A Ufologia Canadense destaca-se no cenário mundial por seu rico histórico de casos e pelo bom trabalho de seus pesquisadores. Entre eles destaca-se o ufólogo responsável por levar ao conhecimento do grande público o acontecimento que ficou conhecido como o “Roswell Canadense”, o Caso Shag Harbour. Nosso entrevistado desta edição, Don Ledger, que atualmente vive na Nova Scotia, no Canadá, é autor de três livros: Dark Object [Dell, 2001], que trata de Shag Harbour, Swissair Down [Nimbus Publishing, 2000], sobre o terrível acidente do voo 111 da Swissair, e The Maritime UFO Files [Nimbus Publishing, 2007], um compêndio com mais de 145 casos ufológicos registrados entre 1930 e o início dos anos 2000.
O entrevistado estuda o fenômeno ufológico há mais de 30 anos e não esconde que ainda hoje existem casos que o surpreendem. “Quando você acha que já viu de tudo na Ufologia, surge um evento como o de Shag Harbour, onde há os testemunhos de dezenas de pessoas, entre pescadores, policiais e militares”, diz. O episódio a que se refere já figurou inúmeras vezes nas páginas da Revista UFO e o leitor poderá encontrar artigos sobre ele em nosso site [ufo.com.br]. “Ainda hoje recebo informações sobre ele. É de se esperar que um dia tenhamos os documentos oficiais relacionados ao fato. Não conheço nenhum outro relato envolvendo a presença de navios da marinha de qualquer país que primeiro seguiram e depois ficaram parados sobre um OSNI por semanas. Os tripulantes viram outro objeto surgir e depois ambos decolarem através da superfície do mar”, confidenciou Ledger.
Estranha espuma amarela
O episódio aconteceu em 04 de outubro de 1967, quando várias testemunhas observaram um objeto intensamente iluminado cair no oceano, próximo à cidade de Shag Harbour, na região canadense de Nova Scotia — nenhuma aeronave sobrevoava a área e quando as testemunhas conseguiram se aproximar do local, observaram uma estranha espuma amarela na superfície da água, que logo se desfez. Nos dias que se seguiram, o que se viu foi uma intensa operação de busca por parte de autoridades da Guarda Costeira e da Marinha do país, com o surgimento de informações conflitantes e avistamentos de UFOs em outras localidades da região. Há fontes dando conta de que um segundo objeto submarino não identificado (OSNI) apareceu e aproximou-se do primeiro, com mergulhadores da Marinha Canadense observando o que pareceu ser uma operação de manutenção, após a qualas duas naves se afastaram e desapareceram.
Em 2009, um mergulhador alegou haver encontrado duas depressões em formato de disco no fundo do oceano, a cerca de 20 m de profundidade e na mesma região em que as primeiras testemunhasobservaram o OSNI. Em 2013, outra testemunha, Peter Goreham, veio a público afirmar que pouco depois da meia-noite daquele 04 de outubro de 1967, viu pela janela surgir, do Noroeste, uma luz branca muito brilhante. Goreham descreveu que tudo ficou claro como dia, afirmando que a luz iluminava sua casa e o jardim com brilho intenso. Enfim, este é um caso ufológico excepcionalmente rico e surpreendente.
Ataque cardíaco
Piloto com mais de 30 anos de experiência e mais de 3.000 horas de voo, Don Ledger nunca viu um UFO a bordo de um avião. Suas duas experiências foram em terra firme e o marcaram para sempre. “Se for para avistar um objeto cilíndrico a 750 m de você, em plena luz do dia, é melhor que você esteja com os pés no solo, caso contrário teria um ataque cardíaco na cabine do avião e cairia”, brinca com sua trajetória de piloto. O pesquisador também é filiado e especialista técnico da National Aviation Reporting Center for Anomalous Phenomena [Centro Aeronáutico Nacional de Registros de Fenômenos Anômalos, Narcap] e consultor da Revista UFO.
Muito ativo desde seu início na Ufologia, na década de 50, nosso entrevistado revelou que muita coisa mudou desde aquele tempo. “Eu me apaixonei pela Ufologia vendo um filme sobre o tema e dali em diante, tudo o que fosse relacionado aos discos voadores me interessava”, confessa. “Lembro-me de ler os livros do casal Jim e Coral Lorenzen, e principalmente sobre o Incidente Exeter, que ocorreu em 1965. ‘Caramba, somos visitados por seres de outros planetas’, pensei na época”.
