Exopolítica é um termo usado cada vez com mais freqüência por ufólogos e ativistas de todo o mundo, em inúmeros sites, livros, revistas e conferências, que ultrapassam a barreira do óbvio e tratam da questão ufológica de maneira franca, interpretando o Fenômeno UFO com a hipótese extraterrestre. Tal proposição, geralmente abreviada como ETH, do inglês extraterrestrial hypothesis, simplesmente advoga que os discos voadores têm origem externa à Terra, ou seja, são interplanetários. Isso pode ser básico para qualquer ufólogo do planeta, mas não é para a grande maioria da população — a quem, em última análise, fundamentalmente, importa saber do que se tratam as naves que freqüentam nossos céus.
Porém, o termo Exopolítica vai além, incorporando noções de política – no sentido pleno da palavra, ou seja, do relacionamento entre os povos e as nações — ao conceito de origem extraterrestre da manifestação ufológica, de onde vem o prefixo exo, que já compõe expressões que são habitualmente usadas pela Comunidade Ufológica Mundial, tais como Exobiologia, Exossociologia, Exogeologia, Exoteologia etc. Estes conceitos são empregados não apenas pelos ufólogos e estudiosos dos temas extraterrestres, em especial a Exobiologia, mas também nos meios científicos, sempre identificando que o objeto de estudo, seja a biologia, a sociologia, a geologia e a teologia, para nos atermos aos exemplos dados, tem origem externa à Terra.
Este artigo — o primeiro a ser publicado no Brasil sobre este crescente movimento mundial — pretende mostrar como se deu o surgimento da Exopolítica e em que estado se encontra hoje. Primeiro, é importante saber que o tema cresceu exponencialmente na última década. Em apenas um ano, 2005, houve nada menos do que três conferências internacionais sobre o tema, foram escritos vários livros a respeito e ainda ocorreu o estabelecimento de uma organização não governamental dedicada exclusivamente a lidar com a questão, o Instituto de Exopolítica [Exopolitics Institute (EI), que pode ser visitado no endereço www.exopoliticsinstitute.org].
Entre os idealizadores do movimento, para citarmos alguns, estão Stephen Bassett, que organizou as chamadas Exposições Anuais de Exopolítica, de 2004 e 2005, em Washington, Alfred Webre, que escreveu Exopolitics: Government, Politics and Law in the Universe [Exopolítica: Governo, Política e Lei no Universo, Universebooks, 2005], este autor, com sua obra Exopolitics: Political Implications of the Extraterrestrial Presence [Implicações Políticas da Presença Extraterrestre, Dandelion Books, 2004], e outros estudiosos.
Atualmente, como se verá adiante, há um universo de autores, estudiosos e ufólogos tradicionais que abraçaram um pensamento e trabalho investigativo que vão além da “mera” pesquisa ufológica clássica, que fazem uma interpretação de suas conseqüências para a espécie humana. Igualmente, novos livros e congressos são formulados a todo instante, com participação de crescente número de estudiosos e também de autoridades. O mais recente ocorreu de 07 a 09 de maio passado, em Washington, mais uma vez promovido por Bassett [Tratou-se da X-Conference, realizada no Clube de Imprensa Americano, que contou com palestra do editor de UFO A. J. Gevaerd, como convidado].
DESAFIOS E CONCEITOS CONSPIRACIONISTAS
É importante identificar algumas das principais idéias da Exopolítica, examinando os desafios que estão à sua frente e entendendo ainda que ela é cada vez mais usada com diversos significados e por diferentes fontes, nem sempre fiéis às origens do movimento, em geral envolvendo conceitos conspiracionistas e outros. De maneira ampla, Exopolítica pode ser definida como “o conjunto de pessoas, instituições e processos políticos associados ao Fenômeno UFO e à hipótese extraterrestre”. Embora o termo seja relativamente novo, surgido em 2000 e estabelecido de fato em 2005, seu conceito associado a teorias conspiratórias da Ufologia não tardaram a surgir, em geral implicitando conceitos de política de acobertamento, comuns na literatura ufológica por cerca de cinco décadas.
Para compreender o que pretende a Exopolítica, é importante recorrer aos ensinamentos de J. Allen Hynek, por muitos considerado o pai da Ufologia, que definiu o estudo científico dos UFOs como “a análise sistemática e metodológica da percepção de um objeto ou luz no céu ou sobre a terra, cuja aparência, trajetória e comportamento dinâmico não sugerem uma explicação lógica e convencional”, ou seja, uma definição clássica de um disco voador. Este cuidado é necessário porque pretende-se que a Exopolítica seja considerada uma disciplina com tendências científicas. Ainda para Hynek, o fenômeno observado permanece não identificado mesmo depois do estudo de todas as evidências disponíveis pelos pesquisadores, com as técnicas possíveis.
A ETH foi oficialmente proposta como a mais válida explicação para os avistamentos de discos voadores em um estudo secreto da própria Força Aérea Norte-Americana (USAF), em 1948. O documento dele resultante, com aproximadamente 300 casos, inclui uma seção chamada Estimativa da Situação, cuja conclusão apoiava a tese de que os objetos voadores não identificados pesquisados pelos militares da USAF teriam proveniência extraterrestre — sim, foram os próprios oficiais norte-americanos que assim os definiram, e não apenas os ufólogos. No entanto, a notável conclusão acabou sendo vetada pelo general Hoyt Vandenberg, que considerou sua admissão pública um risco à segurança nacional dos Estados Unidos. E assim, desde então, por mais que saiba da verdade, o governo norte-americano não a apresenta e nem aceita discuti-la publicamente.
