Em seu romance 2010: Uma Odisseia no Espaço II, continuação do venerável 2001, Arthur C. Clarke, mostra o primeiro contato da Terra com uma inimaginavelmente avançada civilização alienígena, que em determinado ponto envia uma mensagem sobre o sistema joviano (de Júpiter): “Todos esses mundos são seus, exceto Europa, não tentem pousar ali”. E, diante da recente descoberta do telescópio espacial Hubble, é provável que sequer seja necessário pousar na lua gelada a fim de comprovar se existe ou não vida ali.
Desde as missões Voyager nos anos 70, com achados depois confirmados e ampliados pela missão Galileo, especula-se que por baixo da capa de gelo que recobre Europa pode existir um imenso oceano de água líquida. A energia para tanto deve provir tanto de processos radioativos no núcleo do satélite quanto pelas forças de maré atuantes sobre ele devido à gravidade de Júpiter, conforme Europa se aproxima e se afasta do gigantesco planeta em sua órbita. Em 2012, o telescópio espacial Hubble da NASA vislumbrou o que pareciam plumas ou gêiseres de vapor de água se elevando a até 200 km de altitude sobre a região polar sul do satélite.
Faltava a confirmação da notícia, que veio no último dia 26 com o anúncio de que a mesma atividade foi flagrada em janeiro, março e abril de 2014. As evidências são suficientes para que se comprove que são mesmo gêiseres, conforme William Sparks, líder da equipe que realizou a descoberta, do Instituto de Ciência do Telescópio espacial de Baltimore. A confirmação ocorreu quando Europa passou diante de Júpiter, e o material ejetado bloqueou emissões ultravioletas do planeta. Por sinal a detecção ocorreu no limite das capacidades do telescópio, demandando um longo tempo de análises, motivo pelo qual a descoberta foi anunciada somente agora.
ANALISANDO A POSSIBILIDADE DE VIDA NA LUA DE JÚPITER
Muitos estudos atuais de exploração de Europa apontam para a necessidade de uma grande nave que pouse na superfície do satélite e perfure a crosta de gelo que o recobre, que deve ter ao menos dezenas de quilômetros de espessura. Somente assim o oceano interno da lua poderia ser atingido. O novo achado mostra que uma nave no espaço, sem necessidade de pousar, pode obter amostras desse oceano, maior que todos os oceanos da Terra reunidos, somente passando através do material ejetado. O achado sem dúvida terá grande influência na elaboração e no projeto da nave que a NASA deve lançar em meados do ano de 2020, apelidada de Europa Cliper. Essa missão deverá orbitar Júpiter e realizar dezenas de sobrevoos em Europa, procurando determinar que condições o satélite oferece para abrigar vida. Especula-se que a biologia em Europa possa se assemelhar à que existe na Terra sob o gelo dos polos e também aos seres que existem ao redor de chaminés vulcânicas no fundo dos oceanos.
A Europa Clipper não deverá procurar diretamente por vida alienígena, mesmo porque os cientistas ainda debatem como analisar amostras e o que esperar caso exista mesmo um organismo desconhecido nelas. Porém, a nave estará equipada com uma série de instrumentos para analisar a habitabilidade do satélite de Júpiter, e tal como a Cassini fez em anos recentes nos gêiseres de Encelado, em Saturno, poderá passar pela nuvem de materiais das plumas de Europa e analisá-las. Os cientistas comentam que, caso exista vida em Europa, qualquer organismo que fosse ejetado nas plumas seria destruído pelo extremo frio exterior e pelas fortíssimas radiações emitidas por Júpiter. Mas traços desses seres poderão ser descobertos pela missão, ou por outras naves que futuramente sejam enviadas para o sistema joviano. Conhecendo-se a regularidade e os períodos em que as plumas estão ativas, a Europa Cliper poderá ser direcionada para atravessá-las, capacidade que está prevista desde o início do projeto.
Confira um vídeo sobre a descoberta
Vídeo sobre a missão a Europa da NASA
Imagens explicando a descoberta
Veja um infográfico sobre Europa
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Saiba mais:
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Há séculos a espécie humana assiste à chegada de estranhos seres geralmente bípedes e semelhantes a nós, que descem de curiosos veículos voadores sem rodas, asas ou qualquer indício de forma de navegação. Quase sempre estas criaturas têm formato humanoide e não raro se parecem com uma pessoa comum, mas com um problema: elas não são daqui, não são da Terra. O que pouca gente sabe é que existem dezenas de tipos deles vindo até nós, alguns com o curioso aspecto de robôs, outros se assemelhando a animais e há até os que se parecem muito com entidades do nosso folclore. O Guia da Tipologia Extraterrestre faz uma ampla catalogação de todos os tipos de entidades já relatadas, classificando-as conforme sua aparência e características físicas diante de suas testemunhas, resultando num esforço inédito para se entender quem são nossos visitantes.