Pela coragem de criar uma das maiores redes humanas de detecção, pesquisa e investigação do Fenômeno UFO, denominada Sistema de Investigação de Objetos Aéreos Não Identificados (Sioani), o major-brigadeiro José Vaz da Silva não pode deixar de ser citado entre a plêiade dos homens dentro do Governo Brasileiro que contribuíram para a pesquisa ufológica no país. O Sioani foi algo inédito no Brasil e no mundo, e surgiu sob a inspiração e orientação desse homem, agregando, mais tarde, inúmeros outros valorosos militares. Ainda em 1969, quando foi criado, o órgão tinha propostas arrojadas e funcionamento exemplar. Sua conceituação assim demonstra: “O Sioani é o conjunto de recursos de pessoal e de material destinado à investigação e pesquisa do fenômeno Objeto Aéreo Não Identificado (OANI)”.
Naquela época – e ainda hoje, para vários segmentos do meio militar brasileiro –, usava-se o termo objeto aéreo não identificado, cuja sigla é OANI, em vez de objeto voador não identificado, mais empregado pela Comunidade Ufológica Brasileira. É desta terminologia que derivou o nome do Sioani e de vários de seus departamentos. Não detalharemos o funcionamento do órgão neste artigo, já que a Revista UFO o fez com muita propriedade em suas edições passadas, chegando até a publicar um boletim inteiro da entidade [Veja edição UFO Documento 01] e muitos outros trabalhos.
Porém, há que se comentar alguns de seus aspectos, com o fim de se analisar posturas de serviço tomadas há 40 anos e que hoje, com o suporte da tecnologia de informação (TI), estariam adequadas à segurança e à defesa do País. O Sioani, organicamente, era constituído de seis departamentos, sendo a Central de Investigação de Objetos Aéreos Não Identificados (Cioani) uma espécie de departamento centralizador do sistema criado pela Força Aérea Brasileira (FAB) [Veja primeira parte deste artigo, na edição UFO 155]. Em sua estrutura operacional, a Rede de Comunicação de Objetos Aéreos Não Identificados (Rioani) tinha a função de formar uma teia entre as atividades do órgão e as redes de comunicação formais da Aeronáutica, da Marinha e do Exército, além das forças policiais da época e ainda integrar um grupo de radioamadores, tudo visando a rápida transmissão das ocorrências ufológicas ou mesmo o fluxo de informações entre os elos do sistema. Enfim, a estrutura do Sioani era altamente organizada, como se vê no Descritivo A.
A entidade subordinava-se ao Ministro da Aeronáutica, porém os resultados dos trabalhos se destinavam ao Estado-Maior da Aeronáutica (EMAER). Erguido dentro da então 4ª Zona Aérea – atualmente o IV Comando Aéreo Regional (COMAR 4), em São Paulo –, o órgão estava fora da estrutura de seu Estado-Maior, mas o seu chefe respondia também pela seção de informação da Aeronáutica, acumulando tal exercício com o da Cioani. Isso confirma que o assunto era tratado por um oficial de informações do meio militar brasileiro, atualmente de inteligência. O pessoal do Sioani exercia suas atividades sem prejuízo das funções para as quais foi designado nas organizações militares. Nota-se ainda que o Sioani obedecia a uma estrutura organizacional horizontal planificada, muito usada no mundo corporativo e empresarial contemporâneo. Não havia remuneração especial para o trabalho desenvolvido, vigorando um sistema de voluntariado, principalmente quando se tratava de pessoal não vinculado à FAB e às demais Forças Singulares [Forças Armadas], bem como dos órgãos de segurança pública.
Comunidade voluntária informacional
A sociedade da informação da época, tão propalada pelos autores da globalização que viria nas décadas seguintes, começava a eclodir na malha planificada do Sioani. Sobre isso, o sociólogo japonês Yoneji Masuda, um dos principais responsáveis pela definição estratégica de um modelo de sociedade tecnológica para o Japão, e também pioneiro no conceito de sociedade de informação, já prenunciava: “As comunidades voluntárias vão utilizar uma força produtiva informacional que será o estímulo para a busca da realização de necessidades temporais e de um novo modo de ação social, orientado para a realização de um valor temporal futuro”. Já em 1969, quando se decidiu a criação do Sioani em nosso país, estes valores se mostravam vigorosos. Isso é o que se denomina de “comunidade voluntária informacional”, que o Sioani, apesar de não dispor dos recursos da moderna telemática, mantinha como base de sua arquitetura funcional, a fim de detectar fenômenos ufológicos que ocorriam no Brasil – em especial nas regiões Sul e Sudeste do país.
O major-brigadeiro Vaz da Silva, com sua equipe de militares, ainda no fim da década de 60, desenhara um sistema que poderia ser adaptado para as questões de defesa nacional, tão debatida nas controvérsias atuais sobre segurança. Uma rede de observadores, um sistema de comunicações e outro de transporte, com o suporte técnico-científico necessário, asseguravam um verdadeiro guarda-chuva captador de registros ufológicos na área sob a responsabilidade do Sioani. Igualmente, o envolvimento de adolescentes como observadores de manifestações ufológicas, principalmente estudantes, alavancava o interesse da juventude para o estudo da astronomia, da astronáutica, da astrofísica e de outras matérias coadjuvantes. Era intenção dos dirigentes do Sioani, ainda, adquirir e distribuir telescópios às comunidades estudantis integradas ao trabalho de investigação, quer nos estabelecimentos de ensino, quer nos laboratórios servindo de elemento convergente à pesquisa científica.