Quando você acha que já viu de tudo na Ufologia, surge um evento como o de Shag Harbour, onde há os testemunhos de dezenas de pessoas, entre pescadores, policiais e militares (…) Ainda hoje recebo informações sobre ele e aguardo os documentos oficiais.
Questionado sobre a atuação oficial na investigação do Fenômeno UFO, ele foi contundente: “A maior mudança dos anos 50 para cá foi o afastamento dos militares na pesquisa de casos ufológicos. Chegamos a ter vários departamentos de análise e investigação dos relatos ufológicos, isso só nos Estados Unidos. Hoje, quem faz isso são ufólogos e entidades civis. E, convenhamos, nem todos têm a expertise para realizar tal trabalho”. O pesquisador, entretanto, não crê que o interesse oficial nos UFOs tenha diminuído — para ele, as agências de governo continuam a monitorar os relatos e só não houve ainda uma abertura maior por questões socioeconômicas. “Qual seria o impacto na economia se o assunto fosse tratado abertamente? O que esperar da população? Isso ainda deixa o Estado reticente”, questiona-se.
Em relação a contato com seres alienígenas, Don Ledger acredita que isso já ocorreu, mas em um nível que nós, humanos, não conseguimos perceber. “Temos milhares de casos nesses últimos 60 anos que serviriam de provas em qualquer tribunal para comprovar o contato entre seres humanos e alienígenas. De alguma forma, eles já entraram em contato conosco, só que ainda não entendemos como foi isso”. E quando perguntado sobre qual seria a forma de contato, respondeu que telepatia é uma delas. O pesquisador diz não crer que os agroglifos sejam obra de inteligências extraterrestres, mas que considera o fenômeno muito intrigante — e acrescentou, também, que não entende porque as missões Apollo foram interrompidas tão repentinamente.
Esferas de luz submarinas
Durante sua investigação sobre o Caso Shag Harbour, Ledger teve notícia de mais de 160 outros casos de UFOs no Canadá, que até então estavam perdidos em arquivos da Polícia Montada Canadense, da Marinha e nos periódicos de pequenas cidades: “Para mim foi uma enorme e grata surpresa. Estava buscando todas as informações sobre Shag Harbour e comecei a me deparar com casos inéditos. Não perdi tempo e, ao mesmo tempo em que trabalhava em uma investigação, colhia informações para outra. Isso fez com que escrevesse meu segundo livro, The Maritime UFO Files, e que ele ficasse pronto quase que ao mesmo tempo em que Dark Object”, disse ele, referindo-se à outra obra.
Entre as preciosidades descobertas pelo entrevistado estão casos de navios perseguidos por estranhas esferas de luz submarinas, que interferiam nos sonares das embarcações e um caso pouco conhecido, envolvendo um artefato que mudou de forma antes de entrar no mar, cujas águas se abriram como se houvesse ali uma porta. “Tripulantes de um helicóptero da Guarda Costeira Canadense, de um navio de resgate e de um iate que estava sendo resgatado viram o momento em que um objeto discoide simplesmente tornou-se redondo e entrou na água. Segundo os relatos, era como ver a imagem do Mar Vermelho sendo aberto por Moisés”, nos contou. Vamos à esta interessante entrevista.
Como surgiu seu interesse pelos discos voadores?
Isso foi há muitos anos, no início de minha juventude, depois que eu assisti ao filme Unidentified Flying Objects: The True Story of Flying Saucers [Objetos Voadores Não identificados: A Verdadeira História dos Discos Voadores, 1956]. Aquilo realmente despertou meu interesse. Depois de assistir a ele, passei a devorar livros, principalmente os de Coral Lorenzen [Coral e Jim Lorenz foram os fundadores, em 1952, da famosa Aerial Phenomena Research Organization (APRO)] sobre o Incidente em Exeter. Eu já gostava de ficção científica e isso me levou ao fenômeno extraterrestre e a aceitar a ideia de que não estamos sozinhos no universo. Entretanto, foi só no final dos anos 80 que mergulhei de cabeça na pesquisa do assunto.
Em sua opinião, o que mudou na Ufologia desde os anos 50 para cá?
A maior mudança que vi foi a redução das investigações oficiais do fenômeno pelo governo e por militares. Tínhamos vários grupos especializados na investigação de discos voadores, mas hoje essa ação está nas mãos da iniciativa privada, digamos assim. E, pior, a grande maioria faz uma investigação soft de eventos ufológicos, sem profundidade. Os estudiosos de hoje fazem apenas a coleta de informações e as divulgam para se autopromover. É cada um por si.