RECEIO DE PÂNICO NA SOCIEDADE
À rejeição da Estimativa de Situação inicial deu-se a subseqüente destruição do relatório, o que levou pioneiros como o major Donald Keyhoe a concluir que estava colocada em efeito uma política de acobertamento dos fatos, que é perpetuada até hoje em escala global, com algumas brechas aqui e ali. Na ocas
ião, Keyhoe ouviu confidencialmente de seu colega, o capitão Edward Ruppelt, outro ícone da pesquisa ufológica mundial, que o general Vandenberg afirmara que “as conclusões do estudo causariam pânico. Como poderemos convencer as pessoas de que os aliens não são hostis se nós mesmos não sabemos disso?” Felizmente, uma cópia daquele documento foi mantida intacta e chegou a ser conhecida por este autor e pelo major Dewey Fournet.
Em função da descoberta de que um dos fatos mais importantes para a humanidade — a existência de outras espécies cósmicas, ainda que não se soubesse se seriam hostis ou não — estaria sendo escondida do público estimulou Keyhoe, já na reserva, a implementar seus estudos da Ufologia, que o levaram a fundar a National Investigations Committee On Aerial Phenomena [Comitê Nacional de Investigações de Fenômenos Aéreos, NICAP], ainda nos anos 50, que foi uma das entidades civis de pesquisa ufológica mais importantes da história. Na verdade, as investigações e conclusões de Keyhoe, de que a ETH estava sendo deliberadamente ocultada pelos militares e pelas agências de segurança nacional norte-americanas, marca o verdadeiro nascimento da Exopolítica, com uma abordagem diferente para o Fenômeno UFO. Se levarmos este marco em consideração, podemos descrever a história da Exopolítica em quatro fases independentes, que continuam até hoje.
FASE 1 DA EXOPOLÍTICA: 1948
A CONSPIRAÇÃO DOS DISCOS VOADORES
Os fundamentos da Exopolítica residem no trabalho de um número de pesquisadores que começaram a explorar seriamente evidências de uma conspiração de alto nível, implementada e mantida por várias agências governamentais e departamentos militares, para esconder a verdade sobre os UFOs e sua origem extraterrestre. Esses pesquisadores e seus livros emergiram inicialmente em meados dos anos 50, quando ficou claro que tais órgãos não estavam sendo verdadeiros em suas alegações à população de que estavam seriamente engajadas na pesquisa dos discos voadores — na verdade, elas insistiam que o faziam, mas que seus resultados, invariavelmente, levavam à conclusão de que os relatos das testemunhas apenas indicavam fenômenos naturais ou atmosféricos, enquanto, nos bastidores, sabiam a fundo qual era a verdade. O estopim disso foi a rejeição de Vandenberg à aceitação da ETH para a fenomenologia ufológica.
Um evento crítico nesse processo foi a instalação do Painel Robertson, em janeiro de 1953, que era um grupo de cientistas presididos pelo doutor H. P. Robertson e secretamente financiado pela Agência Central de Inteligência (CIA), que recomendava a todo o aparato militar e de inteligência dos Estados Unidos que avistamentos de UFOs fossem simplesmente ridicularizados, devido ao potencial de tais eventos serem manipulados por países inimigos para minar a segurança nacional dos EUA. Temia-se, por exemplo, que a URSS usasse o Fenômeno UFO de forma a colocar em dúvida a segurança nacional norte-americana perante a própria população. Assim, foi sugerida a criação de um “programa educacional” para prevenir e até impedir o público de exigir do governo investigações sérias sobre os avistamentos de UFOs.
Naturalmente, na mentalidade militar reinante na época — e não muito diferente da existente ainda hoje em alguns países —, a ridicularização do tema resultaria em redução no interesse público pelos discos voadores, o que se verifica até hoje, embora em muito menor grau. A tal “campanha de educação” poderia ser cumprida gradativamente através de processos de divulgação em massa, usando-se a televisão, o cinema, as revistas populares etc. O programa tenderia a reduzir a credulidade do público quanto ao assunto e, conseqüentemente, sua suscetibilidade a propagandas de nações hostis, fortes meios políticos da época da Guerra Fria.
VANTAGENS POLÍTICAS DO ACOBERTAMENTO
O Painel Robertson continuou em vigor e, em março de 1954, incorporou instruções de um documento secreto chamado Joint Army, Navy, Air Force Publication [Publicação Conjunta do Exército, Marinha e Aeronáutica], o famoso JANAP, um guia que ensinava militares de todo o complexo militar norte-americano, de todas as armas, a lidarem com a questão ufológica. Na prática, era uma ofensiva para que militares ou pilotos revelassem informações sobre avistamentos de UFOs que tinham testemunhado, e que fossem sujeitos a uma investigação oficial. Outro documento crítico foi o Relatório Brookings, preparado pelo Instituto Brookings para a NASA. Ele descreve os devastadores efeitos sociais que emergiriam de um eventual contato da Terra com sociedades alienígenas tecnologicamente mais avançadas e, naturalmente, dentro da política de acobertamento, as vantagens políticas de se acobertar tais informações se tal contato fosse feito. Eis um interessante trecho do relatório:
“Evidências antropológicas contêm muitos exemplos de sociedades seguras de seus lugares no mundo, que simplesmente se desintegraram quando encontraram e tiveram que se associar com sociedades até então desconhecidas, misturando diferentes idéias e modos de vida. E de outras que sobreviveram a tal experiência, mas o fizeram pagando o preço de mudanças em valores, atitudes e comportamento”.
São justamente as informações sobre a política de acobertamento ufológico relacionada com a ETH que levou à noção de que um disco voador é um veículo procedente do espaço exterior, e que é concebido, planejado, construído e pilotado por outras espécies cósmicas. Conseqüentemente, com isso, veio a implantação de uma “conspiração ufológica”, que tem ramificações em todo o mundo. Autores e estudiosos de seus procedimentos escusos, desde sua implantação até hoje, relatam que os fundamentos de conspiração estão em duas fontes distintas, porém complementares: pesquisadores e experienciadores do Fenômeno UFO, ou seja, as testemunhas ou, principalmente, contatados. Mas cada um leva a um dife
rente enfoque da Exopolítica, baseado na maneira como a informação é obtida e avaliada por eles.