Esforços como este já existiram na história, embora não voltados para a questão ufológica. Peter Drucker, freqüentemente descrito como “o guru dos gurus” em processos de desenvolvimento intelectual, em sua obra Uma Era de Descontinuidade [Editora Zahar, 1970], assinala que Dwight D. Eisenhower, em sua mensagem de despedida da presidência dos Estados Unidos, em 1961, advertia o complexo industrial militar dizendo que as grandes universidades do país dependem cada vez mais dos militares – e vice-versa. D
rucker complementava Eisenhower alegando que falar em termos de um complexo universitário militar faz muito sentido. À luz destas concepções, é notável a visão estratégica do major-brigadeiro Vaz da Silva, que, através do Sioani, procurava aproximar a área militar da universitária, especialmente em um período acirradamente político, com a assinatura do Ato Institucional nº 5 e em meio aos insurgentes movimentos estudantis. Mas o choque de posições na época não impedia a união de pesquisadores, não importando suas classes e origens, para o desvendamento das impactantes aparições de UFOs, vindo assim revigorar o senso da pesquisa compartilhada, mesmo que ínfima, naqueles segmentos.
Integrar e desenvolver
Na frase “o grito de independência tecnológica de um país sai dos laboratórios e ecoa nas fábricas”, tão pronunciada por professores e instrutores na Escola Superior de Guerra (ESG), o clímax de uma nação surge como o elemento que investe em ciência aplicada, em seu meio acadêmico e na busca do apogeu econômico. Talvez o major-brigadeiro Vaz da Silva, ao estimular os membros do Sioani à pesquisa, sem saber, alinhava-se com os objetivos dos planos nacionais de desenvolvimento (PND) que colocariam o país, no início dos anos 80, na oitava posição no rol das maiores economias do mundo. Tudo isso porque o segmento produtivo (empresa), a área de segurança (militar) e o meio universitário (laboratório) tinham que estar integrados nos seus fins, como acontecia nos Estados Unidos, na antiga União Soviética e nos países europeus – e hoje é amplamente comentado na Estratégia Nacional de Defesa.
Em 1969, quando surgiu e fervilhou o Sioani, o Brasil buscava sua integração. Na época, uma ligação telefônica local dependia de um aparelho à manivela, a interestadual necessitava de vetustas telefonistas, a telegrafia era o meio de comunicação entre aeronaves, navios e órgãos de segurança. Até a televisão das residências brasileiras tinha imagens em preto e branco. Naquele período, a FAB utilizava o velho DC-3 nas linhas do Correio Aéreo Nacional (CAN), um avião cuja saga conquistou a Amazônia, tornou realidade o Projeto Rondon como fruto do trabalho sinergético de brasileiros idealistas, atendendo a populações dos mais recônditos locais. Enfim, naquela época dourada, a ordem era “integrar para não entregar”. E desta forma, a bem arquitetada infra-estrutura do Sioani coadjuvava todas essas tentativas de unidade nacional, mas ela é totalmente desconhecida na atualidade. Por isso, ela deve ser resgatada agora, até porque o major-brigadeiro Vaz da Silva já anteviu que a cooperação provocada pela pesquisa ufológica serviria aos interesses nacionais de sua época e no futuro. É o que estamos vendo.
Como observamos na primeira parte deste trabalho [Edição UFO 155], o coronel João Adil de Oliveira, em suas pesquisas ufológicas anteriores à criação do Sioani, contou com o apoio de dois oficiais generais, os tenentes-brigadeiros Eduardo Gomes e Gervásio Duncan. E como se sabe, a partir de 1954, Oliveira atuou como chefe da primeira comissão oficial de investigação ufológica criada no Brasil, estabelecida por ato do então ministro da Aeronáutica, justamente Eduardo Gomes. De forma idêntica, na década seguinte, o major-brigadeiro Vaz da Silva teve a colaboração de um outro oficial da Aeronáutica, o major-aviador Gilberto Zani de Mello, seu subordinado, que fora designado para a chefia da Central de Investigação de Objetos Aéreos Não Identificados (Cioani), órgão central do Sioani.
O meio militar brasileiro pode se unir aos ufólogos civis em sua busca
Conclusões isentas e imparciais
O major Zani era um piloto experiente, em especial na aviação de caça, além de instrutor da Escola de Aperfeiçoamento de Oficiais da Aeronáutica (EAO). Ao ser designado para a chefia da Cioani, procurou conduzir sua administração de forma coerente e responsável. Seu perfil de equilíbrio contribuiu significativamente para a análise dos fatos ufológicos na época, levando-o a apresentar conclusões sempre isentas e imparciais. Apesar de ter que lidar com depoimentos de pessoas excêntricas, ele as ouvia com atenção, para apenas depois, ao reunir todas as peças da investigação, dar parecer sobre suas alegadas experiências. E, a partir daí, Zani despachava com Vaz da Silva e encaminhava relatório para o Estado-Maior da Aeronáutica (EMAER). Além disso, o oficial era da linha de frente do Sioani e se deslocava a todo instante às áreas onde aconteciam os fenômenos, para coletar dados com cautela e rapidez – porque a base de atuação do órgão estava na celeridade de seus levantamentos, que deveriam ser feitos in locu.