O senhor, então, acredita que os governos e os militares perderam o interesse pelo fenômeno?
Eu acho que esta posição de aparente desinteresse é uma tática das agências do governo, em especial da Força Aérea Norte-Americana (USAF), para dar a impressão de que o tema esfriou. Os governos têm que negar o fenômeno por razões socioeconômicas. O maior problema para admitir a presença alienígena na Terra é a economia, além das crenças religiosas e do sistema judiciário, claro.
Por que a economia seria o maior problema para o governo e não as questões de defesa, que seriam mais afetadas pelos discos voadores?
Porque a economia é que move o mundo. Imagine uma crise financeira em escala mundial, mas muito mais grave do que qualquer uma que já houve. Não sabemos a reação das pessoas se a verdade for dita sobre outras inteligências cósmicas operando em nosso planeta. Imagine, por exemplo, o que aconteceria com o mercado financeiro se todas as pessoas corressem para os bancos para retirar suas economias ao mesmo tempo. O mundo iria entrar em um caos inimaginável.
E do outro lado os militares impotentes para explicar o fenômeno…
Isso mesmo. As forças aéreas de todo o planeta não têm como controlar a entrada e saída dos UFOs em nosso planeta — isso já ficou claro. O dever deles é proteger dos “intrusos” o seu país e seus cidadãos, mas são incapazes de fazê-lo. Se nem os Estados Unidos conseguem deter os UFOs, que pensar sobre os outros países…
Queda de UFO no mar
O senhor é mundialmente conhecido, e reconhecido, como o mais importante investigador do Caso Shag Harbour. O que pode contar aos nossos leitores sobre ele?
Muito. Tudo começou em 04 de outubro de 1967, por volta das 23h00, quando o pescador Laurie “Dicky” Wickens, na época com 18 anos, seus amigos e mais três moças, estavam voltando de uma reunião na Ilha Cape Sable, na região de Nova Scotia, no Canadá. Quando trafegavam pela Rodovia 3 em direção à cidade de Shag Harbour, eles viram um objeto aéreo paralelo ao seu curso, do lado direito do carro. O artefato voava a 30 graus de altitude e apresentava uma fileira de quatro a cinco luzes piscantes.
Qual foi a reação das testemunhas?
Eles tentaram perseguir o UFO. Dicky estava à grande velocidade quando entrou na cidade de Shag Harbour e a alguns quilômetros da vila de pescadores — naquele ponto, a estrada vai dar em Maggie Garron’s Point, um declive sem saída. De repente, o artefato virou para a esquerda e deu a impressão, segundo as testemunhas, de que iria cair. O UFO, então, perdeu-se por atrás das árvores, e depois delas só há o mar.
E aqui é que a história começa a ficar mais intrigante, não?
Isso. Eles pensaram que um avião havia caído no mar. Uma das meninas ouviu um som do tipo “wooshing” e um baque. Dicky dirigiu até um estacionamento em Irish Moss Plant, que àquela hora da noite estava vazio, e parou. Todos desceram do carro e correram para a costa, à procura do causador daquele som. Vasculharam o oceano com os olhos sem saberem exatamente o que procurar. De repente encontraram “algo” a 300 m da costa. A princípio, o objeto não parecia ser grande coisa, porque não tinham a mínima ideia do que seria aquilo. Dicky e seus amigos não estavam convictos de que o artefato era um avião. Eles descreveram o UFO como tendo uma luz amarela opaca no topo de um objeto escuro, com 18 m de comprimento e 3 m de altura. Não havia luzes no céu, prejudicando assim a visibilidade. Dicky, que era pescador e, portanto, conhecia bem as águas de Shag Harbour, afirmou que o aparelho estava navegando a uma velocidade entre 5,5 km e 7,5 km. Logo, todos estavam discutindo o que deveriam fazer e decidiram ir ao telefone público mais próximo, que ficava em Woods Harbour.
Acho que esta posição de aparente desinteresse é uma tática das agências do governo, em especial da Força Aérea Norte-Americana (USAF), para dar a impressão de que o tema esfriou. Os governos têm que negar o fenômeno por razões socioeconômicas.
Eles ligaram para a polícia?