A primeira abordagem, a dos pesquisadores, se concentra nos processos políticos que circundam o estudo dos UFOs e da hipótese extraterrestre, que é o modo convencional de definição da Exopolítica. Já a segunda abordagem abrange os processos políticos usados pelas próprias civilizações extraterrestres, descritos ou interpretados por aqueles que tiveram contatos diretos com elas, seja através de abduções alienígenas ou em encontros pacíficos com seres extraterrestres — daí o termo “experienciadores”. Esta abordagem é vista como uma forma não convencional de definição da Exopolítica, como discutiremos mais tarde.
TENDÊNCIAS CÉTICAS À UFOLOGIA
A abordagem Exopolítica originada dos pesquisadores do Fenômeno UFO, naturalmente, é baseada no estudo sistemático das melhores evidências disponíveis dos casos ufológicos, a fim de formular conclusões acerca da realidade do fenômeno e da existência do alegado acobertamento ufológico. Esta abordagem envolve também cientistas e militares com tendências céticas à fenomenologia ufológica, como era Donald Keyhoe, que, depois de convencido da realidade do Fenômeno UFO, escreveu livros identificando a política de acobertamento de evidências e confirmando a existência dos discos voadores e apoiando a ETH.
Na época, com efeito sobre a implantação do que hoje consideramos a fase 1 da Exopolítica, Keyhoe não usou este termo, mas escolheu empregar a expressão “conspiração dos discos voadores” para expor a política secreta e os processos de segurança nacional para manter afastada do público a verdade sobre a presença alienígena na Terra. Tanto que os seus livros mais importantes mostram seu absoluto apoio ao conceito de Exopolítica, como The Flying Saucer Conspiracy [A Conspiração dos Discos Voadores, Holt Publishers, 1955], Flying Saucers: Top Secret [Discos Voadores: Ultra Secreto, Putnam & Sons, 1960] e Aliens From Space [Alien do Espaço, Signet Press, 1973]. Nestas obras, Keyhoe descreveu meticulosamente como os vários departamentos militares e agências de segurança nacional estavam — e ainda estão — envolvidos em uma conspiração de alto nível para encobrir sistematicamente evidências que dêem apoio à ETH dos objetos voadores não identificados.
Como se pode observar, as idéias e o trabalho deste pioneiro, que tanto impulsionaram a Ufologia, são baliza para todas as descobertas que temos hoje na área. Ele usou uma grande variedade de fontes para chegar às suas conclusões — e isso nos anos 50. Explorando a amizade e contatos que tinha na sua época de militar, Keyhoe conseguiu importantes informações de avistamentos vazadas por oficiais. Ele também obteve acesso a uma grande quantidade de dados de pesquisadores de campo que investigaram avistamentos feitos por civis, militares e pelo pessoal da indústria de aviação, o que conferiu ainda maior importância à sua tese. Enfim, baseou meticulosamente suas idéias exopolíticas e de conspiração em sólidas evidências empíricas. Mas, mesmo assim, foi sistematicamente ridicularizado pelos meios científicos e militares da época, ou ignorado pelos departamentos militares, agências de segurança nacional e instituições governamentais.
PERDA DE CONFIANÇA NO GOVERNO
Fato notório que levou à implantação do conceito de Exopolítica, por Donald Keyhoe, foi o caso de avistamento de um UFO gigante — ou nave-mãe — registrado no princípio dos anos 50, fato que foi um dos grandes responsáveis por levar as autoridades norte-americanas a concluírem que a revelação de que um colosso como aquele tem origem extraterrestre certamente causaria pânico generalizado e perda de confiança no governo. Em seu último livro, Aliens From Space, Keyhoe identifica, com firmeza, a CIA e a Força Aérea Norte-Americana (USAF) como as instituições por trás do ocultamento, responsáveis por desacreditar ufólogos e testemunhas e até de sabotar iniciativas do Congresso norte-americano em determinar que o Fenômeno UFO seja seriamente estudado.
Para tentar desestimular os deputados que buscavam ver a questão examinada apropriadamente, vencendo as barreiras da CIA e da USAF, sua instituição, a NICAP, chegou a coletar e reunir os melhores casos de avistamentos de discos voadores em um relatório confidencial, que foi entregue aos membros do Comitê de Ciência e Astronáutica do Congresso. No entanto, já exercitando os estertores da política de acobertamento ufológico, uma audiência planejada para tratar do assunto, no referido Comitê, foi abortada abruptamente — segundo Keyhoe, por uma intervenção do alto escalão do governo. O relatório preparado pelo da NICAP chegou a documentar 700 casos ufológicos apoiando a realidade do Fenômeno UFO.
Como se vê, o princípio da história da Ufologia se confunde com o da Exopolítica, e ambas têm em seu centro a figura de Keyhoe. Suas idéias de uma conspiração ufológica se difundiram mais ainda entre os ufólogos após a publicação do Relatório Condon, em 1969, uma década e meia mais tarde, amplamente considerado como uma nova tentativa da USAF de acabar com investigações de avistamentos ufológicos, mais uma vez desmerecendo a importância do Fenômeno UFO rejeitando ou desacreditando evidências, como recomendado no Painel Robertson, de 1953.
A concepção de que existiria um plano orquestrado meticulosamente, a princípio em escala nacional, nos Estados Unidos, e posteriormente em escala global, implantado com forte imposição norte-americana, estava crescendo nos anos 50 e 60, mas tomou mais corpo nos anos 70, quando um grande número de estudiosos e autores já estava plenamente acordado para a questão ufológica e dava como certo que os governos, em particular o dos Estados Unidos, temiam a liberação de informações sobre a presença alienígena na Terra ao público. Este contingente de pesquisadores fez emergir, gradualmente, relatos de testemunhas militares e governamentais que descreviam avistamentos de UFOs de grande significado, inclusive sobre instalações de mísseis atômicos norte-americanas.