O major Zani, como chefe da Cioani – o centro nevrálgico do Sistema de Investigação de Objetos Aéreos Não Identificados (Sioani) –, ainda credenciava instituições e pessoas de todo o país para a função de observadores da manifestação ufológica, não apenas militares, mas também civis. Os indivíduos que tinham esta função eram chamados de Vigilantes de Objetos Aéreos Não Identificados (Vioanis), quando relatavam fatos ocorridos ao órgão, ou de Pesquisadores de Objetos Aéreos Não Identificados (Pioanis), quando os investigavam. Na seleção do pessoal ou mesmo na análise dos depoimentos, Zani levava em consideração requisitos de ordem profissional, moral e cultural. O perfil psicográfico das testemunhas também influía em sua análise, para que seus relatórios fossem isentos de fatos considerados pouco consistentes ou de devaneios psicóticos. Para tornar pragmática as experiências ou observações ufológicas relatadas pelos depoentes, o major Zani criou uma codificação que identificava o tipo do fenômeno observado, usando uma ficha própria para a codificação dos informes, chamada Modelo F01. Nela era descrita a classificação da observação e o grau de credibilidade do órgão ou pessoa que forneceu os dados, como se vê no Descritivo B.
Mas, infelizmente, apesar de tamanho esforço em enquadrar e tentar compreender a natureza do Fenômeno UFO, toda essa iniciativa es
maeceu em 2001, quando o major Zani faleceu, ficando sepultadas com ele toda esta experiência e história que poderiam servir para análises futuras, em caso de aparições ufológicas no Território Nacional. Também é verdade que as investigações conduzidas pelo Sioani, na sua quase totalidade, apresentavam pareceres incipientes e inconsistentes, como ocorreu com o Projeto Blue Book, nos Estados Unidos. Mas isso é natural, já que, no processo da inteligência estratégica, a maioria dos dados, após sofrerem processos depuratórios, transformam-se em conhecimento. O resultado disso é que os relatos do Sioani para os quais não houve explicação não chegaram a 5% do total catalogado – percentual que, hoje, com avanço tecnológico, provavelmente diminuiria em virtude de possíveis explicações para fenômenos que antes não se conhecia.
Todavia, a elucidação dos eventos insólitos em nosso país tranqüilizou os organismos de segurança nacional, restando um diminuto número de casos a serem esclarecidos ou analisados pela comunidade científica. Lembremo-nos de que a própria criação do Sioani tinha como um dos objetivos averiguar os riscos, se existissem, que os discos voadores ofereciam à segurança da Nação. Assim, por tudo o que se sabe da atuação do órgão, hoje, conclui-se que sua postura séria é exemplo de como deve ser encarado o Fenômeno UFO. A entidade era firme protagonista deste posicionamento, que atualmente não se vê mais acontecer no Brasil, uma vez que, pelo que se sabe, nenhuma outra entidade do gênero tomou seu lugar, quando foram encerradas suas atividades, ainda na década de 60. Porém, a iniciativa existe atualmente em plena operação dentro da estrutura da Aeronáutica de vários países.
Militares brasileiros no exterior
A edição UFO 137, de dezembro de 2007, anunciou a realização de dois eventos de grande significado para a Ufologia Mundial, um ocorrido em 12 de novembro daquele ano, em Washington, e o outro no dia 15 seguinte, em Curitiba. Em ambos os casos, houve a presença de militares da ativa, da reserva e de funcionários civis de diversos departamentos governamentais de países como Peru, Chile, México, Inglaterra, Uruguai, Bélgica, Irã e Estados Unidos. Infelizmente, não houve representação das Forças Armadas Brasileiras em nenhuma das oportunidades – o que, no entanto, já ocorreu no passado. Vamos rever um pouco a história da Ufologia Brasileira para sabermos quando.
Em 1952, o citado coronel Adil de Oliveira viajou para os Estados Unidos com a função primordial de debater com militares norte-americanos a ocorrência de eventos insólitos nos céus do Brasil, pois desde aquela época, ainda no despertar do que se convencionou chamar de Era Moderna dos Discos Voadores, a atenção de nosso meio militar já havia sido desperta para a presença de máquinas e seres estranhos em nosso planeta, de origem ainda não identificada mas já tida como possivelmente externa a ele. A viagem de Adil de Oliveira aos EUA é bem conhecida da Comunidade Ufológica Brasileira, mas o que se desconhece é que outros militares também foram ao exterior com o mesmo propósito. Em 1968, o major-brigadeiro Vaz da Silva viajou à Grécia para participar de um simpósio sobre Ufologia, e, em 1970, também o major Zani compareceu a um congresso ufológico no exterior, desta vez em Mar Del Plata, na Argentina.