Sim. Quem atendeu foi o cabo Victor Werbicki, o único policial presente no destacamento da Real Polícia Montada Canadense (RCMP), em Barrington Passage. Dicky disse a Werbicki que um avião havia caído na Baía de Shag Harbour. Agora, imagine-se no lugar do cabo ao receber uma ligação de uma pessoa claramente nervosa dizendo que um avião teria se acidentado. A primeira pergunta do policial foi a mais óbvia: “Você bebeu?” Dicky disse que não e relatou tudo o que ele e seus amigos tinham visto. Naquele momento, o outro telefone de Werbicki tocou e ele pediu para o pescador aguardar. Era Mary Banks, que vivia em Maggie Garron’s Point — ela dizia que um avião tinha caído no mar.
Então o cabo Werbicki começou a acreditar em Dicky?
Claro. Mary estava relatando que tinha visto algumas luzes caírem e logo depois escutado o barulho de impacto. Werbicki não conseguiu mais informações e desligou o telefone. Mal colocou o aparelho no gancho e ele tocou de novo. Na linha agora estava um homem de Bear Point, distante vários quilômetros de Shag Harbour, dizendo que também vira luzes indo na direção do oceano que poderiam ser de um avião caindo. Werbicki estava abalado e a única coisa que poderia fazer era pedir para que investigassem o que estava ocorrendo. Ele passou um rádio para a única patrulha que estava nas ruas naquela noite.
Inúmeros depoimentos
E o que aconteceu?
O policial Ron Pond estava retornando ao departamento depois de sua ronda e decidiu verificar o pedido do colega. Werbicki não sabia, mas Pond também havia visto as luzes. Segundo seu relato, seriam quatro brilhos lineares que pareciam estar caindo. Werbicki pensou que o artefato pudesse ser um meteoro e pediu para que Dicky voltasse até Irish Moss Plant e aguardasse pelos policiais. Logo depois de desligar o telefone, o cabo atendeu a ligação de uma senhora de Cape Sable Island dizendo que havia visto, junto com sua filha, um conjunto de luzes em linha caindo em Shag Harbour. Ele começou a acreditar que um avião realmente tinha se acidentado e decidiu ir investigar.
Um dos aspectos mais interessantes desse caso parece ser o fato de que os policiais também viram as luzes. Isso dá uma credibilidade ainda maior para os relatos, não é?
Sim. O policial Pond viu as luzes e ficou tão impressionado que deixou o interrogatório de Dicky a cargo dos outros policiais. Ele começou a perguntar se havia algum rebocador para que pudessem ir atrás do objeto que estava no oceano, para procurarem sobreviventes. De acordo com seus relatos, enquanto debatiam o que fazer, a cor do objeto tinha mudado de laranja para amarelo e ele se movia lentamente pela superfície, deixando um rastro, uma espécie de espuma amarelada. Naquele momento, já havia mais de 30 testemunhas entre moradores da vila, pescadores e oficiais da Polícia Montada. Por fim, Werbicki também viu o fenômeno.
Embora as pessoas falassem em avião, elas desconfiavam que pudesse ser outra coisa?
Sim, desconfiavam. Mas o quê? De acordo com as dezenas de relatos, o objeto tinha mais de 30 m de comprimento por 3 m de altura e um domo na parte de cima. Que tipo de avião seria esse? O tamanho do artefato chamou a atenção das testemunhas. Mas outro ponto ainda mais intrigante ainda é que pouco tempo depois o aparelho começou a afundar nas águas gélidas do Atlântico Norte — várias pessoas disseram ter ouvido um som de “wooshing”.
O que houve em seguida?
Enquanto aguardavam a Guarda Costeira, dois policiais e cerca de 10 pescadores pegaram seus barcos e entraram no mar. Quando eles chegaram ao local onde o objeto tinha sido visto, as luzes não eram mais observadas, mas notaram que navegavam por uma fina espuma amarelada, que indicava que alguma coisa havia submergido. É interessante ressaltar que, segundo os pescadores, aquela não era a espuma comum que se forma no mar. Depois de horas de procura, já então com a ajuda de navios da Guarda Costeira, nada foi encontrado, e às 03h00 as operações de resgate foram encerradas. Tanto o Comando Norte-Americano de Defesa Aeroespacial (NORAD) quanto o Centro de Coordenação de Resgate, na cidade de Halifax, foram contatados pela Real Polícia Montada Canadense, e todos afirmaram não terem quaisquer relatos sobre uma queda de avião naquela área.
Eles encerraram as buscas e também um assunto tão importante?