Expondo isso de forma exemplar, o livro do ufólogo inglês e consultor da Revista UFO Timothy Good, Above Top Secret: The Worldwide UFO Cover Up [Acima de Ultra Secreto: O Acobertamento Ufológico Mundial, Quill Editors, 1987], é uma das mais influentes e bem escritas exposições de como o Fenômeno UFO tem sido sistematicamente oculto na maioria dos países, com o objetivo de sonegar da população a verdade sobre a ETH. Outro livro significativo sobre a questão é UFOs and the National Security State [UFOs e o Estado de Segurança Nacional, Hampton Roads Publishing, 2000], do ufólogo norte-americano Richard Dolan. Ele oferece análises detalhadas de como o Fenômeno UFO vinha sido metodicamente tratado nos Estados Unidos em altos níveis por militares e agências de segurança nacional. As análises de Good e de Dolan são uma peça chave para compreensão do funcionamento de agências e departamentos responsáveis por acobertar a fenomenologia ufológica.
CONTATADOS SOBRE O ACOBERTAMENTO
A segunda abordagem que mencionamos sobre conspiração ufológica é a de indivíduos que afirmam ter tido contatos diretos com extraterrestres, chamados por alguns autores como “experienciadores” do Fenômeno UFO, que oferecem evidências alarmantes para sustentar a hipótese de sua origem extraterrestre, obtidas através de suas experiências. Esses “contatados”, como também são conhecidos, afirmam que existe um esforço sistemático do governo em desacreditá-los e às suas vivências, desde os anos 50, ridicularizando seus relatos de contatos diretos com tripulantes de naves alienígenas, que teriam conteúdo que confirmaria a ETH. Grande número destes personagens, muito numerosos nos anos 50 e 60, alega que caíram em descrédito e tiveram suas vidas arruinadas como resultado da vigorosa campanha de ridicularização imposta às testemunhas pela mídia através da ação, por exemplo, do Painel Robertson, com seu “programa educacional” para prevenir e até impedir o público de exigir do governo investigações sérias sobre os avistamentos de UFOs.
Alguns desses contatados mais conhecidos, como George Adamski, Daniel Fry, Howard Menger e George van Tassel, descreveram como órgãos militares e governamentais mantiveram informações de suas experiências longe dos olhos do público. Muitas delas, como se sabe, continuam a ser fortemente contestadas pela Comunidade Ufológica Mundial, mas há sérios pesquisadores que as consideram significativas para o entendimento da presença alienígena na Terra, como o veterano ufólogo Bill Hamilton, que examinou as experiências de um grupo de contatados da Califórnia e concluiu que havia muito mais mérito em seus casos do que pesquisadores mais ortodoxos, que os rejeitavam, acreditavam.
Adamski, Fry, Howard e van Tassel, apenas para citar alguns nomes, tiveram experiências ufológicas riquíssimas, com conteúdos que mesclavam, além das questões inerentes à origem extraterrestre dos visitantes, muita informação sobre política, filosofia, economia e leis entre eles mesmos e entre eles e mundos em desenvolvimento que visitavam, como a Terra. Para Hamilton, as narrativas dos contatados devem ser levadas em conta, e sua denúncia de que agências governamentais não querem que suas informações sejam conhecidas, também. “O governo não deseja que experiências de contato direto com civilizações extraterrestres, envolvendo humanos simples como qualquer cidadão, cheguem ao público”, declarou.
POLÊMICA CRIADA ARTIFICIALMENTE
Contatados mais recentes, como Billy Meier, Sixto Paz Wells e Carlos Diaz, igualmente controversos, também têm experiências que corroboram o que os anteriores diziam — e eles, tal como os demais, também oferecem subsídios para comprovar seus contatos. Identicamente, milhares de fotografias e vídeos de UFOs, assim como milhões de testemunhos de avistamentos independentes, em todo o mundo, estão disponíveis para se somar à enorme casuística já existente, que indica que estamos de fato sendo visitados por outras espécies cósmicas. De qualquer modo, a renitente controvérsia em torno dos contatados e da autenticidade de seus casos continua, talvez em função da mesma política que visa desacreditá-los. Se vista por este ângulo, o de que a polêmica é artificialmente criada para desaboná-los, as informações prestadas por eles podem nos dar uma idéia dos processos políticos usados pelo governo em seu “programa educacional”.
Por outro lado, levando-se em consideração que o descrédito a tantos contatados não tem sentido, pelas razões expostas acima, deve-se fazer uma boa reflexão do conteúdo de suas experiências, já com vistas a tomá-las como legítimas, em todo ou em parte. E neste caso, seus relatos podem nos dar idéia também dos processos políticos usados pelos próprios extraterrestres em suas relações uns com os outros e com a Terra. Ou seja, se suas experiências são verdadeiras, pode-se concluir também que existe uma conspiração para encobrir os artifícios usados por ETs, que alegadamente monitoram e interagem com a Terra.
FASE 2 DA EXOPOLÍTICA: 1974
DEVASSANDO O “WATERGATE CÓSMICO”
A Exopolítica iniciou outro estágio de desenvolvimento com entrada em vigor, nos Estados Unidos, da Lei de Liberdade de Informação [Freedom of Information Act, FOIA], uma lei do Congresso norte-americano emitida originalmente em 1966 e revisada para vigir em 1974. Ela permite que um cidadão tenha acesso a certo tipo de informação que julgue ser essencial à sua vida, desde que comprove isso, embora os dados pleiteados só sejam revelados ao solicitante dentro de condições estritas. Naturalmente, a lei acabou sendo usada pelos ufólogos, que, dentro dos procedimentos previstos, passaram a requerer do governo e de suas agências evidências e documentos sobre avistamentos ufológicos [Quase identicamente à forma como a campanha UFOs: Liberdade de Informação Já usa, no Brasil, a Lei 11.111/2005. Veja edições UFO 156, 160 e 161].