Nesta oportunidade, Zani conversou com pesquisadores e cientistas, inclusive soviéticos, sobre os fatos ufológicos brasileiros. O relato que trouxe era de que todos dedicaram extrema atenção aos casos de luzes noturnas em nosso país, principalmente os ocorridos no estado de São Paulo, área primordial de atuação do Sioani. Cabe mencionar que ambos os oficiais deslocaram-se para o exterior em missão oficial da Força Aérea Brasileira, o que caracteriza postura diametralmente oposta a de hoje. Isso denota o elevado grau de relevância com que a questão ufológica era vista pelas lideranças da Aeronáutica nos anos 50, 60 e início dos anos 70 – em contraste, inclusive, com a postura de forças congêneres de outras nações, na mesma época.
Momentos difíceis no país
Fazendo um paralelo entre as ações do coronel Adil de Oliveira e do major-brigadeiro Vaz da Silva, pode-se concluir que ambos guardavam um relacionamento atemporal entre si, diante de fatos conjunturais momentâneos. Estima-se que o primeiro, já em 1952, estaria recebendo influência dos rumores relativos à suposta queda de um UFO em Roswell, nos Estados Unidos, no ano de 1947, e o segundo, provavelmente, inquietava-se com a chegada do homem à Lua, em 1969. Esses dois eventos, com toda certeza, impactaram tais oficiais e suas atuações como lideranças militares. No campo político, Adil de Oliveira convivia com o inquérito policial militar da efervescente República do Galeão, em 1954, devido ao assassinato do major Rubens Vaz, e Vaz da Silva enfrentava as manifestações sociais causadas pela instalação do AI-5, para a manutenção da ordem social. Mesmo em momentos difíceis para a vida nacional, nenhum dos dois desviou suas atenções ou prejudicou sua atuação na elucidação do Fenômeno UFO.
Contudo, o que mais chama a atenção na atuação destes dois oficiais da Aeronáutica, por entenderem que as anomalias ocorridas no espaço aéreo brasileiro estavam sob a competência deste órgão, era uma atitude produtora de medidas estratégicas na investigação da presença alienígena na Terra, que já se mostrava inequívoca e merecedora de todos os cuidados. O coronel Adil de Oliveira e o major-brigadeiro Vaz da Silva utilizaram amplamente meios tecnológicos e logísticos para determinação da natureza das inteligências que nos visitam, que, embora ainda incipientes, eram compensados por sua determinação e coragem, quando lançavam seus olhares prospectivos para o futuro.
Concluindo, Adil de Oliveira e Vaz da Silva deixaram somente orgulho aos seus pares da Força Aérea Brasileira (FAB), pelo menos para aqueles que compreendem o significado do estudo do Fen&ocir
c;meno UFO. E à significativa parcela da sociedade brasileira, traduzida especialmente nos que também se dedicam ao tema, causaram admiração e respeito. Com toda certeza, ambos ingressaram no que chamo de “Galeria dos Cavaleiros da Era Sideral”.
Resta à comunidade científica remover seus preconceitos quanto ao assunto
Nova concepção da análise ufológica
O sentido de defesa nacional, nos dias de hoje, é totalmente diferente daquele do passado, quando cabiam aos exércitos movimentos táticos para conquistar áreas estratégicas, expulsar agressores e manter a vigilância das fronteiras. Hoje, defesa nacional toma outro significado e é inseparável do processo de desenvolvimento nacional. Segundo o estrategista Del Ré, “os conceitos de nação armada, mobilização geral e guerra total significam poder destruidor, a partir de homens em armas que façam funcionar a máquina bélica, ostentada sobre a potencialidade industrial e científica, bem como dos recursos naturais e humanos do país”.
Logo, ao se elevar o nível educacional de um povo, valorizando seus aspectos morais, culturais e espirituais, haverá reflexos positivos na infra-estrutura, na política energética e na área de saúde, capacitando o país a dispor de uma boa logística nacional e tornando suas Forças Armadas, assim, mais aptas às suas missões e finalidades. A esse corpo conceitual culmina-se a noção de “mobilização nacional”, cuja definição, constante da Lei 11.631, de 27 de dezembro de 2007, “é o conjunto de atividades planejadas, orientadas e empreendidas pelo estado, complementando a logística nacional, destinadas a capacitar o país a realizar ações estratégicas, no campo da defesa nacional, diante de agressão estrangeira”.
Quando uma nação dispõe de um excelente parque industrial, um bom sistema educacional, uma eficiente infra-estrutura de comunicação e uma rede de saúde produtiva, ela é dotada do que se chama de “poder nacional”, e conseqüentemente terá capacidade de mobilização nacional. Todavia, tal capacidade depende da consciência de mobilização nacional, e essa só é possível mediante uma sociedade organizada, produto da pluralização de grupos sociais, as verdadeiras alavancas acionadoras de infra-estrutura de um país. O Sioani, já em 1969, era uma organização em rede humana produtora de informações de qualidade sobre a fenomenologia ufológica – e tal rede estava apta a ser utilizada para a produção de dados visando outros fins que não apenas aqueles relacionados à manifestação de UFOs em nossos céus.