Na manhã seguinte, em 05 de outubro, o Centro de Coordenação de Resgate divulgou um relatório em conjunto com as Forças Armadas do país afirmando que alguma coisa tinha caído nas águas de Shag Harbour, mas que sua origem era desconhecida. Os militares enviaram um navio, o HMCS Granby, para o local da queda para vasculhar o mar — aquele navio era o que de melhor se tinha na época para detecção. Além disso, quase 10 mergulhadores procuraram por destroços ou sinais do objeto. Após vários dias, nada foi encontrado. E, assim, o assunto foi encerrado em 1967.
O que houve em 1993 que trouxe a história à tona outra vez?
Bem, por muitos anos, a história circulou somente pelos jornais locais. Vez por outra surgiam rumores dizendo que uma espaçonave ou submarino russo teria sido o responsável pelos eventos. Em 1993, no entanto, eu e o pesquisador Chris Styles trouxemos o incidente de Shag Harbour novamente à tona. Nós investigamos arquivos públicos, jornais e relatórios da polícia para encontrarmos as testemunhas envolvidas no episódio daquela noite, as tentativas de resgate e a investigação subsequente. Graças a esse árduo trabalho de campo, entrevistamos os mergulhadores, membros da tripulação dos barcos e do HMCS Granby. Assim, descobrimos informações realmente interessantes que mostraram que havia muito mais naquela história do que se podia imaginar.
Eles tentaram perseguir o UFO. Dicky estava à grande velocidade quando entrou na cidade de Shag Harbour e a alguns quilômetros da vila de pescadores. De repente, o artefato virou para a esquerda e deu a impressão de que iria cair no mar à frente.
E que fatos e informações o senhor e Chris Styles descobriram?
Realmente, os fatos nos levaram a crer que tínhamos algo impressionante em mãos. Para começar, descobrimos que o objeto que mergulhou em Shag Harbour tinha sido detectado por radares dos Estados Unidos e que, na verdade, o artefato viajou por debaixo d’água por mais de 50 km, até um local chamado Government Point. Nos anos 60, os americanos mantinham naquele local uma pequena, mas avançada, base militar que detinha uma tecnologia chamada Sistema Magnético de Detecção de Anomalias (MAD), que servia para detectar submarinos intrusos ou russos no Atlântico Norte.
Então o objeto submarino não identificado (OSNI) já tinha sido detectado debaixo d’água?
Sim, pelos militares dos Estados Unidos. Navios foram enviados e posicionados sobre o objeto, que estava parado. Por três dias as embarcações ficaram sobre o OSNI, que se manteve imóvel. Os militares começaram a planejar uma operação de salvamento investigativo. Durante o processo, outro artefato submarino desconhecido foi detectado e, para a surpresa de todos, posicionou-se ao lado do primeiro OSNI. Na época, todos imaginaram que o segundo aparelho estava fazendo algum reparo no primeiro.
Incrível manifestação
Diante disso, qual foi a atitude tomada pelos militares canadenses e dos Estados Unidos?
No meu entendimento, a mais correta possível. Eles não sabiam com o que estavam lidando, portanto ficaram somente observando. Por quase uma semana, tanto os navios quanto os OSNIs ficaram na mesma posição. Entretanto, um submarino entrou em águas canadenses e a maioria dos navios teve que se deslocar para o local. Então, aproveitando a movimentação na superfície, os dois OSNIs movimentaram-se em direção ao Golfo de Maine. As embarcações que tinham ficado na vigilância, os seguiram até águas americanas — mas eles eram muito mais rápidos e se mantinham a uma distância segura. Quando se imaginava que nada mais incrível poderia acontecer, os dois objetos aceleraram em direção à superfície e desapareceram no céu em poucos segundos.
Isso é fantástico. O senhor e Styles ouviram tudo isso de testemunhas que estavam presentes nesses acontecimentos?
Sim, todos os relatos que coletamos foram de pessoas envolvidas diretamente no Caso Shag Harbour. A maioria dos militares, principalmente os envolvidos na vigilância e posterior perseguição aos OSNIs, nos relataram suas experiências extraoficialmente, com medo de sofrerem alguma sanção ou de serem ridicularizados.
Ótimo. Mas o que pouca gente sabe é que Shag Harbour ainda registrou estranhos eventos nos dias seguintes, correto?