Praticamente, a descoberta da FOIA pelos ufólogos virou uma febre na comunidade e um tormento para o governo, que passou a receber dezenas ou centenas de pedidos de liberação de informações sobre casos em todo o território norte-americano. Com sua introdução, ou de sua revisão, surgiram entidades como a Citizens Against UFO Secrecy [Cidadãos Contra o Sigilo aos UFOs, CAUS], com o objetivo de usar o processo legal para extrair dos herméticos arquivos governamentais evidências documentadas da presença alienígena na Terra e seu acobertamento. Criado nos anos 70 por Peter Gersten, W. T. Zechel e Brad Sparks, a CAUS chegou a lançar processos contra a Agência de Segurança Nacional (NSA) e a própria CIA.
Os processos resultaram na liberação de um número limitado de documentos, mas substanciais, que provavam conclusivamente que a Ufologia é um assunto de interesse crescente para aquelas duas agências — sendo que a NSA é maior e mais potente do que a temida CIA. No entanto, o que a CAUS e outras entidades ufológicas que recorreram à FOIA logo descobriram foi que, apesar de lei federal, ela não estava sendo completamente obedecida pelas citadas agências, que simplesmente não atendiam às determinações legais de entregar seus papéis mais importantes — ou, quando o faziam, as folhas dos documentos vinham com os principais dados apagados. O livro Clear Intent [Intenção Clara, Prentice Hall, 1984], de Lawrence Fawcett e Barry Greenwood, discute em detalhes a atividade da CAUS com o recurso do FOIA, seus processos e sucessos em expor os meandros políticos de acobertamento ufológico e a ETH [Veja edição UFO 006].
Outra significativa obra que expõe como as evidências ufológicas são acobertadas por instituições do governo norte-americano e suas hierarquias militares é o livro de Clifford Stone UFOs are Real [UFOs São Reais, Paperback, 1997]. Stone examina documentos essenciais obtidos através do emprego da Lei de Liberdade de Informações, que demonstram a existência de vários programas confidenciais extintos e em andamento para se investigar incidentes ufológicos, e revela quais agências e departamentos militares estão envolvidos. Ele demonstra ainda que certos órgãos governamentais mentiram a investigadores acerca de informações ufológicas obtidas com o emprego da FOIA — o que, nos Estados Unidos, é crime grave.
O governo não deseja que experiências de contato direto com civilizações extraterrestres, envolvendo humanos simples como qualquer cidadão, cheguem ao público.
Bill Hamilton, autor
Contudo, um dos momentos mais chocantes da chamada fase 2 da Exopolítica foi o vazamento de um expressivo número de documentos conhecido como Majestic, que foram inicialmente enviados ao produtor de cinema Jaime Shandera, em 1984, e anunciados publicamente, em 1987, pelo ufólogo William Moore. Esses papéis emergiram de esforços empreendidos por eles e também por Tim Cooper para se estabelecer contato com fontes militares na ativa ou na reserva, que tinham a intenção secreta de vazar informações que seriam usadas em um possível documentário por Shandera e Moore. Eles podem ser consultados no site Majestic Documents [www.majesticdocuments.com].
PROJETOS COM TECNOLOGIAS ALIENÍGENAS
Os documentos são simplesmente surpreendentes e revelavam detalhes internos da política e dos mecanismos envolvidos no acobertamento ufológico. Mas, naturalmente, foram recebidos com ceticismo pela Comunidade Ufológica Mundial. No entanto, o doutor Robert Wood conseguiu, após muitos esforços, demonstrar que eram autênticos ou, em alguns casos, réplicas de documentos históricos legítimos, o que aquietou uma parte dos céticos. Outro renomado pesquisador, o físico canadense Stanton Friedman, consultor da Revista UFO, examinou os Documentos Majestic e, estarrecido com o que concluiu, propôs a existência de um “Watergate Cósmico”, criado pelo governo norte-americano para sustentar a política de sigilo sobre evidências que apoiassem a ETH para os discos voadores [Veja edição 162].
Friedman, ferrenho defensor da legitimidade dos papéis, através de detalhado estudo, confirma de forma convincente que foram emitidos por um comitê secreto existente dentro de vários órgãos internos e externos do governo dos Estados Unidos, chamado, homonimamente, de Majestic 12 ou MJ-12. Sua função era — ou ainda é — controlar evidências relacionadas a casos de contatos com extraterrestres. De todos os documentos, um dos mais surpreendentes é o The Eisenhower Briefing Document [Documento de Instruções Eisenhower], que descreve episódios de veículos alienígenas acidentados em território norte-americano, com o respectivo resgate ou recuperação de entidades biológicas extraterrestres (EBEs), assim como o Special Operations Manual [Manual de Operações Especiais], que enfatiza procedimentos de recuperação das naves e dos seres — ou corpos, quando mortos.
Os documentos Majestic relacionam também pessoas em posições chave, instituições renomadas e processos associados com a presença alienígena na Terra, reconhecendo sua existência além de qualquer dúvida pelo menos desde 1947. Sim, desde a queda de um disco voador de Roswell, no Novo México. Os papéis oferecem abundantes evidências da política de acobertamento governamental para os UFOs e a ETH, dando detalhes de como funciona, qual é seu organograma, que pessoas e agências dela fazem parte etc. Assim, como se pode observar, pesquisar casos ufológicos com o recurso legal da FOIA é um instrumento importante para se obter documentos governamentais, mas os que vazaram — como o Majestic — constituem um subsídio ainda mais importante para a Exopolítica na determinação do modus operandi de acobertamento governamental de evidências ufológicas.