Por exemplo, grupos organizados de radioamadores, aeroclubes, clube de pára-quedismo e até de aeromodelismo gozam de íntima simbiose e desfrutam parceria com as Forças Armadas, podendo seus meios e infra-estruturas se tornarem parte de uma complexa teia interativa, devido aos enlaces que têm na área da tecnologia da informação – em que terminais de computadores têm papel preponderante na entrada, trâmite e captação de dados estratégicos para entendimento de cenários e situações. Isso é capacidade de mobilização nacional, e é na fase do preparo, ou seja, em época de paz, no processo de desenvolvimento nacional, que fábricas, hospitais, escolas e a sociedade organizada, através de células institucionais, devem estar conectadas, empregando suas especialidades para que o país possa utilizar isso tudo e dispor de poder – e, com isso, aplicar a defesa nacional em caso de ameaça à soberania da Nação.
A qualidade do trabalho dos ufólogos brasileiros deve ser ressaltada
Produção de saber
Uma sociedade organizada requer fluxos informacionais organizados e integrados, e a área que hoje chamamos de “inteligência estratégica” oferece um ambiente informacional capaz de proporcionar aos agentes interessados em conhecer aquilo que acontece ao seu redor ou mesmo remotamente. Segundo a ideologia da Escola Superior de Guerra (ESG), a atividade de inteligência estratégica utiliza as seguintes fontes para produção de conhecimento:
Inteligência de Sinais (Sigint): Intercepta, decodifica, traduz e analisa mensagens de terceiros, a partir de sistemas de radiofonia, de comunicação por satélites, de telefonia fixa e móvel e de comunicação por Internet.
Inteligência de Imagens (Imint): Obtém informação a partir de imagens de equipamentos fotográficos, radares, sensores montados em plataformas aéreas, espaciais e terrestres.
Inteligência Humana (Humint): É a obtenção de dados a partir de pessoas destacadas para uma determinada missão. É a fonte que oferece dados com maior teor de qualidade, porém em pequena escala.
Inteligência de Fontes Abertas (Osint): Vai buscar a informação em mídia impressa ou virtual, arquivos, bibliotecas, eventos públicos, banco de dados etc.
Dentro deste esquema, estabelecendo-se parceira com pesquisadores do Fenômeno UFO, a fonte mais adequada para esta operação é a Humint, como a proposta pelo Sioani. Só que, agora, em plena era da telemática, o fluxo da informação ocorreria com maior velocidade e precisão. Outra fonte seria a Osint, a chamada inteligência de fontes abertas. A navegação pela internet está propiciando obtenção de dados extremamente importantes para uma determinada pesquisa. O pesquisador Marco Antonio Petit, co-editor da Revista UFO, por exemplo, tem proporcionado à Comunidade Ufológica Brasileira fotos da Lua e do planeta Marte obtidas diretamente nos sites da NASA e da Agência Espacial Européia. Da mesma forma, os robôs Spirit e Opportunity, ao fotografarem a superfície do Planeta Vermelho e disponibilizarem essas fotos na rede mundial de computadores, oferecem algo inédito para o entendimento do Sistema Solar, mas somente conhecido por um número restrito de pessoas interessadas no assunto.
Com suas iniciativas, um grande número de ufólogos, atuando em “ilhas” isoladas, vêm armazenando dados substanciais e diversificados sobre ocorrências ufológicas no Brasil e no exterior, mas que não são analisados oficialmente. Com isso, lamentavelmente, perdem-se muitas informações relevantes. Por outro lado, as manifestações ufológicas, se tratadas momentaneamente por setores da inteligência estratégica do Governo, com toda certeza serão peças de um quebra-cabeça a se montar no futuro. Sobre isso, a doutrina brasileira de inteligência oferece o método “conhecimento apreciação”, que consiste no raciocínio elaborado pelo profissional de inteligência e que expressa seu estado de opinião frente à verdade sobre fato ou situação passada ou presente.
Uma ocorrência ufológica, por ser geralmente assintomática tanto no espectro eletromagnético como em sua percepção visual, pode ser analisada a partir da técnica do conhecimento apreciação. A Revista Brasileira de Inteligência, órgão de divulgação da Agência Brasileira de Inteligência (ABIN), em sua edição de dezembro de 2005, apresenta artigo de Antônio C. F. Farias que respalda esse raciocínio registrando o seguinte: “O conhecimento apreciação é produzido quando o analista se vê compelido a considerar, no momento da análise e síntese, frações significativas em relação às quais não lhe foi possível, por questões técnicas ou metodológicas, ou em decorrência da necessidade de atendimento ao princípio da oportunidade, atingir a convicção plena sobre sua veracidade – o estado de certeza –, mas que são importantes para a compreensão do assunto e o atendimento da necessidade do usuário”. Quantas vezes a dubiedade e a inconsistência da narrativa de um fato ufológico foi motivo de desencontro? Inúmeras! Por isso, a técnica que deve ser adotada para a avaliação de tais eventos deve ser a do conhecimento apreciação.