É verdade. Uma semana após o incidente, e quase na mesma hora, o aparelho de TV de um morador chamado Lockland Cameron apresentou problemas de interferência e ele saiu para verificar sua antena parabólica. De onde estava, em Woods Harbour, Cameron conseguia ver a vila costeira de Sound Gate. Ele ficou perplexo ao assistir à movimentação de luzes vermelhas extremamente brilhantes no céu, próximas do mar. Por sete a oito minutos, Cameron, sua esposa Lorraine, sua filha Luella, seu irmão Havelock, sua nora Brenda e seus dois filhos vislumbraram as estranhas luzes, até que elas desapareceram. Depois reaparecerem sobre o mar, próximo à Ilha Big Tusket. Sua coloração, então, era amarelo-alaranjada. Alguns segundos depois, elas sumiram como se fosse mágica. Ninguém conseguiu entender como.
Poderia ser o mesmo objeto?
Isso eu não tenho como responder. O que posso afirmar é que foram quase 10 dias de grande atividade ufológica naquela área. Após isso, Shag Harbour voltou à normalidade.
Para finalizarmos o assunto Shag Harbour, afinal, o que o senhor acha que caiu no oceano?
Minha resposta é que nada caiu, mas sim que alguma coisa pousou lá por alguma razão, no fundo do mar. A palavra queda chama mais a atenção da mídia do que pouso. Quando eu for ao Brasil palestrar no VIII Fórum Mundial de Ufologia (V UFOZ 2016), em dezembro, como fui convidado pelo editor A. J. Gevaerd, mostrarei ao público as provas que tenho para afirmar que um objeto pousou no leito do Atlântico Norte.
Poderia ser o mesmo objeto
Vamos esperá-lo ansiosos no Brasil para sua conferência. Mudando agora de assunto, o senhor acredita estarmos distante de um contato definitivo com seres alienígenas?
Eu não sei se já não tivemos esse contato. Tenho me perguntado: por que, com centenas de milhares de grandes e pequenos casos nos últimos 60 anos, os governantes ainda não olharam este tema com mais seriedade? Também gostaria de saber porque a Agência Espacial Norte-Americana (NASA), de repente, abandonou as missões Apollo — e não venham os cientistas me dizerem que era devido ao elevado custo da exploração espacial. Isso é mentira. Eu acredito que, de alguma forma, em algum nível, esse contato já foi feito. E mais: que ainda pode estar em andamento.
Mas o que tem o encerramento das missões Apollo pela NASA com o fato de já termos sido contatados por alienígenas?
É que o contato também ocorreu no espaço, ao longo de todo o período de exploração da órbita terrestre e também durante nossas idas à Lua. Sim, estou ao lado de vários cientistas da NASA que, sendo dissidentes da agência, garantem que nossos astronautas tiveram espetaculares avistamentos ufológicos no espaço, a bordo das mais variadas espaçonaves. Só que a missão Apollo, evidentemente, foi a mais visada por estas inteligências extraterrestres, pois era a maior e tinha o objetivo de chegar à Lua.
Dentre os casos mais interessantes, cito o episódio ocorrido na década de 60 sobre Ottawa, quando um objeto saiu de um lago e acompanhou um carro de polícia por mais de 20 km. As autoridades logo trataram de abafar o caso, mas ele é real.
Esta é uma tese defendida também por outros pesquisadores. Mas qual é sua opinião sobre estes visitantes? O que querem nos espreitando?
Eu acho que qualquer que seja a inteligência por trás desses objetos, ela é tão mais desenvolvida tecnologicamente do que nós e seus processos de pensamento são tão diferentes dos nossos, que eles já devem estar tentando se comunicar conosco, mas que nós ainda não percebemos. Alguns pesquisadores dizem que talvez a telepatia seja uma dessas formas de contato mais avançado, um meio efetivo para que possamos entendê-los. Isso é coisa para o futuro.
Podemos então, seguindo seu raciocínio, dizer que os agroglifos seriam uma tentativa de comunicação por parte dos alienígenas?
Eu acho os agroglifos muito interessantes, mas não acredito que eles tenham origem extraterrestre e sim humana.
Mesmo que ainda hoje seja impossível qualquer tecnologia humana criar aquelas marcas nas plantações e características únicas nas plantas?
Mesmo assim. Ou você também não acredita que tenhamos armas secretas que possam estar sendo testadas sem o nosso conhecimento?
Busca de evidências
Bem, o entrevistado é o senhor. Estamos aqui para ouvi-lo. O que poderia nos falar sobre sua obra Maritime UFO Files?
