pois ainda estão em processo de investigação. No momento em que conclui-los, Maccabee virá ao México e apresentará suas conclusões numa conferência da imprensa, junto a Maussán. Houve correspondência entre Maccabee e vários colegas investigadores e analistas, como parte das reações suscitadas ao se tomar conhecimento desse caso. Mas têm sido somente comentários em referência às imagens do vídeo, expondo as possíveis causas pelas quais se deu este fenômeno, hipóteses e teorias diversas sem que signifiquem uma postura oficial por parte deles.
Cogita-se ainda possibilidades mais lógicas, adotando-se uma postura objetiva para colocar o evento dentro da categoria de fenômeno natural. Se as análises eliminam os elementos que definiriam o evento como natural, então o estudo entraria na fase de encará-lo como não identificado, que é a mais complexa e complicada, dada a ausência de base de dados dentro do conhecimento e terminologia científica.