Novo órgão para substituir o Sioani
Por tudo o que já se viu até aqui, e por tudo o que nossos oficiais já realizaram para a pesquisa ufológica em nosso país no passado, é recomendável que deva ser criada uma estrutura que substitua o Sioani, extinto na década de 60, com ampla funcionalidade para a averiguação de casos de observação, detecção, registro e pouso de objetos voadores não identificados, assim como de eventuais contatos com seus tripulantes, com vistas à determinação de sua natureza e intenções. Este artigo, no entanto, apesar de sugerir esta tomada de decisão de maneira enérgica, se abstém de definir seu novo formato ou estrutura, uma vez que a comunidade de inteligência da Nação, considerando os meios tecnológicos disponíveis hoje, está mais abalizada para fazê-lo.
É parecer deste autor, no entanto, que o estabelecimento de um ambiente organizacional como o proposto deve envolver a Força Aérea Brasileira (FAB), através de sua departamentalização estrutural, a princípio, já que o assunto UFO está relacionado ao espaço e este é de responsabilidade da Aeronáutica por questões constitucionais. Quanto à centralização de seu controle, tanto o Estado-Maior da Aeronáutica (EMAER) como o Comando de Defesa Aeroespacial Brasileiro (Comdabra), e ainda o Centro de Inteligência da Aeronáutica (CIA), têm competência para exercê-lo. Todavia, pelo fato de o Fenômeno UFO ter características insólitas e às vezes inconsistentes, requerendo profunda investigação, o CIA talvez fosse o órgão que reunisse mais talentos funcionais para abrigar a atividade de sua investigação.
A partir do estabelecimento do novo órgão central para a pesquisa ufológica em nosso país, a capilaridade da rede que o envolveria – ou seja, os grupos e indivíduos que detectam e investigam ocorrências ufológicas no país – pode ficar a cargo da Comissão Brasileira de Ufólogos (CBU), entidade criadora da campanha UFOs: Liberdade de Informação Já. Seria a CBU que faria fluir à toda a comunidade os dados apurados pelo novo órgão, de forma evidentemente compartilhada, por ter uma organização virtual com lastro em todo o Território Nacional e por contar com a Revista UFO, de tiragem expressiva e circulação em todo o país. A estrutura desta publicação, a mais antiga do gênero em todo o mundo, conta com aproximadamente 300 consultores e colaboradores editoriais espalhados no Brasil e dezenas de correspondentes internacionais cobrindo mais de 50 países. É uma verdadeira teia interativa que proporciona a obtenção de dados em curto espaço de tempo, com ampla intimidade entre seus componentes, devido aos objetivos idealísticos propugnados pela causa em si.
Durante sua curta existência, o Sioani necessitou envolver diversas organizações da FAB em suas atividades, principalmente os núcleos da proteção ao vôo (NPV), por causa da grande dificuldade das telecomunicações no passado. Hoje, com uma ampla malha de comunicação estabelecida, construída pela telefonia fixa e móvel, além da produzida pelos provedores da internet, o processo de propagação de informações sobre ocorrências ufológicas seria ágil e rápido em qualquer região do país, desde que fossem detectadas por uma fonte Humint, como a definida acima.
A história se repete
Enfim, o assunto certamente é amplo e desafiador, e está apenas no começo. A elaboração de uma proposta concreta para o estabelecimento de uma rede dedicada à pesquisa da presença alienígena na Terra, envolvendo militares e civis, também requer a identificação de um trabalho congênere eventualmente existente em forças aéreas de outros países, para a troca de experiências.
É interessante verificar que a história se repete. Da mesma forma que os saudosos oficiais João Adil de Oliveira e José Vaz da Silva convocaram homens como Fernando Cleto Nunes Pereira, João Martins e Ed Keffel, verdadeiros expoentes na pesquisa ufológica e, sobretudo, de caráter imanente a qualquer pesquisador sério, já está na hora de os membros da Comissão Brasileira de Ufólogos (CBU) também serem convidados pela Aeronáutica para reerguerem a idéia do Sioani, hoje de forma mais ampla e moderna, de tal modo que seu olhar também enfatize a vigilância do espaço aéreo da defesa nacional.
Uma primeira atitude neste sentido aconteceu em dezembro de 1997, quando se promoveu, em Brasília, o I Fórum Mundial de Ufologia, como o apoio da Legião da Boa Vontade (LBV). O evento contou com a presença do coronel-aviador Zilmar Antunes de Freitas, representante do então ministro da Aeronáutica, o tenente-brigadeiro Lélio Viana Lobo, além do coronel-aviador Weber Luiz Kümmel, então comandante da Base Aérea de Brasília. Foi nesta ocasião que se deu forma à recém criada Comissão Brasileira de Ufólogos (CBU), que teve como ato inaugural a elaboração da Carta de Brasília, que solicitava à Aeronáutica, ainda na década de 90, a liberação dos documentos confidenciais sobre UFOs no país. E pedia àquele órgão a criação de um comitê misto, envolvendo pesquisadores civis e militares estrategistas, com o objetivo de estudar e pesquisar o assunto [Veja edições UFO Especial 22 a 25]. O documento foi entregue àqueles dois oficiais de forma solene e oficial, para ser entregue ao titular da Aeronáutica.