FASE 3 DA EXOPOLÍTICA: 1992
ATIVISMO POLÍTICO E ACOBERTAMENTO
A entidade Citizens Against UFO Secrecy [Cidadãos Contra o Sigilo aos UFOs, CAUS], em sua época
, também inspirou o surgimento de movimentos congêneres e intenções assemelhadas. Este é o caso da Operation Right to Know [Operação Direito de Saber, ORTK], que esteve ativa entre 1992 e1995 e se especializou em organizar demonstrações e passeatas em que invocavam o direito do público em saber a verdade sobre os UFOs. Financiado por Ed Komarek e Mike Jamieson, a ORTK realizou o primeiro protesto ufológico em Washington, em junho de 1992, e surpreendeu a comunidade ufológica tradicional ao empregar ativistas e métodos políticos em vez de ufólogos nestas atividades. Na verdade, seu trabalho era político, e não de estudo do Fenômeno UFO. Ao todo foram organizadas 10 passeatas nos Estados Unidos e na Grã-Bretanha antes de a ORTK se dissolver, em 1995. Ela foi uma expressão significativa do ativismo político visando derrubar a política de acobertamento ufológico, e traçou os fundamentos para esforços de entidades subseqüentes em mobilizar grandes massas para o fim do Watergate Cósmico.
Ao mesmo tempo em que a ORTK se tornou ativa, outro esforço um pouco mais inusitado teve início para buscar a liberação de informações ufológicas. Ele foi orquestrado pelo milionário Laurence Rockefeller, em 1993, e se concentrava em uma tentativa confidencial de informar o presidente Bill Clinton sobre a gravidade da questão ufológica, a fim de estimulá-lo a tomar a iniciativa de abrir os arquivos da nação, hermeticamente fechados e vigiados pelos militares. A iniciativa de Rockefeller teve como primeiro passo enviar ao conselheiro científico de Clinton, o doutor Jack Gibbons, um conjunto de evidências persuasivas da realidade do Fenômeno UFO. Rockefeller mais tarde organizou um encontro informal com um número de destacados ufólogos norte-americanos, incluindo Scott Jones, John Mack [Falecido], Bruce Maccabee, Leo Sprinkle, Linda Moulton Howe e Steven Greer, que se uniram para fornecer informações aos membros do escritório de Gibbon.
Mas, infelizmente, após as primeiras conversas, a iniciativa entrou em colapso quando, inadvertidamente, Gibbon se opôs a revelar publicamente a questão e aconselhou Clinton a não fazê-lo, frustrando Rockefeller. Ele foi informado de que o presidente rejeitara a idéia devido à preocupação de que tentar uma política de liberação iria causar problemas políticos insuperáveis para a Casa Branca. Ou seja, nem com a ação de um dos homens mais influentes dos Estados Unidos, Rockefeller, com a boa-vontade de seu presidente mais popular e com a ajuda dos melhores ufólogos do país se conseguiu vencer o bloqueio militar à questão ufológica. Ainda assim, o conjunto de evidências que os estudiosos cederam ao doutor Gibbons e ao presidente Clinton, no formato de estudos de casos significativos, foi distribuída a membros do Congresso e outras importantes figuras legislativas e governamentais.
PROJETOS COM TECNOLOGIAS ALIENÍGENAS
Vindo por outra direção, logo em seguida houve uma nova iniciativa independente e complementar à de Rockefeller para a liberação das verdades ocultas, desta vez organizada pelo médico Steven Greer. Mas, diferentemente do processo anterior e daquela tentativa pioneira do National Investigations Committee On Aerial Phenomena [Comitê Nacional de Investigações de Fenômeno Aéreos, NICAP] — que se apoiou nos melhores casos de avistamentos ufológicos para pedir que o Legislativo investigasse o Fenômeno UFO —, Greer se focou em testemunhos de informantes, em geral militares. A comunidade ufológica já estava informada de que ele estava entrevistando sistematicamente um número destas fontes, que alegavam ter participado de projetos secretos envolvendo tecnologias alienígenas e entidades biológicas extraterrestres (EBEs), e agora contemplava o resultado.
Além de continuar a cooperar com a iniciativa de Rockefeller para informar o doutor Gibbons e o presidente Clinton sobre os UFOs, Greer preferiu ir direto ao ponto e informar oficiais graduados de Clinton, como o então diretor da CIA, James Woolsey, da gravidade da realidade ufológica. Na verdade, ele e outros não pretendiam ensinar a CIA quão sério é o assunto, pois ninguém é tão ingênuo a ponto de imaginar que seus agentes não saibam disso, mas a intenção era mostrar a eles o quanto os ufólogos também conheciam a questão. Neste aspecto, o uso de informações passadas pelos informantes de Greer era essencial. Ele montou um impressionante banco de dados de testemunhos feitos por suas fontes, que salientaram como autoridades militares e agências de segurança nacional estavam sistematicamente encobrindo evidências que confirmavam a presença alienígena na Terra.
O banco de dados de Greer levou ao início do Disclosure Project [Projeto Divulgação], com uma ampla conferência de imprensa realizada em maio de 2001, apresentando importantes membros das forças militares, do governo e de entidades corporativas dos Estados Unidos que, ali, em frente às câmaras de TV, relataram seus conhecimentos sobre discos voadores e a presença extraterrestre — e todas as informações tinham origem em atividades governamentais secretas. Hoje o Disclosure tem firmes sustentáculos na Comunidade Ufológica Mundial, como se pode constatar em seu site [Endereço: www.disclosureproject.com].