Esse foi meu segundo livro, depois de Dark Object [Dell, 2001]. Para escrevê-lo, fiz uma intensa pesquisa bibliográfica e depois uma longa busca por testemunhas. Praticamente “morei” no Arquivo Nacional canadense. Com isso, reuni mais de 500 documentos oficiais de registro de avistamentos. Dentre os casos mais interessantes, cito o episódio ocorrido na década de 60 sobre Ottawa, quando um objeto saiu de um lago e acompanhou um carro de polícia por mais de 20 km. Outro acontecimento que também me chamou a atenção foi uma série de avistamentos passados em Moosonee, em Ontário. Nesta ocorrência, as tripulações de diversos navios pesqueiros viram esferas de luz sob a água, em plena luz do dia.
Impressionante tudo isso que o senhor nos apresenta. Por favor, fale mais a respeito.
Claro. O mais incrível é que, apesar de elas estarem vendo as esferas, os sonares nada indicavam. Esse caso foi registrado em 1984. Já em 1985, novamente na mesma área, dois navios petroleiros foram surpreendidos por mais de sete objetos que desceram do céu e mergulharam nas águas da Baía de Hudson — o evento fez com que as atividades na baía fossem suspensas por mais de dois meses enquanto a Marinha Canadense investigava o ocorrido.
De todos os casos que estão no seu livro, qual o senhor destacaria?
Para mim, o melhor caso foi o ocorrido em 19 de abril de 1990, em St. Johns, quando os tripulantes de um helicóptero da Guarda Costeira, de um barco de resgate e de um iate que estava à deriva, avistaram um objeto voador não identificado em forma de disco. Entretanto, antes de entrar no Mar do Norte, ele simplesmente mudou a sua forma ou foi envolvido por algum campo de força, que o transformou em um elemento redondo. O mergulho do objeto submarino não identificado (OSNI) causou um redemoinho que quase afundou as duas embarcações. E ainda, segundo os tripulantes do helicóptero, ao entrar no mar, eles viram o chão marinho — era como se algo abrisse as águas. Eu cheguei a entrevistar um dos tripulantes do helicóptero, mas ele me proibiu de mencionar seu nome.
Baseado nesses casos, o senhor acredita que possam existir bases alienígenas submarinas?
Sim, tenho certeza, mas deixo isso para os pesquisadores que exploram o assunto. A hipótese faz sentido, especialmente se você levar em conta que eles estão aqui para outras razões que não sejam aparecerem para nós — nossos visitantes extraterrestres querem privacidade e os nossos oceanos são um lugar perfeito para isso. Sabemos mais sobre a Lua do que sobre nossas fossas abissais. Certamente no Brasil vocês também devem ter muitos casos de OSNIs, principalmente em seus rios amazônicos…
O senhor tem toda razão. Inclusive em nosso folclore temos muitas histórias que relacionam rios e luzes misteriosas. Mas o senhor acredita que os governos conheçam a localização de algumas dessas bases secretas?
Como já disse antes, a tecnologia deles está tão à nossa frente que eles não precisariam se preocupar se sabemos ou não onde estão as suas bases, mesmo porque eu não acho que saibamos quase nada a seu respeito.
E locais como o Triângulo das Bermudas, no Caribe, ou Mar do Diabo, no Japão, seriam pontos para bases alienígenas submarinas?
Não creio. Pode até ser que tenham sido no passado, mas como muita gente estava de olho na região, eles se mudaram. O Triângulo das Bermudas é bem interessante, mas creio que seja apenas um local geologicamente diferente. Eu acho que a grande quantidade de gases hidratados nas profundezas do Atlântico, ali no Caribe, pode ter causado os problemas em aviões e barcos nos anos 60 e 70, dando fama ao local. Sugiro isso como piloto que sou.
Mas e o desaparecimento de pessoas? Como explicar?
Não há explicação, mas elas também podem ter tentado sair dos barcos à procura de algum resgate. Não sei, é algo misterioso…
O senhor já teve algum avistamento enquanto pilotava?
Não, os dois avistamentos que tive foram em solo. Já avistei mais de sete balões meteorológicos durante o voo e sei muito bem como é um deles. Não me enganaria assim tão facilmente. Minhas experiências foram todas autênticas manifestações de objetos voadores não identificados.
E como foram os seus avistamentos ufológicos em solo? Pode contar?