A Carta de Brasília, infelizmente, pelo menos de forma aparente, não surtiu o efeito desejado. E então, em 2005, o tenente-brigadeiro Luiz Carlos da Silva Bueno, então comandante da Aeronáutica, sabiamente conclamou aos membros da CBU a comparecerem ao seu quartel-general. E, assim, o dia 20 de maio daquele ano entrou para a história da Ufologia Brasileira quando os integrantes da referida Comissão, ineditamente, visitaram as instalações do Comdabra e do I Centro Integrado de Defesa Aérea e Controle de Tráfego Aéreo (Cindacta 1), tomando contato não só com documentos relacionados às ocorrências ufológicas no Brasil, desde dos anos 50, mas também com a tecnologia de vigilância do nosso espaço aéreo. Foi uma das mais exultantes atitudes da Aeronáutica brasileira nos últimos tempos em relação ao assunto [Veja edição UFO 111].
Liberação de pastas confidenciais
Este acontecimento desencadeou, poucos anos depois, uma nova fase da campanha UFOs: Liberdade de Informação Já, agora mais contundente. Foi quando a CBU protocolou o chamado Dossiê UFO Brasil na Casa Civil da Presidência da República, um requerimento formal e detalhado para a abertura ufológica em nosso país, que envolveu até mesmo atitudes do Ministério da Defesa, do Comando da Aeronáutica e a Agência Brasileira de Informação (ABIN). O primeiro de seus resultados surgiu em outubro de 2008, quando alguns documentos sigilosos sobre UFOs foram disponibilizados à sociedade. Em seguida, ainda em dezembro daquele ano, tivemos mais uma iniciativa de liberação de pastas antes confidenciais, culminando, em maio passado, com a transferência de mais de 600 novas páginas de documentação secreta ao Arquivo Nacional [Veja edição UFO 155].
Simultaneamente a tudo isso, surgiu em cena o tenente-brigadeiro José Carlos Pereira, oficial que comandou o Comdabra e que hoje está na Reserva da Aeronáutica, mas que na ativa gozou de elevada liderança junto a seus pares e subordinados. Inicialmente com uma entrevista bombástica concedida à Revista UFO, em suas edições 141 e 142, e posteriormente através do oferecimento de sólido apoio à Ufologia Brasileira – especialmente com sua participação em eventos ufológicos realizados no país –, o brigadeiro Pereira tem sido peça fundamental no processo de conscientização de determinados segmentos do meio militar brasileiro e de vastos setores da sociedade para a questão ufológica [Veja matéria nesta edição]. Seu ato mais significativo deu-se em maio de 2008, quando proferiu palestra apontando como os militares tratam o fenômeno ufológico durante o XI Diálogo com o Universo, realizado em Curitiba.
Por tudo isso, achamos que chegou a hora de uma atitude de unificação, desprendimento e interatividade no estudo do Fenômeno UFO, envolvendo a sociedade, através da CBU, e o Governo, através da Força Aérea Brasileira. Cooperação, governança e integração são os novos paradigmas do trabalho socializado nesta época de globalização. O intercâmbio e as considerações entre Aeronáutica e CBU, sobre a questão ufológica, principalmente agora que os documentos até então sigilosos estão no Arquivo Nacional, só trará ganho ao estudo do tema. Esse, portanto, é o novo desafio.
Considerações finais
Quando os prossímios – os primatas inferiores – desceram das árvores, há quatro milhões de anos, perceberam que a caça ao bisão e ao mamute só poderia lograr êxito se surgisse, entre eles, um espírito de cooperação. A cooperação permitiu que a caça compartilhada tornasse possível, em futuro distante, milhões de anos depois, a conquista espacial. O Australopithecus – o homem primitivo – transformou-se finalmente em astronauta. O geômetra e o alquimista deram passagem ao filósofo-cientista. A carreira para a Índia e para o Novo Mundo hoje se esculpe em órbitas celestiais. É a colaboração a dramatizar a inquietude do homem para o entendimento do espaço sideral.
A saga do estudo da presença alienígena na Terra está permeada por nomes de gigantes, cujas marcas em atitudes delimitaram uma história que um dia terá sentido e compreensão. As posturas dos majores-brigadeiros João Adil de Oliveira e José Vaz da Silva ampliaram a visão desta presença na sua época, embora hoje, infelizmente, encontre-se ainda emparedada e blindada por uma torpez inexplicável. Isso numa época em que expedições de várias nações convivem em estações espaciais, lentes telescópicas projetam a visão humana às profundezas do universo, combustíveis mais potentes arremessam cápsulas espaciais a extremas regiões do cosmos. Um tempo, enfim, em que vivemos uma nova era de grandes navegações, só que, desta vez, no revolto oceano galáctico.
Recrudescer a cooperação entre Governo e entidades não governamentais para o estudo do Fenômeno UFO, como aconteceu no passado recente, deve ser nossa busca. O maior obstáculo não é o custo financeiro de tal empreitada, uma vez que este será ínfimo, para não dizer quase nulo. A interatividade nas pesquisas u
fológicas entre poder público e os pesquisadores não acontece mais apenas por medo do ridículo e da zombaria, em vez de outras questões. Remover essa tola e insensata predisposição, renitente mesmo diante do espetacular avanço da astronomia e da astronáutica, talvez seja o acontecimento de maior grandeza deste início de milênio. Identificar e desvelar as mortalhas do pragmatismo nefasto é reconhecer novas dimensões e ampliar o olhar a cenários ambientais que se redesenham a todo instante.