“LUZES NO CÉU, MENTIRAS NA TERRA”
Steven Greer foi o primeiro a conseguir juntar tantas testemunhas e informantes que viram UFOs ou participaram do controle de informações oficiais sobre o tema. Era mais do que o dobro do que fez Donald Keyhoe. Seu projeto também apresentou à nação indivíduos que alegavam ter participado de atividades secretas de recuperação de discos voadores acidentados e emprego de engenharia reversa para destrinchar sua tecnologia. O Disclosure teve relativo sucesso em expor isso a público e mostrou o importante papel dos informantes neste processo, pessoas que, na ativa ou na reserva resolveram confessar o que sabiam — embora Greer tenha sofrido merecidas críticas porque seus informantes não tinham qualquer documentação ou prova para sustentar suas alegações. Todavia, suas credenciais e a consistência de seus relatos convenceram muita gente de que existe um submundo altamente secreto nos Estados Unidos, onde projetos envolvendo EBEs e veículos extraterrestres estavam em andamento no já chamado Watergate Cósmico.
Outro exemplo de ativismo político voltado para a abertura ufológica — que bem caracteriza a chamada fase 3 da Exopolítica — foi a candidatura do ufólogo norte-americano Stephen Bassett nas eleições para o Congresso, em 2002. Bassett fez uma comemorada assembléia em Maryland e tentou levantar o assunto sobre os segredos aos UFOs nos meios políticos. Embora ele não tenha sido o primeiro a compor uma plataforma ufológica explícita para as eleições nacionais norte-americanas, foi o primeiro candidato a efetivamente conseguir votos em quantidade considerável em tal intento, tentando promover a questão ufológica. O forte de Bassett eram os slogans de sua campanha, que chamavam a atenção, como “Luzes no céu, mentiras na Terra”. E assim ia conquistando o eleitorado. Como outros ufólogos e ativistas antes dele, Bassett estava convencido de que uma sistematização da Exopolítica seria um modo diferente e efetivo de abordar a questão ufológica.
Em resumo, todos os personagens que surgiram nos últimos anos combatendo o acobertamento ufológico com variadas modalidades de ativismo político estavam implicitamente promovendo e concretando os alicerces da Exopolítica, que se mostrou um método eficaz de escancarar a farsa governamental em torno da questão da presença alienígena na Terra. Embora o termo ainda não tenha entrado em vigor nesta época para designar o que tomava forma, todos os indivíduos acima entenderam o conceito de Exopolítica como um processo político associado à denúncia do acobertamento de evidências sobre aquela que certamente é a revelação mais importante que a humanidade terá num futuro breve: a de que não está só no universo.
FASE 4 DA EXOPOLÍTICA: HOJE
UMA ABORDAGEM DISTINTA DA EVIDÊNCIA UFOLÓGICA
A Exopolítica, como uma alternativa complementar à Ufologia Clássica, evoluiu das três fases acima descritas e chegou ao momento atual, em que são imprescindíveis as análises políticas da realidade ufológica e seu significado para todos nós. Quando se fala em alternativa complementar, quer se pretender um modo mais amplo de encarar a questão. A pesquisa ufológica tem seu papel, mas a análise do impacto de suas conclusões sobre a sociedade é igualmente importante, e isso, em resumo é Exopolítica. Embora o termo ainda seja evitado por alguns quando se fala de Ufologia, o fato é que não há mais como se ignorar seu crescimento. Os estudiosos que a apóiam abertamente como uma nova abordagem disciplinar para a ETH contrastam com aqueles que executam “apenas” o estudo empírico dos avistamentos ufológicos, concentrando-se em técnicas de investigação e análise das evidências.
Enquanto os estudos ufológicos clássicos fornecerem uma inegável quantidade de subsídios importantes ao entendimento da questão ufológica, através da coleta e análises qualitativas e quantitativas de dados e seu cruzamento, ativistas exopolíticos tendem a se concentrar nas repercussões que tais descobertas têm em nossa vida, e não raro realizam estudos sociais, sociológicos e antropológicos para realizar suas “medições”. Por isso, a maioria deles é formada por profissionais nestas áreas e outras das chamadas ciências sociais, inclusive a política.
Como mencionado anteriormente, existem dois modos de definir a Exopolítica como alternativa complementar à Ufologia e à hipótese extraterrestre (ETH). A primeira, mais convencional, se concentra nos processos políticos a partir da perspectiva terrestre ou geopolítica, com um embasamento que reflete o que ocorreu nas primeiras três fases do desenvolvimento histórico da Exopolítica, já discutidas. É o que chamamos de abordagem convencional. Já a segunda forma de defini-la envolve o exame de processos políticos presumidos para as civilizações extraterrestres entre si e como isso afetaria as relações humanas. Deste ponto em diante, vamos nos referir a este último conceito, a uma abordagem não convencional.
ETs NAS RELAÇÕES HUMANAS
Em janeiro de 2003, este autor foi o primeiro a definir explicitamente a Exopolítica em termos de processos políticos associados com a ETH, culminando no primeiro livro publicado sobre o tema, o já mencionado Exopolitics: Political Implications of Extraterrestrial Presence [Exopolítica: Implicações Políticas da Presença Extraterrestre, Dandelion Books, 2004]. A obra define a Exopolítica como “o debate político sobre as escolhas que os governos e as populações precisam fazer para formular e implementar respostas legislativas e políticas à presença de ETs nas relações humanas”. No texto, argumentei que a extensiva informação relacionada à hipótese extraterrestre deveria ser classificada em termos de graus de persuasão, e o mais forte dado analisado em termos de suas implicações exopolíticas.
O livro ainda oferece uma análise baseada nas manifestações de políticos, de instituições e processos que explicitamente lidam com a ETH, porque é unânime a opinião entre seus praticantes de que devem-se implementar políticas, convencionais ou não, nacionais ou internacionais, para lidar com a presença alienígena na Terra, e elas envolvem tais variáveis. Nossa confiança em informantes, como os apresentados pelo Disclosure, e documentos que vazaram aos ufólogos, como o Majestic, levam à necessidade de tomada de posição quanto ao tema, apesar da controvérsia entre os ufólogos quanto à sua legitimidade e credibilidade. Ou seja, mesmo que alguns dos fatos expostos por eles sejam questionáveis, certamente a maioria não é, e, assim, diante do que é revelado, é necessário um firme posicionamento. A abertura ufológica é apenas um primeiro passo.