O primeiro ocorreu em 17 de novembro de 1997, por volta das 14h00, em Surrey, na Colúmbia Britânica, no Canadá. Era um dia lindo, com céu azul e sem vento. Eu e Graham Conway, ex-piloto da Força Aérea Real (RAF) e ufólogo, caminhávamos por um estacionamento quando vi que ele parou para olhar o céu. “O que é aquilo?”, perguntou. Foi uma interrogação realmente estranha, pois sabíamos o que não era aquela coisa, como um avião, um balão ou algo assim. Era um objeto movendo-se lentamente a cerca de 750 m de nós, a essa mesma altura. Pode parecer muito alto e distante, mas dentro dos termos aeronáuticos ele estava bem próximo. Para fazer uma comparação, se eu tivesse dentro do meu avião monomotor esperando para decolar e outro avião estivesse a 750 m de distância, o tamanho dele seria de um Boeing 767. Era, portanto, um UFO enorme, em plena luz do dia — ele tinha o formato de um charuto fino e com pontas achatadas, sem emitir som algum. Por estarmos tão próximos, nós pudemos afirmar que ele não tinha asas nem cabine de piloto e planava perfeitamente. Naquela época eu já tinha 18 anos de pilotagem e mais de mil horas de voo.
E o outro avistamento que o senhor teve, como foi?
O meu segundo contato com o Fenômeno UFO ocorreu três anos depois, enquanto eu e amigos fazíamos vigília em Ottawa, durante a noite. Nós vimos um objeto circular muito brilhante se aproximar de uma montanha e parecer pousar. Em seguida, tentamos chegar ao local do provável pouso, mas era de difícil acesso e desistimos.
Em sua opinião, por que os extraterrestres estão aqui?
Penso que há milhares, milhões ou até bilhões de anos, civilizações surgiram em outros planetas, talvez até mesmo em nossa galáxia. Elas desenvolveram a tecnologia para viajar pelo espaço e começaram a explorar o universo. Esses viajantes, talvez envolvidos agora com outras civilizações de outros sistemas estelares, estão procurando planetas que possam sustentar a vida — podem estar à procura de tais mundos devido a alguma necessidade que tenham. Eu acredito que outras inteligências cósmicas já estiveram na Terra há milhares de anos e continuam até hoje observando nosso progresso e desenvolvimento. Também creio que elas possam ter estabelecido bases em algum outro planeta de nosso Sistema Solar para nos observar mais de perto.
O senhor, então, é contrário à ideia de que eles apenas nos visitam, que estejam de passagem?
Sim, eles não viajam pelo espaço simplesmente para ver nosso planeta e seus habitantes. Há algo maior nisso. Eu acho que eles tentaram passar tecnologia para muitas de nossas civilizações do passado, mas não tínhamos a capacidade de aprender coisas tão complexas. Pode ser que hoje, se eles tentassem nos mostrar as mesmas coisas do passado, pudéssemos ter a capacidade de utilizá-las.
Podemos, então, dizer que os deuses eram astronautas?
Sim, mas não eram deuses, e sim alienígenas mesmo.
Para o senhor, qual será a reação das pessoas quando a verdade sobre a presença dos extraterrestres for revelada?
Não acho que terá o mesmo impacto que teve a chegada dos marinheiros portugueses e espanhóis às Américas e à África. Será algo imensamente maior, porque nós saberemos que eles não são deuses, mas seres de outra espécie cósmica. Claro que isso irá impactar a humanidade e mudar a zona de conforto de todas as pessoas, onde quer que elas estejam.
Por terem uma tecnologia mais avançada e, supostamente, serem mais inteligentes, esse impacto será tão grande para eles quanto são para nós?
Se não for algo que eles estejam planejando, acho que sim. Eles têm uma tecnologia bem mais à nossa frente, possivelmente terão um avançado aspecto cultural e social também. E como será a nossa reação e nossa convivência com eles? Eu acho que com o tempo, talvez após algumas décadas, vamos nos acostumar à ideia e tudo será uma rotina normal, mas que no início o impacto será grande, isso é certo.
Para finalizar, o senhor poderia nos falar sobre seus próximos projetos?
Estou escrevendo um livro chamado Blood Shock [Choque de Sangue], que não tem nada a ver com Ufologia. Mas meu próximo projeto vai se chamar, por enquanto, Archangel [Arcanjo]. Nele escreverei tudo o que sabemos sobre o fenômeno ufológico até hoje, e em cima disso darei as minhas opiniões. Aguardem os livros, vocês não vão se arrepender. E logo nos veremos em Foz do Iguaçu.
Estaremos esperando por sua palestra no próximo Fórum Mundial de Ufologia, em dezembro.
Será um prazer comparecer e conhecer seu belíssimo país.