Em maio de 2014 o telescópio espacial Kepler da NASA teve sua missão K2 aprovada, em meio a muitas críticas e desconfiança. Após a falha em dois de seus quatro giroscópios, a missão original, cujos dados ainda serão estudados por anos a fio e continuam rendendo descobertas, foi encerrada em agosto de 2013. Contudo, a nova fase do instrumento já se mostra prolífica e os resultados estão aparecendo.
Acaba de ser anunciada a descoberta de três planetas orbitando a estrela anã vermelha EPIC 201367065. O mais interno é 2,1 vezes maior que a Terra, com período de 10 dias. Os dados para os demais são, respectivamente, 1,7 e 1,5 o tamanho da Terra, e 24,6 e 44,6 dias. O mais interessante se mostra este último, designado com a letra d, que recebe cerca de 50% mais radiação de sua estrela que a Terra do Sol. Ainda não se sabe se isso significa que esse mundo é escaldante, como Vênus, ou tem temperaturas amenas, o que aliado ao fato de estar na região habitável da estrela, teria como resultado a possibilidade de possuir água líquida, essencial à vida na superfície.
A grande novidade é que, ao contrário das estrelas da primeira missão do Kepler, o sistema EPIC 201367065 está muito mais próximo de nós, a 150 anos-luz. Ainda é uma distância considerável, contudo nossa tecnologia atual de observação permite que seja estudada diretamente a atmosfera do planeta d. Se for habitável e, evidentemente, se houver vida nesse mundo alienígena, esta pode ter deixado pistas em sua camada gasosa. Esta pode ser estudada pois, como o planeta passa diante de sua estrela, sob nosso ponto de vista, a luz da estrela passa através de sua atmosfera e chega até nós, possibilitando a análise espectroscópica dos componentes de seu ar.
PROCURA ASTRONÔMICA POR VIDA EXTRATERRESTRE SE INTENSIFICA
Quando o Kepler foi lançado, o principal objetivo era obter informações para que um censo da distribuição dos planetas pelas estrelas fosse produzido. Assim o telescópio monitorou ao longo de quatro anos cerca de 0,25% da abóbada celeste, um total de 150.000 estrelas das constelações Cygnus, Lyra e Draco, a fim de flagrar trânsitos de exoplanetas. A missão foi extraordinariamente bem-sucedida, descobrindo mais mundos alienígenas que todos os projetos anteriores. Mesmo que sistemas planetários alinhados de maneira favorável para observações de trânsitos sejam estimados em 5% do total, as informações permitiram a várias equipes de cientistas estimar que devem existir, somente na Via Láctea, um número incomparavelmente maior de planetas do que de estrelas.
Na missão K2, o Kepler é mantido estabilizado graças à pressão da radiação do Sol, e por isso o telescópio altera periodicamente a área de investigação. Para cada região escolhida são 80 dias de observação, e como a precisão diminuiu, agora as estrelas observadas são aquelas bem mais próximas. Com isso o Kepler está preparando terreno para as próximas missões espaciais, como os telescópios TESS, a ser lançado em 2017, e o James Webb, em 2018. O sistema de EPIC 201367065 será um grande teste para os modelos de formação e evolução planetária, e quando o James Webb for lançado, poderá investigar as atmosferas de diversos mundos candidatos à vida.
Site oficial do telescópio Kepler
Infográfico sobre o funcionamento do telescópio espacial Kepler
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