Para concluir, lembremo-nos de alguns fatos de nossa história. Em 1709, o padre brasileiro Bartolomeu Lourenço de Gusmão teve sucesso com seu experimento de ascensão em um balão, consagrando-se como o “padre voador”. Era o prenúncio do despregamento do homem do solo do planeta, quando teve início uma epopéia humana que, 260 anos depois, em 1969, levou Neil Armstrong a dar o primeiro e grande passo na Lua. Em 1906, outro brasileiro venceu a força da gravidade com “o mais pesado que o ar”. Santos Dumont, leitor apaixonado por Júlio Verne, foi ridicularizado quando, em sua profética obra, O Que Eu Vi, o Que Nós Veremos, prenunciou: “Em breve existirão transatlânticos aéreos com quartos de dormir, salão e, o que é mais importante, governados automaticamente por giroscópios e acionados por vários motores com um grande excedente de força, para o fim de, em caso de avaria em um deles, serem os outros bastantes poderosos para manter o vôo do aparelho”.
Como se vê, a tradição com as coisas do ar e agora do espaço é natural do brasileiro. Se hoje o poder público vira as costas à exobiologia, na contra-mão de outros países, que encaram o estudo como portal ao acesso a vastas possibilidades de crescimento em todos os sentidos, essa não foi a forma como outras autoridades de nossas elites, que nos antecederam, procederam. Fica, portanto, a marca indutora da retomada do entendimento dos sinais inteligentes. Ressurge o questionamento e o desvendar dos controversos insólitos aéreos. Apresenta-se, enfim, a conduta da clarificação e da apreciação do fenômeno das intrigantes luzes noturnas.
DESCRITIVO A
A estrutura do Sistema de Investigação de Objetos Aéreos Não Identificados
O funcionamento do Sioani, fundado em 1969 no IV Comando Aéreo Regional (Comar), em São Paulo, contava com recursos materiais e de pessoal que mantinha a Força Aérea Brasileira (FAB) informada de todos os casos ufológicos ocorridos. Sua composição era:
Central de Investigação de Objetos Aéreos Não Identificados (Cioani): Órgão central do sistema de pesquisa ufológica criado pela Força Aérea Brasileira (FAB).
Zona de Investigação de Objetos Aéreos Não Identificados (Zioani): Área geográfica onde estavam contidos os Núcleos de Investigação de Objetos Aéreos Não Identificados (Nioani). Existiam seis Zioanis.
Núcleo de Investigação de Objetos Aéreos Não Identificados (Nioani): Órgão executor de observações, investigações e coleta de materiais para pesquisas de incidentes ufológicos. Sua função podia ser executada por órgão militar, instituição pública ou por pessoa física. O Nioani era vinculado ao seu respectivo Zioani.
Laboratórios de Pesquisas e Análises (Lioani): Órgãos auxiliares, para o cumprimento da missão de pesquisas e análises de materiais referentes a casos ufológicos de todos os tipos.
Transporte de Pessoal e Material (Tioani): Meios de transporte fornecidos, em princípio, por órgãos oficiais, militares ou civis, por solicitação da Cioani, da Zioani ou do Nioani. Na falta de transporte oficial, podia ser utilizado o comercial. O meio de transporte tinha que ser adequado, eficiente e rápido. Existiam cinco aeronaves de pequeno porte para atender aos serviços normais do órgão.
Rede de Comunicação de Objetos Aéreos Não Identificados (Rioani): Uma teia envolvendo as redes já existentes de comunicação da Aeronáutica, do Exército e da Marinha, além de forças Policiais e uma rede de radioamadores, visando a rápida transmissão das ocorrências.
DESCRITIVO B
A classificação dos episódios ufológicos segundo critérios estabelecidos pelo Sioani
O Sistema de Investigação de Objetos Aéreos Não Identificados tinha um método de codificação de casos que levava em consideração o tipo da observação e o grau de credibilidade do órgão ou pessoa que forneceu relato sobre a mesma. Era a ficha Modelo F01, criada pelo major Gilberto Zani, que fora designado para a chefia da Central de Investigação de Objetos Aéreos Não Identificados, departamento central do órgão. Assim era disposta a ficha:
Classificação da observação: Era designada por siglas e especificava em que condições cada caso ufológico investigado se deu.
VON Objeto visto a olho nu
VIO Objeto visto com instrumento
F Objeto fotografado ou filmado
NRG Objeto sem ruído gravado
RG Objeto com ruídos gravados
NCT Sem contato com tripulação
CT Com contato com tripulação
NFTS Sem fenômeno simultâneo
FTS Com fenômeno simultâneo
Grau de credibilidade: Também a idoneidade do depoente era atestada na ficha, e indicada de forma codificada para fácil referência.
I Credibilidade inaceitável
F Credibilidade fraca
B Credibilidade boa
M Credibilidade muito boa
O Credibilidade ótima
Observação: A classificação “ótima” implicava em contato imediato com a Cioani, a partir do responsável pelo Zioani ou Nioani.