De qualquer forma, os debates, quando tendem a ficar apenas no questionamento da legitimidade e credibilidade dos informantes e documen
tos, somente evidenciam o ceticismo reinante no meio ufológico. Além de demonstrarem que existe uma linha dividindo aqueles que acreditam que uma política global de sigilo esteja em curso para promover a manipulação e sonegação sistemática de documentos e evidências que apóiem testemunhos de informantes, e aqueles que exigem documentos e mais evidências para confirmar seus testemunhos. Não seria mais prático partir para a análise do conteúdo de tais testemunhos e documentos?
EXOPOLÍTICA NÃO CONVENCIONAL
O segundo modo de definir a Exopolítica, chamado de não convencional, tem uma identificação direta com o autor, advogado e ativista ambiental Alfred Webre, que em 2000 escreveu o livro Exopolitics: Towards a Decade of Contact [Exopolítica: Em Direção a Uma Década de Contato, e-book disponível no endereço www.exopoliticsinstitute.org]. Ele foi, na verdade, a primeira pessoa a cunhar e usar o termo Exopolítica. O autor trabalhou em 1977 como futurista no Instituto de Pesquisa de Stanford, desenvolvendo um projeto para estabelecer protocolos de comunicação com extraterrestres, patrocinado pela Casa Branca — que foi abruptamente cancelado devido à pressão do Pentágono. Foi a partir da intensa repercussão de sua obra na internet que Webre chegou ao lançamento do trabalho subseqüente Exopolitics: Government, Politics and Law in the Universe [Exopolítica: Governo, Política e Lei no Universo, Universebooks, 2005], já citado.
Neste livro, Webre define a Exopolítica de forma mais direta, como “o estudo dos processos políticos e do governo na sociedade interestelar”. Para ele, é inquestionável a existência de uma sociedade universal de raças extraterrestres altamente organizadas em uma espécie de federação cósmica, a exemplo da nossa ONU. Webre ainda crê que os membros de tal federação tenham uma política de não interferência em relação à Terra, mesmo que mantenham cuidadosa vigilância de nosso uso de armas nucleares para resolvermos problemas geopolíticos. Sua abordagem para a Exopolítica emprega desde informações passadas por contatados, como Adamski, Menger e Van Tassel, descrevendo a política, leis e sistemas econômicos de raças extraterrestres visitantes, como dados da Ufologia clássica. Mas ele adverte que não usou os relatos de contatados para desenvolver sua análise, mas os analisou de modo a obter cenários possíveis para enquadrar as raças que nos visitam.
Para Alfred Webre, uma abordagem mais apropriada à sociedade universal de extraterrestres que nos visitam tem que se dar através de um método intuitivo de conhecimento. “Desde tempos imemoriais, nossa cultura usou a intuição para sobreviver, e este é de fato um modelo funcional de como o universo pode realmente ser”. Em suas palestras atuais, ele aprimora ainda mais seu método incorporando informações psíquicas adquiridas por meio de procedimentos não ortodoxos, mas reconhecidos, como a visão remota e a canalização — neste aspecto, conta com o livro Urantia como referência. “Temos que buscar fontes diretas de informação, aquelas que podem ser confirmadas criteriosamente, como também as indiretas, que nos sugerem cenários possíveis”.
O IMPACTO DE UMA REVELAÇÃO GLOBAL
Gradativamente, a hipótese extraterrestre vai sendo cada vez mais aceita até mesmo nos meios acadêmicos, e os eventuais processos políticos usados por civilizações extraterrestres em sua aproximação da Terra começam a receber uma atenção e análise mais profunda. Hoje já há um número crescente de ufólogos, antes clássicos, de organizadores de eventos e de ativistas de outros segmentos que não apenas denunciam o acobertamento ufológico como propugnam por uma pesquisa sobre o impacto que uma revelação global da presença alienígena na Terra, hoje, representaria à humanidade. Isso é mais do que se pode esperar através da pesquisa ufológica convencional, e muitos de seus praticantes simplesmente não enxergam isso.
Ajudam, neste processo, as atividades de ufólogos com bom trânsito em meios governamentais e militares, assim como informantes que atingiram grande notoriedade e atraíram a atenção de outros, como, por exemplo, o coronel Philip Corso, que quando atingiu a reserva do Exército dos Estados Unidos escreveu o livro The Day After Roswell [Publicado no Brasil pela Educare como Dossiê Roswell, em 1999. Confira na seção Shopping UFO desta edição e no Portal UFO: ufo.com.br] e revelou ao mundo que trabalhou em projetos secretos de recuperação de naves alienígenas.
Ou o ex-ministro da Defesa do Canadá, Paul Hellyer, que confirmou a autenticidade do testemunho do coronel Corso e muitos outros dados oficiais sobre como seu país e os EUA lidam com os UFOs, e classificou a política de acobertamento ufológico como “a de maior sucesso na história da humanidade” [Veja edição UFO 123]. Congressos em número crescente pelo mundo afora também são uma importante ferramenta, como o realizado pelo correspondente internacional da Revista UFO na Itália Roberto Pinotti, que organizou o I Simpósio Anual de Exobiologia e Exopolítica na Universidade de Calábria, em outubro de 2005 [Veja edição UFO 116].
Enfim, a Exopolítica continuará a alargar suas fronteiras e a ganhar apoio no mesmo ritmo com que se torna cada vez mais insustentável o acobertamento de evidências da ação de outras espécies cósmicas em nosso meio, algo de que a população planetária está cada dia mais bem informada. Mas, conforme a Exopolítica evoluir, encontrará pela frente três grandes desafios. O primeiro será sobre como definir sua atuação, seja através de meios convencionais e de processos geopolíticos relacionados aos UFOs e à ETH, ou do que se concentra nos processos políticos diretamente associados com as civilizações extraterrestres